1 de dezembro de 2012

TRATADO DE NUMEROLOGIA CABALISTICA III


São 7 chackras que temos, representados pelas 7 igrejas que diz o apocalipse,também conhecidos biblicamente como:

‘‘Os 7olhos do Senhor que percorrem toda terra.’’(Zacarias, C.4, V. 10),‘‘Os 7 olhos do Cordeiro. ’’(Apocalipse,C.5,V.6) e
‘‘ As 7 lâmpadasdo castiçal .’’(Zacarias, C.2,V.8).


1- MULADHARA
Igreja de Éfeso - Localizado na base da espinha.
Elemento: Terra.
Habilidade psíquica: Dominação dos elementais da Terra.
Virtudes: Paciência, Diligência e Laboriosidade.

2- SVADHISTHANAV
Igreja de Smirna
Localiza-se a quatro dedos acima dos órgãos sexuais, no púbis.
Elemento: Água.
Habilidade psíquica: Dominação dos elementais da Água.
Virtudes: Castidade, Fidelidade e compreensão da Prosperidade.

3- MANIPURA
Igreja de Pérgamo
Localiza-se na zona da barriga.
Elemento: Fogo.
Habilidade psíquica: Telepatia e dominação dos elementais dofogo.
Virtudes: Auto-controle, poder pessoal e transformação.

4-ANAHATA
Igreja de Tiarira.
Localiza-se no Coração.
Elemento: Ar.
Habilidade psíquica: Levitação,Viajem Astral, Polividência, Intuição e dominação dos elementais do ar.
Virtudes: Amor incondicional, compaixão e equilíbrio.

5-VISUDDHA
Igreja de Sárdis
Localiza-se na garganta.
Elemento:Éter.
Habilidade psíquica:Clariaudiência( escuta dos sons das outrasdimensões ) anjos, desencarnados, músicas das esferas e etc.
Virtudes: Comunicação, Criatividade e Integridade.

6 - AJNA
Igreja de Filadélfia
Localiza-se na testa, entre as sobrancelhas.
Elemento: Luz.
Habilidade psíquica: Clarividência (visão das outras dimensões ).
Virtudes: Concentração, Devoção e Imaginação.

7-SAHASHARA ( A coroa de mil pétalas ou coroa da vida)
Igreja de Laodicéia
Localiza-se no topo da cabeça.
Elemento: Todos.
Habilidade psíquica:Comunicação direta com o Deus Interior.
Virtudes: Percepção além do tempo e do espaço. Abre a consciência para o infinito.

As 7 notas musicais são:Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si.

Os 7 princípios de Hermes Trismegistos:

I. O Princípio de Mentalismo: "O TODO é MENTE; o Universo é Mental."

II. O Princípio de Correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está emcima."

III. O Princípio de Vibração: "Nada está parado; tudo se move; tudovibra."

IV. O Princípio de Polaridade: "Tudo é Duplo; tudo tem polos; tudotem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; osopostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todosos paradoxos podem ser reconciliados."

V. O Princípio de Ritmo: "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suasmarés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilaçõescompensadas; a medida do movimento à direita é a medida domovimento à esquerda; o ritmo é a compensação."

VI. O Princípio de Causa e Efeito: "Toda a Causa tem seu Efeito,todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida;há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei."

VII. O Princípio de Gênero: "O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o gênero se manifesta em todos os planos."

Letra Hebraica: Cheth
Som relacionado: Dó sustenido
Décimo oitavo caminho, de Geburah a Binah.

O décimo oitavo caminho é chamado de Casa da Influencia(pela vastidão de cuja abundância é aumentado o influxo decoisas boas sobre as criaturas).

Características positivas: Triunfo, Vitória,Superação de obstáculos, Equilíbrio, Segurança, Domínio, Sucesso, Aproximação amorosa.
Características invertidas: Derrotado pelos obstáculos,Subjugado no ultimo momento, Fraqueza, Egocentrismo,Descontrole, Irreflexão, Orgulho, Desengano.

10- Arcano VIII - A JUSTIÇA
Figura da justiça sentada entre dois pilares das polaridades opostas.

Com os olhos desvendados, retrata-se a justiça divina já que a justiça dos homens é cega.A espada é símbolo de sua severidade, a justiça divina julgará cada um pelos seus atos, a balança significa que temos que pendê-la ao nosso favor fazendo boas obras para anular o karma.

‘‘ Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois quilo que o homem semeia, isso também colherá.’’Gálatas, 6:7.

As estrelas de oito pontas da arte romana, as rosáceas comoito pétalas e a cruz de malta com oito braços têm o mesmo significado. O budismo repousa sobre o “caminho com oito direções” e o oito é, na China, a assinatura da ordem e da harmonia das coisas. É assim que a rosa dos ventos indica as oito direções, enquanto o Buda se mantém no centro do lótus de oito pétalas ou no cubo da roda de oito raios, do mesmo modo que existem oito caminhos para seguir o Tao.

O sagrado oito é sabido de todos como símbolo do infinito, e ele está presente nos entrelaçares de ida e pingala:

Som relacionado: Fá sustenido
Letra hebraica: Lamed
Vigésimo segundo caminho de Tiphareth a Geburah

O vigésimo segundo caminho é a Inteligência Leal, por que através dela as virtudes espirituais são aumentadas, e todos os habitantes da terra estão praticamente sob sua sombra.
Características positivas: Equilíbrio, Compreensão, Justiça,Austeridade, Disciplina, Decisão.
Características invertidas: Preconceito, Falta de equilíbrio, Abusode justiça, Excesso de severidade, Desigualdade, intolerância,prejuízo.

(Texto: Lucas S.Teixeira - Continua)






A BARCA DE RA VIII

Durante o Império Novo (c. de 1550 a 1070 a.C.) a maior parte das fórmulas dos textos dos sarcófagos, acrescidas de diversas estrofes novas, passaram a ser escritas em rolos de papiro, os quais eram colocados nos ataúdes ou em algum local da câmara sepulcral, geralmente em um nicho cavado com essa finalidade. Quando postos no sarcófago costumavam ser encaixados entre as pernas dos corpos, logo acima dos tornozelos ou perto da parte superior das coxas, antes de serem passadas as bandagens.

Para os egípcios esse conjunto de textos era considerado como obra do deus Thoth. As fórmulas contidas nesses escritos podiam garantir ao morto uma viagem tranquila para o paraíso e, como estavam grafadas sobre um material de baixo custo, permitiam que qualquer pessoa tivesse acesso a uma terra bem-aventurada, o que antes só estava ao alcance do rei e da nobreza.

Tais textos, que formam um conjunto com cerca de 200 estrofes referentes ao mundo do além-túmulo, ilustrados com desenhos para ajudar o defunto na sua viagem para a eternidade, foram intitulados pelos modernos arqueólogos de Livro dos Mortos. Entretanto, conforme explica o especialista em história antiga, A. Abu Bakr, esse título é até certo ponto enganoso: na verdade, nunca existiu um "livro" desse gênero; a escolha das estrofes escritas em cada papiro variava segundo o tamanho do rolo, a preferência do adquirente e a opinião do sacerdote-escriba que as transcrevia. Um "Livro dos Mortos" médio continha entre 40 e 50 estrofes.

Com o aumento da quantidade e da complexidade dos textos, os sacerdotes se viram obrigados a escrevê-los antes que se perdessem da memória dos fiéis. Num processo de cópias sucessivas foram introduzidas variações e enganos, tanto por equívoco na leitura dos caracteres quanto por desleixo, cansaço do copista e acréscimos feitos pelo próprio escriba interessado em impor sua opinião. A cópia mais antiga encontrada foi escrita para Nu, filho do intendente da casa do intendente do selo, Amen-hetep, e da dona de casa, Senseneb. Esse valioso documento, avaliam os arqueólogos, não pode ser posterior ao início da XVIII dinastia (c. de 1550 a.C.). Ele faz referência a datas dos textos que transcreve e uma delas se refere aos idos de um dos faraós da I dinastia (c. de 2920 a 2770 a.C.).

No decorrer da XXI e da XXII dinastias (c. de 1070 a 712 a.C.) houve deterioração do trabalho de escribas e desenhistas e a qualidade do mesmo diminuiu sensivelmente, além de ter havido alterações no conteúdo dos textos. Outros temas não relacionados com o mundo dos mortos, como a criação do mundo, por exemplo, foram incluídos nos papiros dessa época. Às vezes o texto nada tem a ver com a vinheta que o acompanha. Nesse período também se estabeleceu o costume de encher com os papiros figuras ocas de madeira do deus Osíris, as quais eram colocadas nos túmulos.

Quando os papiros diminuíram de tamanho, passaram a ser armazenados em cavidades menores nas bases de tais figuras. Do final da XXII dinastia em diante, até o início da XXVI dinastia (664 a.C.) ocorreu um período de desordem e tumulto. Os sacerdotes perderam gradualmente o seu poder religoso e temporal e a crise provocou redução das despesas com cerimônias funerárias, tendo caído em desuso o costume de se fazer cópias do Livro dos Mortos.

