6- Arcano IV
O IMPERADOR
O imperador sentado no seu trono trabalhado na rocha demonstra o reinar sobre o mundo da matéria.
O símbolo de Áries decorado no trono índica a virilidade, o poder sexual. Em mãos um símbolo fálico (cetro) e um uterino (orbe).
Arcano IV é o misterioso e santo Tetragrammaton.
O nome do Eterno tem 4 letras: Iod, He, Vau e He.
Tetragrammaton
Iod é o homem
He é a mulher
Vau é o falo
He é o útero
A Cruz tem 4 pontas, indicando cada um dos elementos:
terra,água, fogo e terra, cruz que devemos lançar sobre as costas, a própria iniciação.
Vemos também 4 animais sagrados tanto da esfinge egípcia quanto na de Ezequiel.
Abaixo, desenho de Eliphas Levi representando a esfinge de Ezequiel.
O leão oculta o enigma do fogo.
O homem oculta o mercúrio da filosofia secreta.
A águia indica o ar.
O touro indica a terra
O evangelho de Marcos é simbolizado por um leão (fogo)
O evangelho de Mateus por um jovem (água)
O evangelho de João por uma águia (ar)
O evangelho de Lucas por um touro (terra)
Os 4 evangelhos simbolizam os 4 elementos da natureza e a realização da grande obra (Magnum Opus).
Temos também as 4 leis do karma que são:
"(...) A lei de ação e consequência governa o curso de nossas variadas existências e cada vida é o resultado da anterior ...".
"(...) Fazes boas obras para que pagues tuas dívidas ..."." (...)Quem tem capital com que pagar, paga e sai bem nos negócios; quem não tem com que pagar, deve pagar com dor ...".
"(...) Para o indigno todas as portas estão fechadas, menos uma: a do arrependimento...Pedi e dar-se-vos-á; golpeai e abrir-se-vos-á."
As 4 verdades budistas são a base de toda a doutrina búdica do Nirvana. Elas são, diz o livro da Prajña-Pâramitâ:
1- A existência da dor
2- A produção da dor
3- A aniquilação da dor
4- O caminho da aniquilação da dor
O que nos faz sofrer senão os próprios defeitos psicológicos que carregamos dentro? O ego animal, o falso eu é a causa de toda dor.
A soma dos ângulos de qualquer figura que tenha 4 lados é sempre 360 graus.
Cabalisticamente temos:
3+6+0= 9.
Nome é o número da alquimia sexual, dos escolhidos, dos 144mil imaculados (1+4+4+0+0+0= 9)
que diz o livro do apocalipse.
(Falaremos detalhadamente no Arcano IX)
Letra hebraica: Heh
Som relacionado: Dó maior
Décimo quinto caminho, de Tiphareth a Hocmah
O décimo quinto caminho é a Inteligência Constituinte, ela constitui a substancia da criação na completa escuridão.
Características positivas: Realização, Efeito,Desenvolvimento, Estabilidade, Honestidade, Apoio,Organização.
Características invertidas: Bloqueio, Impedimento,Imaturidade, Falta de energia, Indecisão, Incompetência, Limitação
7- Arcano V
O HIEROFANTE
Sentado num trono que fica entre dois pilares dos opostos, o hierofante faz o sinal da benção e da suprema autoridade com sua mão direita, na mão esquerda empunha a cruz patriarcal dos quatro elementos.
Vestido com vestes de um supremo pontífice, tem diante de si dois padres ajoelhados, simbolizando as naturezas intelectuais e de desejo do homem.
Estudando o pentagrama analisaremos o homem que se levanta da trilha espiritual.
Vemos a semelhança das pontas da estrela com braços, pernas e cabeça.
O inverso, o pentagrama de cabeça para baixo, é símbolo da magia negra, indicando que o homem está direcionando sua cabeça ao abismo.
É a própria caída do homem na ilusão da matéria e na perdição espiritual.
“Como caíste tu do céu, estrela brilhante, que eras tão esplêndida em teu nascimento”. (Isaías 14.12)
A Torá do Antigo Testamento
é constituída do Pentateuco, os cinco livros de Moisés.
Jesus com cinco pães alimentou quatro mil pessoas.
Cinco cruzes são gravadas nas pedras dos altares como lembrança dos cinco estigmas.
Para os autores medievais que tratam da simbólica, os cinco sentidos do homem se refletem nas cinco pétalas de inúmeras flores.
Letra Hebraica: Vav
Som Relacionado: Dó sustenido
Décimo sexto caminho: De Chesed a Hokmah
O décimo sexto caminho é a Inteligência Triunfal ou eterna, além da qual não existe outra glória igual a ela, que também é chamado de Paraíso preparado para os justos.
Características positivas: Misericórdia, Beneficência, Bondade, Gentileza, Poder Espiritual, Espiritualidade, Novos aprendizados, Justiça, Inteligência analítica, Dever moral,Convencionalismo, Liderança Espiritual.
Características invertidas: Fraqueza, Generosidade tola, Vulnerabilidade, Fragilidade, Irracionalidade, Projetos retardados,Calunia, Revolta.
8- Arcano VI
OS AMANTES
Na ilustração de um homem e uma mulher nus representam a alma masculina que é a alma humana (Copo Causual ou Manas Superior) e a alma espiritual que é feminina (Corpo Búdhico ou Budhi), pertencentes à Atman (o Espírito, o próprio Pai) que são advindas da Mônada, cada individuo tem 7 corpos (ver detalhadamente em Arcano VII).
O Anjo caracteriza o Atman em presença de sua alma masculina e feminina. Para fazer o ‘‘casamento’’ dessas almas deve-se subir a kundalini do corpo budhico e a do corpo causal, a cerimônia ocorre nos mundos internos como uma cerimônia iniciática.
‘‘Quando transformardes o masculino e o feminino em um só, de forma que o masculino não seja masculino e o feminino não seja feminino,... Então entrareis no Reino de Deus.’’ (Evangelho de Tomas)
''Por isto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher;e os dois serão uma só carne. Assim, já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.'‘ (Mateus,C.19,V 5 e 6)
A árvore da alegoria de Adão e Eva, atrás da mulher e atrás do homem uma árvore em chamas, símbolo da natureza intelectual espiritual. A montanha no indica ascensões mais elevadas que o par deve alcançar, representa também a própria montanha iniciática.
Vemos o arcano 6 no sagrado símbolo O SELO DE SALOMÃO que é dado ao Iniciado que passa por provas muito difíceis no astral. Estudemos o símbolo:
Notamos 3 pontas para cima somado as 3 pontas para baixo, dando como resultado 6.
O triângulo voltado para cima representa a trindade Superior: Pai, Filho e Espírito Santo.
O triângulo voltado para baixo representa os 3 traidores: demônio do desejo( do corpo astral), demônio mental( do corpo mental) e desejo da má vontade( corpo causal).
''E vi sair da boca do Dragão, da besta e da boca do falso profeta, três espíritos imundos (ego do corpo astral, mental e causal), semelhantes a rãs.” (Apocalipse, cap. 16 V)
No Arcano 6 está a escolha individual de servir ao Pai ou ao ego animal.
Inúmeras vezes na nossa caminhada espiritual nos encontramos diante de situações das quais não temos nenhuma firmeza de decisão, para optarmos. Ai ficamos cara à cara com o Arcano 6, conhecido também como ‘‘ A Indecisão’’.
Ficamos entre trilhas que podem ter grande interferência no nosso trabalho Interno, como relações amorosas, profissionais,condutas sociais e morais, e ate mesmo entre a estrada do acerto e do delito, mediante o livre-arbítrio da alma .
Pode haver dúvida e desespero a domar, tirando a lucidez e calma do caminhante.
Bhagavad Gita Cap.I:
Diz Arjuna a teu mestre:
''As minhas pernas tremem, os meus braços não me obedecem; a minha face está em agonia; a febre queima-me a pele; os pensamentos se confundem no meu cérebro;todo o meu corpo está em convulsões de horror; o arco cai das minhas mãos.''
Cap II
1.Krishna, cheio de amor, piedade e compaixão, disse a Arjuna, vendo a sua tristeza e as lágrimas nos seus olhos:
2.''Donde te vem, ó Arjuna, esta pusilanidade? Esta fraqueza, indigna de um homem, faz-te infeliz, pois te fecha as portas do Céu.
15.O homem que não se deixa mais atormentar pelas coias-que se conserva firme e inabalável no meio do prazer e da dor ,- que possui a verdadeira igualdade de ânimo: esse,crê-me, ENTROU NO CAMINHO QUE CONDUZ À IMORTALIDADE.’’
Precisamos consultar auxílio divino como fez Arjuna, em especial ás Divindades Internas.
Façamos nossas orações, meditemos, jejuemos, pediremos ao Pai que nos mostre em nossos sonhos o que devemos escolher,qual caminho seguir.
É importante ficarmos atentos a cada momento do dia, nos mínimos detalhes O sentiremos, O perceberemos que Ele está a nos falar.
Letra Hebraica: Zain
Som relacionado: Ré maior
Décimo sétimo caminho, de Tiphareth a Binah
O décimo sétimo caminho é a Inteligência da Eliminação, que proporciona Fé aos justos, que são revestidos por ele com o Espírito Santo
Características positivas: Sábias disposições, Provações, Tribulações vencidas, Momento de escolha, Liberdade, Confiança, Beleza, Perfeição, Renuncia de prazeres, Otimismo.
Características invertidas: Planos imprudentes, Falha ao ser posto á prova, Insatisfação, Separação, Tentações perigosas
9- Arcano VII
O CARRO
Numa armadura um guerreiro real viaja puxado por duas esfinges, uma escura e a outra branca, indicando as polaridades masculino e feminino, também pode ser entendido como as paixões que devem ser domadas com o bastão em mão, o bastão da vontade.
As muralhas ao fundo mostram que deixou para trás o mundo da forma para conhecer novas regiões (espirituais).
No arcano 7 o iniciado recebe a Espada flamejante nos mundos internos.
No jardim dos prazeres da Alquimia encontramos a palavra VTRIOL (contem 7 letras), que vem a ser um acróstico da frase: Visita interior à terra e ‘rectificatur invenies ocultum lapidum’ (Visita o interior da terra o qual retificando encontrarás a pedra oculta’).
Em seu livro Testamentum, Basílio Valentin assinala as excelentes propriedades e as raras virtudes do Vitriolo:
“É um notável e importante mineral a que nenhum outro na natureza poderia ser comparado, porque o Vitriol se familiariza com todos os demais metais mais que todas as demais coisas. Alia-se intimamente com ele, pois de todos os demais metais pode obter-se um vitriol ou cristal, já que se conhecem como uma só e a mesma coisa.
O vitriol é preferível aos outros minerais e deve conceder-se-lhe o primeiro lugar depois dos metais. Pois embora todos os metais e minerais estejam dotados de grandes virtudes, o vitriol é o único suficiente para fazer-se a Bendita Pedra, o que nenhum outro no mundo poderia conseguir por si só. A este propósito digo que é preciso que imprimas vivamente este argumento em teu espírito, que dirijas por inteiro teus pensamentos ao vitriol metálico e que recorde que confiei-te este conhecimento, de que se pode de Marte (homem) e Vênus(mulher) fazer um magnífico vitriol, no qual os três princípios se encontrem e que servem para o nascimento e produção de nossa Pedra” (Moradas Filosofais. Págs. 483 e 484).
Na terra filosófica (organismo humano) encontraremos a pedra filosofal (sexo).Quando Jesus disse a Pedro: ‘‘ Pedro tu és pedra’’, como grande alquimista e ocultista que Jesus é, quis dizer Ele, que Pedro tinha o segredo da pedra filosofal, o próprio nome Pedro tem origem do nome pedra. E quando disse Jesus: ‘‘Sobre esta pedra erguei a minha igreja’’, quis dizer Ele que a base de sua igreja deveria ser a Alquimia Sexual. São Pedro tem a chave do céu, do paraíso, e a chave é a Alquimia Sexual.
Vemos que Constantino junto dos cleros utilizam a interpretação literal deste trecho bíblico para dar sustentação e criação da Igreja Católica, que não fez outra coisa senão adulterar a doutrina de Jesus afim de dar apoio aos dogmas para manter a integridade da igreja e assim fortificar o império romano que estava em crise.
As 3 maiores pirâmides do Egito significam as 3 montanhas iniciáticas (ler a obra ‘‘As 3 Montanhas’’ de Samael Aun Weor).
PRIMEIRA MONTANHA
No início tem de se erguer 7 kundalinis.(uma kundalini para cada corpo: 1-físico, 2- etérico, 3- astral, 4-mental, 5-Causal, 6- Budhico e 7-Atman). Assim encarnamos nosso Íntimo e criamos os corpos de FOGO.
