25 de maio de 2013

O LIVRO PERDIDO DE ENKI VIII



A PRIMEIRA TABULETA

Palavras do senhor Enki, primogênito de Anu, que reina em Nibiru.

Pesando no espírito, profiro os lamentos; lamentos amargos que enchem meu coração. Quão desolada está a terra, as pessoas
entregues ao Vento Maligno, seus estábulos abandonados, seus redis vazios.

Quão desoladas estão as cidades, as pessoas amontoadas como cadáveres hirtos, afligidas pelo Vento Maligno.

Quão desolados estão os campos, murcha a vegetação, alcançada pelo Vento Maligno.

Quão desolados estão os rios, já nada vive neles, águas puras e cintilantes convertidas em veneno.

Das pessoas de negra cabeça, Sumer está vazia, foi-se toda vida; de suas vacas e suas ovelhas, Sumer está vazia, calado ficou o murmúrio do leite batido. Em suas gloriosas cidades, só ulula o vento; a morte é o único aroma.

Os templos, cujas cúspides alcançavam o céu, por seus deuses foram abandonados. Não há domínio de senhorio nem de realeza; cetro e tiara desapareceram.

Nas ribeiras dos dois grandes rios, em outro tempo exuberantes e cheios de vida, só crescem as más ervas. Ninguém percorre seus meios-fios, ninguém busca os caminhos; a florescente Sumer é como um deserto abandonado. Quão desolada está a terra, lar de deuses e homens!


Nessa terra caiu a calamidade, uma calamidade desconhecida para o homem. Uma calamidade que a Humanidade nunca antes tinha visto, uma calamidade que não se pode deter. Em todas as terras, do oeste até o este, pousou-se uma mão de quebra e de terror.

Os deuses, em suas cidades, estavam tão indefesos como os homens!

Um Vento Maligno, uma tormenta nascida em uma distante planície, uma Grande Calamidade forjada em seu atalho. Um vento portador de morte nascido no oeste se encaminhou para o este, estabelecido seu curso pela sorte. Uma devoradora tormenta como o dilúvio, de vento e não de água destruidora, de ar envenenado, não de ondas, entristecedora.

Pela sorte, que não pelo destino, engendrou-se; os grandes deuses, em seu conselho, a Grande Calamidade provocaram.

Enlil e Ninharsag o permitiram; só eu estive suplicando para que se contivessem. Dia e noite, por aceitar o que os céus decretam, argumentei, mas em vão!

Ninurta, o filho guerreiro de Enlil, e Nergal, meu próprio filho, liberaram as venenosas armas na grande planície. Não sabíamos que um Vento Maligno seguiria ao resplendor!, choram eles agora em sua angústia. Quem podia predizer que a tormenta portadora de morte, nascida no oeste, tomaria seu curso para o este? - Lamentam-se os deuses agora. Em suas cidades sagradas, permaneceram os deuses, sem acreditar que o Vento Maligno tomaria sua rota para o Sumer.

Um após o outro, os deuses fugiram de suas cidades, seus templos abandonaram ao vento. Em minha cidade, Eridú, não pude fazer nada por deter a nuvem venenosa. Fujam a campo aberto!, dava instruções às pessoas; com Ninki, minha esposa, a cidade abandonei.

Em sua cidade, Nippur, lugar do Enlace Céu-Terra, Enlil não pôde fazer nada para detê-lo. O Vento Maligno se equilibrou sobre o Nippur.

Em sua nave celestial, Enlil e sua esposa partiram apressadamente. No Ur, a cidade da realeza do Sumer, Nannar a
seu pai Enlil implorou ajuda; no lugar do templo que ao céu em sete degraus se eleva, Nannar se negou a considerar a mão da sorte. Meu pai, você que me engendrou, grande deus que a Ur concedeu a realeza, não deixe entrar o Vento Maligno!, apelou Nannar.

Grande deus que decreta as sortes, deixa que Ur e seus habitantes se livrem, seus louvores prosseguirão!, apelou Nannar.

Enlil respondeu a seu filho Nannar: Nobre filho, à sua admirável cidade concedi a realeza, mas não lhe concedi reinado eterno. Toma a sua esposa Ningal e foge da cidade!

Nem sequer eu, que decreto as sortes, posso impedir seu destino! Assim falou Enlil, meu irmão; ai, ai, que não era destino! O dilúvio não tinha causado uma calamidade maior sobre deuses e terrestres; ai, que não era destino!

O Grande Dilúvio estava destinado a acontecer; mas não a Grande Calamidade da tormenta portadora de morte.

Por romper uma promessa, por uma decisão do conselho foi provocada; pelas Armas de Terror foi criada.

Por uma decisão, que não pelo destino, liberaram-se as armas venenosas; por deliberação se jogaram as sortes. Contra Marduk, meu primogênito, dirigiram a destruição os dois filhos; havia vingança em seus corações.

Não tem que tomar Marduk o poder!, gritou o primogênito de Enlil. Com as armas oporei a ele, disse Ninurta.

De entre o povo levantou um exército, para declarar a Babilônia umbigo da Terra!, assim gritou Nergal, irmão de Marduk.

No conselho dos grandes deuses, palavras malévolas se difundiram. Dia e noite levantei minha voz opositora; a paz aconselhei, deplorando as pressas.


Pela segunda vez, o povo tinha elevado sua imagem celeste; por que opor-se a que continue?, perguntei implorando.

Comprovaram-se todos os instrumentos? Não tinha chegado a era de Marduk nos céus?, inquiri uma vez mais.

Ningishzidda, meu filho, outros signos do céu citou. Seu coração, eu sabia, não podia perdoar a injustiça de Marduk contra ele.
Nannar, de Enlil na Terra nascido, também foi implacável.

Marduk, de meu templo na cidade do norte, sua própria morada tem feito! Assim disse. Ishkur, o filho mais jovem de Enlil, exigiu um castigo; em minhas terras, fez prostituir-se ao povo ante ele!, disse. Utu, filho de Nannar, contra o filho de Marduk, Nabu, dirigiu sua ira: Tentou tomar o Lugar dos Carros Celestiais! Inanna, gêmea de Utu, estava fora de si; seguia exigindo o castigo de Marduk pelo assassinato de seu amado Dumuzi.

Ninharsag, mãe de deuses e homens, desviou a olhar. Por que não está Marduk aqui? Disse simplesmente. Gibil, meu próprio filho, replicou pessimista: Marduk tem desprezado a todos os rogos; pelos sinais do céu reclama sua supremacia!

Só pelas armas será detido Marduk!, gritou Ninurta, primogênito de Enlil.

Utu estava preocupado pela segurança do Lugar dos Carros Celestiais; não deve cair em mãos de Marduk! Assim disse. Nergal, senhor dos Domínios Inferiores, exigia ferozmente: Que se utilizem as antigas Armas de Terror para arrasar!

A meu próprio filho olhei sem poder acreditar nisso: Para irmão contra irmão as armas de terror se abjuraram!

Em lugar do comum acordo, houve silêncio. No silêncio, Enlil abriu a boca: Deve haver um castigo; como pássaros sem asas ficarão os malfeitores. Marduk e Nabu, de nosso patrimônio nos estão privando; há que lhes privar do Lugar dos Carros Celestiais!

Que se calcine o lugar até o esquecimento!, gritou Ninurta: me deixem ser O Que Calcina!

Excitado, Nergal ficou em pé e gritou: Que as cidades dos malfeitores também sejam destruídas, me deixem arrasar as cidades pecadoras, deixem que a partir de hoje meu nome seja o Aniquilador!

Os terrestres, por nós criados, não devem ser danificados; os justos com os pecadores não devem perecer, exclamou energicamente.

Ninharsag, a companheira que me ajudou a criá-los, estava de acordo: A questão somente tem que se resolver entre os deuses, o povo não deve ser prejudicado.

Anu, da morada celestial, estava prestando atenção às discussões. Anu, que determina as sortes, sua voz fez escutar desde sua morada celestial:

Que as Armas de Terror sejam por esta vez usadas, que o lugar das naves propulsadas seja arrasado, que ao povo lhe perdoe.

Que Ninurta seja o Calcinador, que Nergal seja o Aniquilador! E assim Enlil a decisão anunciou. À eles um segredo dos deuses revelarei; o lugar oculto das armas de terror lhes desvelarei.

Os dois filhos, um meu, um dele, em sua câmara interior Enlil convocou.Nergal, quando voltou junto a mim, desviou o olhar.

Ai!, gritei sem palavras, o irmão se revoltou contra o irmão! Acaso por sorte têm que repeti-los Tempos Prévios?

Um segredo dos Tempos de Antigamente os revelou Enlil a eles, as Armas de Terror a suas mãos confiou!

Enfeitadas de terror, com um resplendor se desataram; tudo o que tocam, em um montão de pó o convertem. Para irmão contra irmão na Terra foram abjuradas, nenhuma região afetar. Então, o juramento se violou, como uma vasilha rota em inúteis partes. Os dois filhos, plenos de gozo, com passos rápidos da câmara de Enlil emergiram, para a partida das armas. Os outros deuses voltaram para suas cidades; sem pressagiar nenhum deles sua própria calamidade!

Eis aqui o relato dos Tempos Prévios, e das Armas de Terror. Antes dos Tempos Prévios foi o Princípio; depois dos Tempos Prévios foram os Tempos de Antigamente. Nos Tempos de Antigamente, os deuses chegaram à Terra e criaram os terrestres. Nos Tempos Prévios, nenhum dos deuses estavam na Terra, nem se tinha feito ainda os terrestres.


Nos Tempos Prévios, a morada dos deuses estava em seu próprio planeta; Nibiru é seu nome. Um grande planeta, avermelhado em
resplendor; ao redor do Sol, uma volta alargada faz Nibiru. Durante um tempo, Nibiru está envolto no frio; durante parte de seu percurso, o Sol fortemente o esquenta.

Uma grossa atmosfera envolve a Nibiru, alimentada continuamente com erupções vulcânicas. Todo tipo de vida esta atmosfera mantém; sem ela, tudo pereceria!

No período frio, conserva no planeta o calor interno de Nibiru, como um quente casaco que se renova constantemente.

No período quente, protege a Nibiru dos abrasadores raios do Sol. Em sua metade, as chuvas aguentam e liberam, dando altura a lagos e rios.

Uma exuberante vegetação alimenta e protege nossa atmosfera; faz brotar todo tipo de vida nas águas e na terra. Depois de eones de tempo, brotou nossa própria espécie, por nossa própria essência uma semente eterna para procriar.

À medida que nosso número crescia, nossos ancestrais se estenderam a muitas regiões de Nibiru. Alguns cultivaram a terra, as criaturas de quatro patas apascentavam.

Uns viviam nas montanhas, outros fizeram seus lares nos vales.

Houve rivalidades, tiveram lugar usurpações; houve conflitos, e os paus se converteram em armas.

Os clãs se reuniram em tribos, e logo duas grandes nações se enfrentaram entre si. A nação do norte contra a nação do sul tomou as armas.

O que sustentava a mão para lançar projéteis se permutou; armas de estrondo e resplendor incrementaram o terror.

Uma guerra, larga e feroz, devorou o planeta; irmão lutou contra irmão. Houve morte e destruição, tanto no norte como no sul. Durante muitas órbitas, a desolação reinou nas terras; toda vida foi dizimada. Depois, declarou-se uma trégua; e mais tarde se fez a paz.

Que as nações se unam, disseram os emissários entre si: que haja um trono em Nibiru, um rei que reine sobre todos. Que haja um líder do norte ou do sul eleito a sortes, um rei supremo tem que ser.

Se fosse do norte, que o sul escolha a uma mulher para que seja sua esposa, em igualdade como reina, para reinarem juntos. Se por sortes fora eleito um homem do sul, que uma mulher do norte seja sua esposa. Que sejam marido e mulher, para fazer uma só carne.Que seu filho primogênito seja o sucessor; que uma dinastia unificada seja assim formada, para estabelecer a unidade em Nibiru para sempre!