Quando os faraós da XXVI dinastia assumiram o poder houve uma renovação dos antigos costumes mortuários, templos foram restaurados e textos antigos esquecidos foram relembrados e novamente copiados. No que se refere ao Livro dos Mortos tais cópias passaram a ser feitas de forma sistemática. Os capítulos passaram a ter uma ordem fixa, mantidos na mesma ordem relativa nos diversos papiros, ainda que alguns contivessem mais texto do que os outros, e quatro capítulos novos foram acrescentados, refletindo as novas idéias religiosas da época. Esses escritos continuaram a ser usados durante o período ptolomaico (304 a 30 a.C.). Nessa época, porém, só eram grafados os textos que se acreditava absolutamente necessários à salvação do morto. Textos que refletiam uma mitologia há muito esquecida eram ignorados.

O Livro dos Mortos é uma compilação póstuma, feitiços e litanias do Antigo Egito, escrito em rolos de papiro que eram depositados ao lado das múmias nas tumbas funerárias com finalidade de auxiliar o morto em sua viagem a uma região de trevas, como Aukert, ou “Mundo Subterrâneo”, ao longo de sua viagem ao Além. Os egípcios, porém, não chamavam os textos de Livro dos Mortos, mas “A Manifestação do Dia Sair para a Luz”, ao qual faz parte o “Papiro de Nu”.

Encontramos a saudações a Anúbis (deus da mumificação, rituais fúnebres e da vida após a morte)! É o guia que ajuda os mortos em todo o seu trajeto. Mas desengane-se quem pensar que ele os protege. A sua tarefa é apenas garantir que o julgamento seja justo. Os sentidos também são recuperados nesta nova vida pelo feitiço concretizado por este deus, o feitiço da Abertura da Boca (número 23 do Livro). Todos os sentidos (visão, paladar, tacto, olfacto e audição) trancados no processo de mumificação, são agora despertados.

Não estarás só na execução de trabalhos manuais se trouxeres o capítulo 6 do livro dos mortos. O espírito é replicado em pequenos clones que executarão esses trabalhos. Os hieróglifos sobre papiro ainda desvendam o encantamento que permite fazer face a uma das serpentes mais horripilantes do mundo. Há que parti-la ao meio para evitar que esta salte e engula a viagem.

O papiro permite observar não só a abra do código moral egípcio, que continha uma serie de “confissões” a serem proferidas, mas ilustra também o percurso final da viagem ao “Mundo Subterrâneo”. O papiro “folha 13” não traz ilustrada nehuma vinheta, apenas os hieróglifos em cursivo.

As cenas do julgamento do falecido fazem parte daquela rota e, portanto, de tais papiros. A decisão era tomada no Saguão das Duas Verdades, um grande salão no qual ficava uma grande balança destinada a pesar o coração do morto.

A solenidade é assim resumida pelo egiptólogo Kurt Lange: Osíris, senhor da eternidade, está sentado como um rei no seu trono. Tem em suas mãos o cetro e o leque. Por trás dele, mantêm-se habitualmente suas irmãs Ísis e Néftis. Na outra extremidade, vê-se a deusa da justiça, Maat, introduzir o morto ou a morta. No meio do quadro está desenhada a grande balança em que o peso do coração é comparado ao duma pluma de avestruz, símbolo da verdade.

A pesagem é confiada a Hórus e ao guardião das múmias, de cabeça de chacal, Anúbis. O deus Thoth, de cabeça de íbis, senhor da sabedoria e da escrita, anota o resultado da pesagem sobre um papiro, por meio de um cálamo.

Até à sala de julgamento, o morto enfrentará quarenta e dois deuses, guardiões de quarenta e duas portas diferentes. Para cada um deles, deverá renegar que cometeu diferentes pecados. Os critérios de avaliação seguem os juízos morais e a sua checklist tem por base os quarenta e dois mandamentos (muito semelhantes aos dez mandamentos presentes na Bíblia).

As palavras da inocência e defesa da confissão negativa encontram-se presentes no Livro dos Mortos: “Não causei sofrimento aos homens. Não empreguei violência contra os meus parentes. Não substitui a justiça pela injustiça.. Não trabalhei em meu proveito em excesso.. Não matei e não mandei matar.. Não monopolizei jamais os campos de cultivo”. Cada hesitação ou silêncio ativam as quelas (garras em forma de pinça) dos escorpiões que vigiam as portas.Se a sentença dos juízes for favorável, Hórus tomava-o pela mão e o conduzia ao trono de Osíris, que lhe indicava seu lugar no reino do além.

Essa é a cena que vemos na ilustração do alto da página. Ela pertence ao Livro dos Mortos de Hunefer, obra originária de Tebas e datada da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.). Caso contrário, o morto estaria cheio de pecados e, então, seria comido por um terrível monstro, Ammut, o devorador dos mortos, que vemos na ilustração.

A vida eterna começa no túmulo, com uma viagem pelo mundo subterrâneo. Primeiro o 'Ka" ( Força Vital ), deixa o corpo, acompanhado após o enterro pelo "Ba" ( Alma ). Hórus conduz o "Ba" através dos portais de fogo e da serpente até o salão do juízo. Anúbis, pesa o coração do morto, sede de sua consciência, junto com a pena de Maat, ou da verdade. Osiris observa na condição de juiz. Se o coração for mais pesado do que a pluma, Amut, um monstro parte leão, parte crocodilo e parte hipopótamo o devora, condenando o morto a um coma perpétuo.

Se o coração equilibra com a pena da verdade, o "Ba" e o "Ka" reúnem-se para formar um "Akh", ou espírito, que emerge do mundo dominado pelo Osiris coroado. O "Akh" pode então retornar ao mundo dos vivos e desfrutar de seus prazeres, incluindo o amor de sua esposa e a atenção de seus servos. A vida agora lhe pertence por toda a eternidade.

Segundo o Amduat, que significa “O Livro de como é no submundo”, que apareceu completo pela primeira vez na tumba de Tutmés III no Vale dos Reis, o submundo era dividido em 12 horas que Rá precisava enfrentar para no outro dia reaparecer novamente no horizonte, saindo vitorioso de mais uma batalha. O Amduat dava detalhes do que o deus iria encontrar durante a jornada de 12 horas no Duat, um lugar de trevas, onde existiam diversos demônios.

Assim como Rá, os Faraós começaram a associar o Amduat com a sua própria vida e o livro servia para que o faraó morto soubesse os nomes dos deuses bons e ruins que iriam encontrar na passagem junto com Rá.

Houve outras versões como o Livro dos Portões, em que as 12 horas são colocadas como 12 portões.

A primeira hora representa Rá entre o céu e o submundo, quando o sol está se pondo e vai perdendo sua energia.

A segunda hora, Rá entra em um lugar chamado Ur-Nes.

Na terceira hora, o barco de Rá passa sobre o córrego de Osíris e seu barco é acompanhado por três barcos remados por Osíris que assumia formas diferentes.

Na quarta hora, Rá viaja para o deserto de Sokar, um lugar guardado por cobras e nessa hora o barco de Rá vira um barco em formato de cobra para viajar sobre as areias.

Na quinta hora, Rá ainda continua nos domínios de Sokar e é ajudado por 7 deuses e 7 deusas que o levam até um lugar seguro.

Na sexta hora, Rá passa pelo santuário de Osíris e se prepara para o grande momento de enfrentar seu eterno inimigo; a serpente Apópis.

Na sétima hora, a barca de Rá é bloqueada pela serpente Apópis e é onde a batalha acontece.

Na oitava hora, entra na cidade de Tebat-Neteru onde ganha a proteção da serpente poderosa chamada Mehen. É aqui que os deuses ganham vida como Rá.

Na nona hora, o barco solar atinge uma região oculta chamada Amentet, onde a pessoa que aprende os nome dos deuses que estavam no livro, devem honra-los.

Na décima hora, vários barcos transportando deuses amigos de Rá, se juntam a ele e começam a matar os inimigos.

Na décima primeira hora, Rá segura um cetro e na proa do barco um disco solar representa o sol com uma serpente envolta. Essa serpente representa o tempo e ela engoli as horas que se passaram.

Na décima segunda hora, Rá renasce ao leste no horizonte egípcio, na forma de Khepri, o escaravelho.
Houve ainda variações desse mito, como citado acima do livro dos portões e também no livro das cavernas. Todos tinham o mesmo intuito de incluir a alma do morto na barca solar de Rá para que pudessem atravessar o Duat.

Embora não existisse um relato sistemático da doutrina da ressurreição e da vida futura, as principais crenças religiosas sobre a morte deste período encontravam-se na grande coleção de textos religiosos reunidos ao longo dos tempos, e que ficou conhecido como o "O livro dos Mortos". Na verdade, nunca existiu um "livro" assim como entendemos hoje.

Existiram várias recensões destas composições abrangendo um período milenar, contendo crenças, ideais, filosofia, sabedoria, ritos mágicos e iniciáticos, orações, encantamentos e superstições, representativas das mais diversas formas e categorias de religiosidade, cultura e ciência de variadas épocas.

O material do Livro dos Mortos continha uma série de orações e fórmulas mágicas, de caráter iniciático, para facilitar a viagem da alma para Além.