SEGUNDA MONTANHA
Os corpos de fogo morrem para se erguer outras 7 kundalinis e formar os corpos de OURO. Assim encarnamos o nosso Cristo, o Pai, nosso Deus Interno. Poucos O encarnaram. Jesus encarnou o Cristo, seu Pai interno, na segunda montanha iniciática.
TERCEIRA MONTANHA
Os corpos de ouro morrem para se erguer novamente 7 kundalinis e formar os corpos de LUZ. Assim nos libertamos, voltamos a Mônada. E cada pirâmide representa os 7 corpos e suas respectivas kundalinis que o iniciado deve erguer com a Alquimia Sexual. Vejamos:
1 – CORPO ATMICO
É o Corpo onde reside a Mônada humana (centro de força do Logos), nosso Deus Oculto que nos dá a Vida e a Autoconsciência.
2 - O CORPO BÚDICO
A palavra buddhi vem do sânscrito e traduz-se por sabedoria. Este é o corpo da Sabedoria divina, da intuição, dos lampejos divinos e dos sentimentos superiores. É a contraparte superior do Corpo Astral ou Emocional. É a sede do Amor Incondicional pelo Criador e pelo próximo, da Renúncia, do Perdão, da Pureza, da Síntese, da Unidade.
3 - O CORPO MANÁSICO OU CORPO MENTAL SUPERIOR OU CORPO CAUSAL
É o corpo da nossa Mente Abstrata, que pode ligar-se à Fonte Suprema e captar diretamente o Conhecimento Universal, sem esforço intelectual de qualquer natureza.
Neste corpo atuam os Mestres, filósofos e gênios que trazem novas revelações ou novos aspectos da Verdade Universal à Humanidade. A prática da meditação é a principal porta de acesso a este corpo. Neste corpo reside o nosso Anjo Solar, ou nosso Mestre Interno, ou nosso Eu Superior.
4 - O MENTAL CONCRETO OU CORPO MENTAL INFERIOR
É o veículo do pensamento. Com uma estrutura mais sutil e menos definida, ele contém nossos processos mentais, nossas ideias e geralmente aparece aos videntes na forma de uma auréola dourada. Este corpo possui 7 subdivisões.
Estas subdivisões ou subplanos inferiores constituem propriamente o MENTAL INFERIOR, que é dissolvido em cada encarnação, enquanto que as três subdivisões superiores constituem o imortal MENTALSUPERIOR ou CORPO MANÁSICO.
Ali residem os pensamentos nossos de cada dia, ou seja, as preocupações, o raciocínio prático, lógico, analítico, egoísta,calculista, enfim o tipo de pensamento que gera carma e mantêm-nos afastados de TRÍADA SUPERIOR. A sua contraparte superior é o CORPO MENTAL SUPERIOR (Mental Abstrato, ou Corpo Causal, ou Corpo Manásico).
5 - O CORPO ASTRAL
O Corpo astral interpenetra o corpo etérico. É o veículo das emoções, desejos e paixões; corresponde exatamente à matéria física que a interpenetra, cada variedade de matéria física atrai matéria astral de densidade correspondente. Tem a forma ovoide e é constituído de radiações coloridas que os videntes descrevem quando observam a aura. Nos homens mais primitivos sua constituição áurica é grosseira.
É a sede dos instintos, das emoções fortes, desejos e paixões. O amor terreno que vibra egoisticamente, com necessidade de posse,ciúmes, autopiedade, etc, tem origem nesse corpo. À medida que evoluiu e seus sentimentos começam a se expressar nos subplanos superiores, o indivíduo sublima este corpo e começa a ligar-se à sua contraparte superior, ou Corpo Búdico (ou Corpo Intuicional,ou Corpo Crístico), sede do Amor Universal incondicional.
6 - O CORPO ETÉRICO
É o veículo do prana, da força vital universal (o Ki do ReiKI). Este corpo absorve o prana ou vitalidade e o distribui pelo corpo físico. É a ponte entre o corpo físico e o corpo astral, transmitindo a consciência dos contactos e as sensações físicas ao corpo astral. Inversamente, também transmite a consciência astral e dos corpos superiores ao cérebro físico e ao Sistema Nervoso.
7 - O CORPO FÍSICO
Serve para nos manifestarmos no plano tridimensional, chamado comumente plano denso, que é onde a matéria tem sua completa manifestação. É claro que este veículo é adaptado para este plano físico. Ele é o laboratório, através dele poderemos trabalhar nossa evolução.
Temos 7 gênios planetários no nosso sistema solar, Mônadas de alta hierarquia: Gabriel (Lua); Raphael (Mercúrio); Uriel (Vênus); Michael (Sol); Samael (Marte); Zachariel (Júpiter); Orifiel (Saturno);
Talismãs para trair forças planetárias :Sol – Ouro Lua - Prata
Marte – Ferro
Vênus – Cobre
Mercúrio – Azougue
Júpiter – Estanho
Saturno – Chumbo
Devemos transmutar os 7 vícios ou pecados capitais, que representam as 7 cabeças da hidra que Hercules cortou :
Orgulho: Fé solar e humildade de Cristo
Avareza: Esperança e altruísmo
Luxúria: Castidade
Cólera: Amor
Preguiça: Prudência
Gula: Temperança
Vaidade: Simplicidade
Conhecemos também os 7 selos de São João, do Apocalipse.
Falta apenas o sétimo para ser lacrado, que se caracteriza pela chegada de Hercólubus, a catástrofe final (ver na obra Enteléquia).
7 cores tem o prisma: as mesmas do arco íris (Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou indigo) e violeta).
São 7 trombetas apocalípticas.
São 7 livros que constituem o Antigo Testamento.
São 7 véus de Isis
Significado das cores:
Vermelho: libertação das paixões e vitória do amor
Laranja: libertação da raiva e dos sentimentos de ira
Amarelo: libertação da ambição e do materialismo
Verde: saúde e equilíbrio do corpo físico
Azul : encontro da serenidade
Lilás: transmutação da alma, libertação da negatividade
Branco: pureza, encontro da Luz.
O templo de Salomão foi construído em 7 anos.
Ao lado, os dois pilares do Templo de Salomão (Jachin e Boaz). Entre ambos, os 7 pilares do tabernáculo, representando os sete planetas (gravura rosacruz).
Temos 7 dias na semana. No sétimo dia Deus descansou (dito alegórico).
A oração do Pai Nosso ensinada pelo Mestre Jesus contem 7 preces sagradas.
É dado a cada planeta 7 raças-raiz para atingir a evolução planetária, no planeta Terra segue (Detalhes no livro Enteléquia):
1 raça-raiz: Protoplasmática
2 raça-raiz: Hiperbórea
3 raça-raiz: Lemuriana
4 raça-raiz: Atlante
5 raça-raiz: Ária, a atual.
6 raça-raiz: futura raça
7 raça-raiz: depois da sexta
Cada Raça-raiz divide-se em 7 sub-raças-raiz, cita sobre as sub-raças da atual raça-raiz (Ária):
‘‘ A primeira sub-raça se desenvolveu no Planalto Central da Ásia,de forma mais concreta na região do Tibet, e teve uma poderosa civilização esotérica.
A segunda sub-raça floresceu no sul da Ásia, na época pré-védica,e então foi conhecida a sabedoria dos Rishis do Hindustão, os esplendores do antigo Império Chinês etc.
A terceira sub-raça se desenvolveu maravilhosamente no Egito (de direta ascendência atlante), Pérsia, Caldéia etc.
A Quarta sub-raça resplandeceu com as civilizações da Grécia e de Roma.
A Quinta foi perfeitamente manifestada com Alemanha, Inglaterra e outros países.
A Sexta resultou da mescla dos espanhóis com as raças autóctonesda Indoamérica.
A sétima está perfeitamente manifestada no resultado de todas essas mesclas de diversas raças, tal como hoje o podemos evidenciar no território dos Estados Unidos.’’
Na China, enquanto número ímpar, o sete está associado ao princípio masculino, yang, mas representa a sucessão de anos da vida da mulher: ao cabo de 2 x 7 anos começa “a vida yin”(primeira menstruação), que termina após 7 x 7 anos(menopausa). O quarenta e nove (7 x 7) aparece também no culto aos mortos, pois a partir do sétimo dia do falecimento e até o quadragésimo nono, eram feitas festas de oferecimentos em memória do defunto.
A série de sete planetas é, na China, menos tradicional que a série mais antiga que comporta apenas os cinco planetas e à qual se atribui influência indiana. Aqui no ocidente é bem popular a missa do sétimo dia.Entre os judeus, o setenário oriental se manifesta no candelabro com sete braços (a Menorá) que remete à divisão das quatro fases da revolução lunar (28 ÷ 4 = 7).
(Continua)
17 de novembro de 2012
A ÁRVORE DA VIDA - Um Estudo Sobre Magia XIII
Capítulo VIII
Em sua introdução aos Aforismos de Yoga de Patanjali, William Q. Judge afirma que os antigos sábios hindus conheciam o segredo do desenvolvimento da vontade, e como aumentar dez vezes tanto sua potência quanto sua eficiência. Esse segredo das eras, a ampliação do poder da vontade e da sabedoria jamais foi perdido. A vontade para o aprendizda teurgia divina é o fator primordial na produção de quaisquer alterações espirituais a que ele se proponha, e conseqüentemente qualquer coisa que tenda a aumentar esse potencial e despertar suas possibilidades latentes, transformá-lo numa força irresistível absoluta capaz de ser conscientemente manipulada, pertence à natureza de uma bênção transcendental.
A vontade não é boa nem má; é tão-somente poder e vitaliza todas as coisas igualmente. Há várias sugestões propostas por Lévi em seu Dogma e ritual de Alta Magia, algumas das quais são as seguintes:
"Se ireis reinar sobre vós mesmos e os outros, aprendei como querer... Como podemos aprender a querer?... Observâncias que são aparentemente as mais insignificantes e em si mesmas estranhas ao fim a que se propõem, conduzem, contudo, a esse fim mediante a educação e o exercício da vontade... O homem pode ser transformado pelo hábito, o qual, segundo o adágio, torna-se sua segunda natureza.
Por meio de exercícios atléticos persistentes e gradativos, a energia e a agilidade do corpo são desenvolvidas ou criadas num grau espantoso. O mesmo ocorre com os poderes da alma. A essência de suas sugestões, que só pode impressionar pela sua sensatez, corresponde a isto. Por meio de um ascetismo conscientemente imposto, negando-se a si mesmo durante o treinamento certas coisas normalmente consideradas necessárias, para aprender em suma a arte da autoconquista e como viver, é-se livrado das vicissitudes do eterno fluxo e refluxo que é a vida, e obtém-se uma vontade altamente treinada. É imperativo que as palavras "ascetismo auto-imposto sejam notadas e que precedam a frase "durante o treinamento; isto é de extrema importância como a chave de abertura aos Portais da Vontade.
Antes de pronunciar esse enunciado vale refletir em como pode ser chamado de "autonegação aquilo que nega apenas o não-eu das coisas pelas quais se anseia para abrir aquelas trevas cegas à luz da vontade verdadeira, a visão interior e o eu real. Esse último não é negado em absoluto. São unicamente os desejos de Ruach, essa entidade cujo egoísmo muda com o passar de cada hora, que são negados e disciplinados de modo a torná-lo um instrumento útil através do qual o Santo Anjo Guardião e seus pares podem trabalhar sem restrições e retardamentos inúteis.
O fator digno de nota nesse sentido é que o voto de ascetismo tem que ser mantido em seu devido lugar. Esse voto deve ser assumido para uma finalidade bem definida e claramente compreendida além da qual não se deve jamais permitir desviar-se. Havendo desvio, tudo estará perdido. Quando o voto realmente ultrapassa os confins da intenção premeditada, o ascetismo como a extrema voluptuosidade é um vício desordenado, pertencente às tendências sutis do ego e, por conseguinte, decididamente para ser desestimulado e suprimido. Há críticos que afirmam ser o ascetismo uma forma de egoísmo e egocentrismo. Quando essas críticas severas são dirigidas apenas àqueles que dele abusam, aqueles que considerariam suas negações e seus flagelamentos flagrantemente públicos como supremas virtudes e que obtêm muito prazer quando seu vício é aclamado em público, a acusação é correta. Mas não em caso diverso.
Que se entenda que o ascetismo não é um vício ou uma virtude, tal como a própria vontade não é boa nem má. Não possui em si mesmo mérito de espécie alguma exceto ser uma matéria de conveniência para quem quer que seja que o abrace com a finalidade de treinamento. Tal como no treinamento de um boxeador, por exemplo, intemperanças como beber e fumar são escrupulosamente eliminadas da lista das tolerâncias em relação a ele, negações nas quais obviamente não se pode imputar nenhuma virtude moral, o mesmo ocorre com o ascetismo que o teurgo assume para si mesmo. O ascetismo ao qual a magia se refere e do qual Lévi fala é algo inteiramente diferente do vício egotístico ordinário, já que tem como seu objetivo precisamente o fortalecimento da vontade e a abnegação mística desse ego. É esse falso ego ao qual o egoísta e o pretenso asceta em nome apenas se prendem tão devotadamente, a despeito de ser para seu eterno detrimento, e que o mago procura oferecer em sacrifício de maneira que o Espírito Santo descendo sobre o altar em penetrantes línguas de fogo possa consumir a oferenda e nele viver para sempre.