Em meio às ruínas se iniciou a paz. Norte e sul por matrimônio se uniram. O trono real em uma carne combinada, uma sucessão não interrompida de realeza estabelecida!

Link vídeo a respeito:



(Livro de Zecharia Sitchin - Continua)

20 de maio de 2013

ARQUIVOS DE OUTROS MUNDOS XVI


Capítulo XIV
O FEITICEIRO DA CIDADE DE LUZ

Segundo um conto núbio recopilado por Leo Frobenius, o velho do deserto disse: Se compreenderes este conto sonharás muito; Se o imaginares já estarás no Paraíso; O Senhor que está em mim saúda ao Senhor que está em ti.


Essa história é verdadeira porque foi narrada pelo Velho do deserto, que a ouviu da voz das pedras que antanho falavam. Naquele tempo muito antigo, quiçá antes, quiçá depois do dilúvio que lavou a Terra de suas manchas, os deuses habitavam o céu, o fogo, a água e o grande betilo que, agora, jaz no fundo do lago do país de Kuch.

Mas naquele tempo tão remoto o betilo era branco como a alma e o seio duma virgem. Marcava o centro da cidade de Luz e se dizia que sua pedra aurora e a cidade haviam baixado do céu vivas, com os habitantes, o Templo, as casas, o lago, os prados e os bosques.

E com as muralhas, cuja altura ultrapassava os poderosas picos que rodeavam o vale. Umas muralhas altas, largas, pesadas e espessas, sem porta nem janela, sem abertura pela que pudesse passar o menor rato, até o ponto onde ninguém podia entrar nem sair do reino de Luz. Porque alguns disseram que Luz era mais um reino que uma cidade, cujas muralhas sem abertura encerravam uma espécie de paraíso onde os habitantes não conheciam a velhice, nem a doença nem a morte, salvo se desejassem, se precipitando das muralhas ao sombrio abismo sem fundo, como o mar, do universo exterior. A água pura procedente duma torrente que descia da montanha entrava e saía subterraneamente da cidade pra preservar o isolamento sagrado. As árvores proporcionavam frutos deliciosos e um maná mais excelente ainda. Os pastos herbários e gordurosos nutriam um formoso gado, as plantações produziam o melhor trigo, as mais bonitas cevadas e no bosque cresciam o terebinto, o ébano e a bosuélia que dá o incenso macho, agradável à divindade.

Aparentemente os habitantes dessa cidade fora do tempo viviam perfeitamente felizes e sem preocupação, amparados pelas assombrosas muralhas e pela eternidade do Bom Deus. Todos, exceto um: O rei, cujo reino nunca excedia das dez a quinze rondas do grande sol, às vezes um pouco menos, às vezes um pouco mais. O Rei era o único ser mortal da cidade de Luz e seu destino estava fixado pela marcha dos astros.

Quando haviam anunciado o fim do reinado, com respeito mas inexoravelmente, o soberano era conduzido à Muralha ocidental e se atirava ao universo onde morria.Os sete sacerdotes do templo velavam pela estrita aplicação do rito. Em cada noite, desde que se levantava a Vênus vesperal, tinham a missão sagrada de seguir as disposições das estrelas e seu curso no céu. Certa conjunção que se produzia com a Lua era a sinal infalível de que o Rei devia morrer. Mas pra seguir a vagabundagem das estrelas era necessário estar muito atento e os sacerdotes jamais as perdiam de vista, nem um instante, porque se falhassem perderiam a ordenagem da configuração e não poderiam se reorientar.

De fato, os sacerdotes constituíam um corpo religioso tão poderoso, senão mais, que o poder real. Assim, à imagem do cosmo, Luz tinha a sua cabeça uma trindade a cujo cargo estava sua vida física e psíquica:
— O Rei, eleito por Deus.
— Os sete Sacerdotes dedicados à observação cósmica e à manutenção do Grande Fogo sagrado que ardia sobre uma alta colina.
— E a Donzela do Labirinto, aura da cidade, representativa de sua pureza, de sua imperecibilidade, símbolo também de sua perenidade.

Desde tempos imemoriais seu papel consistia, a cada noite, em esparramar o leite da Vaca sagrada ao redor do menir branco, o betilo, que se elevava entre o Grande Fogo e a entrada do Templo. Então a pedra divina falava ou emitia sons melodiosos que os sacerdotes interpretavam como uma linguagem, aprovação ou reprimenda, segundo as notas serem graves ou agudas.

Tão verdade como Deus é Deus e que o espírito é seu profeta, naquele tempo muito antigo os deuses falavam pela pedra, pelas estrelas, pela boca dos sacerdotes e pela graça da Donzela do Labirinto que vertia o leite sagrado em torno do betilo imaculado.
A Donzela ia sempre velada, porque ninguém devia ver seu rosto, e um unicórnio vivia em sua companhia.

Tinham seu retiro no fundo do Labirinto, espécie de bosque de coluna, constelado de clareira, que constituía um verdadeiro Dédalo onde somente a Donzela sabia se orientar. Quer dizer que pra chegar a seu santuário, a sua câmara secreta, era necessário atravessar o bosque de coluna, tão vasto que quando se franquearam os primeiros troncos, contornado as primeiras colunas, dando a volta a outras, já não se sabia aonde se dirigir.


No centro do palácio estava o Divã de Opala, grande sala circular ricamente decorada de tapete, de tapeçaria, de sofá e de escabelo onde o Rei gostava de receber seus amigos e os narradores do povo, porque na cidade tão cerrada, tão separada dos outros mundos, o conto era a diversão mais apreciada e mais necessária pra fazer esquecer a clausura dourada. O Rei vivia, pois, repleto mas pensando que, inevitavelmente, um dia os sacerdotes viriam lhe dizer:
— Vimos os sinais no céu e o betilo falou. Tens de morrer!

E sabia que naquele dia se imolaria a Vaca sagrada, se apagariam os fogos do Templo, salvo aquele que ardia no alto da colina, o Grande Fogo que nunca devia se apagar. Sabia que todos os habitantes de Luz alagariam as brasas no lar, cerrariam as portas, ocultariam as janelas. Os homens cortariam a barba e as mulheres fariam oferenda da cabeleira.

Então teria chegado o momento pra ele de ir à outra vida que se conhecia, que se havia descrito: Uma vida que transcorria num reino subterrâneo, num país todo verde onde o Rei seria rei e seguiria reinando eternamente. Mas, de fato, ninguém voltara de lá pra dizer se era verdade! Em resumo, o Rei tinha medo.

Um dia chegou uma estranha notícia: Sobre o lago dos jardins, procedente do céu, pousara uma espécie de pássaro grande que pôs um ovo ao mesmo tempo casca e berço. O pássaro levantou o voo e a casca-berço ficou encalhada sobre a ribeira do lago. Quando foi aberta, se viu, dentro um menininho que levava na frente uma mancha clara em forma de estrela. Então avisaram aos sacerdotes e ao Rei.

Os sacerdotes haviam decidido imediatamente que aquele menino vindo doutra parte não podia senão perturbar a vida da cidade, que era um indesejável e que devia morrer.
— Luz somente pode perdurar — afirmavam — se a Lei é estritamente observada! As estrelas, as montanhas, os bosques e os animais obedecem a essa lei e assim tudo vai bem.

Todos aqueles que estavam presentes, foram então testemunhas dum feito extraordinário: O menino, muito pequeno, tinha, no entanto, um dom prodigioso: Falava como uma pessoa maior e se dirigindo ao Rei, disse:
— Équidnos é meu nome e acabei de nascer neste mundo. Teus sacerdotes são cruéis. Por que queres que eu morra?
— Porque é a Lei. Aqui, ninguém deve entrar, ninguém deve sair, senão pra morrer. Ademais, o destino que te reservamos será logo o meu, quiçá amanhã.

O menino replicou em voz muito baixa pra que ao redor não pudessem ouvir:
— Ó, Rei, sei que tua hora nem a minha chegaram. Enquanto eu estiver em tua cidade nada terás a temer por tua vida.

O Rei estava assombrado ante este discurso procedente duma criaturinha que, a princípio, não deveria falar. Tudo o que o céu decretava, tudo o que o betilo decidia, era anunciado pelos sacerdotes, mas o acontecimento tivera lugar em dia, e as configurações celestes não puderam pronunciar algum tipo de veredito e a pedra sagrada não foi consultada. Um mensageiro viera do céu, convinha lhe fazer honra e o receber com nobre hospitalidade! Ficou, finalmente, convencionado que se deixaria o menino viver e que seria julgado mais tarde.

Équidnos cresceu, cresceu tão bem que ao cabo dalguns dias, dalgumas semanas, as tradições não são rigorosas neste sentido, se converteu num garoto, depois num adolescente e, finalmente, num homem muito belo, com cabelo louro, olhos azuis e um dom de palavra sem cessar mais prodigioso. Falava, e tudo o que dizia era como uma linguagem divina. Tudo o que contava era tão apaixonante que o povo parava e não podia ir embora, não podiam evitar o escutar.

O Rei estava subjugado mais que todo mundo e chegava a esquecer que, um dia, os Sacerdotes viriam a lhe anunciar a data de seu óbito.

Équidnos sabia muito sobre o porvir e tudo do passado, desde os tempos originais que dizia ser uma luz deslumbrante, até o tempo dos primeiros homens e das primeiras cidades.

Por causa desse dom o Rei o queria e ia a escutar cada noite, no Divã de Opala, as histórias cativantes que se situavam em épocas e em lugares dos quais não se tinha idéia em Luz. Escutava, escutava e dormia com um estranho sonho já que, dormindo, continuava ouvindo o narrador e sonhava com aventuras que excitavam seu prazer, surpresa e admiração.

Despertava na aurora mas esperava a noite com impaciência porque Équidnos era o narrador maravilhoso do qual já não podia prescindir. Era como o ópio, como o haxixe.

Todo mundo em Luz esteve logo a par do acontecimento e se intrigava pra conseguir o favor de sonhar um conto no Divã de Opala.
Desde que Équidnos falava, era, pra quem escutava, como os primeiros tragos de haxixe um doce bem-estar e as coisas em torno ficavam enfumaçadas em imagens embaçadas.

Équidnos seguia falando e quem escutava era como o fumante que, depois de dez pipas de haxixe de ópio perde a noção da realidade mas pode viver intensamente o que lhe contam. E logo, como ao fumar trinta pipas de haxixe, era o êxtase, o embevecimento. A Corte, os convidados, os servidores, todos escutavam, entendiam, compreendiam e viviam os contos. Participavam, se convertiam em heróis num grande sonho desperto. Porque de fato, dormiam muito depressa.

A fama de Équidnos era tão grande que irradiava fora do Divã, como as ondas da água em torno do salto do peixe, como as ondas do céu em torno do trovão, tanto era assim que através do bosque do Labirinto chegou ao santuário da Donzela do Unicórnio...
Como um estremecimento de asas, como um convite, chamado e atração de ímã.

E, numa noite, o que devia acontecer aconteceu: A Donzela acudiu ao Divã de Opala. Naquela noite Équidnos esteve mais prodigioso, mais assombroso, mais mirífico, mais encantador que nunca. A estrela de ouro de sua fronte cintilava como a primeira estrela que desperta no despontar da noite. Contou histórias dos mares longínquos, de amor e de jardins onde chovem pétalas de rosa e de amendoeira, onde fontes de água sussurram em ilhas perfumadas de ilanguilã, onde dançam princesas de sonho e jovens deuses de rosto resplandecente. E quando falava ocorria que suas palavras mais fascinantes, após vibrar no ar, se materializavam em flores ou em pedras preciosas cambiantes que caíam como uma fina chuva no Divã de opala. E todo mundo ficava alienado de embevecimento como o fumante de ópio ou de haxixe. E logo todos dormiam. Todo mundo, exceto Équidnos, todo mundo exceto a Donzela que devorava com os olhos o narrador. E o narrador devorava da Donzela aquilo que podia ver.

