17 de setembro de 2009

A VESICA PISCIS


Trata-se de um símbolo que pode ser considerado como um arquétipo de todas as formas de existência do Mundo Imanente – Mundo Creado. Trata-se de um desenho simbólico, representado por um ovóide vertical, com dois vértices em suas extremidades, assemelhando-se a dois parênteses que se cruzam, lembrando um desenho esquemático de um peixe e também a de uma bolsa de ar que os peixes têm no abdome e destinada a facilitar a flutuação.

A Vesica Piscis é um modelo básico da própria criação, por isso entre todos os símbolos ele é o mais significativo. A Vesica Piscis é o símbolo que constitui a base da Geometria Sagrada e de inúmeros outros símbolos. Trata-se de um desenho representativo da manifestação do próprio universo; uma forma que resulta da interseção de dois círculos.

O universo tem como origem um ponto adimensional. Representemo-lo graficamente pela ilustração 1.



Já estudamos que a manifestação do ponto implica em sair de uma condição virtual, imperceptível, para uma perceptiva. Isso explica o movimento gerando o desenvolvimento, o ponto adimensional, virtual, passando a uma condição capaz de ser percebida. Isso implica na existência de uma expansão que inexoravelmente requer movimento. Assim a nova condição pode ser representada pela ilustração 2 (Unicidade), a Consciência Cósmica.

Nesse ponto tem início aquilo que chamamos de Princípios Universais. Há um movimento expansivo surgindo concomitantemente uma delimitação – limite. Aquele ponto expandido passa a ter um limite e então podemos representá-lo por um circulo. Ele ainda é uno, e como tal ainda não pode ser detectado, ou seja, ser percebido em decorrência da natureza analógica da mente. Só se percebe aquilo que pode ser comparado e isso só é possível, no caso em estudo, quando ocorre um desdobramento (o um se manifeste como dois – descontinuidade. Em manifestação a descontinuidade passa a ser representada por dois círculos (ilustração 9). O circulo se divide surgindo o dois, e então já se pode falar de percepção.

A mente é analógica, por isso é que somente com o advento do segundo circulo pode haver percepção. Havendo percepção há mundo; mundo é fruto de um somatório de percepções. Assim podemos dizer que a criação surge da união de dois círculos. A ilustração 4 mostra isso, o mundo gerado pela interseção de dois círculos de existência.

Como na unicidade não há mente, por ser esta apenas uma expansão oriunda da consciência, e sem mente não há percepção, logo não há manifestação de existência no Um. A mente, em essência, é uma manifestação da consciência, isso quer dizer que o dois é uma manifestação do próprio Um. Só se tem ciência daquilo que se polariza, a mente é analógica; a existência é o Um, mas a manifestação é o Dois. Já estudamos que tudo aquilo que existir na fase um é imanifestável. Sendo assim, a necessidade de manifestação implica na duplicidade (multiplicidade), isso é, na necessidade de descontinuidade. Disso resulta que o surgimento do Universo implicou na duplicação do Um.

Ocorrida a descontinuidade surge a possibilidade de existência de N universos. Indaga-se: quanto? – Impossível se saber. Não se sabe quantas duplicações ocorreram ou estão ocorrendo, e nem as variedades de interseção, conforme a área.

Uma análise importante: Se os dois círculos não se interseccionassem eles ficariam separados por toda a eternidade sem interação recíproca, separados por um nada absoluto, por um mar de inexistência. Não se sabe quantas situações assim existem. Se a duplicação ocorresse de forma total então não haveria interação entre os universos (círculos). Tudo quanto existe mantém certo grau de interação, indicando, portanto, que o deslocamento deve ser considerado como parcial. Só com separações parciais é que pode haver universos creado. Isso é o que ocorre no modelo que compartilhamos apenas. Por isso podemos afirmar que no caso do nosso universo creado o afastamento – descontinuidade – não foi total.

Em termos de mundos podemos considerar a existência (real ou ilusória) : o Mundo Transcendente e o Mundo Imanente em cada descontinuidade parcial estabelecida.

Nas ilustrações 4, 5 e 7 podemos ver a área de intersecção, área de interação, portanto universo creado.

A Cabala afirma que o Creador tentou muitos modelos de universos até chegar ao modelo que vivenciamos. Isso é muito criticado por algumas filosofias doutrinárias menos elevadas, sob a alegação de que como onisciente Deus não poderia criar esse mundo por tentativas, como se tratasse de um jogo de erros e acerto, Mas, num nível metafísico mais elevado sabemos que em vez de creação existe manifestação, assim todos os modelos preexistem.