Referindo-se aos mistérios de outrora, Lévi observa que quanto mais terríveis e perigosos eles fossem, quanto mais severos fossem os rigores que impunham, maior seria sua eficiência. Assim é com esse ascetismo. Quanto maiores as negações da personalidade, quanto mais necessidades intemperantes são removidas do modo costumeiro de vida, maior a aquisição da força de vontade e mais fácil realmente se torna destruir os laços egóicos. Ainda assim, o ascetismo não deve ser tão terrível a ponto de danificar os instrumentos com os quais o mago é obrigado a trabalhar. O astrônomo não destrói seu telescópio num acesso de ira cega. Cortar a garganta para ofender o próprio cérebro é uma insanidade e é completamente estúpido. Se o aspirante estiver predisposto a ceder a disparates desse tipo, melhor será para ele abster-se totalmente da magia e permanecer junto ao calor e quietude da lareira de sua sala de estar.
Uma técnica extremamente eficiente foi desenvolvida por um mago contemporâneo*, um sistema sumamente prático isento de todas as desagradáveis implicações e tendências morais dos sistemas mais antigos. De acordo com esse sistema**, a técnica é de tal modo arranjada de maneira a cobrir o campo todo da ação, discurso e pensamento humanos, sendo, portanto, aplicável à constituição humana inteira. Na base, está de acordo com a concepção geral do ascetismo de que uma certa ação, palavra ou pensamento, que se tornou habitual e uma parte de Ruach, deve ser negado, por exemplo, o voto de por um período provisório de digamos uma semana abster-se de cruzar as pernas sobre o joelho ao sentar, ou talvez tomar a decisão de não erguer a mão esquerda até a cabeça ou o rosto. A grande vantagem desse sistema é que inexiste pendor moral nessas sugestões. Não é virtuoso abster-se de cruzar as pernas sobre o joelho ou não tocar o rosto com a mão esquerda. Assim o operador é liberado da tendência de fazer de seu ascetismo uma tola virtude.
É necessário observar, ademais, que não há a sugestão de aplicar o princípio ascético nesse esquema ao que se denomina comumente mau hábito, como fumar, beber ou blasfemar. Fazê-lo seria convidar certos indivíduos a considerar sua abstinência de fumar ou beber uma virtude, a ser grandemente louvada, em lugar de compreender que a negação é simplesmente uma questão de conveniência e treino, uma idiossincrasia pessoal à qual nenhum crédito ou culpa podem ser vinculados. Uma postura inteiramente impessoal de imparcialidade deve ser mantida e a aplicação do esquema é necessária àquelas ações, palavras e pensamentos aos quais é plenamente impossível atribuir um valor moral. É inconcebível que o leitor inteligente faça uma virtude do fato de abster-se de cruzar a perna sobre o joelho ou de ocasionalmente não tocar a cabeça com sua mão esquerda. Tal postura, absolutamente essencial, deve ser cultivada em qualquer ramo da magia.
Ora, para cada transgressão do voto ou juramento de abster-se de um certo procedimento um certo castigo deve ser infligido. É nessa disciplina que a vontade conquista seu treinamento e força. Por exemplo, suponha-se que o operador fez um juramento mágico de abster-se durante um período de quarenta e oito horas de cruzar a perna esquerda sobre o joelho direito ao se sentar. Num momento de distração, pode ser que o mago cometa a ação proibida. Essa transgressão deve ser punida, de maneira a produzir uma impressão profunda e duradoura na mente, com um corte no braço feito por uma navalha. A ação interditada é assim gravada no antebraço com um talho penetrante para auxiliar a memória preguiçosa.
Na segunda seção relativa ao discurso, alguma palavra freqüentemente utilizada no discurso diário como "eu ou "e ou qualquer outra expressão corrente no falar usual do mago deve ser interditada durante um período de vários dias, uma semana, ou meses, conforme o caso. No desenrolar desse período ou a palavra é inteiramente omitida, ou alguma outra palavra é empregada em seu lugar. Um certo pensamento que seja impessoal e isento de tendência moral é o tema da última seção quando se adquiriu suficiente competência e já se tirou proveito das duas seções anteriores. Em todo caso de esquecimento o castigo e penalidade é um corte pronunciado no braço.
Essa última seção tem implicações de grande envergadura, particularmente no que diz respeito ao treinamento da mente. Se alguns pensamentos foram proibidos de ingressar através dos portais não vigiados da mente e alguma habilidade foi obtida em fazer valer essa decisão, será necessário um prolongamento adicional da prática para fechar os portais e barrar todos os pensamentos de qualquer tipo que sejam da mente. Desse modo, alcança-se o objetivo idêntico da ioga: o esvaziamento pela vontade de todo o conteúdo da mente.
E agora consideremos o resultado dessa técnica disciplinar. Acima de tudo, nenhuma questão arbitrária de ética ou moral entra nessa técnica de ascetismo. Trata-se simplesmente de uma forma elaborada de treinamento atlético, por assim dizer. O corpo não é torturado com base no princípio ordinário e conforme o costume usual de que a alma eterna pode viver e encontrar bem-aventurança em sua libertação do corpo. Essa postura não leva em conta que se o ascetismo é um estágio na jornada da alma rumo ao seu ideal, caso seja conduzido a extremos é ao mesmo tempo uma recusa cega da nutrição de que essa jornada necessita para ser sustentada.
O princípio radical que envolve a prática dos faquires que dormem sobre leitos de pregos ou arame, mantendo seus braços eretos pelo período inteiro de suas vidas, dilacerando carne viva de seus corpos submetidos a longo sofrimento, tudo isto é repreensível do ponto de vista do teurgo e se opõe cabalmente em princípio ao método esboçado acima. O corpo não é uma coisa do mal; definimos anteriormente corporeidade e espiritualidade como graus distintos de uma substância divina. Todos os veículos do espírito são instrumentos através dos quais ele pode atuar, obter experiência e atingir um conhecimento de si mesmo, e embora em assuntos pertinentes à comunhão celestial alguns se limitem a ser um estorvo se não forem treinados, a observação simplesmente demonstra a necessidade de treinamento e não de destruição cruel e sem sentido.
Mediante a técnica de ascetismo da teurgia se decide simplesmente a lograr um controle consciente sobre certos aspectos da organização física e mental, e esse controle tende à aquisição de um enorme aumento de potencial de vontade. O corte do braço produz um pouco de dor, é verdade, embora essa dor seja útil e necessária para estabelecer certas correntes nos centros de inibição do cérebro ou mente, as quais produzem a instalação de uma curiosa vigilância por parte da vontade, um fluxo inconsciente livre de força de vontade que está continuamente presente e pronto para executar os desejos do mestre. Descobrir-se-á no caso de uma decisão tomada de não cruzar as pernas que ao "bater papo casualmente com um grupo de pessoas e numa condição de completo esquecimento do juramento, qualquer tendência automática das pernas de repetir instintivamente o hábito ao qual foram acostumadas há muito tempo será imediatamente detectada pela vontade antes que o ato proibido seja mesmo meio completado e a tendência será interrompida em seu início.
Tem sido observado repetidas vezes que precisamente quando as pernas estão na iminência de se cruzarem, mesmo durante o sono mais profundo quando o corpo produz movimentos espasmódicos automáticos, a vontade operando a partir dos centros inibitórios da mente faz lampejar uma advertência espontânea que resulta no impedimento da ação. Se adormecido, ocorre um despertar imediato com total consciência do ato pretendido. Ao menos, essa é a base lógica que prevalece depois de o operador ter falhado cerca de uma dúzia de vezes e quando seu antebraço se tornar belamente adornado por uma quantidade igual de cortes. Sucede particularmente isso no caso da proibição da palavra "eu que se pode bem usar como objeto da prática.
Normalmente, somos tão pessoais e tão apegados a todas as coisas egoicamente que nas conversas ordinárias mantemo-nos mais interessados em falar de nós mesmos, e as frases "Eu fiz isto, "Eu fiz aquilo entram mais no discurso do que quaisquer outras. Conseqüentemente, no início, quando os benefícios do silêncio criterioso são, de maneira muito enérgica, transmitidos à personalidade, o braço não sofre pouca coisa. Pode ser até necessário recorrer à decoração de ambos os antebraços até o ego rebelde e sua voz responderem ao treinamento, decidindo-se a obedecer incontinenti aos ditados da vontade.
A conseqüência é óbvia. À medida que o tempo progride através dessa técnica, o mago realiza duas coisas separadas, ambas aspectos importantes da Grande Obra. Uma vigilância perpétua que se avizinha de uma corrente sumamente poderosa de força de vontade foi gerada. Isso, desde o início, tende a conduzir as atividades multifárias do ser humano ao controle consciente da vontade. Se, como o Abade Constant observou, as operação mágicas são o exercício de um poder que embora natural é superior às forças comuns da natureza, esse poder sendo o resultado de um conhecimento e uma disciplina que exaltam a vontade além de seus limites normais, então essa prática preenche da maneira mais concebível todos os requisitos que até mesmo ele teria dela exigido. E a vantagem disso para o neófito que fez o voto a si mesmo da consecução de nada menos do que o Conhecimento e conversação do santo, o anjo que o guarda, não pode ser superestimada. Em suas mãos é colocado um tremendo poder de vontade, de significação espiritual e de aplicação inconcebivelmente criativa.
O segundo aspecto da realização é que não apenas o mago se descobre a si mesmo de posse de uma vontade ampliada como também o próprio Ruach, todas as faculdades compreendidas no ego anteriormente tão problemáticas e carentes de concentração gradualmente, graças à vontade dinâmica e à contração proveniente da dor corpórea, colocam a si mesmas sob controle. O praticante terá sobrevivido ao horror e desagrado iniciais de infligir esse leve castigo ao seu braço, vendo seu corpo pela primeira vez em seu devido lugar, como um servo a ser empregado e comandado e cujas recusas rebeldes a acatar ordens emitidas por uma fonte superior são severamente reprimidas e penalizadas. Espera-se sinceramente que a base dessa técnica não seja tão mal compreendida a ponto de fazer surgir observações grosseiras com relação a Hatha Yoga ou ao masoquismo. Não há prazer algum em cortar o braço com uma navalha; desse fato unicamente o leitor pode estar inequivocamente assegurado.
Tal vontade pode tornar-se uma força tão poderosa pela disciplina e treinamento que nas instruções acrescidas a uma recente versão de uma invocação, o editor sugeriu que a vontade fosse formulada no mundo criativo sob a forma de um bastão mágico, seu verdadeiro símbolo, ou um feixe luminoso brotando numa linha reta e perpendicular do mago na direção e para dentro do infinito. Essa observação sugere que longe de ser uma impalpabilidade metafísica intangível, uma incoerência, o que é geralmente o caso com o indivíduo médio, para o mago a vontade é uma definida força espiritual controlável, que como todas as demais faculdades da alma, pode ser empregada por seu senhor e mestre.
Há ainda um outro método de treinamento da vontade. Embora pertença de direito aos processos da ioga, sua importância não pode ser superestimada. Trata-se daquele ramo da ioga de oito membros que é chamado de Pranayama, uma prática que proporciona a quem quer que a exerça uma colheita tripla. Em primeiro lugar, a absorção de grandes quantidades de oxigênio e prana tem um efeito indiscutível nas glândulas endócrinas. É incontestável que particularmente as glândulas intersticiais recebem um estímulo tremendo. Conseqüentemente, de um ponto de vista puramente físico, a inteira personalidade é inundada por uma riqueza de energia criativa destinada a reagir favoravelmente, quando preservada, sobre a mente, a vontade e todos os outros aspectos da constituição humana. Na verdade, pode-se chegar ao ponto de afirmar que essa energia criativa, física como possa parecer, colabora para formar a base da visão espiritual.
Em segundo lugar, em sua Raja Yoga, o falecido Swami Vivekananda fornece uma admirável explicação do efeito da respiração rítmica regulada, que fortalece e estimula a vontade até uma concentração formidável de força. Em síntese, sua teoria é a de que se fazendo todas as células de um ser vibrar em uníssono, uma poderosa corrente elétrica de vontade é estabelecida no corpo e na mente. E o meio para estabelecer essa vibração em uníssono é uma aspiração e exalação rítmicas do alento.
Ignorando, para efeito de argumento, a teoria de que o Pranayama detém efetivamente o efeito delineado no parágrafo anterior e suspendendo o exame de qualquer teoria mística, há ainda um outro resultado que não pode ser posto em dúvida por ninguém. Qualquer indivíduo que tenha tentado o Pranayama mesmo por apenas alguns momentos entenderá imediatamente o que significa.