Via muito pouco dela porque, era a Lei, a jovem estava velada e seus véus caíam até seus tornozelos e os pés da Donzela eram a única parte de sua carne que se deixava conhecer. E, na verdade, eram maravilhas da criação, amassados em mel de abelha alimentada com néctar de acácia, cinzelados como jóias espanholas, pequenos, delgados, empenados, com dedos largos e finos, de unhas carmesins como pétalas de rosa. E, numa noite, quando narrava os olhando com amor, a Donzela perguntara, em voz muito baixa pra não perturbar os dormentes:
— Por que olhas meus pés?
— Porque, depois do próprio Deus, expresso na criação, são as coisas mais perfeitas que pode contemplar um olho humano. É também a única coisa adoravelmente terrena que conheço de ti. És bela, imagino, tenho certeza, mas teus olhos, boca, cabelo, tudo o que és, pertence ao sagrado, ao inacessível. Somente te une à Terra o que vejo que te leva e faz dançar teu corpo: Teus pés miúdos que são tu e tua realidade terrena sem tabu. A quem é permitido adorar.

E enquanto dizia isso Équidnos viu que a Donzela levantava suavemente seus véus. Procedente do longínquo confim do Labirinto o bramido furioso do Unicórnio repercutiu no bosque de coluna, mas ele nem ela prestaram atenção. Se embriagava a imaginando inteira. Ela o olhava intensamente, o comendo com os olhos. Em fim ela murmurou:
— Saberás que meu nome é Iona. Tudo o que dizes é, pra mim, cântico de abelha, de primavera e música celestial. É necessário que sigas falando porque estou enamorada de ti.

Deixou cair os véus quanto despontou a aurora e partiu ao labirinto onde sabia se orientar muito bem, sem se extraviar.
O Rei despertou e disse:
— É dia. Urge. É tarde! É tempo de cumprir nossa missão.

E todo mundo despertou. Todos ficaram atônitos ao ver o solo recoberto de pedras preciosas e todos partiram até sua ocupação mas ninguém viu nem ouviu o que foi dito entre Équidnos e a Donzela.

Desde então, todas as noites, depois do dever de seu cargo do betilo, a Donzela acudiu ao Divã de Opala pra escutar ao narrador.
E a cada noite, também, ela suspendia um pouco mais o véu e era a recompensa de Équidnos, mas nunca se desvelou totalmente.
Seu mútuo amor se reforçava, se exaltava dia a dia, noite a noite, conto a conto.

A estrela na frente de Équidnos se fazia cada vez mais luminosa, e palpitava como um coração. De fato, era o próprio mistério de sua natureza donde extraía, como duma mina inesgotável, a suntuosa matéria de sua narrativa. A beleza de Iona acrescentava as grinaldas de sua magia. No entanto ambos sentiam uma surda angústia ante o pensamento de que, um dia, fatalmente, quando o Rei morresse, seu idílio terminaria.
— Os sacerdotes viram os sinais no céu? — Perguntava Équidnos com freqüência.
— Não! Prosseguem com suas observações. Nenhuma sinal há aparecido, ainda, e o betilo canta grave e doce.
— Então, não há que esperar mais tempo pra salvar nosso amor e salvar ao Rei. Sabes que, por nossa culpa, Luz está condenada a desaparecer?
— Me o figuro. — Suspirou Iona.
— Sabes que, além das muralhas, se estende um reino sem fronteira e onde se vive o tempo suficiente pra amar sem temor e realizar os contos que eu relato, pela noite, no Divã de Opala? E é tão maravilhoso viver os contos, incluso se ao final, longínquo, te asseguro, devemos sumir no nada ou prosseguir a aventura humana no outro mundo sob a terra. E, ademais, não temos escolha.

Équidnos lhe colheu ternamente as mãos e, descendo a voz pra ser ouvido só por ela, expôs minuciosamente seu plano.
No dia seguinte, após efetuar a oferenda do leite em torno ao betilo, a Donzela se dirigiu aonde estavam os sacerdotes e lhes disse:
— Sois os Vigilantes, olhais as estrelas e sabeis muito porque lereis no grande livro do Céu que é a mais bela criação dos deuses.

Os sacerdotes responderam:
— É a coisa mais bela que os deuses fizeram. O Céu e o betilo nos ensinam tudo.
— Não. Não tudo! — Disse Iona — Équidnos revela segredos que deveríeis conhecer.
— És sacrílega! — Disseram os sacerdotes — Um narrador não pode dizer mais que os deuses que fizeram os homens, as mulheres, a Natureza, o universo e o Céu.
— Équidnos é um enviado do céu. Quando fala, pela graça do Céu, suas palavras se convertem em música, flor ou pedra preciosa. Deveríeis lhe escutar.
— És sacrílega! — Repetiram de novo os sacerdotes.
Mas Iona se obstinou:
— Falais de modo pouco sensato. Quem não escutou não tem o direito de se pronunciar. Não podeis saber se Équidnos é um enviado de Deus e deveis esclarecer esse ponto!


Advogou tão bem a causa secreta que trouxera ao Templo que, finalmente, os sacerdotes, vacilantes, acederam a sua petição:
— Pois bem, assim seja. Escutaremos o narrador e responderemos a sua pergunta. O que foi dito foi feito: Na noite os sete sacerdotes do Templo, numa decisão totalmente excepcional, foram a se misturar aos ouvintes do Divã de Opala.

Équidnos disse coisas tão maravilhosas como de costume, e desde os primeiros instantes, o Rei, os assistentes, os sacerdotes, os servidores, se sentiram invadidos por um profundo bem-estar que lhes penetrava como a fumaça de ópio das primeiras pipas. Cada um continha seu alento, as serventes deixavam de servir e as aves noturnas suspendiam seus trinos nos jardins.

E as palavras de Équidnos, quando se exaltava, se convertiam em chuva de esmeralda e rubi. Falava do que fora e do que seria mais tarde, de cavalgadas nos bosques perigosos, dum maravilhoso jarro adornado que era necessário buscar, de muros que, repentinamente, se entreabriam pra deixar penetrar a universos fabulosos. Contava as façanhas épicas de cavaleiros que eram formosos, bravos, leais, que se sacrificavam pelo mundo ou por uma dama mas que, também, buscavam querela pela beleza dum bom morrer.

Jamais se havia escutado algo parecido na cidade de Luz e, por outro lado, essas aventuras e proezas não haviam, ainda, sucedido e existiam somente em traços pontilhados nos arcanos do futuro. O Rei, cortesão, sacerdotes, convidados, serventes, escutavam num estado segundo, como se acha o fumante à décima pipa de ópio.

Équidnos continuava contando. Falava da fada dum lago, de reinos submersos nos oceanos, enterrados em montanhas, e resultava, a cada vez, mais encantador, mais embriagador àqueles que escutavam e que, rapidamente, se encontravam como o fumante à vigésima pipa.

E todos dormiam e sonhavam o conto. No dia seguinte os sacerdotes se interrogaram:
— Que resposta vamos dar à Donzela?
— Ah! — Disse um deles — Talvez não escutamos o bastante. É difícil se pronunciar. Certamente, esse narrador é excelente e nos faz penetrar num universo estranho. Mas que seja um enviado de Deus, como pretende a Donzela, é duvidoso!
— Seria necessário o escutar uma segunda vez! — Sugeriu outro sacerdote.

E na noite regressaram todos ao Divã. Depois, voltaram em terceira vez, quarta vez, sétima vez e, finalmente, conquistados e subjugados, enfeitiçados como o Rei, convidados, serventes, todo mundo, apenas caía a noite, desde que aparecia no poente a luz verde de Vênus esqueciam sua missão e iam ao Divã de Opala pra ouvir Équidnos e suas palavras mágicas que viravam ouro e pedras preciosas e faziam nascer no espaço flores e arabescos, cores e mundos fluidos, reinos e mulheres oníricas.

Mas, nesse momento, já não espreitavam o céu nem Iona ia interpretar a palavra do deus que habitava o betilo. Passaram as noites e as semanas com a rapidez silenciosa das horas nas nuvens dos dias felizes. Um dia, ao se encontrar com os sacerdotes, Iona lhes perguntou:
— Então o que pensais, agora, de Équidnos?

O Grande Sacerdote replicou:
— É um narrador prodigioso, uma grande maravilha que o Céu nos enviou, mas uma maravilha satânica, maravilhosamente abominável. Sabes que desde sua chegada ao Reino a colheita é menos abundante, que as vacas dão menos leite, que se viu perecer árvores e alguns não mais dão frutos nem maná?
— Sim, sei. — Disse tristemente a Donzela.
— É um mal presságio prà cidade. Sabes também que perdemos o fio do Céu e que o betilo sagrado já não deixa ouvir suas palavras? Équidnos conta tão excelentemente que não miramos as estrelas há mais de trinta luas e agora estamos perdidos em nosso estudo da configuração. Já nos é impossível nos orientar e nunca saberemos quando deverá morrer o Rei. Os maus sinais abundam e não podem ser conjurados, a menos que restabeleçamos a Lei e condenemos a morte ao Estrangeiro. Cometemos uma grave falta. E tu o mesmo que nós.

Os sacerdotes participaram ao Rei sua decisão. O Rei perguntou:
— Não sabeis, então, quando acabará meu reinado?
— Não! — Confessaram os sacerdotes, muito contritos. — Já não sabemos!

O Rei se regozijou muito ante essa resposta. Mas lhe agradou menos saber que Équidnos devia morrer, porque queria isso sinceramente e já não podia prescindir dele. Já não podia prescindir dele do mesmo modo como já não se pode prescindir do ópio ou do haxixe quando se ficou impregnado por seu eflúvio.

Como, tampouco, o cão pode prescindir do homem, o rio do vale, o homem se privar do prazer que dá a mulher, o fumante do tabaco, o coração do amor, a abelha da rosa e a rosa da abelha. Como, tampouco, o dormente pode prescindir do sonho, já que o sonho é inerente ao homem mais que sua própria sombra quando faz sol. No entanto era necessário obedecer à ordem dos sacerdotes que falavam em nome dos deuses. Então, com o coração dolorido, o Rei assentiu.

— Será feito segundo vosso desejo. Dentro de três dias, na mudança lunar, o Estrangeiro será conduzido à Grande Muralha Ocidental e precipitado ao mundo da morte.

Quando soube disso, Équidnos se limitou a responder:
— Te prometi longa vida, ó Rei, e eis cumprida minha palavra. Pra minha vida será o que está escrito nas estrelas.

Anunciou a notícia à Donzela quando ela acudiu ao betilo pro rito da noite.
— É cruel e injusto! — Exclamou ela com veemência.
— Não tanto. — Disse Équidnos — Acaso não urdimos uma conspiração pra salvar nosso amor e a vida do Rei? Se os sacerdotes faltaram a seu dever, se a Pedra Sagrada já não fala, não sou o primeiro culpado?

Houve entre ambos um grande silêncio que deixava adivinhar a confusão de seu pensamento, o que acontecia a Iona.
— Devo me submeter à decisão do destino. — Disse, finalmente, Équidnos — Mas é triste, quando se ama, morrer sem ter conhecido e visto a Donzela de seu pensamento e de seu coração. Amada minha, se logo devo partir ao reino subterrâneo, desejaria que fosse com tua imagem pra que ilumine minha noite eterna. Não me deixarás te ver inteira antes que eu morra?
— Nesta noite... — Respondeu ela.

Um pouco antes do aurora, enquanto os dormentes, salvo os dois enamorados, viviam seus sonhos, perdidos em oceanos de néctar, Iona fez uma sinal e ele a seguiu. Ela penetrou no Labirinto enrolando um largo fio de seda que marcava o caminho pro regresso de Équidnos.

O Unicórnio esperava num clareira, furioso e encantado ao mesmo tempo.
— Meu doce guardião. — Murmurou a Donzela — Sinto uma grande pena por te decepcionar, mas o amor é mais forte que a razão e te rogo me perdoes.

O amansou com ternas palavras, acariciou largamente o corno de cristal e, a força de mimo, o apaziguou tanto e tão bem que o formoso animal acabou adormecendo.
— Venhas! — Disse ela a Équidnos.