Inicialmente, foram encontrados papiros ao lado das múmias contendo orações, histórias dos deuses e instruções ao morto, junto com textos da mesma natureza pintados nos ataúdes e paredes dos túmulos.

Podemos depreender do pensamento religioso deste período transcrito no "Livro dos Mortos" que, para os egípcios, assim como para outros povos da antiguidade, a morte não efetuava apenas a separação entre corpo e alma, mas, acima de tudo, era a libertação de princípios físicos, mentais e espirituais que constituíam o homem durante a sua vida e após a sua morte.

Vemos a descrição e divisão do homem em outros corpos imateriais. Estes princípios espirituais eram nove ao todo, embora a dificuldade em traduzir seu sentido verdadeiro acabe por levar a alguma indefinição sobre os seus sentidos de fato. São eles:

1. O corpo físico, o Khat, passível de corrupção e decadência, devendo ser preservado pela mumificação. (Aquele a quem os vermes comem).

2. O duplo, o Ka, a individualidade e personalidade abstrata com a forma e os atributos do ser a quem pertencia. Embora pudesse vagar livremente, habitar uma estátua, era obrigado a comer e beber. Quando abandonado sem suprimentos podia deixar sua tumba e vagar como alma errante dando bastante dor de cabeça aos vivos. Esta seria a forma espiritual menos sutil, podendo aparecer aos vivos, falar aos videntes, enviar mensagens, receber os cultos e oferendas, podendo, mediante invocação, realizar determi­nados trabalhos.

3. A alma do coração, o Ba. Embora aparentemente continuasse a viver no túmulo, sua condição era representada na forma de um falcão, podendo voar até o fundo da tumba, levando ar alimentação ao corpo mumificado.

4. O coração, o Ab. A fonte da vida, do bem e do mal, devendo estar ritualisticamente preparado para ser examinado durante o Julgamento. Se ele não fosse cuidado poderia posicionar-se contra o morto em queixas, comprometendo o seu julgamento. Centro da vida pensante e espiritual, a "consciência", revelava tanto os vícios como as virtudes, algo assim como um corpo mental.

5. A sombra, o Khaibit. Não tinha uma definição muito clara, mas estava em conexão com a alma do coração e parecia alimentar-se das oferendas tumulares. Guardava o corpo emocional, os apegos, desejos e paixões que o morto tinha em vida. Para não incorrer no desagrado desta dimensão espiritual, eram feitas as oferendas que mitigassem e aplacassem os desejos, as carências e necessidades que o morto tinha um vida. Era um invólucro de forma espiritu­al.

6. A alma espiritual, o Khu. Um ser etéreo que habitava o corpo espiritual, indestrutível. Não era o espírito mas o espírito da alma, a centelha divina que fornecia energia e habitava a alma, representado em chama.

7. O corpo espiritual, o Sahu. Formava a habilitação da alma e provinha do corpo físico. Sua durabilidade e incorruptibilidade dependia das orações e dos cultos funerários. Unia todos os atributos mentais e espirituais do ser vivo, assim como um fluído que permeava e mantinha coesa a forma física, os sentimentos, os pensamentos e os desejos. Era o Sahu que, integrado ao Ka, realizava tarefas e recebia as oferendas.

8. O poder, o Seklem. Tratava-se da força vital, natural, cósmica, que morava no céu, entre os espíritos, e era o elemento de conexão entre a alma e o espírito, centro da vida pensante e espiritual e que mantinha o indivíduo li­gado ao Universo, à natureza, ao ambiente, à Unidade. Era a vitalidade.

9. O nome, Rhem. Preservar o nome significava a conservação da existência espiritual. A preservação da memória dos mortos era a garantia da espiritualidade. Um dos maiores castigos que se podia infringir a uma pessoa já falecida era apagar o seu nome das estátuas, dos túmulos, condenando-o a uma morte definitiva pelo esquecimento. Isto porque, se o seu nome fosse retirado do culto aos mortos, o defunto nunca seria chamado para o julgamento, para a barca dos deuses, para as oferendas e rituais e para re­ceber as homenagens dos descendentes e da posteridade

Para os egípcios, a frutuosa existência eterna passava-se numa espécie de Campos Elísios, uma forma sacralizada de um Egito ideal. Sua localização podia variar, não havendo uma precisão espacial nas suas diferentes descrições. A morada dos mortos podia situar-se ao Norte, tanto quanto poderia localizar-se acima ou abaixo da Terra.

Em tempos posteriores do Novo Império, a morada dos mortos ficava situada a oeste ou noroeste do Egito, passando por uma fenda nas montanhas da margem ocidental do Nilo.

Uma outra crença colocava os mortos num lugar imaginário, um longo e estreito vale percorrido por um rio de percurso espiral, cercado de vales repletos de monstros e seres perigosos. Esta imprecisão refletia os diferentes níveis espirituais onde os mortos, de diferentes categorias, jaziam. Reinos de trevas ou luz, deuses ou demônios, nas estrelas ou nos subterrâneos, um destino errante na terra convivendo com chacais, devorando carniças e bebendo águas podres: Estas imagens correspondiam aos estágios espirituais de cada morto, a condição de seu sepultamento, ao estado de sua múmia e de sua tumba, de suas estátuas e à preservação de seu nome.

Certas definições estabeleciam verdadeiras geografias do mundo sobrenatural, o Tuat, a partir da ideia da Terra plana, tendo como centro o Egito, rodeado por uma alta cadeia de montanhas. O sol, Rá, nascia de um buraco nesta montanha, e desaparecia por outro situado a oeste do lado de fora das montanhas onde ficava o Tuat.

Além do Outro Mundo existia uma cadeia de altas montanhas e um vale escuro e frio, lugar de medo e horror , cheio de perigos, chamas, va­pores venenosos, terríveis criaturas demoníacas que barravam o caminho das almas e uma serpente gigantesca que tentava eliminar a barca do deus-sol e as almas.

A religiosidade funerária egípcia nunca estabeleceu um modelo fixo do lugar de destino dos mortos. De um lado, foram muitas as situações descritas: na Barca de Rá, no subterrâneo Reino de Osíris, num polimorfo e imaginário Tuat, como uma estrela no céu, como um pássaro.

Por outro lado, as crenças mais difundidas nos cultos aos mortos associavam à múmia uma vida, ou melhor, uma espécie de semivida que dependia dos ritos e oferendas e da manutenção do corpo para continuar vivendo.

Na verdade, a grande concepção religiosa que triunfou na sistematização teológica dos cultos oficiais foi a fusão, a síntese final entre duas divindades opostas: Rá, o deus solar e celestial Osíris, o deus subterrâneo.

Durante o Novo Império, estas duas divindades eram encaradas como emanações de uma mesma unidade principal, como a complementaridade entre a vida e a morte, numa síntese religiosa que marcou o maior período da cultura religiosa do antigo Egito.

Ultrapassar os diferentes estágios da viagem da alma dependia de uma série de conhecimentos, tais como: conservar a memória, lembrar-se do próprio nome e dos nomes secretos dos deuses e das passagens, recitar a declaração de inocência ou a confissão negativa aos quarenta e dois deuses que constituíam o tribunal, evitar uma segunda morte espiritual e, supremo objetivo, o acesso da alma à barca solar, alcançando a eternidade ao lado das divindades, uma tranquila existência no Reino dos Deuses, partilhando suas venturas e imortalidade.

Aquelas almas que não morressem durante a viagem, podiam ser devoradas por Amemet, o monstro devorador dos ímpios e injustos durante um julgamento e pesagem do coração desfavoráveis. A crença na imortalidade da alma ligava-se à ressurreição de um corpo espiritual num outro mundo eterno, livre das penas e pesares da vida, em felicidade e imortalidade, ao lado dos deuses.

Um aspecto deve ser considerado. A atitude diante da morte entre os egípcios era, sobretudo, mágica. O aspecto moral, embora existisse, era relegado diante da possibilidade de acomodar as declarações no tribunal dos mortos.

O coração do morto podia ser compelido, por artifícios, a testemunhar em favor do morto, proclamando-se justo. Não havia nenhuma preocupação de ordem ética ou Heróica da moral no julgamento, nem recompensa espiritual após a morte. Nas confissões negativas de culpa do Livro dos Mortos, o desenlace feliz da alma dependia tanto do respeito a certos tabus como a observância de costumes com interesse social.

Duas imagens se associavam no simbolismo da morte. Uma, de frio e trevas, mundo subterrâneo e adormecimento. Outra, a da grande vitória sobre a morte nas crenças que apontavam um caminho celeste, estelar e solar, claro e aquecido, uma sobrevivência espiritual no espaço superior da alma imortal, ao lado dos deuses.

No caso das crenças religiosas egípcias a síntese teológica Osíris-Rá representou uma fusão que caracterizou estes dois níveis simbólicos, estas duas tradições religiosas, entre a Desordem e a Ordem mitológica e, sobretudo, um novo rumo mais espiritual e de vitória para a alma.

Viver significava prepara-se para um destino final próximo às divindades, a Imortalidade.