Poder-se-ia dificilmente imaginar algo mais tedioso, laborioso e penoso do que esse simples conjunto de exercícios, pois o mago senta-se sossegadamente duas ou três horas durante o dia por um período de, digamos, três ou quatro meses na tentativa de respirar num ritmo regular e calculado, simplesmente observando com cuidado a inalação e exalação do fluxo do alento, é uma das mais árduas tarefas que a imaginação pode conceber. Exige o exercício da força de vontade máxima e uma resolução inabalável para continuar. Ao fazer isto, o indivíduo é levado de maneira incisiva a encarar a inércia e lassidão do corpo, necessitando-se não pouca austeridade, autodomínio e uma força de vontade inflexível para persistir na tarefa em relação à qual ele celebrou um voto.
Caso o praticante não tenha obtido qualquer resultado daqueles descritos nos livros técnicos, tais como a desaceleração do movimento da mente ou a ocorrência de várias alterações psicofisiológicas, terá, ao menos, ganho um incalculável aumento de força de vontade e uma firmeza invencível de propósito por ter treinado a si mesmo na superação da indolência das condições corporais, a inércia mental e a oposição ao treinamento.
"Aprender o autodomínio é, portanto, aprender a viver, e as austeridades do estoicismo não eram vã gabolice de liberdade... Resistir à natureza e sobrepujá-la é atingir para si mesmo uma existência pessoal e imperecível; é pôr-se livre das vicissitudes da vida e da morte*. É fato reconhecido e demonstrável que a disciplina e paciência impostas pelo Pranayama, à parte toda a teoria da ioga, deixarão o mago em posição vantajosa quando tiver de enfrentar as tarefas mais complexas e difíceis da magia.
Há alguns indivíduos sobre os quais a magia cai como sobre solo estéril. Crentes de que o desenvolvimento consciente do gênio mediante o treinamento mágico constitui uma impossibilidade na natureza, asseveram que as façanhas mais grandiosas e as mais excelentes obras criativas são realizadas inconscientemente e não pela vontade; que os mais nobres exemplos da arte, literatura e música recebem sua principal inspiração de uma parte do homem que é independente de sua vontade e conhecimento conscientes. Esse fato, sem dúvida, é verdadeiro, e é aqui que o mago é superior ao artista comum. No caso do artista, a inspiração é automática, independente de seus próprios desejos e conhecimento mesmo, e nesse sentido ele é um instrumento passivo, um meio.
O mago, entretanto, se propõe um objetivo mais elevado, desejoso conscientemente de conhecer aquele poder nele que é o criador, o vidente, o conhecedor. Chega a isso por meio de um ato ou uma série gradual de atos da vontade. O objetivo último é a identificação da vontade mágica com o ser todo, de modo que sua aplicação não exige maior esforço consciente do que o movimento dos lábios e o erguer da mão, uma força tão constante e continuamente presente como a gravitação.
A magia cerimonial, que seja entendido, como um meio de adquirir o potencial requerido de força de vontade, é principalmente para uso do principiante. "Sendo as cerimônias, como dissemos, métodos artificiais para criação de um hábito de vontade, se tornam desnecessárias uma vez esteja o hábito consolidado... Mas o procedimento tem que ser simplificado progressivamente antes de ser completamente dispensado**. Caso se adote rigorosamente uma prática programada, depois de um certo tempo o mago porá de lado completamente o cerimonial, confiando no trabalho improvisado no interior dos limites de seu círculo mágico interno, e ainda posteriormente se aplicará àquela prática mágica chamada de missa do Espírito Santo. A aplicação habilidosa desse engenho mágico reverberante deve resultar no desenvolvimento de um centro de alta potência de vontade. Atingido isso, todas as técnicas poderão ser postas de lado por terem já servido ao seu propósito melhorando o bem-estar do indivíduo, não sendo mais os exercícios necessários.
O princípio é comparável a um princípio reconhecido no esporte. Durante uma partida de tênis, por exemplo, um jogador poderia executar alguns lobs e voleios realmente maravilhosos numa ínfima fração de segundo, estando a decisão consciente absolutamente fora de questão. As melhores tacadas no bilhar, como muitos bem o sabem, são aquelas feitas acidentalmente. Para o aspirante no tênis, ou um jogador desejoso de melhorar, somente uma imensa quantidade de prática deliberada produzirá aquela habilidade consumada que irá operar livremente em todas as ocasiões. Assim é com o mago. Nesse caso, o verendo da arte que foi ciosamente oculto do olhar do público é ainda mais guardado nas profundezas de sua consciência espiritual, de sorte que por ninguém no mundo inteiro é sua existência adivinhada. Tão vigorosamente poderoso é esse bastão que por um ligeiro brandir do mesmo os mundos poderiam ser destruídos, e com outro leve brandir novos mundos poderiam ser trazidos ao ser.
Unido de maneira peculiar à vontade e à imaginação nas evocações cerimoniais está um outro poder ou uma outra força cuja presença ou ausência representa o sucesso ou o fracasso da operação. O segredo de toda magia cerimonial é simples, embora nem sempre óbvio. Celebrar cerimônias mágicas encaminhando cada mínimo detalhe com cuidado, executando os banimentos, fumigações e circumpercursos externos, vociferando as conjurações e gemendo os nomes bárbaros de evocação não é critério para que a invocação tenha êxito em sua finalidade ostensiva, ou para que o clima estático da operação "aconteça. A incapacidade de compreender isso encontra-se no fundo de uma boa quantidade de histórias mais ou menos humorísticas sobre magia contadas por pessoas que, tendo se tornado intelectualmente interessadas em sua técnica, e tendo seguido cuidadosamente as instruções expostas nos engrimanços ordinários de fácil obtenção, se decepcionaram com a falta de resultados. Todas as precauções apropriadas foram tomadas. Belos mantos da melhor seda foram providenciados, candelabros de prata e bronze, incensos compostos dispendiosamente e conjurações primorosamente escritas.
A despeito de todo esse preparo, entretanto, nada absolutamente aconteceu. Nem as mais leve pressão foi produzida na atmosfera astral circundante, e uma mão colocada cautelosamente fora dos limites do círculo não foi paralisada, como ocorreria segundo a lenda, como se por um raio lançado por um espírito irado. Há uma esplêndida história que vem à mente de um aprendiz entusiasta que se empenhou em "praticar magia antes de ter atingido uma compreensão dos princípios elementares em que se apóia a magia cerimonial. Ele desejava, a título de teste, invocar uma ondina, um espírito do elemento água, e a fim de fazê-lo ocorreu-lhe que uma operação realizada nas proximidades da água eliminaria muitas dificuldades. Como sítio de operação Eastbourne foi escolhida e o tal aprendiz, levando consigo o equipamento da arte, embarcou para essa praia "solitária. Uma noite, já razoavelmente tarde, quando a maioria dos cidadãos respeitáveis da praia já dormiam sossegadamente, ele se dirigiu para a beira do mar, a maré muito ao longe. Traçado o seu círculo, depois do altar e as luzes terem sido instalados sobre a areia, ele iniciou suas conjurações à medida que uma névoa se adensava. Suas vociferações eram altas e os sonoros gemidos, selvagens, fazendo com que os nomes bárbaros tornassem horrenda a noite, cuja tranqüilidade foi arruinada; nuvens de incenso espesso se elevavam em espirais do altar, envolvendo todo o cenário de uma névoa repulsiva de fumaça perfumada. A única ondina que esse mago viu foi uma enraivecida criatura vestida de azul: um policial.
Desde que o acima exposto foi escrito, perpetrou-se uma imbecilidade ainda mais grosseira e bem menos desculpável. Alguns membros de uma famosa sociedade de pesquisas se convenceram de que era inadiável expor a magia em todos os seus ramos, demonstrar que não possuía qualquer realidade, e, imbuídos desse nobilíssimo objetivo, tomaram providências para realizar uma cerimônia com base nas instruções deturpadas de um certo engrimanço no alto de uma colina no continente. As conjurações foram devidamente recitadas em conformidade com as ditas instruções por uma virgem de manto branco junto a um bode, o qual segundo promessa do engrimanço seria transformado num jovem da mais arrebatadora beleza. Essa transformação, é claro, não ocorreu, e muita publicidade foi feita em torno dessa cerimônia cujo fito era pôr um fim a todas as cerimônias. Hordas de pessoas curiosas afluíram ao alto da montanha, a qual durante o rito estava inflamada de luzes de arco voltaico de alta potência! Faz-nos lembrar de certo modo do simplório que depois de encher o bule e colocá-lo sobre um dos bicos de gás do fogão se esquece, contudo, de usar um fósforo para ligar o gás; quando, após uma hora, ele constata não haver nenhum sinal de um bule com água fervente, declara com suma indignação e não pouco desprezo que essas geringonças modernas não servem para nada.
Não acredito que essa cerimônia farsesca requeira muito comentário. Mostra o tipo extraordinário de inteligência que não é capaz de distinguir entre um livro tolo de feitiçaria e a genuína magia teléstica; e também incapaz de compreender a verdade da injunção segundo a qual é o pensamento, a vontade e a intenção que atuam de maneira preponderante na operação mágica cerimonial, os símbolos e sigillae externos sendo secundários e tendo menos importância.
O Magus de Barrett, em todo caso, propõe para a consideração desses pesquisadores "científicos que "a razão de exorcismos, sortilégios, encantamentos, etc. às vezes não atingirem o efeito desejado é a mente ou espírito não-excitado do exorcista tornar as palavras fátuas e ineficazes.
Eis então numa curta frase o segredo do sucesso. Os Oráculos caldeus afirmam que se deve "invocar com freqüência! Abramelin, o Mago, aconselha que se deve "inflamar-se com oração. A chave está implícita nessas afirmações concisas. Invocar freqüentemente denota um certo grau de persistência e entusiasmo, e o princípio no qual criam os antigos magos era que se um homem orar ou invocar o tempo suficiente com seus lábios pode acontecer que encontrará a si mesmo um dia proferindo sua invocação de todo coração. Sucesso implica acima de tudo entusiasmo. E o entusiasmo que o mago deve cultivar é uma espécie indescritível de excitação ou arrebatamento, por meio dos quais ele é transportado completamente para fora de si e além de si.
Trata-se de uma qualidade inteiramente incompreensível e, por conseguinte, indefinível. O mago deve inflamar a si mesmo, o que é hislahabus ou auto-intoxicação, o que os cabalistas conceberam como sendo o próprio cálice da graça e o vinho da vida. Cada nervo, cada fibra do indivíduo, físico, astral, mental; cada átomo em seja qual for departamento da constituição humana deve ser estimulado a um clímax febril e todas as faculdades da alma exaltadas ao máximo. Tal como o artista – o poeta, o dançarino, o próprio amante – é arrastado numa loucura de paixão inflamada, um frenesi de criatividade, o mesmo deve suceder com o mago. Deve ser impulsionado em sua cerimônia por um entusiasmo mântico que embora nele presente e uma parte necessária das forças que o compõem, não é de modo algum aquilo que ele normalmente inclui em seu Ruach. Não participa do ego mundano do estado de vigília embora exalte esse ego numa crista de bem-aventurança, de maneira que toda consciência de sua existência é transcendida, sofrendo um novo nascimento com um horizonte maior e mais amplo.
Afirma Jâmblico: "...a energia entusiástica, entretanto, não é o trabalho seja do corpo seja da alma, ou de ambos conjugados. É impossível formular regras teóricas para a indução desse frenesi, para a aquisição desse estímulo, para a produção desse espasmo mântico. De povo para povo os fatores variarão para produzir o estímulo e a excitação. Para um indivíduo, poderá vir através de invocações prolongadas e reiteradas feitas durante um período de várias semanas ou meses.
Um aprendiz pode ficar tão impressionado pelo puro mistério e sugestão, por assim dizer, de dada cerimônia, que é possível que o resultado seja incluído. Um outro pode ser curiosamente comovido e alegrado pelo estilo lírico no qual as invocações estão escritas, por suas imprecações e comemorações, ou mesmo pelos nomes estranhos e bárbaros de evocação, não importando quão ininteligíveis possam ser para seu ego consciente. É possível que a despeito de um excelente conhecimento intelectual da Cabala, tenha lhe escapado uma interpretação adequada ou satisfatória de alguma dessas palavras misteriosas; quando de repente, durante o desenrolar de uma cerimônia, sua significação lampeja arrebatadoramente sobre ele com um fulgor escarlate, um fulgor de júbilo, e assim excitado ele é transportado com sua descoberta na onda crescente de êxtase. Talvez o cheiro de um perfume em particular, a psicologia dos deslumbrantes mantos de seda e coberturas de cabeça, até mesmo o esgotamento físico que é a conseqüência da dança – essas são possíveis causas daquela exaltação que o mago tem que cultivar. No que diz respeito ao mago habilidoso, todos esses fatores estarão contribuindo para a finalidade, produzindo assim um arrebatamento exuberante, vasto como o mais vasto dos mares e tão elevado e abrangente quanto os ventos que sopram dos pólos. E então, como brota a rosa vermelha da terra negra,m crescerá da natureza amorfa do homem da terra, sob a luz daquela exuberância, a flor de muitas pétalas da alma restaurada. Gradativa e lentamente se manifestarão os poderes espirituais e as faculdades latentes como pétalas que procedem do interior. Tal como as flores brancas como neve que florescem na acácia se desenvolvem até que toda a árvore da regeneração seja coberta e dobrada sob o peso de muitas flores, do mesmo modo da raiz do êxtase é desenvolvida a visão e o perfume.