Se orientava ela entre as colunas como a abelha ao regresso à colméia e seus pés maravilhosos pareciam interpretar uma sinfonia dançada sobre os alouçados de mármore e ônix. E Équidnos penetrou no refúgio íntimo da Donzela como se poderia penetrar no interior duma jóia, duma pérola ou duma esmeralda. Talvez no interior duma estrela! Mas, quem penetrou no interior duma estrela?
Olhava em torno dele, deslumbrado.

Quando voltou a cabeça até Iona, ela deixara cair completamente seus véus. Somente seus pés maravilhosos estavam ocultos e ela parecia irreal, etérea, luminosa, fora do espaço-tempo e fora da beleza terrena e divina.

Ele gemeu com êxtase, com inefável felicidade. Então, lentamente, como jóias tiradas dum estojo, ela se libertou totalmente da prisão dos véus. Avançou um passo até ele, verdade sublime, luz material. E como seus pés a uniam à terra, como abandonava sua leveza, sua luz mudou e Équidnos compreendeu que ela saía de sua inacessível cidade de Luz, que rompia todas as muralhas, todos os tabus pra se converter, voluntariamente, em carnal criatura terrena apta pra amassar e interpenetrar carne humana. E ela estava ali, ante ele, menina-moça enamorada, arrebatada, aberta como uma romã muito madura ao sol.

Quem estivesse no Labirinto poderia ouvir os tristes gemidos, tristes até encolher a alma, do Unicórnio... Aquilo havia sucedido assim e a estrela havia depositado sua luz, radiação e imperecibilidade entre os braços do Encantador e do narrador de imaginação dourada. Aquele dia devia ser marcado com pedra negra.

Para começar: O Sol se levantou tarde sobre a montanha desde a qual se elevavam nuvens de vapor sulfuroso. Em primeira vez na história da cidade se escutou rugir o trovão e relâmpagos rasgaram as nuvens. Camponeses disseram que o rio crescia e ameaçava transbordar nos prados. Por último, se viu com terror como o betilo perdia, pouco a pouco, a cor albina e enegrecia como pão deixado muito tempo no forno.


Perplexos, os sacerdotes não abandonavam o Templo e se desmanchavam em oração. No meio-dia alguém anunciou que se ter presenciado um prodígio incrível. Bramando de dor ou de ira, não se sabia bem, o Unicórnio saíra do Palácio, dera três vezes a volta ao Grande Fogo Sagrado, e, com um salto prodigioso se elevou ao ar, acima das muralhas que franqueou.
E depois se perdeu no horizonte de montanha e céu. Isso era o que várias pessoas viram e do qual se declaravam convictas.

— É uma grande desgraça. — Gemeram os sacerdotes.
— Se o Unicórnio fugiu e o betilo ficou negro é porque a Donzela do Labirinto faltou a seus votos. Équidnos a desviou e ambos ameaçam a segurança de todos.
— Pecaram juntos. Devem perecer juntos.
— Nesta mesma noite. — Acordaram.

O Rei se viu obrigado a se render ante tão justas razões e comunicou ao narrador a funesta sentença. Équidnos não pareceu perturbado já que tinha seu plano. Apenas disse ao Rei:
— Não obstante. Rei, reclamo um favor e não me deves negar: Em minha última noite de vida quero falar na grande praça pública de Luz pra que todo mundo possa me ouvir. E depois me conduzirão à Grande Muralha Ocidental em companhia da Donzela.

O Rei, muito triste, assentiu e disse:
— Quero que tudo seja feito como desejas.

Por conseguinte, chegado a noite, o povo foi convocado e Équidnos chegou ao centro da praça sobre um estrado. O rei estava sob seu pálio, velado o rosto. Iona estava junto ao Rei, também velada mas deixando assomar, esplendidamente, seus pés maravilhosos pra que Équidnos ficasse por eles inspirado, penetrado, subjugado, mais fertilmente inspirado e imaginativo. E Équidnos, naquela noite, foi o Grande Mestre do Verbo. Disse coisas ainda mais enfeitiçantes que de costume, mais novas e mais desconcertantes. Era como uma braçada de margaridas primaveris acrescentada a um ramo veranil.

Suas palavras eram mais persuasivas que nunca, mais floridas, mais suntuosas e se transmutavam em ofitas, essas pedras verdes que são o cérebro, a orelha e a boca da terra. Sim, naquela noite Équidnos se superou e foi sublime. Disse os mistérios do mundo, do céu, de tudo o que os homens buscam saber e compreender, de tudo aquilo ao qual aspiram e que atrai sua curiosidade.
Os segredos se revelaram como clamados pelos anjos dum apocalipse. E era como se o Céu se entreabrisse pra desvelar as proibições e o rosto de Deus. E o povo ria dormindo, se estremecia dormindo, aplaudia dormindo, maravilhado, subjugado, extasiado e, ao mesmo tempo, confuso ante a imensa honra e confiança que o Céu lhe testemunhava.

E a estrela de ouro brilhava mais que nunca, palpitava como um coração diante de Équidnos.Dizia mil milagres e falava de sete sábios que, pelo privilégio de sua virtude, começavam a voar como pássaro no céu de Deus. E seu Verbo era tão terrivelmente mágico que se estivesse desperto, o povo de Luz poderia ver o Grande Sacerdote, depois outro, e logo um terceiro. E todos os sacerdotes começando a voar como o Unicórnio, num só impulso, franquear as altas muralhas e se perder entre as nuvens.
Équidnos continuava como se nada passasse e contava em imagem tudo o que no inconsciente coletivo, se tramava, se urdia, se concretizava havia dias e dias, noites e noites, anos e anos.

E, com sua revelação, com a partida dos sacerdotes, Luz se convertia numa cidade livre! Livres as estrelas em sua vagabundagem, livre o Rei, livre o povo pra fixar seu destino. Livre a Vaca Sagrada pra se reunir com a manada, livres os fogos pra arder ou apagar.

Quando os dormentes despertaram se ouviu um largo suspiro de alívio ascender da cidade como um grande vento e, como uma nuvem, esse alívio planou suspenso encima dos palácios e das casas. Por a magia do Verbo, o universo de Luz mudara e um novo dia despontava sobre uma civilização nova. Desse modo aquela coisa impossível se realizara: A vida se evadira de Luz e a morte pôde penetrar nela, soubera franquear as altas muralhas da cidade. No espaço dum sonho.

O que é certo é que o povo desperto, maravilhado, gritou subitamente:
— Abaixo os sacerdotes. Viva o rei!
E também o rei gritou:
— Abaixo os sacerdotes!

E era feliz, vencedor, porque sabia que agora ele nem Équidnos nem a Donzela morreriam pela vontade dos representantes de Deus.
E a partir daquele dia tudo mudou em Luz. Ninguém mais observou: As estrelas nem o betilo. Os camponeses semearam o trigo a sua conveniência e toda a Natureza se libertou das leis estritas impostas pelo céu.

Nunca mais os fogos dos lares foram apagados nem cerradas portas e janelas, nem cortada a barba dos homens nem, tampouco, a cabeleira das mulheres. Nada ficou oculto. E, posto que se havia chegado a todo ele, o Rei e seu povo decidiram abrir uma porta na muralha da cidade.

Os habitantes atacaram vigorosamente, com pás e piquetas, a Grande Muralha Ocidental pra perfurar o túnel que, atravessando a espessa base, desembocaria sobre o reino exterior, aonde nenhum vivo chegara. Depois de dias e dias, semanas e semanas, meses e meses de trabalho, a luz do Reino Exterior brotou por uma brecha: Luz já não estava só em seu universo!
O Rei ordenou que se alargasse a fenda mas que ninguém traspassasse aquele umbral. Tudo deveria ser feito em sua ocasião com grande cerimonial. Inclusive ficou estabelecida a ideia de consultar os deuses mas ninguém conhecia as fórmulas que os atraíam, a magia que os fazia aparecer e falar. Se decidiu prescindir do auxilio do Céu.


Na verdade o Rei estava inquieto. Já não tinha os sacerdotes pra consultar e, consciente de sua responsabilidade real, se perguntava se não dimanaria um perigo pela violação dos tabus.
— Franquear a muralha sempre foi perigoso!
— É preciso que uma relha proíba a fuga ao reino desconhecido!
— É um projeto razoável. E guardarei a chave da porta infranqueável!

E o que foi pensado foi dito e o que foi dito foi feito: Uma relha monumental, enorme, pesada, de barrotes de metal forjado foi cravada no meio do túnel e guardiões vigiaram a entrada. Assim tudo pareceu voltar à ordem. Exceto que a Vaca Sagrada frequentava as manadas de touro, que o Templo estava deserto, que as colheitas ficavam cada vez mais míseras, que o rio tão rápido crescia desmesuradamente ou que se diminuía até se converter num simples riacho e que o betilo estava mudo e negro como um asa de corvo.

Somente pôde explicar as coisas Équidnos, aquele ser milagroso que viera do Céu numa grande esfera voadora, que nascera dum ovo flutuante sobre a água do lago e que falava como um mestre escolar desde sua chegada ao mundo. Mas Équidnos, que compreendia esses sinais precursores de catástrofe se cuidava muito de desvelar seu pensamento, exceto a Iona, a quem disse um dia:
— Os presságios são cada vez mais sombrios e inquietantes. É preciso partir nessa noite e buscar refúgio no reino de fora.
— Quero o que queiras, coração aberto e olhos cerrados! — Respondeu ela, impetuosamente — Falas e creio em cada palavra tua.

Na noite, aproveitando o pesado sonho do Rei, Équidnos entrou na câmara e com maestria e discrição furtou a chave de ouro do portão, que o soberano conservava sempre pendurada no pescoço na ponta duma correntinha.
E depois, ambos, o Encantador e a Donzela empreenderam a fuga da cidade dormente com seu sonho de eternidade, porque todo mundo tinha, ainda, o privilégio da vida sem limite. À entrada do túnel os guardiões vigiavam mas, mediante sua magia, Équidnos os adormeceu num instante. Então, os fugitivos penetraram no imenso passadiço e chegaram ao portão, que não tiveram dificuldade em abrir com a chave de ouro.

No entanto a grade rangeu sobre suas dobradiças e creram perceber um murmúrio de alarma que era, ao mesmo tempo, lamento.
Em sua excitação não fizeram caso e correram à saída e à vida do Reino da terra prometida. Adeus Luz, adeus Rei!

De mãos dadas, coração palpitante, franquearam a saída e ficaram quase assombrados ao se ver vivos. O ar do outro reino lhes pareceu mais ligeiro, mais puro, mais revigorante que em Luz, mas, talvez, não era mais que uma impressão de liberdade. Treparam na montanha que fechava o horizonte e de cujo cume podiam contemplar a cidade de Luz.

Longínqua já, erguia suas altas muralhas e se divisava no vasto recinto o betilo alto e negro, as pontas das pirâmides, os pináculos dos monumentos, os telhados pontiagudos dos templos e as terraços das casas. E também a brecha que violava o cinturão de muralhas. E o rio que corria abaixo nas muralhas. Subitamente houve uma brusca convulsão do solo. A montanha se estremeceu e tremeu como uma besta ferida de morte. Esmagada pelas muralhas que eram agitadas por forças internas, a brecha do túnel voltou a se fechar, até o ponto em que a água do rio, que costumava surgir da terra depois de passar sob as muralhas, cessou de emanar como se um desprendimento bloqueasse o curso.

Équidnos e a Donzela olhavam aquele apocalipse. E não era mais que o princípio do drama. A água, detida em seu curso natural, começou a se concentrar na parte baixa da cidade e, pouco a pouco, irresistivelmente, ascendeu às ruas e às casas, submergiu as praças públicas, o templo, as pradarias. Ascendeu sem cessar e formou um imenso lago que era retido pelas muralhas da cidade como vinho na taça. Com espanto os fugitivos assistiam o terrorífico espetáculo.
— Estamos perdidos. — Murmurou Iona — Tudo aconteceu por nossa culpa e é o fim do mundo!
— Eu sabia. — Disse Équidnos — Mas o mundo que acaba em Luz começa onde estamos.