Se na dimensão mitológica e poética os mortos tem imagem de sombras, isto não impede a existência do culto aos ancestrais, aos antepassados. Na religião grega familiar os mortos são entes sagrados, denominados de forma respeitosa como os "antepassados bem-aventurados". Os mortos são vítimas consagradas aos deuses infernais e descem aos infernos sem esperança de retorno. Os Tritopatores que são, às vezes, descritos como os gênios dos ventos podem ser considerados também como as almas dos ancestrais, sendo invocados para abençoar as uniões sexuais, pois a concepção é a ligação espiritual com os antepassados.

De um lado, estas crenças nos antepassados, nas ligações entre corpo e a alma, nas manifestações dos mortos, as oferendas funerárias, as invocações dos mortos para proteção da família, para favorecer a fertilidade e colheitas e defesa em caso de guerra, indicam uma forte relação com antigos ritos agrários e de fecundidade, sobrevivendo com as tradições poéticas.

Independente da ideia de preservação do corpo com vistas à situação da alma, é o corpo morto a oferenda principal aos deuses, fosse na inumação como na cremação. Aliás, o que vai ser dito agora é a base de todos os ritos funerários, em qualquer cultura religiosa, porém este sentido oculto frequentemente não é colocado para profanos ou foi esquecido na poeira do tempo.

Seguindo uma determinada organização ritual baseada na hierarquia das oferendas, a primeira, e mais importante, é o corpo morto. Em segundo, os animais sacrificados. Em terceiro, os vegetais (frutos, graus, flores). Em quarto lugar, comidas e bebidas. Em quinto lugar vem os objetos como armas, joias, estátuas, sandálias, etc.
Os gregos da mais remota antiguidade enterravam no chão de seus celeiros grandes jarros contendo grãos, sementes, produtos da terra e também os mortos da família.

O mundo subterrâneo constitui o espaço da morte, dos deuses subterrâneos, onde germinam as sementes e residem os mortos. Esta concepção remetem a crenças de cunho arcaico ligadas à divindade da Terra, Gaia, ligadas às estruturas agrícolas e profundamente enraizadas durante séculos no pensamento religioso.

Na Grécia, a Mãe-Terra Gaia gozou de culto muito espalhado, mesmo após ser substituída por outras divindades: "É a terra que eu cantarei, mãe universal com profundas raízes, avó venerável que nutre em seu solo tudo que existe... És tu que dás vida aos mortais, como és tu quem lhes tiras a vida... Bem- aventurado aquele a quem tu honras com a tua benevolência!".

A terra como divindade é considerada receptáculo de forças cósmicas sagradas, uma fonte inesgotável de formas, representando a inserção do homem no Cosmos, tanto na vida como na morte. Tudo que está sobre a Terra constitui uma grande unidade na estrutura cósmica primordial, assim como suas manifestações: florestas, montanhas, água, vegetação, túmulos e almas. Cabe à Grande-mãe da vida, regeneradora dos ciclos existenciais conservar, após a morte, a pujança da vida espiritual.

Vida e morte significam apenas momentos diversos de um mesmo destino: se a vida é apenas separar-se das entranhas da terra, a morte é o regresso à mãe primordial, um retorno às origens ancestrais. Num período, vive-se em cima da Terra; em outro, embaixo dela. Mas sempre dependentes de Gaia. Esta maneira de ver e crer pode ser observada em praticamente todas as sociedades e culturas religiosas das mais diferentes épocas e locais, com profundas repercussões até os dias atuais.

A construção tumular é importante. A ligação mágica que desperta a "alma" das oferendas é conseguida pelo fogo, defumações, orações, cantos, hinos, lamentações. Este ritual fúnebre, bem executado, tem o poder de remeter tudo, principalmente o morto, para uma dimensão espiritual.

O sepultamento constitui uma forma de culto aos deuses, à Terra e aos elementos ligando a figura da Grande-Mãe que vela, nutre e sustenta, com a imagem da divindade destruidora das formas, o grande veículo de purificação e libertação.

Este mesmo raciocínio pode ter efeito nos ritos funerários, em relação ao fogo, o grande transformador e libertador das formas e da matéria. O fogo aquece, protege, nutre e destrói, purificando e libertando. O corpo é também, neste caso, a oferenda principal. O fogo separa o eterno do efêmero. O fogo reflete a imagem do espírito ígneo que preenche o universo, desfaz as formas, liberta.

Em realidade, temos uma coexistência entre a concepção do Hades, do Tártaro, dos sombrios e infernais mundos das almas e os rituais e cultos dos mortos e antepassados.
(Continua)



















17 de novembro de 2012

TRATADO DE NUMEROLOGIA CABALÍSTICA II

6- Arcano IV
O IMPERADOR

O imperador sentado no seu trono trabalhado na rocha demonstra o reinar sobre o mundo da matéria.

O símbolo de Áries decorado no trono índica a virilidade, o poder sexual. Em mãos um símbolo fálico (cetro) e um uterino (orbe).

Arcano IV é o misterioso e santo Tetragrammaton.

O nome do Eterno tem 4 letras: Iod, He, Vau e He.

Tetragrammaton

Iod é o homem
He é a mulher
Vau é o falo
He é o útero

A Cruz tem 4 pontas, indicando cada um dos elementos:

terra,água, fogo e terra, cruz que devemos lançar sobre as costas, a própria iniciação.

Vemos também 4 animais sagrados tanto da esfinge egípcia quanto na de Ezequiel.

Abaixo, desenho de Eliphas Levi representando a esfinge de Ezequiel.
O leão oculta o enigma do fogo.

O homem oculta o mercúrio da filosofia secreta.

A águia indica o ar.

O touro indica a terra

O evangelho de Marcos é simbolizado por um leão (fogo)

O evangelho de Mateus por um jovem (água)

O evangelho de João por uma águia (ar)

O evangelho de Lucas por um touro (terra)

Os 4 evangelhos simbolizam os 4 elementos da natureza e a realização da grande obra (Magnum Opus).

Temos também as 4 leis do karma que são:
"(...) A lei de ação e consequência governa o curso de nossas variadas existências e cada vida é o resultado da anterior ...".
"(...) Fazes boas obras para que pagues tuas dívidas ..."." (...)Quem tem capital com que pagar, paga e sai bem nos negócios; quem não tem com que pagar, deve pagar com dor ...".
"(...) Para o indigno todas as portas estão fechadas, menos uma: a do arrependimento...Pedi e dar-se-vos-á; golpeai e abrir-se-vos-á."

As 4 verdades budistas são a base de toda a doutrina búdica do Nirvana. Elas são, diz o livro da Prajña-Pâramitâ:

1- A existência da dor
2- A produção da dor
3- A aniquilação da dor
4- O caminho da aniquilação da dor

O que nos faz sofrer senão os próprios defeitos psicológicos que carregamos dentro? O ego animal, o falso eu é a causa de toda dor.

A soma dos ângulos de qualquer figura que tenha 4 lados é sempre 360 graus.

Cabalisticamente temos:

3+6+0= 9.
Nome é o número da alquimia sexual, dos escolhidos, dos 144mil imaculados (1+4+4+0+0+0= 9)
que diz o livro do apocalipse.

(Falaremos detalhadamente no Arcano IX)

Letra hebraica: Heh
Som relacionado: Dó maior
Décimo quinto caminho, de Tiphareth a Hocmah

O décimo quinto caminho é a Inteligência Constituinte, ela constitui a substancia da criação na completa escuridão.

Características positivas: Realização, Efeito,Desenvolvimento, Estabilidade, Honestidade, Apoio,Organização.

Características invertidas: Bloqueio, Impedimento,Imaturidade, Falta de energia, Indecisão, Incompetência, Limitação


7- Arcano V

O HIEROFANTE

Sentado num trono que fica entre dois pilares dos opostos, o hierofante faz o sinal da benção e da suprema autoridade com sua mão direita, na mão esquerda empunha a cruz patriarcal dos quatro elementos.

Vestido com vestes de um supremo pontífice, tem diante de si dois padres ajoelhados, simbolizando as naturezas intelectuais e de desejo do homem.

Estudando o pentagrama analisaremos o homem que se levanta da trilha espiritual.

Vemos a semelhança das pontas da estrela com braços, pernas e cabeça.
O inverso, o pentagrama de cabeça para baixo, é símbolo da magia negra, indicando que o homem está direcionando sua cabeça ao abismo.

É a própria caída do homem na ilusão da matéria e na perdição espiritual.

“Como caíste tu do céu, estrela brilhante, que eras tão esplêndida em teu nascimento”. (Isaías 14.12)

A Torá do Antigo Testamento
é constituída do Pentateuco, os cinco livros de Moisés.

Jesus com cinco pães alimentou quatro mil pessoas.

Cinco cruzes são gravadas nas pedras dos altares como lembrança dos cinco estigmas.

Para os autores medievais que tratam da simbólica, os cinco sentidos do homem se refletem nas cinco pétalas de inúmeras flores.

Letra Hebraica: Vav
Som Relacionado: Dó sustenido

Décimo sexto caminho: De Chesed a Hokmah

O décimo sexto caminho é a Inteligência Triunfal ou eterna, além da qual não existe outra glória igual a ela, que também é chamado de Paraíso preparado para os justos.