Como na lenda rosacruciana a vida dos filhotes de pelicano é mantida pelo recurso de sacrifício da mãe, as forças exteriores do mago são alimentadas quando o ego sucumbe à intoxicação, tanto a partir do espírito interior quanto a partir de seu senhor feudal, os deuses que são invocados de cima.
Que nunca se esqueça que o segredo da invocação e de todo ato mágico é "Inflame-se com oração e "Invoque com frequência!.
(Israel Regardie - continua)
ARQUIVOS DE OUTROS MUNDOS VI
Capítulo VII
O ESOTERISMO DAS PEDRAS E DOS MENIRES
Se possuem algumas luzes sobre os dolmens e os cromeleches, se é muito mais evasivo em relação aos menires.
O menir, diz o dicionário Larousse (do bretão men=pedra e hir=larga) é um monumento megalítico formado por uma pedra alçada. Se lhe supõe comemorativo de acontecimento ou edifício dedicado ao culto.
Existem perto de 5.000 menires na Bretanha, dos quais 2.935 formam os célebres alinhamentos de Carnaque.
Os menires são lápides sepulcrais, marcos, acumuladores de energia telúrica, nomes em pé, ou outra coisa? Isso é o que poderia revelar o verdadeira destinação do monumento se conhecesse, mas os primeiros ocupantes do Ocidente e, depois, os celtas, não nos tem deixado esclarecimento sobre esse tema.
Os menires eram objeto de culto e passavam por conter um poder mágico: É a única certeza que temos.
A CARRETA INVENTADA ANTES DO CAVALO!
Menir significa: Pedra larga. Não é totalmente seguro que men signifique pedra.
Men, man, memez em inglês, em germânico e em céltico significam: Homem e montanha, que somos tentados ao relacionar com emana (grande, em sânscrito), com Manu o sábio herói do dilúvio hindu, com Manannan, o mago-feiticeiro da ilha de Man, umbigo do mundo, com Mannus, o primeiro homem na mitologia germânica, com emana, o poder das estátuas da ilha de Páscoa.
O menir, na tradição, participa estreitamente da montanha, do poder, de Deus e do primeiro homem da criação.
Na arqueologia clássica, o dólmen passa por ser mais antigo que o menir. Mas é um costume dos pré-historiadores oficiais decretar que a porretada existiu antes do porrete, o rio antes do vale, o tremor de terra antes da Terra e a bicicleta antes da roda!
Desse modo nos ensinam que a idade do bronze (cobre e estanho) é anterior à idade do ferro, e que os andaimes, por exemplo em Lascaux, existiu antes da parede!
Sobre tais bases os pré-historiadores declaram que o dólmen, formado por três, quatro ou cinco menires suportando uma mesa de pedra, é mais antigo que o menir!
Se fazendo eco do ponto de vista oficial, o jornalista cientista H. de Saint-Blanquat, numa revista especializada, depois de escrever que já não existe mistério nos megalitos prossegue com essas linhas não menos assombrosas: «Se tem a certeza de que os menires foram elevados numa época em que se construíam também os dolmens...«Mas nenhuma prova existe de que esses menires tenham sido erigidos antes do -3000».
O mesmo especialista concede -4.400 a -4.600 anos, ou seja, uma antiguidade de 6.000 a 6.600 anos aos dolmens do Poatu, da Normandia, da Bretanha, de Portugal e da Escócia!
É verdade que abade Breuil, que não acreditava nas casas dos homens pré-históricos e em seu labirinto de cimento, escreveu a propósito do forno pra cozer da Coumba do Pré-Neuf em Noaillé (Correze):
«Os vãos... foram cuidadosamente guarnecidos com pedras menores mantidas por uma massa de terra argilocalcárea e areia», a qual, salvo erro, é, precisamente, o cimento usado pelos pedreiros.
Sejamos sérios, por favor: O menir é mais antigo que o dólmen, posto que é necessário utilizar menires pra construir um dólmen!
E cai por seu peso, pra todo homem dotado de lucidez, que a pedra levantada (menir), em todos os países do mundo, remonta à mesma data das primeiras tumbas que foram edificadas.
OS CELTAS: 2.500 OU 5.000 ANOS
Se os megalitos são, particularmente, abundantes na Irlanda e na Bretanha, é porque esses países estavam muito afastados das trilhas frequentadas pelas migrações de todo tipo.
O pré-historiador H. Hubert opina que a invasão ao Ocidente pelos celtas pode ter sido causada por recuos do mar ou, quiçá, por algum invento náutico, já que eram, indubitavelmente, navegantes.
Os celtas não são uma raça mas um povo ou um grupo de povos «distintos dos greco-latinos, dos germanos, dos balto-eslavos, dos iberos e dos lígures» com os quais têm, no entanto, numerosos pontos comuns.
H. Hubert os dividiu em quatro grupos: Goideles, pietos, bretões (incluídos os galos) e belgas. Provavelmente se afastariam do tronco indo-europeu no Oriente.
Os primeiros elementos que penetraram na Gália, e talvez, também, na Espanha, são, se diz, os pictões do Poatu, aparentados aos pictos de Escócia.
Se estabeleceram no Ocidente na idade do bronze, o que resultou extremamente vago, já que os pré-historiadores estão tão pouco seguros de sua ciência que estendem a idade do bronze desde -2.000 anos (Altine-Depe, Turcomênia) a -8.000 anos (Medzamor, Armênia soviética).
Tomemos uma data média. 3.000 e, digamos que os celtas têm uma antiguidade de 5.000 anos, que excede a decretada em altas esferas: 2.500 a 3.000 anos somente!
É certo que a cepa permaneceu mais pura na Irlanda e na Bretanha mas, pelo menos no que concerne a nosso país, se os mais importantes centros de megalito subsistiram no país de Amor (Bretanha), parece que os principais santuários foram edificados noutros sítios: Em Chartres, em Loudun, em Saint Benoit-sul-Loire, no monte São-Miguel, em Autun, nos Vosgos e em Marselha.
DATAÇÃO DOS MEGALITOS
Segundo a cronologia adotada pelos meios oficiais, a civilização dos dolmens remontaria ao tempo do invento da agricultura, há 7.000 anos.
Os megalitos mais antigos, de acordo com essa cronologia, se situariam assim no tempo:
— Poatu — Normandia — Bretanha — Portugal — Escócia: 6.000 a 6.700 anos
— Dólmen da ilha Gaignog em Landéda (Finisterra): 5.850 anos
— Bougon (Deux-Sévres): 5.850 anos
— Plouezoch (29.N. Finisterre): 5.500 anos.
— Síria — Líbano — Palestina: 5.200 anos. — Dolmens do Cáucaso: 5.000 anos
— New-Grange, na Irlanda: 4.500 anos
— Carnaque: 4.000 anos
— Estonerrenge: 4.000 anos
— Dolmens do Maciço Central: 4.000 anos
— Índia — Paquistão — Irã — Filitosa: 3.500 anos
— África do Norte: 3.000 anos
— Japão — Coréia — Manchúria — Índia — Ásia — Oceania: 2.000 anos, pelo menos.
Essa datação dos dolmens e monumentos megalíticos é, talvez, exata mas temos boa razão pra crer que os menires são, notavelmente, mais antigos.
Seja o que for e, contrariamente ao ensino oficial, pretendemos que os celtas foram construtores de monumento megalítico, ao menos em seu período tardio, e estão indissoluvelmente ligados por sua história e crença aos menires e aos dolmens.
O HOMEM VERTICAL, A MÃO E O GRAFITE
A história do menir não pode se dissociar da do penhasco do qual saiu e da grande aventura humana.
Não está demonstrado que o berço do homem seja nossa Terra, filha do Sol, mas pensamos que nossos antepassados mais prováveis viram o dia sobre nosso solo, em tempos imemoriais.
Nessa hipótese, a data mais importante da humanidade foi seu acesso à posição vertical que condicionou o desenvolvimento do cérebro, da inteligência e permitiu a evolução até uma civilização elaborada.
O homem vertical teve a grande oportunidade de liberar as mãos (a menos que essa liberação adquirida anteriormente não tenha motivado sua nova posição).
Certo é que seu pensamento já existia mas se pode dizer que se afirmou com a destreza de sua mão que podia colher e criar.
A palavra mão, escreveu Dimitri Panine, é, talvez, a mais antiga do mundo e da língua original, já que a mão foi, em definitivo, a primeira ferramenta e quase o primeiro pensamento do homem original.
É interessante vincular essa ideia ao menir erguido que servirá pra suportar o pensamento do homem, inclusive não formulado, inclusive abstrato.
No princípio o homem vertical, por simples impulso mecânico, talvez, como no menino de nossos dias, traçou com seu dedo um risco no solo. Foi o primeiro geoglifo e, depois, com um calhau rude, rabiscou sobre uma rocha mole, e foram os primeiros grafites.
Os traçados primordiais que deviam culminar no símbolo e na escrita foram, sem dúvida, o risco horizontal, o risco vertical, a quadrícula e, enfim, o círculo. Se encontram em numerosas cavernas marcas de mãos ou de pés que são signos de posse, mas a arte mural mais antiga está representada por meandros, uns entrelaçados e arabescos macarrônicos (espirais), como dizia o abade Breuil, traçados sobre a argila ou sobre rocha, com os dedos. Se encontram essas raspaduras digitais nas grutas de Gargas, de Baume-Latrone, de Ganties-Montespan.
As marcas de mãos são frequentes em Altamira, Castelo, La Pasiega, na España. Nas grutas de Gargas, Trois-Fréres, Portel, Pech-Merle, Rocamadour, Font-de-Gaume, Pont D’arc, etc., na França.
Existem marcas de pés na argila da gruta de Niaux, e gravadas na pedra da Roche-aux-Fras, na ilha de Yeu, e na Roche-aux-pieds, de Lanslevillard (Sabóia).
O esboço duma civilização acabava de nascer: O homem já tinha, sucessivamente, a sua disposição os quatro elementos essenciais: O pensamento, a mão, a pedra e o traçado.
A água e a argila lhe haviam dado a vida, a pedra ia lhe dar o arranque da civilização com o betel (Segundo Bochart (1730-1794) essa palavra é fenícia e significa pedra esférica ou arredondada), o kudurru (também chamada Melisipak* ), a baliza, o menir, o pilar, o obelisco.
*A organização do mundo divino refletia a organização política da sociedade. Há uma hierarquia, no topo da qual está Anu, o deus do firmamento, e Enlil, o deus do ar-atmosfera. Anu e Enlil são os deuses supremos, reis do céu e da terra. No mundo divino, a realeza é compartilhada, como aparece na iconografia e em pedras kudurru, que mostram os limites geográficos no segundo milênio.
O PEDERNAL
Em todos os tempos, os homens acreditaram que o pedernal ou sílex ou silicato de alumínio continha o fogo do céu e o princípio-vital. E é curioso comprovar que nunca alguma estátua foi talhada em sílex, sem dúvida porque é um material duma extremada dureza, mas também, quiçá, por medo de ver a estátua se animar com sentimento homicida contra o sacrílego que a esculpiu.
Os celtas colocavam, religiosamente, pedras de pedernal, talhadas ou não, sob os dolmens. Era uma maneira de proporcionar vida ao templo e aos manes dos antepassados, talvez pra fixar o espírito dos mortos.
Os homens da pré-história não tiveram reparo em moldar a argila e em esculpir toscamente a pedra com forma humana com finalidade religiosa mas não talharam o sílex, exceto pra converter em utensílio cotidiano. Parece que o tabu da estatura antropomorfa tenha nascido com a tomada de consciência do divino.
Entre os drávidas e em numerosos outros povos, a pedra tinha, também, essa propriedade de fixar os espíritos bons ou maus.
Por esse motivo se rodeava a tumba dos mortos com um círculo de pedras, com a finalidade de aprisionar os fantasmas e os ressuscitados.
«Em distintos sítios se atira uma pedra sobre o caminho de regresso, depois de haver inumado um morto. Desse modo a pedra obstrui o espírito do morto, criando um fantasma que se fixa nessa pedra e se volta, assim, impotente pra inquietar os vivos.» (J. Boulnois.)