O caldeirão gigantesco da cidade de Luz se enchia de água e logo transbordaria. O Templo desapareceu e a água subiu até alcançar o Grande Fogo, até o submergir. Se pôs a ferver no gigantesco copo de pedra e brotou até o céu num penacho de vapor ardente que, mais alto que a mais alta nuvem, se abriu em imenso cogumelo. Um relâmpago de calor e de luz ziguezagueou nas nuvens e estremeceu os dois sobreviventes. Se fez um silêncio de morte. E uma espantosa crepitação retumbou, repercutindo mil vezes na montanha, e as altas muralhas arrebentadas caíram nas cataratas, no maelstrom dum oceano furioso.

Transcorreu um tempo, longo, que parecia infinitamente longo e infinitamente intenso. Depois, novamente, um silêncio impressionante. Lá, onde se elevava a maravilhosa cidade de Luz, havia um mar que buscava seu leito, calmosamente, nas aberturas e as anfractuosidades da montanha. Se diz, hoje, que Luz, convertida à cidade da Sombra, existe, ainda, na água profunda dum lago rodeado de altas montanhas tendo em seu centro geométrico um betilo enegrecido pela incredulidade e impiedade. Onde?, exatamente. Pouca é a possibilidade de um dia saber!

Também se diz que seus habitantes conservaram a imortalidade mas que são mortos-vivos. Vivem mortos como antanho se continuava outra existência no reino subterrâneo de Osíris. E tudo aconteceu por um ser vindo doutra Parte, pelo ar. Um ser que, nascido num ovo, havia, mediante a magia de seu verbo, aportado leis novas na organização magistral dum reino. Porque havia sacudido a ordem cósmica, separado o homem do divino e introduzido o câncer na grande organização celular tradicional.

Mas quem poderia dizer se tal não havia sido a vontade dos deuses que naquele tempo viviam sobre a Terra?

Équidnos e Iona baixaram ao vale do outro lado da montanha e nunca contaram a alguém sua fantástica aventura que se converteu numa lembrança oculta no mais profundo de seu coração. Viveram assim toda uma vida humana e nunca tiveram filho, já que não eram do mesmo sangue. Ao envelhecer a pele de Équidnos ficou reluzente e a estrela de sua frente se petrificava, se convertia em excrescência de pedra e, depois, em carbúnculo brilhante como brasa.

Outros disseram que parecia uma esmeralda de centelhas fulgurantes. Na hora da morte natural foi convertido em serpente e deslizou por uma fenda da montanha. Quando chegou a hora de Iona, se converteu numa flor de gerânio, essa planta odorífera que gosta da borda das janelas pra escutar o que se diz nas casas.

Alguns asseguram que se metamorfoseou em concha marítima, a concha que retém, difunde e diz as aventuras do mar e dos marítimos.
Gerânio ou concha? Ninguém saberá exatamente e essa história nunca seria conhecida se o Velho do deserto não se houvesse empenhado em recolher as pedras do País de Kuch: As ofitas verde escuro estriadas de veios amarelos que sabem as coisas ocultas e as murmuram àqueles que têm ouvidos pra ouvir.

Mas é uma história verdadeira, tão verdadeira como Deus é Deus e que antanho os deuses habitavam a pedra, a água e o grande betilo albino que ficou negro pelos pecados dos homens.

(Livro Arquivos de Outros Mundos, de Robert Charroux - CONTINUA)

16 de maio de 2013

SISTEMA ENOQUIANO XI

OS 30 ÉTERES
Embora talvez sejam a ferramenta mais conhecida popularmente da Magia Enochiana em nossos dias, eles são ao mesmo tempo, a
técnica mais negligenciada pelos magistas. Tanto a Golden Dawn, quanto Aleister Crowley, deixaram de trabalhar com esse sistema, e atualmente, poucos magistas sabem como realmente proceder com os éteres.

Talvez alguns desejem objetar com relação a Crowley, sabendo de seu Liber 418. Porém, devemos notar que Crowley, no citado trabalho, evocou apenas os éteres, mas não os Príncipes.

Os éteres foram descritos originalmente pelos Anjos como círculos concêntricos ao redor da Terra, sendo divididos em 30 éteres com 3 partes cada um, com exceção do último (TEX) que possui quatro.

Essas regiões são habitadas por 91 espíritos, chamados de “Príncipes e Governadores Espirituais”.

Cada éter possui uma região correspondente na Terra, como poderá ser visto numa tabela logo abaixo, onde se encontram também as correspondências de ministros e os espíritos de cada um deles.

TRABALHANDO COM OS ÉTERES
Antes de serem evocados, os éteres devem ser alinhados. Para se alinhar os éteres, é necessário utilizar-se primeiro as 18 Chamadas precedentes da seguinte forma:

Dia 1. 18ª Chamada vibrada no Norte,
Dia 2. 17ª Chamada vibrada no Oeste,
Dia 3. 16ª Chamada vibrada no Sul,
Dia 4. 15ª Chamada vibrada no Leste, e assim sucessivamente, até chegar-se à primeira das Chamadas.

Após as 18 Chamadas terem sido realizadas em 18 dias, acredita-se que os éteres tenham sido “alinhados” com sucesso. A partir de então, podem ser acessados pela 19ª Chamada. Então podem ser evocados os anjos das tribos mediante o comando dos nomes de Deus, que constam nas hastes das Grandes Cruzes das Torres de Vigia.

Cada anjo por sua vez, é regido pelo nome de Deus associado a seu ponto de referência particular (vide tabela abaixo).

O processo completo de trabalho com os éteres é conhecido popularmente como Ritual do Apocalipse.

Apocalipse é a palavra grega para Revelação, e a proposta deste ritual é revelar ao estudante cada aspecto da psique indo da parte mais interna a mais externa, e transformar o estudante num veículo para a Luz.

Ao completar este ritual inteiramente, o estudante será um Ipsissimus cujo trabalho será completo neles. O termo para isso é transcendência. Este é o ponto mais alto que a alma poderá alcançar enquanto estiver encarnada neste corpo físico. É a completa identificação com a parte da consciência que sobrevive ao que chamamos de morte.

Aconselhamos ao estudante que pratique o Ritual Menor de Banimento do Pentagrama, o Ritual Menor de Banimento do Hexagrama e o Ritual do Pilar do Meio por pelo menos uma semana antes de iniciar este ritual. O montante de tempo gasto com esses rituais não é importante, mas o estudante deverá ter proficiência deles e tê-los memorizado antes de executar este ritual. O praticante também deverá ter proficiência em Meditação.

Se houverem problemas físicos (doenças) que foram ignorados previamente, eles poderão ser afetados após a chamada dos
Governadores de ZAX (O Abismo). O praticante deverá fazer o que puder em relação aos problemas, mas não deve parar o ritual. Os efeitos negativos irão cessar que o ritual estiver completo.

O resultado é a completa compreensão da psique e o lugar do indivíduo no mundo. O praticante poderá também perceber incronicidades que irão ocorrer na sua vida durante o ritual assim como depois.

É MUITO IMPORTANTE EXECUTAR ESTE RITUAL EXATAMENTE COMO DESCRITO.

Este trabalho não deve ser feito levianamente. Uma vez completado o praticante atingirá o estado conhecido como Transcendência. Isto é possível sem auxílio de qualquer ordem, individual, ou de agentes externos.

Depois das primeiras 18, vem as CHAMADAS e CHAVES dos Ares ou 30 ÉTERES, que são a mesma em substância diferenciando-se apenas no NOME ao qual pertencem.

A Chamada dos 30 Aethyr ou Éteres

1
Madriaax Ds Praf
2
LIL (substituir pelo Éter desejado)
3Chis Micaolz

1
Os Céus que moram em
2
O Primeiro Ar
3
São Poderosos nas


1
Saanir Caosgo
2
Od Fisis Balzizras Iaida

1
Partes da Terra
2
E executam o Juízo do Altíssimo! A


1
Nonca Gohulim
2
Micma Adoian Mad
3
Iaod

1
Ti é dito
2
Contempla o Rosto de teu Deus,
3
O Princípio do


1
Bliorb
2
Soba Ooaona Chis Luciftias
Piripsol
3Ds

1
Conforto,
2
Cujos Olhos são o Brilho dos
Céus,
3
Que


1
Abraassa
2
Noncf Netaaib Caosgi
3
OdTilb Adphaht

1
Proporciono
2
a Ti para o Governo da Terra
3
E seu Indizível



1
Damploz
2
Tooat Noncf G Micalz Oma
3
Lrasd Tol

1
Variedade,
2
habilitando-te com um Poder de
Entendimento
3
Para dispor de todas


1
Glo Marb
2
Yarry
3
Idoigo

1
As Coisas segundo a
2
Providência d’Aquele
3
Que se senta no Santo



1
2
Od Torzulp Iaodaf Gohol
3
Caosga

1
Trono:
2
E se levantou no Princípio dizendo:
3
A Terra


1
Tabaord
2
Saanir Od Christeos
3Yrpoil Tiobl

1
Que seja governada
2
Por suas partes e que haja
3
Divisão nela



1
Busdir Tilb
2
Noaln Paid Orsba
3
Od Dormni Zylna.

1
Para que a glória dela
2
Possa ser sempre bebida
3
E possa ser revolta em si mesma.


1
Elzap Tillo Parm
2
Gi Piripsax, Od Ta

1
Que seu curso seja dar voltas (ou
correr)
2
Com os Céus, e como



1
Qurlst Booapis
2
L Nibur Ovcho Symp

1
Uma donzela que os sirva
2
Que uma estação confunda a outra


1
Od Christeos Ag Toltorn
2
Mirc Q Tiobl
3
L El
1
E que não haja criatura
2
sobre ou dentro dela
3
(Que seja apenas) Uma e a mesma


1
Tol Paombol
2
Dilzmo As Pian
3
Od Christeos

1
Todos seus membros
2
Que diferem em suas qualidades,
3
E que haja


1
Ag L Toltorn Parach Asymp
2
Cordziz

1
Não uma criatura igual a outra.
2
As razoáveis criaturas da



1
2
Dodpal Od Fifalz L Smnad
3 Od

1
A Terra, o Homem
2
Que se irritem e se eliminem um
ao outro (entre si)
3
E


1
Fargt
2
Bams Omaoas
3
Conisbra

1
(de) Suas moradas
2
Que eles esqueçam seus nomes.
3
A obra do Homem




1
Od Zvavox
2
Tonug
3
Orsca Tbl Noasmi

1
E sua pompa
2
Que sejam apagadas
3
Seus edifícios, que se convertam em


1
Tabges
2
Levith mong
3
Unchi Omp Tibl

1
Cavernas
2
Para as bestas do campo!
3
Confunda-se seu entendimento
(dela) com



1
Ors
2
Bagle
3
Moóoah Ol Cordziz

1
Obscuridade.
2
Por quê?
3
Me arrependo de haver feito ao Homem.


1
L Capimao Ixomaxip
2
Od Cacocash Gosaa
3
Baglen

1
Um tempo que seja conhecida,
2
E outro tempo uma estranha
3
Porque



1
Pii Tianta A Babalond
2
Od Faorgt
3
Teloc Vo-

1
Ela é o leito de uma prostituta
2
E a morada
3
d’Aquele (Ele) que


1
Vim
1
Caiu.



1
Madriiax Torzu
2
Oadriax Orocha

1
Ó Céus, ergue-os!
2
Os Céus Inferiores sob vós,



1
Aboapri
2
Tabaori Priaz Ar Tabas
3
Adrpan Cors Ta

1
Deixem eles servirem-nos!
2
Governar aos que governam,
3
Derrubar os que


1
Dobix
2
Iolcam Priazi Ar Coazior
3
Od Quash Qting

1
Caem
2
Tragam com aqueles que crescem,
3
e destruam aos podres.



1
Ripir Paaoxt As La Cor
2
Vml Od Prdzar Cacrg

1
Em nenhum lugar deixem restar
em um só número
2
Acrescentai e diminuí até que


1
Aoiveae Cormpt.
1
As Estrelas estão contadas.


1
Torzu Zacar
2
Od Zamran Aspt
3
Sobso Butmona

1
Levantem-se! Movam-se!
2
E aparecei diante da
3
Aliança de Sua Boca


1
Ds Surzas
2
Tia Baltan
3
Odo Ciclé

1
Que Ele jurou
2
A nós em sua Justiça
3
Abram os Mistérios de



1
Qaa
2
Od Ozozma Plapli
3
Iadnamad.

1
Vossa Criação
2
E façam-nos partícipes do
3
Conhecimento sem Mácula.


Nota: Na revista Equinox Vol.V, Aleister Crowley publicou uma série de visões obtidas usando as Chamadas dos 30 Aethyrs (Éteres) em ordem a investigar e asseverar a natureza destes Éteres.