Características positivas: Misericórdia, Beneficência, Bondade, Gentileza, Poder Espiritual, Espiritualidade, Novos aprendizados, Justiça, Inteligência analítica, Dever moral,Convencionalismo, Liderança Espiritual.

Características invertidas: Fraqueza, Generosidade tola, Vulnerabilidade, Fragilidade, Irracionalidade, Projetos retardados,Calunia, Revolta.


8- Arcano VI
OS AMANTES

Na ilustração de um homem e uma mulher nus representam a alma masculina que é a alma humana (Copo Causual ou Manas Superior) e a alma espiritual que é feminina (Corpo Búdhico ou Budhi), pertencentes à Atman (o Espírito, o próprio Pai) que são advindas da Mônada, cada individuo tem 7 corpos (ver detalhadamente em Arcano VII).

O Anjo caracteriza o Atman em presença de sua alma masculina e feminina. Para fazer o ‘‘casamento’’ dessas almas deve-se subir a kundalini do corpo budhico e a do corpo causal, a cerimônia ocorre nos mundos internos como uma cerimônia iniciática.

‘‘Quando transformardes o masculino e o feminino em um só, de forma que o masculino não seja masculino e o feminino não seja feminino,... Então entrareis no Reino de Deus.’’ (Evangelho de Tomas)

''Por isto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher;e os dois serão uma só carne. Assim, já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.'‘ (Mateus,C.19,V 5 e 6)

A árvore da alegoria de Adão e Eva, atrás da mulher e atrás do homem uma árvore em chamas, símbolo da natureza intelectual espiritual. A montanha no indica ascensões mais elevadas que o par deve alcançar, representa também a própria montanha iniciática.

Vemos o arcano 6 no sagrado símbolo O SELO DE SALOMÃO que é dado ao Iniciado que passa por provas muito difíceis no astral. Estudemos o símbolo:

Notamos 3 pontas para cima somado as 3 pontas para baixo, dando como resultado 6.

O triângulo voltado para cima representa a trindade Superior: Pai, Filho e Espírito Santo.

O triângulo voltado para baixo representa os 3 traidores: demônio do desejo( do corpo astral), demônio mental( do corpo mental) e desejo da má vontade( corpo causal).

''E vi sair da boca do Dragão, da besta e da boca do falso profeta, três espíritos imundos (ego do corpo astral, mental e causal), semelhantes a rãs.” (Apocalipse, cap. 16 V)

No Arcano 6 está a escolha individual de servir ao Pai ou ao ego animal.

Inúmeras vezes na nossa caminhada espiritual nos encontramos diante de situações das quais não temos nenhuma firmeza de decisão, para optarmos. Ai ficamos cara à cara com o Arcano 6, conhecido também como ‘‘ A Indecisão’’.

Ficamos entre trilhas que podem ter grande interferência no nosso trabalho Interno, como relações amorosas, profissionais,condutas sociais e morais, e ate mesmo entre a estrada do acerto e do delito, mediante o livre-arbítrio da alma .

Pode haver dúvida e desespero a domar, tirando a lucidez e calma do caminhante.

Bhagavad Gita Cap.I:

Diz Arjuna a teu mestre:
''As minhas pernas tremem, os meus braços não me obedecem; a minha face está em agonia; a febre queima-me a pele; os pensamentos se confundem no meu cérebro;todo o meu corpo está em convulsões de horror; o arco cai das minhas mãos.''
Cap II

1.Krishna, cheio de amor, piedade e compaixão, disse a Arjuna, vendo a sua tristeza e as lágrimas nos seus olhos:

2.''Donde te vem, ó Arjuna, esta pusilanidade? Esta fraqueza, indigna de um homem, faz-te infeliz, pois te fecha as portas do Céu.

15.O homem que não se deixa mais atormentar pelas coias-que se conserva firme e inabalável no meio do prazer e da dor ,- que possui a verdadeira igualdade de ânimo: esse,crê-me, ENTROU NO CAMINHO QUE CONDUZ À IMORTALIDADE.’’

Precisamos consultar auxílio divino como fez Arjuna, em especial ás Divindades Internas.

Façamos nossas orações, meditemos, jejuemos, pediremos ao Pai que nos mostre em nossos sonhos o que devemos escolher,qual caminho seguir.

É importante ficarmos atentos a cada momento do dia, nos mínimos detalhes O sentiremos, O perceberemos que Ele está a nos falar.

Letra Hebraica: Zain
Som relacionado: Ré maior
Décimo sétimo caminho, de Tiphareth a Binah

O décimo sétimo caminho é a Inteligência da Eliminação, que proporciona Fé aos justos, que são revestidos por ele com o Espírito Santo

Características positivas: Sábias disposições, Provações, Tribulações vencidas, Momento de escolha, Liberdade, Confiança, Beleza, Perfeição, Renuncia de prazeres, Otimismo.

Características invertidas: Planos imprudentes, Falha ao ser posto á prova, Insatisfação, Separação, Tentações perigosas


9- Arcano VII

O CARRO

Numa armadura um guerreiro real viaja puxado por duas esfinges, uma escura e a outra branca, indicando as polaridades masculino e feminino, também pode ser entendido como as paixões que devem ser domadas com o bastão em mão, o bastão da vontade.

As muralhas ao fundo mostram que deixou para trás o mundo da forma para conhecer novas regiões (espirituais).

No arcano 7 o iniciado recebe a Espada flamejante nos mundos internos.

No jardim dos prazeres da Alquimia encontramos a palavra VTRIOL (contem 7 letras), que vem a ser um acróstico da frase: Visita interior à terra e ‘rectificatur invenies ocultum lapidum’ (Visita o interior da terra o qual retificando encontrarás a pedra oculta’).

Em seu livro Testamentum, Basílio Valentin assinala as excelentes propriedades e as raras virtudes do Vitriolo:

“É um notável e importante mineral a que nenhum outro na natureza poderia ser comparado, porque o Vitriol se familiariza com todos os demais metais mais que todas as demais coisas. Alia-se intimamente com ele, pois de todos os demais metais pode obter-se um vitriol ou cristal, já que se conhecem como uma só e a mesma coisa.

O vitriol é preferível aos outros minerais e deve conceder-se-lhe o primeiro lugar depois dos metais. Pois embora todos os metais e minerais estejam dotados de grandes virtudes, o vitriol é o único suficiente para fazer-se a Bendita Pedra, o que nenhum outro no mundo poderia conseguir por si só. A este propósito digo que é preciso que imprimas vivamente este argumento em teu espírito, que dirijas por inteiro teus pensamentos ao vitriol metálico e que recorde que confiei-te este conhecimento, de que se pode de Marte (homem) e Vênus(mulher) fazer um magnífico vitriol, no qual os três princípios se encontrem e que servem para o nascimento e produção de nossa Pedra” (Moradas Filosofais. Págs. 483 e 484).

Na terra filosófica (organismo humano) encontraremos a pedra filosofal (sexo).Quando Jesus disse a Pedro: ‘‘ Pedro tu és pedra’’, como grande alquimista e ocultista que Jesus é, quis dizer Ele, que Pedro tinha o segredo da pedra filosofal, o próprio nome Pedro tem origem do nome pedra. E quando disse Jesus: ‘‘Sobre esta pedra erguei a minha igreja’’, quis dizer Ele que a base de sua igreja deveria ser a Alquimia Sexual. São Pedro tem a chave do céu, do paraíso, e a chave é a Alquimia Sexual.

Vemos que Constantino junto dos cleros utilizam a interpretação literal deste trecho bíblico para dar sustentação e criação da Igreja Católica, que não fez outra coisa senão adulterar a doutrina de Jesus afim de dar apoio aos dogmas para manter a integridade da igreja e assim fortificar o império romano que estava em crise.

As 3 maiores pirâmides do Egito significam as 3 montanhas iniciáticas (ler a obra ‘‘As 3 Montanhas’’ de Samael Aun Weor).

PRIMEIRA MONTANHA
No início tem de se erguer 7 kundalinis.(uma kundalini para cada corpo: 1-físico, 2- etérico, 3- astral, 4-mental, 5-Causal, 6- Budhico e 7-Atman). Assim encarnamos nosso Íntimo e criamos os corpos de FOGO.

SEGUNDA MONTANHA
Os corpos de fogo morrem para se erguer outras 7 kundalinis e formar os corpos de OURO. Assim encarnamos o nosso Cristo, o Pai, nosso Deus Interno. Poucos O encarnaram. Jesus encarnou o Cristo, seu Pai interno, na segunda montanha iniciática.

TERCEIRA MONTANHA
Os corpos de ouro morrem para se erguer novamente 7 kundalinis e formar os corpos de LUZ. Assim nos libertamos, voltamos a Mônada. E cada pirâmide representa os 7 corpos e suas respectivas kundalinis que o iniciado deve erguer com a Alquimia Sexual. Vejamos:


1 – CORPO ATMICO
É o Corpo onde reside a Mônada humana (centro de força do Logos), nosso Deus Oculto que nos dá a Vida e a Autoconsciência.