PEDRA E ÁGUA DA VIDA
Na Bíblia, a terra e o céu foram criados primeiro em potência de manifestação formal, escreveu J. Boulnois.
A terra e o céu sendo a Água, miticamente separadas por Deus depois da criação da luz, em água inferior (terra e oceano) e água superior (céu).
«Somente a água inferior produz, por uma espécie de corporificação, a substância formal, individualizada, sensível, da terra e da água. É necessário, pois, compreender pela Água, uma espécie de substância primordial».
Pois bem, segundo a tese de professor Louis Kervran, terra e água são sinônimo, o calcário engendrando a água e, sem dúvida, vice-versa, pelo processo de sedimentação e de infiltração.
O princípio-vital está, portanto, tão intimamente ligado à pedra andrógina (argila) como à água.
É certo que, na lenda cristã, primária e fundamentalmente destinada ao erro pelo fato de que Deus é diferente do universo e ausente da matéria, o primeiro homem, Adão, foi feito de argila morta, que o Criador animou com seu alento.
Mas a maior parte das outras tradições respeitam mais a linha científica e atestam que a pedra ou argila possui vida, sendo, inclusive, fonte de vida em igualdade com a água.
Na Índia do sul e no Ceilão, país dos tamis dravídicos, uma pedra informe assinala, às vezes, a entrada ou o centro do povoado.
O grande iniciado alemão Jakob Boheme (1575-1624) dizia:
«Uma pedra não é, no entanto, mais que água.»
É regada ritualmente a cada dia e se a chama pedra umbilical ou pedra da vida, o que nada teria de extraordinário, já que esse costume é quase universal, se a pedra umbilical não tivesse uma particularidade notável e, inclusive, mágica: Caiu do céu!
Tudo o que vem do país dos deuses é sagrado, por isso os aerolitos ou meteoritos gozaram de grande veneração entre os povos da Antiguidade, principalmente quando essas pedras caídas do céu eram tectitas: Pedras hialinas de cor negra.
PEDRAS CELESTES, NEGRAS OU VERDES
No Peru os incas construíram o Templo do Sol do lago Titicaca, tendo, como primeiro elemento, uma pedra negra procedente do céu.
Cealcoquim, cidade mítica de Honduras, devia sua fortuna e seu poderio a uma pedra negra trazida por uma mulher branca de beleza incomparável que, tal como um anjo, descera das nuvens.
As lendas andinas falam também da pedra negra de Ancovilca, único vestígio duma cidade edificada no fundo dum lago e que um tremor de terra fez desaparecer.
Em Meca, os muçulmanos veneram uma pedra negra, a Hadjar-el-Asuad (Hadjers'ul-Esswed) encravada no ângulo leste da Caaba, o santuário da grande mesquita.
É considerada prenda da aliança que Deus fez com os homens na pessoa de Adão, que a levou ao abandonar o paraíso terreno mas outra tradição assegura que foi o anjo Gabriel quem a entregou a Abrão.
A Hadjar-el-Asuad era, muito provavelmente, um meteorito e foi um dos mais antigos ídolos do Hadjaz.
Os escritores de Bizâncio, escreveu E. Saillens, estão de acordo em dizer que a pedra representava a Anaíta, quer dizer, Astartéia, a estrela da manhã.
Quando apareceu Maomé, o templo em que se lhe rendia homenagem estava, assim como o betilo (significa casa da divindade. Tipo de estátua muito estilizada, em pedra local, do período nurágico), rodeado de pedras e de imagens sagradas representando as 360 tribos do deserto.
O profeta fez desaparecer as imagens mas não se atreveu a tocar essa decana e, desde então, o dia de Vênus, sexta-feira, ficou como dia sagrado.
Os hebreus, renderam, antanho, culto a essa pedra negra que representava Meni, deusa da fortuna (Isaías, LXV, 11). Meni era o planeta Vênus que os árabes denominam a Pequena Fortuna e os persas Nanaia ou Anaíta, duma palavra armênia (II, Macabeus, I, 13, Estrabão XV, 733). Era também a divindade árabe Emana adorada sob a forma duma pedra pelas tribos instaladas entre Meca e Medina (Corão, Lili, 19).
Entre os celtas uma pedra verde misteriosa era, quiçá, também de natureza meteorítica: La Calláis. Perto dum milhar foram encontradas sob dolmens mas não se sabe que poder ou virtude se supunha possuir.
Um enigma rodeia as pedras verdes que têm uma relação evidente com o planeta Vênus.
No Templo de Chavim, Peru, se pode ver um grande monolito de serpente chamado a pedra verde do mundo, que bastava remover, antanho, pra provocar um dilúvio. Esse monolito, segundo se dizia, procedia de Vênus, o mesmo que a pedra do Santo-Graal, a esmeralda verde caída da fronte de Lúcifer.
Por outra parte, é curioso mencionar que os fungos psilocibos do México, país do Deus venusiano Quetzalcoatle, têm a propriedade de fazer ver toda vida de cor verde.
No interior do Templo de Chavim, encontra-se a pedra raimondi, um gigantesco monólito verde. Representa um ser híbrido, metade homem, metade felino, cujo adorno de cabeça é constituído por serpentes e goelas abertas.
A lousa alta e estreita tem, na extremidade inferior, uma estranha figura de difícil interpretação: corpo de homem, guarra de jaguar e cabeça híbrida - meio jaguar, meio touro pois em cornos.
A PEDRA DE SAYWITE
A 3.600m de altura, no Peru, a 45km da cidade de Abancay, sobre uma pendente da cordilheira que domina o rio Apurimaque, uma estranha pedra se burla dos arqueólogos: A pedra de Saywite.
Mede 4,10m de longitude, 3,10m de largura por altura aproximada de 1,20m, e sua superfície superior está esculpida com baixos-relevos que, a primeira vista, parecem representar a maquete duma cidade incaica com plataformas, terraços, templos, casas, ruas, nichos e... um notável sistema de drenagem de água, de tal modo que a chuva nunca se estanca sobre o calcário e escapa até o exterior mediante pendentes bem calculadas e pelo labirinto de canais.
Essa cidade em miniatura está povoada de algumas personagens, sem dúvida, simbólicas, já que são muito pouco numerosas, por quatro pumas orientados até os pontos cardeais e se notam esboços de plantas.
Quanto ao suposto significado do monolito, oscila entre o monumento pra oráculo e a maquete dum lugar sagrado que ficaria a descobrir na solidão da cordilheiras dos Andes.
Os antigos povos anteriores aos quíchuas sempre tiveram a pedra em grande veneração e, como os assírio-babilônios e os fenícios, faziam delas a morada dos deuses.
Com grande incerteza pensamos que a pedra esculpida de Saywite é uma imagem simbólica do mundo, da essência primitiva de Deus, do Vivente e das civilizações representadas por uma cidade sagrada.
A COMPANHEIRA ASHERAT
A pedra e a água estão intimamente ligadas, seja pra fazer o manancial ou o poço, seja pra designar a altura sagrada da igreja ou da catedral.
A igreja, a água e a pedra adotam o mesmo processo de sacralização que os antigos relacionavam com uma cosmogênese venusiana.
Nas mais antigas mitologias se diz que a chegada de Istar ou de Astartéia a nosso sistema solar provocou chuvas diluvianas e inundações.
Enki, deus do oceano primordial na mitologia assírio-babilônia, tinha por filha a deusa Nina, a Dama da Água, identificada a Istar como a representante do planeta Vênus.
A mesma tradição assírio-babilônia faz essa deusa responsável pelo dilúvio universal.
«O terror que se espalha no universo alcança os próprios deuses... Istar, mais assustada, sem dúvida, que os demais grita como uma mulher em parto. Se arrepende de ter apoiado, quiçá, inclusive, provocado a decisão dos deuses. Ela não desejava um castigo tão terrível (Mythologie genérale (Mitologia geral), F. Guiraud).»
Istar, na Fenícia, recebia o nome de Astart ou Asherat. Pois bem, Asherat-do-mar, a Estrela-do-mar*,é a deusa dos rios e dos oceanos.
Em seu livro notável e iniciático: Le pape des escargots (O papa dos escargôs) (escargô é um caracol gigante apreciado na culinária francesa), Henri Vincenot recalca a estranheza da oração cristã Ave maris stella cujo texto é: «Salve, estrela do mar, santa mãe de Deus, mãe permanecendo virgem, porta feliz do céu, aceites a saudação dos lábios de Gabriel, e mudando o nome de Eva nos estabeleças na paz.»
Apesar de seu título humorístico, Le pape des escargots, de Henri Vincenot, é um livro de alta iniciação, particularmente no que concerne à igreja cristã druídica e ao simbolismo. Ademais, esse livro-chave é uma obra-mestra, de leitura cativante.
Um dos poemas traduzidos das tabuletas cuneiformes de Ras Shamra (Síria), que remonta a 3.400 anos, poderia dar muito o que pensar aos franco-mações ainda aferrados à fábula do templo de Salomão.
Baal, o maior dos deuses depois de El, e mais recente também. «Não temas — dizem as tabuletas — recinto sagrado nem templo como é devido a um filho de Asherat».
Por conseguinte, se lhe construirá um sem intervenção humana, como no caso do templo de Jerusalém.
Asherat-do-Mar estava encarregada pelo deus El a dar autorização de construir, e depois ela comunicou a Latpão, o deus que tem o dom da sabedoria, a ordem de começar a obra...
«Eis aqui que Amat Asherat confecciona os ladrilhos. Uma casa será construída pra Baal, em sua qualidade de deus, e um recinto sagrado por ser filho de Asherat».
Baal trabalha, ele mesmo, na construção e derruba com sua serra raio do céu os cedros do Líbano.
Como se pode julgar, os próprios deuses não sentem repulsa em se converter em carpinteiros ou pedreiros: Baal serra, Vênus confecciona ladrilho.
Eis aqui dois formosos e célebres Companheiros do Dever, dois honrados franco-mações muito mais simpáticos que o tortuoso Salomão!
O templo de Jerusalém foi construído pelos fenícios no século XI. As tabuletas de Ras Shamra do século XIII são, por conseguinte, se as datações são exatas, duzentos anos mais antigas. No entanto, o caráter lendário, confuso, inverossímil da tradição referida ao templo faria supor que as tabuletas fenícias relatam os verdadeiros detalhes de sua edificação.
Em nossa opinião Salomão açambarcou exatamente uma construção fenícia como os hebreus açambarcaram ao deus Jeová dos beduínos do deserto.
VÊNUS, CHAVE DE OURO DO PASSADO
Eis aqui, pois, a Asherat franco-maçônica, fabricante de ladrilho, e a Baal construtor dum templo que, se não é o edifício antigo de Baalbek, seria, quiçá, o de Jerusalém.
Os hebreus, disse Oséias, adoravam um deus sob os carvalhos: Baal.
Falando de sua mãe aos hebreus, o Senhor disse: Oséias — Capítulo II, Versículo 13: — ‘Me vingarei nela dos dias que consagrei a Baal’... Vers. 16: ‘Em tal dia ela me chamará seu esposo e já não me chamará Baal.’
Salomão nunca pôs a mão na massa... Asherat, ao contrário, amassava os ladrilhos.
No Egito, onde não se espera encontrar mais que Ra, o deus Sol, o planeta Vênus desempenha, também, um papel preponderante.
O iniciador Pta, cujo nome verdadeiro é Ptah-Sokar-Osíris, era um grande construtor e tinha por emblema a medida codo.
Quanto a Atur, deusa do céu, se a chamava Afrodite entre os gregos. Dama de Biblos entre os fenícios e rainha do Ocidente. Era identificada ao planeta Vênus.
O lugar mais alto de Egito é, com Abidos, a imenso altura de Sacara onde se encontram as tumbas dos reis desde a primeira dinastia, as mais antigas mastabas (tumbas egípcias) e as mais antigas pirâmides (muito anteriores às de Gizé). A mais venerável é a pirâmide de gradas do rei Djéser (3a dinastia) chamada pirâmide de Sacara.
Pois bem, Sacara em egípcio significa: A pedra, o cometa, o planeta Vênus. Quanta coincidência!
Que relação haveria, pois, entre Vênus, a pedra, a água, a chuva, o Peru, o Próximo Oriente, Egito e, como veremos, com o menir e o betilo?
Se tomamos por referência as tradições, Deus, Adão, os anjos, os arcanjos e Lúcifer habitavam, juntos, o céu e no mesmo lugar.
Se sabe que Lúcifer, expulso da morada de Deus, procedia de Vênus. Dele se deve deduzir que Deus e os arcanjos não habitavam um céu simbólico, abstrato, senão um planeta especialmente designado.
Leva a crer que a tradição judaico-cristã, a maçônica e as mitologias clássicas estão fundadas sobre um imenso erro que torna incompreensível o passado dos homens e das civilizações. É exatamente o que cremos!