(Livro: A Heptarquia Mística de: Frater Goya - Continua)

























15 de maio de 2013

A CRIATURA XII




No livro O Livro dos Espíritos, questões 607 e 607-a, temos:
607 - Ficou dito que a alma do homem, em suas origens, assemelha-se ao estado de infância da vida corpórea, que sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. (Vide questão 190) Onde cumpre o Espírito essa primeira fase ? - Numa série de existências que precedem o período que chamais de humanidade.

Essa resposta dada a Allan Kardec pelos Espíritos inspiradores suscita duas interpretações: Uma, de que estão se referindo a todos os seres e a todas as fases que antecedem o ciclo do homem. Desde o reino mineral até este.

A outra interpretação dá a entender que, embora sem explicitarem, se referem unicamente ao degrau imediatamente anterior ao homem, que para nós é o reino Elemental.

Esta segunda hipótese interpretativa é a que nos parece mais plausível, e que mais nos agrada.

Para dar apoio à nossa escolha consultemos a questão 607-a, e vejamos o que ela diz:
607a - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação ?

Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade ? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco.

Convenhamos que tanto a formulação da pergunta quanto a respectiva resposta são um tanto vagas. Falam, mas não explicam.

Todavia, comparando os textos acima com a vasta literatura, principalmente Teosófica, citada na bibliografia, temos quase a certeza de que Kardec queria se referir à existência de um degrau evolutivo entre o animal e o homem. Porque não foi mais explícito, apesar de ter sido tão meticuloso, não sabemos.

Talvez, imaginamos, as pressões culturais e religiosas da época desencorajaram-no de ir mais a fundo, neste detalhamento. Não obstante, tal degrau tem toda a característica do que chamamos reino Elemental.

É, portanto, ocupando atividades num reino ainda pouco compreendido pelos estudiosos, preconceituosos, que a Mônada se prepara para vir a ocupar, um dia, um lugar na escala da humanidade.

Desse reino, que chamamos de Elemental, destacamos cinco pontos:

1 - A preparação e adestramento evolutivo dos indivíduos situados nessa fase se dá nos planos espirituais adjacentes ao plano Físico, e neste interferindo;

2 - Psiquicamente estão situados acima dos animais, de qualquer espécie, e abaixo do silvícola humano;

3 - São simples, e afeiçoam-se a qualquer entidade espiritual que os atraia, acontecendo da mesma forma para com os encarnados;

4 - Para impulsionar o desenvolvimento desses indivíduos, eles são utilizados nos serviços da natureza, distribuídos segundo os Arquétipos de cada estágio;

5 - Os reinos nos quais estagiam são: reino da terra, ou mineral; das plantas ou vegetal; dos animais; o seu próprio ou Elemental, e o reino humano.

Os destaques apontados dão, em linhas gerais, o espaço psicológico e físico onde tais indivíduos são situados. Obviamente, como ficou dito, tanto no plano Astral quanto no plano Físico.

Quanto a identificá-los, podemos dizer que eles recebem dos estudiosos nomes variados, segundo cada atividade que os ocupe dentro dos quatro elementos naturais do planeta. Isto é, no elemento terra, são os gnomos; no elemento água, são as ondinas; no elemento ar, os silfos e no elemento fogo, as salamandras.

Neste conjunto dos elementos, e funcionando como uma espécie de supervisores para todos os subgrupos citados acima, temos os duendes e as fadas. Esses são os nomes universalmente conhecidos e aceitos. Existem outros, principalmente oriundos da linguagem popular religiosa brasileira, é apenas uma forma regionalizada de identificação das mesmas criaturas.

Há um dado interessante a se destacar. É a propósito dos ambientes onde os Elementais vivem, por exemplo, os gnomos, que habitam não só a face externa do planeta como também o interior de sua massa rochosa. Algum curioso que ainda não atinou com o fato poderá perguntar: ‘Mas como pode ser isso, habitar o interior de um corpo rochoso ?’

A resposta é simples.

Os Elementais co-habitam conosco o ambiente terrestre utilizando-se unicamente de seus corpos Astrais, e estes, compostos de matéria só do plano Astral, podem, perfeitamente, transitar por qualquer ambiente e substância do plano Físico, sem que esta lhe oponha qualquer resistência.

Acontece com eles igual, e da mesma forma, ao livre trânsito de que desfrutam, no ambiente físico, os demais espíritos desencarnados.

Por essa razão são eles empregados na ação direta sobre toda a Natureza, já que podem interpenetra-la e aciona-la no mais íntimo de seus organismos. Daí, nesse estágio, e integrados às atividades várias conforme enumeradas, podemos entender sua estrutura psíquica como a figura a seguir descreve.


O corpo Causal define que ali está um indivíduo. Embrionário, não resta dúvida, mas um indivíduo, pois começa seu viver na faixa da razão e da responsabilidade.

Como são seus primeiros tempos na faixa da razão, seu pensamento ainda é fragmentário, inconstante e saltitante, comparativamente ao procedimento de uma criança em relação ao adulto. O adulto objetiva e segue uma linha de raciocínio, já a criança, a todo momento, muda a direção dos interesses, não sentindo por isso nenhum constrangimento ao deixar incompleto alguma coisa que antes fazia.

No Elemental, o que caracteriza essa inconstância é a forma ainda indefinida de seu corpo Mental, já que este é que faculta a existência do pensamento contínuo. Nesse estágio seu corpo Mental é apenas uma quase sombra. Não possui nenhuma consistência.

Todavia, como a figura mostra, seu corpo Astral, neste mesmo tempo, possui contorno definidos, o que permite à Mônada expressar-se com relativa liberdade naquele plano.

É o corpo Astral que dá condições aos Elementais de participarem de atividades várias, principalmente as ligadas aos fenômenos transformativos que operam na Natureza.

Porém, como já se disse antes, não agem por contra própria. São agentes que colaboram com a feitura dos fenômenos, mas estes ficam inteiramente sob o controle local de um dirigente, que por sua vez está sob a orientação de um Deva Regional.

Vejam isso na figura abaixo. Há um Deva local para cada categoria de elemento natural a ser ativado. Um para o elemento terra, etc. Os Elementais sob a tutela de dirigentes locais atuam sobre os elementos terra, água, ar e fogo. Todos eles, os Devas locais e os Elementais, estão sob a regência de um Deva que, naquela região, administra os acontecimentos gerais. É o Deva Regional.


Dois esclarecimentos se fazem necessários.

Na figura representamos um Deva Local para uma figura de um elemental. Isso não quer dizer que o sistema funcione com um Deva Local para um só Elemental. Não. É um Deva Local para um número variado de Elementais em ações semelhantes.

O outro esclarecimento é que embora atuando nas tarefas mais rudimentares da Natureza, são contudo, indispensavelmente úteis ao conjunto da vida. Sobre isso já citamos informações prestadas por Allan Kardec e Helena Petrovna Blavatsky em textos anteriores. Além daquelas referências, relataremos outras a seguir.

Inicialmente comentaremos trechos de autoria de Lancellin, extraídos de seu livro INICIAÇÃO, VIAGEM ASTRAL. Esse livro foi psicografado pelo médium João Nunes Maia e editado pela Editora Espírita Cristã Fonte Viva. Desde já queremos deixar ressaltado o valor literário e informativo desse livro. Realmente, excelente em seu tema.

Nosso comentário abaixo se refere ao diálogo do mentor espiritual Miramez com alguns de seus discípulos. No citado livro, Miramez é a presença principal. Ele é um mentor espiritual que acompanha, dando assistência, a vários estagiários no mundo Astral. Principalmente aqueles que, ainda encarnados, se desdobram durante o sono do corpo físico, e ali se projetam.

Um adendo: o ato de projetar o corpo Astral, não só durante o sono do corpo físico, é um fenômeno sobejamente conhecido, e existem vários núcleos de estudos e treinamentos aqui no Brasil. Podemos citar o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, dirigido pela notável Dr. Waldo Vieira, do qual, de seu livro Projeciologia, fazemos várias citações na série Mediunidade; o Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergia comandado por Wagner Borges.

Voltemos ao tema. Falávamos que Miramez, em excursão com alguns discípulos, os instruía a respeito dos Elementais. Falava da grandiosidade da obra da Criação e que só com o evolver das vidas é que vamos aprendendo e compreendendo o que chamamos de mistérios.

E especificamente falando dos Elementais, aquelas criaturas menores, como veremos logo a seguir, explica a um de seus discípulos, que ninguém se encontra em uma escola de vida que seja diferente da qual todos os demais se encontram. Diferentes são apenas as classes, todavia o instituto educacional e o currículo escolar são um só para todos os seres. E no futuro, ensina ele, estas mesmas criaturas hoje ocupando as classes dos primeiros anos ocuparão os bancos escolares em que nos encontramos.

E prossegue o mentor dizendo que o tempo em que os seres ocupam percorrendo o reino Elemental até adentrarem no reino Humano, é um segredo que só o tempo saberá contar. Mas informa da validade dessas criaturas nos serviços que prestam à Natureza. Ou seja, assim como todos os estágios anteriores, reinos Mineral, Vegetal e Animal, também o reino Elemental tem sobeja validade no conjunto da VIDA.

E na conformidade da categoria a que pertença, cada grupo de Elementais tem sua função específica, desempenhando-a sob o controle de um Ser Maior. Sobre essa forma de atuação dirigida nos fenômenos da natureza, já havíamos demonstrado pela figura anterior.

Ali estão os Devas menores cuidando de cada grupo específico de Elementais. Na figura os chamamos de os Devas Locais. Dentro dessa simplicidade é interessante reproduzir o que Miramez cita para caracteriza-las:
"São crianças espirituais que querem para si quase tudo o que vêm."

Essa última nota de Miramez é uma confirmação das referências sobre trechos de André Luiz, a respeito da simplicidade e da amizade que os Elementais votam aqueles com quem simpatizam. Mesmo que estes os utilizem para ações maldosas, as quais não sabem distinguir se são boas ou não. Esse parâmetro, bom/mal lhes é desconhecido.

Miramez dá identificação aos Elementais, que são aqueles mesmos nomes já sobejamente conhecidos de todos. São os gnomos e as fadinhas. E informa algo relevante, repetindo o que expusemos em parágrafos anteriores, que os humanos de hoje já o foram gnomos ou fadinhas.

Os trechos comentados estão nas páginas 210 e 211, e eles, além de outras coisas, confirmam o que já dissemos sobre a linha evolutiva do Elementais.

Dissemos que essa linha não é uma paralela à linha evolutiva dos homens, mas que faz parte da mesma continuidade, ocupando o intervalo entre o animal e o homem. E a clareza das informações de Miramez não deixa margem a dúvidas. É acreditar, ou... preconceituosamente, continuar recusando.

Depreende-se dessa fase evolutiva o mesmo acontecimento a exemplo do que repetidamente acontece no reino Animal. À medida que um dos elementos se destaca dos demais, pelas aptidões desenvolvidas, vai separando-se do grupo. Essas aptidões criam, como vimos, condições para ele entrar e participar da fase evolutiva do próximo reino. Uma espécie de promoção.