2 - O CORPO BÚDICO
A palavra buddhi vem do sânscrito e traduz-se por sabedoria. Este é o corpo da Sabedoria divina, da intuição, dos lampejos divinos e dos sentimentos superiores. É a contraparte superior do Corpo Astral ou Emocional. É a sede do Amor Incondicional pelo Criador e pelo próximo, da Renúncia, do Perdão, da Pureza, da Síntese, da Unidade.

3 - O CORPO MANÁSICO OU CORPO MENTAL SUPERIOR OU CORPO CAUSAL
É o corpo da nossa Mente Abstrata, que pode ligar-se à Fonte Suprema e captar diretamente o Conhecimento Universal, sem esforço intelectual de qualquer natureza.

Neste corpo atuam os Mestres, filósofos e gênios que trazem novas revelações ou novos aspectos da Verdade Universal à Humanidade. A prática da meditação é a principal porta de acesso a este corpo. Neste corpo reside o nosso Anjo Solar, ou nosso Mestre Interno, ou nosso Eu Superior.

4 - O MENTAL CONCRETO OU CORPO MENTAL INFERIOR
É o veículo do pensamento. Com uma estrutura mais sutil e menos definida, ele contém nossos processos mentais, nossas ideias e geralmente aparece aos videntes na forma de uma auréola dourada. Este corpo possui 7 subdivisões.

Estas subdivisões ou subplanos inferiores constituem propriamente o MENTAL INFERIOR, que é dissolvido em cada encarnação, enquanto que as três subdivisões superiores constituem o imortal MENTALSUPERIOR ou CORPO MANÁSICO.

Ali residem os pensamentos nossos de cada dia, ou seja, as preocupações, o raciocínio prático, lógico, analítico, egoísta,calculista, enfim o tipo de pensamento que gera carma e mantêm-nos afastados de TRÍADA SUPERIOR. A sua contraparte superior é o CORPO MENTAL SUPERIOR (Mental Abstrato, ou Corpo Causal, ou Corpo Manásico).

5 - O CORPO ASTRAL
O Corpo astral interpenetra o corpo etérico. É o veículo das emoções, desejos e paixões; corresponde exatamente à matéria física que a interpenetra, cada variedade de matéria física atrai matéria astral de densidade correspondente. Tem a forma ovoide e é constituído de radiações coloridas que os videntes descrevem quando observam a aura. Nos homens mais primitivos sua constituição áurica é grosseira.

É a sede dos instintos, das emoções fortes, desejos e paixões. O amor terreno que vibra egoisticamente, com necessidade de posse,ciúmes, autopiedade, etc, tem origem nesse corpo. À medida que evoluiu e seus sentimentos começam a se expressar nos subplanos superiores, o indivíduo sublima este corpo e começa a ligar-se à sua contraparte superior, ou Corpo Búdico (ou Corpo Intuicional,ou Corpo Crístico), sede do Amor Universal incondicional.

6 - O CORPO ETÉRICO
É o veículo do prana, da força vital universal (o Ki do ReiKI). Este corpo absorve o prana ou vitalidade e o distribui pelo corpo físico. É a ponte entre o corpo físico e o corpo astral, transmitindo a consciência dos contactos e as sensações físicas ao corpo astral. Inversamente, também transmite a consciência astral e dos corpos superiores ao cérebro físico e ao Sistema Nervoso.

7 - O CORPO FÍSICO
Serve para nos manifestarmos no plano tridimensional, chamado comumente plano denso, que é onde a matéria tem sua completa manifestação. É claro que este veículo é adaptado para este plano físico. Ele é o laboratório, através dele poderemos trabalhar nossa evolução.

Temos 7 gênios planetários no nosso sistema solar, Mônadas de alta hierarquia: Gabriel (Lua); Raphael (Mercúrio); Uriel (Vênus); Michael (Sol); Samael (Marte); Zachariel (Júpiter); Orifiel (Saturno);

Talismãs para trair forças planetárias :Sol – Ouro Lua - Prata

Marte – Ferro
Vênus – Cobre
Mercúrio – Azougue
Júpiter – Estanho
Saturno – Chumbo

Devemos transmutar os 7 vícios ou pecados capitais, que representam as 7 cabeças da hidra que Hercules cortou :
Orgulho: Fé solar e humildade de Cristo
Avareza: Esperança e altruísmo
Luxúria: Castidade
Cólera: Amor
Preguiça: Prudência
Gula: Temperança
Vaidade: Simplicidade

Conhecemos também os 7 selos de São João, do Apocalipse.

Falta apenas o sétimo para ser lacrado, que se caracteriza pela chegada de Hercólubus, a catástrofe final (ver na obra Enteléquia).

7 cores tem o prisma: as mesmas do arco íris (Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou indigo) e violeta).

São 7 trombetas apocalípticas.

São 7 livros que constituem o Antigo Testamento.

São 7 véus de Isis

Significado das cores:
Vermelho: libertação das paixões e vitória do amor
Laranja: libertação da raiva e dos sentimentos de ira
Amarelo: libertação da ambição e do materialismo
Verde: saúde e equilíbrio do corpo físico

Azul : encontro da serenidade
Lilás: transmutação da alma, libertação da negatividade
Branco: pureza, encontro da Luz.

O templo de Salomão foi construído em 7 anos.

Ao lado, os dois pilares do Templo de Salomão (Jachin e Boaz). Entre ambos, os 7 pilares do tabernáculo, representando os sete planetas (gravura rosacruz).

Temos 7 dias na semana. No sétimo dia Deus descansou (dito alegórico).

A oração do Pai Nosso ensinada pelo Mestre Jesus contem 7 preces sagradas.

É dado a cada planeta 7 raças-raiz para atingir a evolução planetária, no planeta Terra segue (Detalhes no livro Enteléquia):
1 raça-raiz: Protoplasmática
2 raça-raiz: Hiperbórea
3 raça-raiz: Lemuriana
4 raça-raiz: Atlante
5 raça-raiz: Ária, a atual.
6 raça-raiz: futura raça
7 raça-raiz: depois da sexta


Cada Raça-raiz divide-se em 7 sub-raças-raiz, cita sobre as sub-raças da atual raça-raiz (Ária):

‘‘ A primeira sub-raça se desenvolveu no Planalto Central da Ásia,de forma mais concreta na região do Tibet, e teve uma poderosa civilização esotérica.

A segunda sub-raça floresceu no sul da Ásia, na época pré-védica,e então foi conhecida a sabedoria dos Rishis do Hindustão, os esplendores do antigo Império Chinês etc.

A terceira sub-raça se desenvolveu maravilhosamente no Egito (de direta ascendência atlante), Pérsia, Caldéia etc.

A Quarta sub-raça resplandeceu com as civilizações da Grécia e de Roma.

A Quinta foi perfeitamente manifestada com Alemanha, Inglaterra e outros países.

A Sexta resultou da mescla dos espanhóis com as raças autóctonesda Indoamérica.

A sétima está perfeitamente manifestada no resultado de todas essas mesclas de diversas raças, tal como hoje o podemos evidenciar no território dos Estados Unidos.’’

Na China, enquanto número ímpar, o sete está associado ao princípio masculino, yang, mas representa a sucessão de anos da vida da mulher: ao cabo de 2 x 7 anos começa “a vida yin”(primeira menstruação), que termina após 7 x 7 anos(menopausa). O quarenta e nove (7 x 7) aparece também no culto aos mortos, pois a partir do sétimo dia do falecimento e até o quadragésimo nono, eram feitas festas de oferecimentos em memória do defunto.

A série de sete planetas é, na China, menos tradicional que a série mais antiga que comporta apenas os cinco planetas e à qual se atribui influência indiana. Aqui no ocidente é bem popular a missa do sétimo dia.Entre os judeus, o setenário oriental se manifesta no candelabro com sete braços (a Menorá) que remete à divisão das quatro fases da revolução lunar (28 ÷ 4 = 7).

(Continua)

A ÁRVORE DA VIDA - Um Estudo Sobre Magia XIII


Capítulo VIII

Em sua introdução aos Aforismos de Yoga de Patanjali, William Q. Judge afirma que os antigos sábios hindus conheciam o segredo do desenvolvimento da vontade, e como aumentar dez vezes tanto sua potência quanto sua eficiência. Esse segredo das eras, a ampliação do poder da vontade e da sabedoria jamais foi perdido. A vontade para o aprendizda teurgia divina é o fator primordial na produção de quaisquer alterações espirituais a que ele se proponha, e conseqüentemente qualquer coisa que tenda a aumentar esse potencial e despertar suas possibilidades latentes, transformá-lo numa força irresistível absoluta capaz de ser conscientemente manipulada, pertence à natureza de uma bênção transcendental.

A vontade não é boa nem má; é tão-somente poder e vitaliza todas as coisas igualmente. Há várias sugestões propostas por Lévi em seu Dogma e ritual de Alta Magia, algumas das quais são as seguintes:

"Se ireis reinar sobre vós mesmos e os outros, aprendei como querer... Como podemos aprender a querer?... Observâncias que são aparentemente as mais insignificantes e em si mesmas estranhas ao fim a que se propõem, conduzem, contudo, a esse fim mediante a educação e o exercício da vontade... O homem pode ser transformado pelo hábito, o qual, segundo o adágio, torna-se sua segunda natureza.