Para abrir as portas do saber utilizamos chaves das quais uma, a primeira, nos chega diretamente de Vênus, não do planeta que se coze a fogo lento a 500ºC entre Mercúrio e a Terra, mas Vênus-cometa que, antes de se converter em planeta estabilizado no sistema solar, errava flamígero nas nuvens, em forma de cornos de touro, com larga cauda incandescente que inflamava as selvas tropicais e suscitava terríveis maremotos.
Com essa chave, igualmente muito estimada por Emmanuel Velikovsky, encontramos explicação lógica, razoável, ao mistério das pedras negras ou verdes, dos deuses que as habitavam e do segredo dos construtores antigos.
(Robert Charroux - Continua)
O ESOTERISMO DAS PEDRAS E DOS MENIRES
Se possuem algumas luzes sobre os dolmens e os cromeleches, se é muito mais evasivo em relação aos menires.
O menir, diz o dicionário Larousse (do bretão men=pedra e hir=larga) é um monumento megalítico formado por uma pedra alçada. Se lhe supõe comemorativo de acontecimento ou edifício dedicado ao culto.
Existem perto de 5.000 menires na Bretanha, dos quais 2.935 formam os célebres alinhamentos de Carnaque.
Os menires são lápides sepulcrais, marcos, acumuladores de energia telúrica, nomes em pé, ou outra coisa? Isso é o que poderia revelar o verdadeira destinação do monumento se conhecesse, mas os primeiros ocupantes do Ocidente e, depois, os celtas, não nos tem deixado esclarecimento sobre esse tema.
Os menires eram objeto de culto e passavam por conter um poder mágico: É a única certeza que temos.
A CARRETA INVENTADA ANTES DO CAVALO!
Menir significa: Pedra larga. Não é totalmente seguro que men signifique pedra.
Men, man, memez em inglês, em germânico e em céltico significam: Homem e montanha, que somos tentados ao relacionar com emana (grande, em sânscrito), com Manu o sábio herói do dilúvio hindu, com Manannan, o mago-feiticeiro da ilha de Man, umbigo do mundo, com Mannus, o primeiro homem na mitologia germânica, com emana, o poder das estátuas da ilha de Páscoa.
O menir, na tradição, participa estreitamente da montanha, do poder, de Deus e do primeiro homem da criação.
Na arqueologia clássica, o dólmen passa por ser mais antigo que o menir. Mas é um costume dos pré-historiadores oficiais decretar que a porretada existiu antes do porrete, o rio antes do vale, o tremor de terra antes da Terra e a bicicleta antes da roda!
Desse modo nos ensinam que a idade do bronze (cobre e estanho) é anterior à idade do ferro, e que os andaimes, por exemplo em Lascaux, existiu antes da parede!
Sobre tais bases os pré-historiadores declaram que o dólmen, formado por três, quatro ou cinco menires suportando uma mesa de pedra, é mais antigo que o menir!
Se fazendo eco do ponto de vista oficial, o jornalista cientista H. de Saint-Blanquat, numa revista especializada, depois de escrever que já não existe mistério nos megalitos prossegue com essas linhas não menos assombrosas: «Se tem a certeza de que os menires foram elevados numa época em que se construíam também os dolmens...«Mas nenhuma prova existe de que esses menires tenham sido erigidos antes do -3000».
O mesmo especialista concede -4.400 a -4.600 anos, ou seja, uma antiguidade de 6.000 a 6.600 anos aos dolmens do Poatu, da Normandia, da Bretanha, de Portugal e da Escócia!
É verdade que abade Breuil, que não acreditava nas casas dos homens pré-históricos e em seu labirinto de cimento, escreveu a propósito do forno pra cozer da Coumba do Pré-Neuf em Noaillé (Correze):
«Os vãos... foram cuidadosamente guarnecidos com pedras menores mantidas por uma massa de terra argilocalcárea e areia», a qual, salvo erro, é, precisamente, o cimento usado pelos pedreiros.
Sejamos sérios, por favor: O menir é mais antigo que o dólmen, posto que é necessário utilizar menires pra construir um dólmen!
E cai por seu peso, pra todo homem dotado de lucidez, que a pedra levantada (menir), em todos os países do mundo, remonta à mesma data das primeiras tumbas que foram edificadas.
OS CELTAS: 2.500 OU 5.000 ANOS
Se os megalitos são, particularmente, abundantes na Irlanda e na Bretanha, é porque esses países estavam muito afastados das trilhas frequentadas pelas migrações de todo tipo.
O pré-historiador H. Hubert opina que a invasão ao Ocidente pelos celtas pode ter sido causada por recuos do mar ou, quiçá, por algum invento náutico, já que eram, indubitavelmente, navegantes.
Os celtas não são uma raça mas um povo ou um grupo de povos «distintos dos greco-latinos, dos germanos, dos balto-eslavos, dos iberos e dos lígures» com os quais têm, no entanto, numerosos pontos comuns.
H. Hubert os dividiu em quatro grupos: Goideles, pietos, bretões (incluídos os galos) e belgas. Provavelmente se afastariam do tronco indo-europeu no Oriente.
Os primeiros elementos que penetraram na Gália, e talvez, também, na Espanha, são, se diz, os pictões do Poatu, aparentados aos pictos de Escócia.
Se estabeleceram no Ocidente na idade do bronze, o que resultou extremamente vago, já que os pré-historiadores estão tão pouco seguros de sua ciência que estendem a idade do bronze desde -2.000 anos (Altine-Depe, Turcomênia) a -8.000 anos (Medzamor, Armênia soviética).
Tomemos uma data média. 3.000 e, digamos que os celtas têm uma antiguidade de 5.000 anos, que excede a decretada em altas esferas: 2.500 a 3.000 anos somente!
É certo que a cepa permaneceu mais pura na Irlanda e na Bretanha mas, pelo menos no que concerne a nosso país, se os mais importantes centros de megalito subsistiram no país de Amor (Bretanha), parece que os principais santuários foram edificados noutros sítios: Em Chartres, em Loudun, em Saint Benoit-sul-Loire, no monte São-Miguel, em Autun, nos Vosgos e em Marselha.
DATAÇÃO DOS MEGALITOS
Segundo a cronologia adotada pelos meios oficiais, a civilização dos dolmens remontaria ao tempo do invento da agricultura, há 7.000 anos.
Os megalitos mais antigos, de acordo com essa cronologia, se situariam assim no tempo:
— Poatu — Normandia — Bretanha — Portugal — Escócia: 6.000 a 6.700 anos
— Dólmen da ilha Gaignog em Landéda (Finisterra): 5.850 anos
— Bougon (Deux-Sévres): 5.850 anos
— Plouezoch (29.N. Finisterre): 5.500 anos.
— Síria — Líbano — Palestina: 5.200 anos. — Dolmens do Cáucaso: 5.000 anos
— New-Grange, na Irlanda: 4.500 anos
— Carnaque: 4.000 anos
— Estonerrenge: 4.000 anos
— Dolmens do Maciço Central: 4.000 anos
— Índia — Paquistão — Irã — Filitosa: 3.500 anos
— África do Norte: 3.000 anos
— Japão — Coréia — Manchúria — Índia — Ásia — Oceania: 2.000 anos, pelo menos.
Essa datação dos dolmens e monumentos megalíticos é, talvez, exata mas temos boa razão pra crer que os menires são, notavelmente, mais antigos.
Seja o que for e, contrariamente ao ensino oficial, pretendemos que os celtas foram construtores de monumento megalítico, ao menos em seu período tardio, e estão indissoluvelmente ligados por sua história e crença aos menires e aos dolmens.
O HOMEM VERTICAL, A MÃO E O GRAFITE
A história do menir não pode se dissociar da do penhasco do qual saiu e da grande aventura humana.
Não está demonstrado que o berço do homem seja nossa Terra, filha do Sol, mas pensamos que nossos antepassados mais prováveis viram o dia sobre nosso solo, em tempos imemoriais.
Nessa hipótese, a data mais importante da humanidade foi seu acesso à posição vertical que condicionou o desenvolvimento do cérebro, da inteligência e permitiu a evolução até uma civilização elaborada.
O homem vertical teve a grande oportunidade de liberar as mãos (a menos que essa liberação adquirida anteriormente não tenha motivado sua nova posição).
Certo é que seu pensamento já existia mas se pode dizer que se afirmou com a destreza de sua mão que podia colher e criar.
A palavra mão, escreveu Dimitri Panine, é, talvez, a mais antiga do mundo e da língua original, já que a mão foi, em definitivo, a primeira ferramenta e quase o primeiro pensamento do homem original.
É interessante vincular essa ideia ao menir erguido que servirá pra suportar o pensamento do homem, inclusive não formulado, inclusive abstrato.
No princípio o homem vertical, por simples impulso mecânico, talvez, como no menino de nossos dias, traçou com seu dedo um risco no solo. Foi o primeiro geoglifo e, depois, com um calhau rude, rabiscou sobre uma rocha mole, e foram os primeiros grafites.
Os traçados primordiais que deviam culminar no símbolo e na escrita foram, sem dúvida, o risco horizontal, o risco vertical, a quadrícula e, enfim, o círculo. Se encontram em numerosas cavernas marcas de mãos ou de pés que são signos de posse, mas a arte mural mais antiga está representada por meandros, uns entrelaçados e arabescos macarrônicos (espirais), como dizia o abade Breuil, traçados sobre a argila ou sobre rocha, com os dedos. Se encontram essas raspaduras digitais nas grutas de Gargas, de Baume-Latrone, de Ganties-Montespan.
As marcas de mãos são frequentes em Altamira, Castelo, La Pasiega, na España. Nas grutas de Gargas, Trois-Fréres, Portel, Pech-Merle, Rocamadour, Font-de-Gaume, Pont D’arc, etc., na França.
Existem marcas de pés na argila da gruta de Niaux, e gravadas na pedra da Roche-aux-Fras, na ilha de Yeu, e na Roche-aux-pieds, de Lanslevillard (Sabóia).
O esboço duma civilização acabava de nascer: O homem já tinha, sucessivamente, a sua disposição os quatro elementos essenciais: O pensamento, a mão, a pedra e o traçado.
A água e a argila lhe haviam dado a vida, a pedra ia lhe dar o arranque da civilização com o betel (Segundo Bochart (1730-1794) essa palavra é fenícia e significa pedra esférica ou arredondada), o kudurru (também chamada Melisipak* ), a baliza, o menir, o pilar, o obelisco.
*A organização do mundo divino refletia a organização política da sociedade. Há uma hierarquia, no topo da qual está Anu, o deus do firmamento, e Enlil, o deus do ar-atmosfera. Anu e Enlil são os deuses supremos, reis do céu e da terra. No mundo divino, a realeza é compartilhada, como aparece na iconografia e em pedras kudurru, que mostram os limites geográficos no segundo milênio.
O PEDERNAL
Em todos os tempos, os homens acreditaram que o pedernal ou sílex ou silicato de alumínio continha o fogo do céu e o princípio-vital. E é curioso comprovar que nunca alguma estátua foi talhada em sílex, sem dúvida porque é um material duma extremada dureza, mas também, quiçá, por medo de ver a estátua se animar com sentimento homicida contra o sacrílego que a esculpiu.
Os celtas colocavam, religiosamente, pedras de pedernal, talhadas ou não, sob os dolmens. Era uma maneira de proporcionar vida ao templo e aos manes dos antepassados, talvez pra fixar o espírito dos mortos.
Os homens da pré-história não tiveram reparo em moldar a argila e em esculpir toscamente a pedra com forma humana com finalidade religiosa mas não talharam o sílex, exceto pra converter em utensílio cotidiano. Parece que o tabu da estatura antropomorfa tenha nascido com a tomada de consciência do divino.
Entre os drávidas e em numerosos outros povos, a pedra tinha, também, essa propriedade de fixar os espíritos bons ou maus.
Por esse motivo se rodeava a tumba dos mortos com um círculo de pedras, com a finalidade de aprisionar os fantasmas e os ressuscitados.
«Em distintos sítios se atira uma pedra sobre o caminho de regresso, depois de haver inumado um morto. Desse modo a pedra obstrui o espírito do morto, criando um fantasma que se fixa nessa pedra e se volta, assim, impotente pra inquietar os vivos.» (J. Boulnois.)
PEDRA E ÁGUA DA VIDA
Na Bíblia, a terra e o céu foram criados primeiro em potência de manifestação formal, escreveu J. Boulnois.
A terra e o céu sendo a Água, miticamente separadas por Deus depois da criação da luz, em água inferior (terra e oceano) e água superior (céu).
«Somente a água inferior produz, por uma espécie de corporificação, a substância formal, individualizada, sensível, da terra e da água. É necessário, pois, compreender pela Água, uma espécie de substância primordial».
Pois bem, segundo a tese de professor Louis Kervran, terra e água são sinônimo, o calcário engendrando a água e, sem dúvida, vice-versa, pelo processo de sedimentação e de infiltração.