Quanto a isso cumpre dar um esclarecimento. Essas promoções ao reino evolutivo sequente ao que se encontra, não se dão a todo instante, atendendo um elemento ou outro que se destaque dos demais, como a informação acima possa fazer supor. Não, ela se dá em ciclos certos de mutações, e quando chegam suas épocas a promoção, ou transferência, atinge não um elemento, mas um lote de elementos daquela espécie em questão.

Se, por ventura, um elemento atingir o máximo evolutivo antes de se completar o ciclo evolutivo da espécie, permanecerá, este, em atividades junto à sua coletividade. Uma desvantagem para ele ? Não. Aprenderá ainda mais. Sedimentará, ainda mais, a base para o ciclo que virá. Isso vemos no gênero humano, onde, criaturas que evoluíram acima do comum dos homens, permanecem junto a estes os ajudando a igualmente se destacarem e, por sua vez, "crescendo um pouco mais".

É sabido que os pertencentes a uma coletividade caminham aos blocos. Só os recalcitrantes, nas eras das mutações cíclicas são, desses blocos, separados e levados para outras coletividades de igual nível inferior. Reprisarão as tarefas em ásperas experiências para abandonarem a teimosia.

De igual forma acontece aos Elementais. Etapa a etapa, dentro de seu Reino, vão dando maior consistência e definição de formas aos seus veículos de manifestação, e ao psiquismo, aproximando-os, a cada experiência que vivem, da futura forma humana que terão.

É por causa dessa variação de indivíduos, e de suas aptidões, desde os mais simplórios, considerando aqueles que a pouco saíram do reino animal, e aqueles outros que estão no limiar do reino Humano, que temos as diferentes formas "físicas" detectadas pelos clarividentes. Afinal, neste reino está ocorrendo a metamorfose do animal para o homem.

Todos já tiveram oportunidade de ver a mudança fisiológica da lagarta passando a borboleta. Tal transformação transcorre célula a célula. Até que da inicial e repugnante larva obtém-se o delicado e atraente inseto alado. Paixão até de colecionadores.

Assim também acontece com os elementais. Nos primeiros tempos são grosseiros e assustadiços em suas formas, tomando por princípio os padrões de estética a que o ser humano está habituado. Depois, vão se tornando graciosos e todos deles querem ter contato.

A figura a seguir, numa forma simplista, mostra parte dessa metamorfose. Na coluna indicada por 1ª Fase temos o arcabouço inicial do Elemental.

Nesse período, como já falamos, o corpo Mental é apenas um esfumaçado ovoide e o Astral pouco consistente.


Na coluna da 2ª Fase, que se avizinha do limiar humano, o corpo Mental já delimita uma forma mais "palpável" e o Astral já apresenta contorno próximo ao dos humanos. Quanto a suas formas corpóreas Miramez tem interessantes informações.

Agora vamos encontrar esse mentor no livro por título Francisco de Assis, de sua autoria, também psicografado por João Nunes Maia, e editado pela Editora Espírita Cristã Fonte Viva. Na página 318 ele conta que Francisco e seus discípulos seguiam por uma estrada. Cansados da caminhada, resolveram parar e refazer as forças sob frondosa árvore.

Com sua visão clarividente Francisco estava vendo os Elementais subindo e descendo pelo tronco da árvore. Eram diminutos e na forma parecida à humana, como ele descreve. Pareciam se divertir, mas na verdade trabalhavam para a natureza.

Dado as puras vibrações áuricas de Francisco, logo os Elementais o notaram e dele se aproximaram, tomando a graciosa intimidade de subirem por seu corpo. Imagino que como as crianças fazem nas brincadeiras com os pais.

Mas, a bem de se complementar nossa informação, deve-se dizer que nem todos os Elementais possuem forma graciosa. Alguns podem ser assustadiços. Vamos ver isso numa outra citação de Miramez, agora á página 357 do mesmo livro.

Numa outra passagem do trânsito da vida de Francisco, lá estava ele numa outra caminhada em companhia de seus discípulos quando dele se aproximou um lobo, animal normalmente feroz. Na presença de Francisco, porém, portou-se dócil. Recebeu os afagos do nobre homem e, novamente em sua visão clarividente, Francisco notou que alguns Elementais ali também estavam. Alguns, como Miramez narra, na forma de animais. Mas, igualmente ao lobo, não estavam agressivos.

Neste trecho acima, como advertimos, Miramez conta sobre as outras formas astrais dos espíritos do reino Elemental, a que, na narrativa. Apesar da forma, contudo, são tão bondosos quanto aos citados no comentário anterior.

E para completar essa descrição que tanto nos esclareceu quanto nos enterneceu, quando a ela tivemos nosso primeiro contato, comentaremos trecho da página 359 do citado livro, no qual ele conta que, estando Francisco à beira de um rio, falando do evangelho aos peixes, viu caminhando sobre as águas o que ele chamou de espíritos das águas. E num dado momento, apresentou-se a Francisco um desses espíritos tendo, entretanto, o porte de rainha.

Recomendamos ao leitor atento a leitura dos livros indicados nos nossos comentários desta apostila. Sem dúvida, excelentes e inspiradores.

Não podemos, também, deixar de expressar que as narrativas de Miramez muito nos comoveram, todavia é forçoso voltar ao objetivo de nosso estudo e, para isso, lembramos que todos os trechos comentados confirmam o acerto de nossa opinião já demonstrada. Além disso eles nos ensinam a ter reverência pelo que da natureza ainda nos foge à sensibilidade. Conclusão: respeitar mesmo não os vendo.

E concordem os homens ou não, nossos amiguinhos do reino Elemental vão, gradualmente, aproximando-se da complexa e grandiosa experiência humana. Porém, muitas coisas sobre eles ainda temos que aprender. Por exemplo, e só para especular: eles formam famílias, se reproduzem ? O tempo nos responderá.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - Continua)







5 de maio de 2013

SISTEMA ENOQUIANO X



Décima Oitava Chave ou Chamada Angélica
1
Ils
2
Micaolz Qlprt
3
Od Ialprt
4
Bliors Ds Odo

1
Ó Tu
2
Poderosa Luz
3
e Ardente Chama do
4
Conforto que abres


1
Busdir Oiad
2
Ovoars Caosgo
3
Casarmg
4
ERAN

1
A Glória de Deus
2
No centro da Terra
3
Em Quem os
4
6332


1
Laiad
2
Brints Cafafam
3
Ds I Vmd
4
Aqlo Adohi

1
Segredos
2
Da Verdade tem sua morada,
3
Que é chamada
4
Em teu Reino


1
Moz
2
Od Ma-Of-Faz
3
Balp Como Bliort
Pam bt.

1
A Alegria
2
E não pode ser medida.
3
Sê Tu uma Janela de Conforto para mim.

1
Zacar Od Zamran

1
Movam e mostrem a vós mesmos!


1
Odo Cicle Qaa
2
Zorge
1
Abram os Mistérios de vossa Criação,
2
Sê amigáveis comigo

1
Lap Zirdo
2
Noco Mad
3
Hoath
1
Porque eu sou
2
o servidor do mesmo Deus vosso
3
O verdadeiro adorador do

1
Iaida
1
Altíssimo
Terra de FOGO

Estas primeiras 18 CHAMADAS são na realidade 19, quer dizer, são 19 nas ordens Celestiais, mas para nós, a primeira Tabela não tem CHAMADA, nem pode tê-la, porque pertence ao TOPO DA DIVINDADE.

Por conseguinte, esta terá para nós o número “0”, ainda que para eles será o número “1” (igual ao primeiro Arcano do Tarot que leva “0” por número); e, então a que para nós é a décima oitava, é para eles a
décima nona.

Chamada / Quando usar:
Por Benjamin Rowe

1 Use em qualquer momento para produzir uma manifestação mais espiritual das forças invocadas.
Use primeiramente quando invocar qualquer nome da Tabela da União.
Use primeiro quando invocando apenas os Três Nomes de Deus ou os Reis Elementares

2 Use para produzir uma manifestação mais “material” das forças invocadas, ou para enfatizar o componente estrutural das Tabelas. Não é recomendado para usar com a Tabela da União, ou qualquer região das Tabelas Elementais ou outras a que não sejam os Ângulos Menores.

3 Use secundariamente para a Tabela da União no nome EXARP
Use secundariamente quando invocando apenas ORO IBAH AOZPI ou BATAIVAH

Use primeiramente para os Seniores da Tabela do Ar.
Use primeiramente para o Ângulo Menor do Ar da Tabela do Ar.
Pode ser usado precedendo as Chamadas para outros Ângulos menores da Tabela do Ar.

4 Use secundariamente para a Tabela da União no nome HCOMA
Use secundariamente quando invocando apenas MPH ARSL GAIOL ou RAAGIOSL

Use primeiramente para os Seniores da Tabela da Água
Use primeiramente para o Ângulo Menor da Água da Tabela da Água. Pode ser usado precedendo as Chamadas para outros
Ângulos menores da Tabela da Água.

5 Use secundariamente para a Tabela da União no nome NANTA
Use secundariamente quando invocando apenas MOR DIAL HCTGA ou ICZHIHAL

Use primeiramente para os Seniores da Tabela da Terra
Use primeiramente para o Ângulo Menor da Terra da Tabela da Terra. Pode ser usado precedendo as Chamadas para outros
Ângulos menores da Tabela da Terra.

6 Use secundariamente para a Tabela da União no nome BITOM

Use secundariamente quando invocando apenas OIP TEAA PDOCE ou EDLPRNAA
Use primeiramente para os Seniores da Tabela do Fogo
Use primeiramente para o Ângulo Menor do Fogo da Tabela do Fogo. Pode ser usado precedendo as Chamadas para outros
Ângulos menores da Tabela do Fogo.

7 Use primeiramente para Ângulo Menor da Água da Tabela do Ar

8 Use primeiramente para Ângulo Menor da Terra da Tabela do Ar

9 Use primeiramente para Ângulo Menor do Fogo da Tabela do Ar

10 Use primeiramente para Ângulo Menor do Ar da Tabela da Água

11 Use primeiramente para Ângulo Menor da Terra da Tabela da Água

12 Use primeiramente para Ângulo Menor do Fogo da Tabela da Água

13 Use primeiramente para Ângulo Menor do Ar da Tabela da Terra

14 Use primeiramente para Ângulo Menor da Água da Tabela da Terra

15 Use primeiramente para Ângulo Menor do Fogo da Tabela da Terra

16 Use primeiramente para Ângulo Menor do Ar da Tabela do Fogo

17 Use primeiramente para Ângulo Menor da Água da Tabela do Fogo

18 Use primeiramente para Ângulo Menor da Terra da Tabela do Fogo


Usos das Chamadas Enochianas
Por Anton Szandor LaVey
Fonte: The Cloven Hoof, June V AS (1970 c.e.)

Vingança e Destruição: Chamadas 12, 14, 17 e 10
Luxúria e Casamento: Chamadas 2, 7 e 13
Funerais: Chamadas 11
Compaixão: Chamadas 16 e 18
Poder: Chamadas 1, 3 e 8
Ritual Litúrgico: Chamadas 5 e 15
Orgulho e Rejubilo: Chamada 18
À lista de LaVey pode-se adicionar1
:
Consagrações e dedicações: Chamadas 1, 3, 6, 16 e 19
Riqueza: Chamadas 1, 3, 18 e 19
Amor e Sentimentos: Chamadas 16, 17 e 18
Iniciação: Chamadas 1, 2, 5, 15 e 18

Aniversários: Chamadas 4, 8 e 18
Divinação: Chamada 17
Proteção: Chamadas 3, 8, 9 e 17
Evocações: Chamadas 1, 6, 4 e 3 (verificar)
Sabedoria, Inteligência: Chamadas 9, 15 e 17


NATUREZA DAS CHAMADAS:
Cada Chamada possui uma característica que acaba por definir sua natureza. A seguir, daremos uma breve relação dessas
características, para facilitar a compreensão da estrutura enochiana como um todo. Devemos sempre nos lembrar no entanto, que a chave para o sucesso é justamente a prática. Na medida em que o estudante praticar os rituais, deverá obter indicações mais interessantes do que realizar e o momento certo.