Por meio de exercícios atléticos persistentes e gradativos, a energia e a agilidade do corpo são desenvolvidas ou criadas num grau espantoso. O mesmo ocorre com os poderes da alma. A essência de suas sugestões, que só pode impressionar pela sua sensatez, corresponde a isto. Por meio de um ascetismo conscientemente imposto, negando-se a si mesmo durante o treinamento certas coisas normalmente consideradas necessárias, para aprender em suma a arte da autoconquista e como viver, é-se livrado das vicissitudes do eterno fluxo e refluxo que é a vida, e obtém-se uma vontade altamente treinada. É imperativo que as palavras "ascetismo auto-imposto sejam notadas e que precedam a frase "durante o treinamento; isto é de extrema importância como a chave de abertura aos Portais da Vontade.

Antes de pronunciar esse enunciado vale refletir em como pode ser chamado de "autonegação aquilo que nega apenas o não-eu das coisas pelas quais se anseia para abrir aquelas trevas cegas à luz da vontade verdadeira, a visão interior e o eu real. Esse último não é negado em absoluto. São unicamente os desejos de Ruach, essa entidade cujo egoísmo muda com o passar de cada hora, que são negados e disciplinados de modo a torná-lo um instrumento útil através do qual o Santo Anjo Guardião e seus pares podem trabalhar sem restrições e retardamentos inúteis.

O fator digno de nota nesse sentido é que o voto de ascetismo tem que ser mantido em seu devido lugar. Esse voto deve ser assumido para uma finalidade bem definida e claramente compreendida além da qual não se deve jamais permitir desviar-se. Havendo desvio, tudo estará perdido. Quando o voto realmente ultrapassa os confins da intenção premeditada, o ascetismo como a extrema voluptuosidade é um vício desordenado, pertencente às tendências sutis do ego e, por conseguinte, decididamente para ser desestimulado e suprimido. Há críticos que afirmam ser o ascetismo uma forma de egoísmo e egocentrismo. Quando essas críticas severas são dirigidas apenas àqueles que dele abusam, aqueles que considerariam suas negações e seus flagelamentos flagrantemente públicos como supremas virtudes e que obtêm muito prazer quando seu vício é aclamado em público, a acusação é correta. Mas não em caso diverso.

Que se entenda que o ascetismo não é um vício ou uma virtude, tal como a própria vontade não é boa nem má. Não possui em si mesmo mérito de espécie alguma exceto ser uma matéria de conveniência para quem quer que seja que o abrace com a finalidade de treinamento. Tal como no treinamento de um boxeador, por exemplo, intemperanças como beber e fumar são escrupulosamente eliminadas da lista das tolerâncias em relação a ele, negações nas quais obviamente não se pode imputar nenhuma virtude moral, o mesmo ocorre com o ascetismo que o teurgo assume para si mesmo. O ascetismo ao qual a magia se refere e do qual Lévi fala é algo inteiramente diferente do vício egotístico ordinário, já que tem como seu objetivo precisamente o fortalecimento da vontade e a abnegação mística desse ego. É esse falso ego ao qual o egoísta e o pretenso asceta em nome apenas se prendem tão devotadamente, a despeito de ser para seu eterno detrimento, e que o mago procura oferecer em sacrifício de maneira que o Espírito Santo descendo sobre o altar em penetrantes línguas de fogo possa consumir a oferenda e nele viver para sempre.

Referindo-se aos mistérios de outrora, Lévi observa que quanto mais terríveis e perigosos eles fossem, quanto mais severos fossem os rigores que impunham, maior seria sua eficiência. Assim é com esse ascetismo. Quanto maiores as negações da personalidade, quanto mais necessidades intemperantes são removidas do modo costumeiro de vida, maior a aquisição da força de vontade e mais fácil realmente se torna destruir os laços egóicos. Ainda assim, o ascetismo não deve ser tão terrível a ponto de danificar os instrumentos com os quais o mago é obrigado a trabalhar. O astrônomo não destrói seu telescópio num acesso de ira cega. Cortar a garganta para ofender o próprio cérebro é uma insanidade e é completamente estúpido. Se o aspirante estiver predisposto a ceder a disparates desse tipo, melhor será para ele abster-se totalmente da magia e permanecer junto ao calor e quietude da lareira de sua sala de estar.

Uma técnica extremamente eficiente foi desenvolvida por um mago contemporâneo*, um sistema sumamente prático isento de todas as desagradáveis implicações e tendências morais dos sistemas mais antigos. De acordo com esse sistema**, a técnica é de tal modo arranjada de maneira a cobrir o campo todo da ação, discurso e pensamento humanos, sendo, portanto, aplicável à constituição humana inteira. Na base, está de acordo com a concepção geral do ascetismo de que uma certa ação, palavra ou pensamento, que se tornou habitual e uma parte de Ruach, deve ser negado, por exemplo, o voto de por um período provisório de digamos uma semana abster-se de cruzar as pernas sobre o joelho ao sentar, ou talvez tomar a decisão de não erguer a mão esquerda até a cabeça ou o rosto. A grande vantagem desse sistema é que inexiste pendor moral nessas sugestões. Não é virtuoso abster-se de cruzar as pernas sobre o joelho ou não tocar o rosto com a mão esquerda. Assim o operador é liberado da tendência de fazer de seu ascetismo uma tola virtude.

É necessário observar, ademais, que não há a sugestão de aplicar o princípio ascético nesse esquema ao que se denomina comumente mau hábito, como fumar, beber ou blasfemar. Fazê-lo seria convidar certos indivíduos a considerar sua abstinência de fumar ou beber uma virtude, a ser grandemente louvada, em lugar de compreender que a negação é simplesmente uma questão de conveniência e treino, uma idiossincrasia pessoal à qual nenhum crédito ou culpa podem ser vinculados. Uma postura inteiramente impessoal de imparcialidade deve ser mantida e a aplicação do esquema é necessária àquelas ações, palavras e pensamentos aos quais é plenamente impossível atribuir um valor moral. É inconcebível que o leitor inteligente faça uma virtude do fato de abster-se de cruzar a perna sobre o joelho ou de ocasionalmente não tocar a cabeça com sua mão esquerda. Tal postura, absolutamente essencial, deve ser cultivada em qualquer ramo da magia.

Ora, para cada transgressão do voto ou juramento de abster-se de um certo procedimento um certo castigo deve ser infligido. É nessa disciplina que a vontade conquista seu treinamento e força. Por exemplo, suponha-se que o operador fez um juramento mágico de abster-se durante um período de quarenta e oito horas de cruzar a perna esquerda sobre o joelho direito ao se sentar. Num momento de distração, pode ser que o mago cometa a ação proibida. Essa transgressão deve ser punida, de maneira a produzir uma impressão profunda e duradoura na mente, com um corte no braço feito por uma navalha. A ação interditada é assim gravada no antebraço com um talho penetrante para auxiliar a memória preguiçosa.

Na segunda seção relativa ao discurso, alguma palavra freqüentemente utilizada no discurso diário como "eu ou "e ou qualquer outra expressão corrente no falar usual do mago deve ser interditada durante um período de vários dias, uma semana, ou meses, conforme o caso. No desenrolar desse período ou a palavra é inteiramente omitida, ou alguma outra palavra é empregada em seu lugar. Um certo pensamento que seja impessoal e isento de tendência moral é o tema da última seção quando se adquiriu suficiente competência e já se tirou proveito das duas seções anteriores. Em todo caso de esquecimento o castigo e penalidade é um corte pronunciado no braço.

Essa última seção tem implicações de grande envergadura, particularmente no que diz respeito ao treinamento da mente. Se alguns pensamentos foram proibidos de ingressar através dos portais não vigiados da mente e alguma habilidade foi obtida em fazer valer essa decisão, será necessário um prolongamento adicional da prática para fechar os portais e barrar todos os pensamentos de qualquer tipo que sejam da mente. Desse modo, alcança-se o objetivo idêntico da ioga: o esvaziamento pela vontade de todo o conteúdo da mente.

E agora consideremos o resultado dessa técnica disciplinar. Acima de tudo, nenhuma questão arbitrária de ética ou moral entra nessa técnica de ascetismo. Trata-se simplesmente de uma forma elaborada de treinamento atlético, por assim dizer. O corpo não é torturado com base no princípio ordinário e conforme o costume usual de que a alma eterna pode viver e encontrar bem-aventurança em sua libertação do corpo. Essa postura não leva em conta que se o ascetismo é um estágio na jornada da alma rumo ao seu ideal, caso seja conduzido a extremos é ao mesmo tempo uma recusa cega da nutrição de que essa jornada necessita para ser sustentada.

