21 de agosto de 2009

ORIGEM DO DIABO II

Os chifres sempre foram representações da luz, da sabedoria e do conhecimento entre os povos antigos.

Portanto, como podemos perceber, desde tempos imemoráveis os chifres foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura, e não símbolos do mal como muitos associaram e ainda associam. O chifre sempre simbolizou a força de um animal, ou o poder de uma pessoa ou nação.

Podemos dizer, então, que o Deus, a Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do Universo Cornífero. É o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na Terra.

Já as patas de bode sempre representaram o contato com a terra, a virilidade, a prosperidade e a fertilidade, próprias de quem trabalha no campo e não tem medo de galgar as montanhas do espírito em direção ao seu topo.

Vimos que o deus Pan representa a Árvore da vida, a liberdade do ser humano de desfrutar a natureza em paz e harmonia, de manter o contato com a divindade e a liberdade de pensamento. pan representa o sexo como fonte de prazer para o homem e a mulher, bem como uma maneira de se chegar ao estado divino sem a necessidade de “pedágios”.

E por esta razão, foi tão necessário para o catolicismo transformá-lo no “adversário” e, através de séculos de terror e mentiras que ela mesma criava (e cria até hoje) para seus fiéis, estamos hoje com uma imagem totalmente deturpada da natureza e de seus deuses antigos.

Para estudar a história das religiões, devemos mergulhar o mais fundo que pudermos e depois analisar cada passo historicamente, assim conhecemos direito a origem de cada coisa e entendemos como elas foram manipuladas pela Igreja.

Começaremos com a Índia:
Na tradição hindu, Shiva é o destruidor (ao lado de Brahma, o criador e Vishnu, o mantenedor). Na verdade Shiva destrói para construir algo novo, assim, prefiro chamá-lo de “renovador” ou “transformador”. Suas primeiras representações surgiram no neolítico (4.000 a.C.) na forma de Pashupati, o Senhor dos Animais. Assim como Kali, Shiva é o destruidor do Ego, dos defeitos e das podridões que precisam ser limpas em nossas almas para que possamos nos desenvolver.

O tridente mais antigo que se tem registo é o Trishula, a arma principal de Shiva, retratado aproximadamente 6.000 anos atrás. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos. Suas três pontas representam as três qualidades da matéria: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio). Eles também representam os três Nadis (Ida, Pingala e Sushumna) que correm ao lado da coluna e que são muito importantes no processo de circular a energia através dos chakras e pela Kundalini.

Portanto, para os Indianos e durante mais de 4.500 anos, o tridente foi o símbolo de sabedoria; uma arma sagrada que todos nós devemos sempre lembrar de carregar conosco.

Uma das armas mágicas mais simples e eficazes que um magista pode carregar consigo são os chamados “mudras”. Mudras são posições de mãos aliadas a respirações, que ajudam a direcionar e canalizar a energia dentro de nós e ao nosso redor para determinadas ações, através de eletromagnetismo.

O chamado “Mudra de Trishula” é formado unindo nossos polegares aos dedos mínimos e deixando os outros três dedos levemente afastados, na forma de um tridente. A posição de “Trishula” é a 28. As outras eu não vou falar o nome nem dizer para que servem (pelo menos não agora).

Você pode fazer suas meditações com as mãos nesta posição sempre que quiser destruir algum sentimento ruim que esteja dentro de você.

Mahakal é um deus que se originou dos cultos a Shiva e ficou famoso em toda a Indonésia. Ele é considerado o senhor da Morte e da Ressurreição, aquele que destrói toda a ignorância e todos os defeitos para que as pessoas possam renascer e desenvolver suas qualidades. Ele também carregava um tridente em uma de suas mãos e uma serpente na outra. A serpente, como já vimos em matérias anteriores, é o símbolo da Kundalini e do despertar de nossa consciência cósmica.

Ou seja, antes de começarmos a querer despertar nossa consciência cósmica e nossos poderes de X-men, temos primeiro de destruir nossos defeitos cardinais. Onde já ouvimos algo semelhante? Isso mesmo! Yeshua disse em uma de suas parábolas:
“Não se põe vinho velho em odres novos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam” (MT 9,17).

E o que este ensinamento quer dizer? Que a Morte é necessária. Devemos SACRIFICAR nossos defeitos e nossos pensamentos malignos, mesmo que eles tenham acabado de nascer, no ALTAR de nossos pensamentos, para que, somente limpos de nosso ego e de nossos defeitos, possamos desenvolver a Serpente/dragão (Kundalini, a consciência cósmica) que existe dentro de nós.

Epa! Sacrificar? Nascidos? Altar? Dragão? Tridentes? Hummmm! Podemos ver que muitas das coisas que foram distorcidas pela Igreja Católica a respeito de outras religiões começam a fazer sentido.

Dos três deuses principais da mitologia grega (Zeus, Poseidon e Hades), Poseidon era o senhor dos grandes mares. A ele cabiam os domínios de todos os mares e, consequentemente, de todo o entorno nas quais o mundo estava contido (simbolicamente, os grandes mares do Abismo envolvem as sete esferas inferiores dentro da Árvore da Vida). Poseidon, portanto, representava o senhor dos limites, aquele que domina as águas do abismo, com um poder que originalmente era até superior ao de seu irmão Zeus.

Simbolicamente, enquanto Zeus possuía o Raio como arma principal (novamente uma referência à Kabbalah e à Árvore da Vida e uma das mais importantes de todas), Poseidon era o detentor do Tridente, a chave para a libertação da Roda de Sansara. A arma mais importante de todas, pois era através dela que o ser humano consegue dominar os quatro elementos e se tornar senhor do seu Destino.

Como símbolo, o tridente era usado por todas as pessoas como símbolo de proteção. Talvez apenas ficasse no mesmo plano de popularidade que o Falo de Pan/Fauno ou do Pentagrama de Vênus/Astarte/Afrodite (desnecessário dizer o que aconteceu com esses outros símbolos, certo?).

E assim permaneceu, como um dos símbolos mais poderosos e importantes da antiguidade, até a chegada de Constantino, o deturpador, e da criação da Igreja Católica Apostólica Romana, quando o tridente passou a fazer parte do arsenal de badulaques para assustar os fiéis.

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