A Primeira Chamada, traz a memória o período da criação. Ela define uma polaridade mais “espiritual”, enquanto que a segunda, uma característica mais “material”.

Essa mesma chamada, acaba também trazendo em si, as características básicas de uma cerimônia mágicka.

A Segunda Chamada, não possui uma finalidade definida claramente. Muitas foram as experimentações, e Benjamin Rowe propõe que “O melhor que pode ser dito é que esta Chamada parece invocar o suporte estrutural quadrado das Tabelas, o aspecto da ‘forma’ como oposto à essência espiritual invocada pela Primeira Chamada.

Anjos invocados utilizando-se esta Chamada juntamente com uma das Chamadas elementais, expressam muito menos de suas naturezas como indivíduos. Eles agem muito mais como funcionários ou burocratas, dentes de engrenagem na máquina da hierarquia Angélica.

As energias que eles manifestam são mais cruas, mais naturais ou terrenas do que as que eles manifestam sem esta Chamada. (...)Como regra geral, a Segunda Chamada nunca deve ser utilizada na mesma sessão que a Primeira Chamada.”

Da Terceira até a Sexta Chamadas, estão invocações gerais dos quatro elementos, e também servem como invocações dos quatro
Ângulos Inferiores nos quais os elementos não estão misturados.

Da Sétima a Décima Oitava Chamadas, são invocações dos Ângulos Menores restantes, cada um dos quais tem uma natureza
elemental dupla.

Dadas as direções, cabe ao estudante escolher a melhor trilha para ser percorrida por ele no seu desenvolvimento.

Lembramos no entanto, que a prática sempre é a melhor opção, e que no devido momento, os próprios Anjos darão orientações a esse respeito, fornecendo maiores informações sobre a natureza das chamadas, seu uso e aplicações.


OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE AS DUAS PRIMEIRAS CHAMADAS

1ª - Use em qualquer momento para produzir uma manifestação mais espiritual das forças invocadas.

2ª - Use primeiro quando invocando apenas os Três Nomes de Deus ou os Reis Elementares
2ª - Use para produzir uma manifestação mais "material" das forças invocadas, ou para enfatizar o componente estrutural das Tabelas.

Não é recomendado para usar com a Tabela da União, ou qualquer região das Tabelas Elementais ou outras a que não sejam os Ângulos Menores.

(A Heptarquia Mística de: Frater Goya - CONTINUA)

O LIVRO PERDIDO DE ENKI VII



Palavras de Endubsar, escriba mestre, filho da cidade de Eridú, servo do senhor Enki, o grande deus:

‘No sétimo ano depois da Grande Calamidade, no segundo mês, no décimo sétimo dia, fui chamado por meu Mestre o Senhor Enki, o grande deus, benévolo criador da Humanidade, onipotente e misericordioso. Eu estava entre os sobreviventes de Eridú que tinham escapado à árida estepe quando o Vento Maligno estava se aproximando da cidade. E vaguei pelo deserto, procurando ramos secos para fazer fogo. E olhei para cima e eis que um Torvelinho chegou do sul.

Tinha um resplendor avermelhado, e não fazia som algum. E quando tocou o chão, saíram de seu ventre quatro largos pés e o resplendor desapareceu. E me joguei no chão e me prostrei, pois sabia que era uma visão divina.

E quando levantei meus olhos, havia dois emissários divinos perto de mim. E tinham rostos de homens, e suas roupas brilhavam como metal brunido.


E me chamaram por meu nome e me falaram, dizendo: foi chamado pelo grande deus, o senhor Enki. Não tema, pois foste puro. E estamos aqui para te levar ao alto, e te levar até seu retiro na Terra do Magan, na ilha no meio do Rio de Magan, onde estão as comportas. E enquanto falavam, o Torvelinho se elevou como um carro de fogo e se foi. E me tiraram das mãos, cada um deles de uma mão. E me elevaram e me levaram velozmente entre a Terra e os céus, igual a uma águia. E pude ver a terra e as águas, e as planícies e as montanhas. E me deixaram na ilha, ante a porta da morada do grande deus. E no momento em que me soltaram das mãos, um resplendor como nunca tinha visto me envolveu e me afligiu, e caí ao chão como se tivesse ficado vazio do espírito de vida.

Meus sentidos vitais voltaram para mim, como se despertasse do mais profundo dos sonhos, quando escutei o som de uma voz me chamando. Estava em uma espécie de recinto. Estava escuro, mas também havia uma aura. Então, a mais profunda das vozes pronunciou meu nome outra vez. E, embora pudesse escutá-la, não saberia dizer de onde vinha a voz, nem pude ver quem estava falando. E respondi, aqui estou.

Então, a voz me disse: Endubsar, descendente de Adapa, escolhi-te para que seja meu escriba, para que ponha por escrito minhas palavras nas tabuletas. E de repente apareceu um resplendor em uma parte do recinto. E vi um lugar disposto como o lugar de trabalho de um escriba: uma mesa de escriba e um tamborete de escriba, e havia pedras finamente lavradas sobre a mesa. Mas não vi tabuletas de argila nem recipientes de argila úmida.

E sobre a mesa só havia um estilete, e este reluzia no resplendor como não o tivesse podido fazer nenhum estilete de cano.

E a voz voltou a falar, dizendo: Endubsar, filho da cidade de Eridú, meu fiel servo. Sou seu senhor Enki. Convoquei-lhe para que escrevas minhas palavras, pois estou muito turbado pela Grande Calamidade que desceu sobre a Humanidade. É meu desejo registrar o verdadeiro curso dos acontecimentos, para que tanto deuses como homens saibam que minhas mãos estão podas. Do Grande Dilúvio, não tinha descido uma calamidade tal sobre a Terra, os deuses e os terrestres. Mas o Grande Dilúvio estava destinado a acontecer, mas não a grande calamidade.

Esta faz sete anos, não tinha que ter ocorrido. podia-se ter evitado, e eu, Enki, fiz tudo o que pude para impedi-la; mas, ai! Fracassei. E foi sorte ou foi destino?


O futuro julgará, pois ao final dos dias um Dia do Julgamento haverá. Nesse dia, a Terra tremerá e os rios trocarão seu curso, e haverá escuridão ao meio-dia e um fogo nos céus de noite, será o dia da volta do deus celestial. E haverá quem sobreviva e quem pereça, quem é recompensado e quem é castigado, deuses e homens por igual, nesse dia tirará o chapéu; pois o que deva acontecer, por isso aconteceu, será determinado; e o que estava destinado, em um ciclo será repetido, e o que foi fruto da sorte e ocorreu só pela vontade do coração, para o bem ou para o mal deverá ser julgado.

A voz caiu no silêncio; depois, o grande senhor falou de novo, dizendo:

“É por esta razão que contarei o relato veraz dos Princípios e dos Tempos Prévios e dos Tempos de Antigamente; pois, no passado, o futuro se acha oculto.

Durante quarenta dias e quarenta noites, eu falarei e você escreverá; quarenta será a conta dos dias e as noites de seu trabalho aqui, pois quarenta é meu número sagrado entre os deuses. Durante quarenta dias e quarenta noites, não comerá nem beberá; só esta onça de pão e água tomará, e lhe manterá durante todo seu trabalho.”

E a voz se deteve, e de repente apareceu um resplendor em outra parte do recinto. E vi uma mesa e, sobre ela, um prato e uma taça. E me levaram para ir ali, e havia pão no prato e água na taça. E a voz do grande senhor Enki falou de novo, dizendo:
“ Endubsar, come o pão e bebe a água, e lhe manterá durante quarenta dias e quarenta noites”.

E fiz como me indicou. E depois, a voz me indicou que me sentasse ante a mesa de escriba, e o resplendor se intensificou ali. Não pude ver nenhuma porta nem abertura onde me encontrava, entretanto o resplendor era tão forte como o do sol do meio-dia. E a voz disse: ‘Endubsar o escriba, o que vê?’

E olhei e vi o resplendor que iluminava a mesa, as pedras e o estilete, e também: Vejo umas tabuletas de pedra, e seu tom é de um azul tão puro como o céu. E vejo um estilete como nunca antes tinha visto, seu corpo não parece de cano, e sua ponta tem a forma de uma garra de águia. E a voz disse:

“São estas as tabuletas sobre as quais inscreverá minhas palavras. Por rápido meu desejo, hão-se esculpido do mais fino lápis lázuli, cada uma delas com duas caras lisas. E o estilete que vê é a obra de um deus, o corpo é feito de elétron e a ponta de cristal divino.




Adaptar-se-á firmemente à sua mão, e te será tão fácil gravar com ele como marcar sobre argila úmida. Em duas colunas inscreverá a face frontal, em duas colunas inscreverá o dorso de cada tabuleta de pedra. Não te desvie de minhas palavras e minhas declarações!”

E houve uma pausa, e eu toquei uma das pedras, e senti sua superfície como uma pele Lisa, suave ao tato. E tomei o estilete sagrado, e o senti como uma pluma em minha mão. E, depois, o grande deus Enki começou a falar, e eu comecei a escrever suas palavras, exatamente como as dizia. Às vezes, sua voz era forte; às vezes, quase um sussurro. Às vezes, havia gozo ou orgulho em sua voz; às vezes, dor ou angústia. E quando uma tabuleta ficava inscrita em todas as suas faces, tomava outra para continuar.

E quando foram ditas as últimas palavras, o grande deus se deteve, e pude escutar um grande suspiro. E disse:

“Endubsar, meu servo, durante quarenta dias e quarenta noites tem escrito fielmente minhas palavras. Seu trabalho aqui terminou.

Agora, toma outra tabuleta, e nela escreverá seu próprio atestado; e ao final dela, como testemunha, marca-a com seu selo; e toma a tabuleta e ponha junto com as outras no cofre divino; pois, no momento designado, escolhidos virão até aqui e encontrarão o cofre e as tabuletas, e saberão tudo o que eu ditei a ti; e que o relato veraz dos Princípios, os Tempos Prévios, os Tempos de Antigamente e a Grande Calamidade será conhecida no sucessivo como As Palavras do Senhor Enki. E haverá um Livro de Testemunhos do passado, e um Livro de previsões do futuro, pois o futuro no passado se acha, e o primeiro também será o último.”


E houve uma pausa, e tomei as tabuletas e as pus uma a uma na ordem correta dentro do cofre. E o cofre era feito de madeira de acácia com incrustações de ouro no exterior. E a voz de meu senhor disse:

“Agora, fecha a tampa do cofre e fixa o fechamento.” E fiz como me indicou. E houve outra pausa, e meu senhor Enki disse:

“E quanto a ti, Endubsar, com um grande deus falaste e, embora não me viu, em minha presença estiveste, portanto, está puro, e será meu porta-voz ante o povo.

Admoestará para que eles sejam justos, pois nisso se baseia uma boa e larga vida. E os confortará, pois no prazo de setenta anos se reconstruirão as cidades e as colheitas voltarão a crescer. Haverá paz, mas também haverá guerras.

Novas nações se farão poderosas, reinos se elevarão e cairão. Os deuses de antigamente se apartarão, e novos deuses decretarão as sortes. Mas ao final dos dias prevalecerá o destino, e esse futuro se prediz em minhas palavras sobre o passado. De tudo isso, Endubsar, às pessoas falará.”

E houve uma pausa e um silêncio. E eu, Endubsar, prostrei-me no chão e disse: “Mas, como saberei o que dizer?” E a voz do senhor Enki disse:

“Haverá sinais nos céus, e as palavras que tenha que pronunciar virão a ti em sonhos e em visões. E, depois de ti, haverá outros profetas escolhidos. E ao final, haverá uma Nova Terra e um Novo Céu, e já não haverá mais necessidade de profetas.”

E, então, fez-se o silêncio, e as auras se extinguiram, e o espírito me deixou. E quando recuperei os sentidos, estava nos campos dos arredores de Eridú.

(Livro de Zecharia Sitchin - Continua)