O princípio-vital está, portanto, tão intimamente ligado à pedra andrógina (argila) como à água.
É certo que, na lenda cristã, primária e fundamentalmente destinada ao erro pelo fato de que Deus é diferente do universo e ausente da matéria, o primeiro homem, Adão, foi feito de argila morta, que o Criador animou com seu alento.
Mas a maior parte das outras tradições respeitam mais a linha científica e atestam que a pedra ou argila possui vida, sendo, inclusive, fonte de vida em igualdade com a água.
Na Índia do sul e no Ceilão, país dos tamis dravídicos, uma pedra informe assinala, às vezes, a entrada ou o centro do povoado.
O grande iniciado alemão Jakob Boheme (1575-1624) dizia:
«Uma pedra não é, no entanto, mais que água.»
É regada ritualmente a cada dia e se a chama pedra umbilical ou pedra da vida, o que nada teria de extraordinário, já que esse costume é quase universal, se a pedra umbilical não tivesse uma particularidade notável e, inclusive, mágica: Caiu do céu!
Tudo o que vem do país dos deuses é sagrado, por isso os aerolitos ou meteoritos gozaram de grande veneração entre os povos da Antiguidade, principalmente quando essas pedras caídas do céu eram tectitas: Pedras hialinas de cor negra.
PEDRAS CELESTES, NEGRAS OU VERDES
No Peru os incas construíram o Templo do Sol do lago Titicaca, tendo, como primeiro elemento, uma pedra negra procedente do céu.
Cealcoquim, cidade mítica de Honduras, devia sua fortuna e seu poderio a uma pedra negra trazida por uma mulher branca de beleza incomparável que, tal como um anjo, descera das nuvens.
As lendas andinas falam também da pedra negra de Ancovilca, único vestígio duma cidade edificada no fundo dum lago e que um tremor de terra fez desaparecer.
Em Meca, os muçulmanos veneram uma pedra negra, a Hadjar-el-Asuad (Hadjers'ul-Esswed) encravada no ângulo leste da Caaba, o santuário da grande mesquita.
É considerada prenda da aliança que Deus fez com os homens na pessoa de Adão, que a levou ao abandonar o paraíso terreno mas outra tradição assegura que foi o anjo Gabriel quem a entregou a Abrão.
A Hadjar-el-Asuad era, muito provavelmente, um meteorito e foi um dos mais antigos ídolos do Hadjaz.
Os escritores de Bizâncio, escreveu E. Saillens, estão de acordo em dizer que a pedra representava a Anaíta, quer dizer, Astartéia, a estrela da manhã.
Quando apareceu Maomé, o templo em que se lhe rendia homenagem estava, assim como o betilo (significa casa da divindade. Tipo de estátua muito estilizada, em pedra local, do período nurágico), rodeado de pedras e de imagens sagradas representando as 360 tribos do deserto.
O profeta fez desaparecer as imagens mas não se atreveu a tocar essa decana e, desde então, o dia de Vênus, sexta-feira, ficou como dia sagrado.
Os hebreus, renderam, antanho, culto a essa pedra negra que representava Meni, deusa da fortuna (Isaías, LXV, 11). Meni era o planeta Vênus que os árabes denominam a Pequena Fortuna e os persas Nanaia ou Anaíta, duma palavra armênia (II, Macabeus, I, 13, Estrabão XV, 733). Era também a divindade árabe Emana adorada sob a forma duma pedra pelas tribos instaladas entre Meca e Medina (Corão, Lili, 19).
Entre os celtas uma pedra verde misteriosa era, quiçá, também de natureza meteorítica: La Calláis. Perto dum milhar foram encontradas sob dolmens mas não se sabe que poder ou virtude se supunha possuir.
Um enigma rodeia as pedras verdes que têm uma relação evidente com o planeta Vênus.
No Templo de Chavim, Peru, se pode ver um grande monolito de serpente chamado a pedra verde do mundo, que bastava remover, antanho, pra provocar um dilúvio. Esse monolito, segundo se dizia, procedia de Vênus, o mesmo que a pedra do Santo-Graal, a esmeralda verde caída da fronte de Lúcifer.
Por outra parte, é curioso mencionar que os fungos psilocibos do México, país do Deus venusiano Quetzalcoatle, têm a propriedade de fazer ver toda vida de cor verde.
No interior do Templo de Chavim, encontra-se a pedra raimondi, um gigantesco monólito verde. Representa um ser híbrido, metade homem, metade felino, cujo adorno de cabeça é constituído por serpentes e goelas abertas.
A lousa alta e estreita tem, na extremidade inferior, uma estranha figura de difícil interpretação: corpo de homem, guarra de jaguar e cabeça híbrida - meio jaguar, meio touro pois em cornos.
A PEDRA DE SAYWITE
A 3.600m de altura, no Peru, a 45km da cidade de Abancay, sobre uma pendente da cordilheira que domina o rio Apurimaque, uma estranha pedra se burla dos arqueólogos: A pedra de Saywite.
Mede 4,10m de longitude, 3,10m de largura por altura aproximada de 1,20m, e sua superfície superior está esculpida com baixos-relevos que, a primeira vista, parecem representar a maquete duma cidade incaica com plataformas, terraços, templos, casas, ruas, nichos e... um notável sistema de drenagem de água, de tal modo que a chuva nunca se estanca sobre o calcário e escapa até o exterior mediante pendentes bem calculadas e pelo labirinto de canais.
Essa cidade em miniatura está povoada de algumas personagens, sem dúvida, simbólicas, já que são muito pouco numerosas, por quatro pumas orientados até os pontos cardeais e se notam esboços de plantas.
Quanto ao suposto significado do monolito, oscila entre o monumento pra oráculo e a maquete dum lugar sagrado que ficaria a descobrir na solidão da cordilheiras dos Andes.
Os antigos povos anteriores aos quíchuas sempre tiveram a pedra em grande veneração e, como os assírio-babilônios e os fenícios, faziam delas a morada dos deuses.
Com grande incerteza pensamos que a pedra esculpida de Saywite é uma imagem simbólica do mundo, da essência primitiva de Deus, do Vivente e das civilizações representadas por uma cidade sagrada.
A COMPANHEIRA ASHERAT
A pedra e a água estão intimamente ligadas, seja pra fazer o manancial ou o poço, seja pra designar a altura sagrada da igreja ou da catedral.
A igreja, a água e a pedra adotam o mesmo processo de sacralização que os antigos relacionavam com uma cosmogênese venusiana.
Nas mais antigas mitologias se diz que a chegada de Istar ou de Astartéia a nosso sistema solar provocou chuvas diluvianas e inundações.
Enki, deus do oceano primordial na mitologia assírio-babilônia, tinha por filha a deusa Nina, a Dama da Água, identificada a Istar como a representante do planeta Vênus.
A mesma tradição assírio-babilônia faz essa deusa responsável pelo dilúvio universal.
«O terror que se espalha no universo alcança os próprios deuses... Istar, mais assustada, sem dúvida, que os demais grita como uma mulher em parto. Se arrepende de ter apoiado, quiçá, inclusive, provocado a decisão dos deuses. Ela não desejava um castigo tão terrível (Mythologie genérale (Mitologia geral), F. Guiraud).»
Istar, na Fenícia, recebia o nome de Astart ou Asherat. Pois bem, Asherat-do-mar, a Estrela-do-mar*,é a deusa dos rios e dos oceanos.
Em seu livro notável e iniciático: Le pape des escargots (O papa dos escargôs) (escargô é um caracol gigante apreciado na culinária francesa), Henri Vincenot recalca a estranheza da oração cristã Ave maris stella cujo texto é: «Salve, estrela do mar, santa mãe de Deus, mãe permanecendo virgem, porta feliz do céu, aceites a saudação dos lábios de Gabriel, e mudando o nome de Eva nos estabeleças na paz.»
Apesar de seu título humorístico, Le pape des escargots, de Henri Vincenot, é um livro de alta iniciação, particularmente no que concerne à igreja cristã druídica e ao simbolismo. Ademais, esse livro-chave é uma obra-mestra, de leitura cativante.
Um dos poemas traduzidos das tabuletas cuneiformes de Ras Shamra (Síria), que remonta a 3.400 anos, poderia dar muito o que pensar aos franco-mações ainda aferrados à fábula do templo de Salomão.
Baal, o maior dos deuses depois de El, e mais recente também. «Não temas — dizem as tabuletas — recinto sagrado nem templo como é devido a um filho de Asherat».
Por conseguinte, se lhe construirá um sem intervenção humana, como no caso do templo de Jerusalém.
Asherat-do-Mar estava encarregada pelo deus El a dar autorização de construir, e depois ela comunicou a Latpão, o deus que tem o dom da sabedoria, a ordem de começar a obra...
«Eis aqui que Amat Asherat confecciona os ladrilhos. Uma casa será construída pra Baal, em sua qualidade de deus, e um recinto sagrado por ser filho de Asherat».
Baal trabalha, ele mesmo, na construção e derruba com sua serra raio do céu os cedros do Líbano.
Como se pode julgar, os próprios deuses não sentem repulsa em se converter em carpinteiros ou pedreiros: Baal serra, Vênus confecciona ladrilho.
Eis aqui dois formosos e célebres Companheiros do Dever, dois honrados franco-mações muito mais simpáticos que o tortuoso Salomão!
O templo de Jerusalém foi construído pelos fenícios no século XI. As tabuletas de Ras Shamra do século XIII são, por conseguinte, se as datações são exatas, duzentos anos mais antigas. No entanto, o caráter lendário, confuso, inverossímil da tradição referida ao templo faria supor que as tabuletas fenícias relatam os verdadeiros detalhes de sua edificação.
Em nossa opinião Salomão açambarcou exatamente uma construção fenícia como os hebreus açambarcaram ao deus Jeová dos beduínos do deserto.
VÊNUS, CHAVE DE OURO DO PASSADO
Eis aqui, pois, a Asherat franco-maçônica, fabricante de ladrilho, e a Baal construtor dum templo que, se não é o edifício antigo de Baalbek, seria, quiçá, o de Jerusalém.
Os hebreus, disse Oséias, adoravam um deus sob os carvalhos: Baal.
Falando de sua mãe aos hebreus, o Senhor disse: Oséias — Capítulo II, Versículo 13: — ‘Me vingarei nela dos dias que consagrei a Baal’... Vers. 16: ‘Em tal dia ela me chamará seu esposo e já não me chamará Baal.’
Salomão nunca pôs a mão na massa... Asherat, ao contrário, amassava os ladrilhos.
No Egito, onde não se espera encontrar mais que Ra, o deus Sol, o planeta Vênus desempenha, também, um papel preponderante.
O iniciador Pta, cujo nome verdadeiro é Ptah-Sokar-Osíris, era um grande construtor e tinha por emblema a medida codo.
Quanto a Atur, deusa do céu, se a chamava Afrodite entre os gregos. Dama de Biblos entre os fenícios e rainha do Ocidente. Era identificada ao planeta Vênus.
O lugar mais alto de Egito é, com Abidos, a imenso altura de Sacara onde se encontram as tumbas dos reis desde a primeira dinastia, as mais antigas mastabas (tumbas egípcias) e as mais antigas pirâmides (muito anteriores às de Gizé). A mais venerável é a pirâmide de gradas do rei Djéser (3a dinastia) chamada pirâmide de Sacara.
Pois bem, Sacara em egípcio significa: A pedra, o cometa, o planeta Vênus. Quanta coincidência!
Que relação haveria, pois, entre Vênus, a pedra, a água, a chuva, o Peru, o Próximo Oriente, Egito e, como veremos, com o menir e o betilo?
Se tomamos por referência as tradições, Deus, Adão, os anjos, os arcanjos e Lúcifer habitavam, juntos, o céu e no mesmo lugar.
Se sabe que Lúcifer, expulso da morada de Deus, procedia de Vênus. Dele se deve deduzir que Deus e os arcanjos não habitavam um céu simbólico, abstrato, senão um planeta especialmente designado.
Leva a crer que a tradição judaico-cristã, a maçônica e as mitologias clássicas estão fundadas sobre um imenso erro que torna incompreensível o passado dos homens e das civilizações. É exatamente o que cremos!
Para abrir as portas do saber utilizamos chaves das quais uma, a primeira, nos chega diretamente de Vênus, não do planeta que se coze a fogo lento a 500ºC entre Mercúrio e a Terra, mas Vênus-cometa que, antes de se converter em planeta estabilizado no sistema solar, errava flamígero nas nuvens, em forma de cornos de touro, com larga cauda incandescente que inflamava as selvas tropicais e suscitava terríveis maremotos.
Com essa chave, igualmente muito estimada por Emmanuel Velikovsky, encontramos explicação lógica, razoável, ao mistério das pedras negras ou verdes, dos deuses que as habitavam e do segredo dos construtores antigos.
(Robert Charroux - Continua)
Assinar:
Postagens (Atom)