Num modelo em que os dois círculos coincidissem isso seria o mesmo que a preservação do Um, não haveria descontinuidade, ou seja, não haveria criação alguma, não existiria o triangulo da manifestabilidade.

O afastamento dos dois círculos gera a “vesica piscis” (conforme ilustrações).

O que resulta da intersecção parcial desses dois círculos é idêntico, não faz diferença se ele é real ou ilusório. Foi assim para os que crêem que o universo é uma realidade física, e também é assim para os que aceitam a hipótese da ilusão.

Afirmamos, a zona de intersecção é a creação, não interessando se diz respeito a uma realidade ou a uma ilusão. Para quem aceita a ilusão do universo então podemos dizer que é assim que a ilusão se forma, e para quem aceita a realidade do universo também foi assim que aconteceu.

Na prática, o desenvolvimento da creação é como se pode observar pelas ondas formadas e interagindo a partir de uma pedrinha atirada em uma superfície liquida (ilustração 4).

Do deslocamento parcial dos dois mundos resulta a formação daquilo que chamam de Vesica Piscis. O nome deriva da forma resultante referente à zona de interação. Bexiga de peixe por sua forma. A vesica simboliza a união do deus e da deusa, a vagina da deusa mãe (natureza), um símbolo de Jesus Cristo, o começo da criação e outros mais. É um símbolo básico que dá origem a muitos outros.










Como podemos ver, a forma da Vesica Piscis resulta da intersecção de dois círculos a partir dos quais são gerados dois triângulos equiláteros; um, de vértice superior; e o outro, de vértice inferior. Se entrecruzar esses dois triângulos o gráfico resultante será o hexagrama (Estrela de David).

Perguntam da razão desse universo ser trino e do porquê da importância que os místicos e metafísicos dão ao número 3. Ai está a resposta, a criação resulta de um desdobramento do círculo e a primeira coisa a ser gerada é exatamente uma trindade representada graficamente por um triângulo. Também se pode ver como a partir da curva se gera a reta. Vê-se que na origem não existe reta mas ela nasce a partir da Vesica Piscis.

Vejamos o que aconteceria se o afastamento dos círculos ultrapasse o diâmetro, ou seja, os círculos ultrapassassem a metade, isto é, eles não correspondessem ao diâmetro – Fig. 9. Evidentemente haveria surgimento dos triângulos, porém eles não seriam eqüiláteros, e sendo assim não constituiriam um sistema equilibrado. Não haveria simetria e, logo deixaria de existir harmonia. Tudo nele seria irregular.

Nesse caso, conforme mostra figura 10, a creação seria trina, porém o triângulo não seria eqüilátero, regular, o equilibro entre os lados seria rompido (triângulo obtusângulo). Podemos divagar muito analisando uma situação assim. Por exemplo, transportando para a Trindade Religiosa, então as três “Pessoas da Trindade” seriam desproporcionais, uma maior do que as outras. Em todos os sentidos o equilíbrio não se faria presente.

O mesmo aconteceria se o deslocamento fosse menor do que o diâmetro longitudinal.

Vemos que seja ampliando, ou diminuindo, o afastamento os círculos, o mesmo irá acontecendo com o triangulo, chegando ao ponto dele desaparecer. Essa condição equivale à volta ao Um. Se o processo de descontinuidade ultrapassar o limite em que não mais haja interseção, então, nesse caso os dois círculos seriam independentes – universos independentes – sem qualquer ligação ente eles. O intervalo seria um estado totalmente vazio, um nada absoluto, portanto não haveria nenhuma forma de retorno á origem e nem de interação.

Aquilo que diz a Cabala sobre universos criados e destruídos pelo Creador prende-se a isso. Deus não cria universos, Ele os manifesta a partir de Si próprio. Manifesta um incomensurável número de mundos possíveis, contudo somente um deles é viável para as formas de existência que conhecemos, ou presumimos. Miríades de universos devem existir, mas que não são aptos para qualquer das formas de existência que conhecemos. O que vivemos, como um todo, ele é harmônico, mas outros são simplesmente caóticos.

A vesica ainda mostra que se chega ao infinito, tanto ampliando, quanto diminuindo, o distanciamento dos círculos, e quando ocorre a coincidência o universo está desfeito e a condição então é a de Infinito.
(José Laércio do Egito-FRC)

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