O princípio radical que envolve a prática dos faquires que dormem sobre leitos de pregos ou arame, mantendo seus braços eretos pelo período inteiro de suas vidas, dilacerando carne viva de seus corpos submetidos a longo sofrimento, tudo isto é repreensível do ponto de vista do teurgo e se opõe cabalmente em princípio ao método esboçado acima. O corpo não é uma coisa do mal; definimos anteriormente corporeidade e espiritualidade como graus distintos de uma substância divina. Todos os veículos do espírito são instrumentos através dos quais ele pode atuar, obter experiência e atingir um conhecimento de si mesmo, e embora em assuntos pertinentes à comunhão celestial alguns se limitem a ser um estorvo se não forem treinados, a observação simplesmente demonstra a necessidade de treinamento e não de destruição cruel e sem sentido.

Mediante a técnica de ascetismo da teurgia se decide simplesmente a lograr um controle consciente sobre certos aspectos da organização física e mental, e esse controle tende à aquisição de um enorme aumento de potencial de vontade. O corte do braço produz um pouco de dor, é verdade, embora essa dor seja útil e necessária para estabelecer certas correntes nos centros de inibição do cérebro ou mente, as quais produzem a instalação de uma curiosa vigilância por parte da vontade, um fluxo inconsciente livre de força de vontade que está continuamente presente e pronto para executar os desejos do mestre. Descobrir-se-á no caso de uma decisão tomada de não cruzar as pernas que ao "bater papo casualmente com um grupo de pessoas e numa condição de completo esquecimento do juramento, qualquer tendência automática das pernas de repetir instintivamente o hábito ao qual foram acostumadas há muito tempo será imediatamente detectada pela vontade antes que o ato proibido seja mesmo meio completado e a tendência será interrompida em seu início.

Tem sido observado repetidas vezes que precisamente quando as pernas estão na iminência de se cruzarem, mesmo durante o sono mais profundo quando o corpo produz movimentos espasmódicos automáticos, a vontade operando a partir dos centros inibitórios da mente faz lampejar uma advertência espontânea que resulta no impedimento da ação. Se adormecido, ocorre um despertar imediato com total consciência do ato pretendido. Ao menos, essa é a base lógica que prevalece depois de o operador ter falhado cerca de uma dúzia de vezes e quando seu antebraço se tornar belamente adornado por uma quantidade igual de cortes. Sucede particularmente isso no caso da proibição da palavra "eu que se pode bem usar como objeto da prática.

Normalmente, somos tão pessoais e tão apegados a todas as coisas egoicamente que nas conversas ordinárias mantemo-nos mais interessados em falar de nós mesmos, e as frases "Eu fiz isto, "Eu fiz aquilo entram mais no discurso do que quaisquer outras. Conseqüentemente, no início, quando os benefícios do silêncio criterioso são, de maneira muito enérgica, transmitidos à personalidade, o braço não sofre pouca coisa. Pode ser até necessário recorrer à decoração de ambos os antebraços até o ego rebelde e sua voz responderem ao treinamento, decidindo-se a obedecer incontinenti aos ditados da vontade.

A conseqüência é óbvia. À medida que o tempo progride através dessa técnica, o mago realiza duas coisas separadas, ambas aspectos importantes da Grande Obra. Uma vigilância perpétua que se avizinha de uma corrente sumamente poderosa de força de vontade foi gerada. Isso, desde o início, tende a conduzir as atividades multifárias do ser humano ao controle consciente da vontade. Se, como o Abade Constant observou, as operação mágicas são o exercício de um poder que embora natural é superior às forças comuns da natureza, esse poder sendo o resultado de um conhecimento e uma disciplina que exaltam a vontade além de seus limites normais, então essa prática preenche da maneira mais concebível todos os requisitos que até mesmo ele teria dela exigido. E a vantagem disso para o neófito que fez o voto a si mesmo da consecução de nada menos do que o Conhecimento e conversação do santo, o anjo que o guarda, não pode ser superestimada. Em suas mãos é colocado um tremendo poder de vontade, de significação espiritual e de aplicação inconcebivelmente criativa.

O segundo aspecto da realização é que não apenas o mago se descobre a si mesmo de posse de uma vontade ampliada como também o próprio Ruach, todas as faculdades compreendidas no ego anteriormente tão problemáticas e carentes de concentração gradualmente, graças à vontade dinâmica e à contração proveniente da dor corpórea, colocam a si mesmas sob controle. O praticante terá sobrevivido ao horror e desagrado iniciais de infligir esse leve castigo ao seu braço, vendo seu corpo pela primeira vez em seu devido lugar, como um servo a ser empregado e comandado e cujas recusas rebeldes a acatar ordens emitidas por uma fonte superior são severamente reprimidas e penalizadas. Espera-se sinceramente que a base dessa técnica não seja tão mal compreendida a ponto de fazer surgir observações grosseiras com relação a Hatha Yoga ou ao masoquismo. Não há prazer algum em cortar o braço com uma navalha; desse fato unicamente o leitor pode estar inequivocamente assegurado.

Tal vontade pode tornar-se uma força tão poderosa pela disciplina e treinamento que nas instruções acrescidas a uma recente versão de uma invocação, o editor sugeriu que a vontade fosse formulada no mundo criativo sob a forma de um bastão mágico, seu verdadeiro símbolo, ou um feixe luminoso brotando numa linha reta e perpendicular do mago na direção e para dentro do infinito. Essa observação sugere que longe de ser uma impalpabilidade metafísica intangível, uma incoerência, o que é geralmente o caso com o indivíduo médio, para o mago a vontade é uma definida força espiritual controlável, que como todas as demais faculdades da alma, pode ser empregada por seu senhor e mestre.

Há ainda um outro método de treinamento da vontade. Embora pertença de direito aos processos da ioga, sua importância não pode ser superestimada. Trata-se daquele ramo da ioga de oito membros que é chamado de Pranayama, uma prática que proporciona a quem quer que a exerça uma colheita tripla. Em primeiro lugar, a absorção de grandes quantidades de oxigênio e prana tem um efeito indiscutível nas glândulas endócrinas. É incontestável que particularmente as glândulas intersticiais recebem um estímulo tremendo. Conseqüentemente, de um ponto de vista puramente físico, a inteira personalidade é inundada por uma riqueza de energia criativa destinada a reagir favoravelmente, quando preservada, sobre a mente, a vontade e todos os outros aspectos da constituição humana. Na verdade, pode-se chegar ao ponto de afirmar que essa energia criativa, física como possa parecer, colabora para formar a base da visão espiritual.

Em segundo lugar, em sua Raja Yoga, o falecido Swami Vivekananda fornece uma admirável explicação do efeito da respiração rítmica regulada, que fortalece e estimula a vontade até uma concentração formidável de força. Em síntese, sua teoria é a de que se fazendo todas as células de um ser vibrar em uníssono, uma poderosa corrente elétrica de vontade é estabelecida no corpo e na mente. E o meio para estabelecer essa vibração em uníssono é uma aspiração e exalação rítmicas do alento.
Ignorando, para efeito de argumento, a teoria de que o Pranayama detém efetivamente o efeito delineado no parágrafo anterior e suspendendo o exame de qualquer teoria mística, há ainda um outro resultado que não pode ser posto em dúvida por ninguém. Qualquer indivíduo que tenha tentado o Pranayama mesmo por apenas alguns momentos entenderá imediatamente o que significa.

Poder-se-ia dificilmente imaginar algo mais tedioso, laborioso e penoso do que esse simples conjunto de exercícios, pois o mago senta-se sossegadamente duas ou três horas durante o dia por um período de, digamos, três ou quatro meses na tentativa de respirar num ritmo regular e calculado, simplesmente observando com cuidado a inalação e exalação do fluxo do alento, é uma das mais árduas tarefas que a imaginação pode conceber. Exige o exercício da força de vontade máxima e uma resolução inabalável para continuar. Ao fazer isto, o indivíduo é levado de maneira incisiva a encarar a inércia e lassidão do corpo, necessitando-se não pouca austeridade, autodomínio e uma força de vontade inflexível para persistir na tarefa em relação à qual ele celebrou um voto.

Caso o praticante não tenha obtido qualquer resultado daqueles descritos nos livros técnicos, tais como a desaceleração do movimento da mente ou a ocorrência de várias alterações psicofisiológicas, terá, ao menos, ganho um incalculável aumento de força de vontade e uma firmeza invencível de propósito por ter treinado a si mesmo na superação da indolência das condições corporais, a inércia mental e a oposição ao treinamento.

"Aprender o autodomínio é, portanto, aprender a viver, e as austeridades do estoicismo não eram vã gabolice de liberdade... Resistir à natureza e sobrepujá-la é atingir para si mesmo uma existência pessoal e imperecível; é pôr-se livre das vicissitudes da vida e da morte*. É fato reconhecido e demonstrável que a disciplina e paciência impostas pelo Pranayama, à parte toda a teoria da ioga, deixarão o mago em posição vantajosa quando tiver de enfrentar as tarefas mais complexas e difíceis da magia.
Há alguns indivíduos sobre os quais a magia cai como sobre solo estéril. Crentes de que o desenvolvimento consciente do gênio mediante o treinamento mágico constitui uma impossibilidade na natureza, asseveram que as façanhas mais grandiosas e as mais excelentes obras criativas são realizadas inconscientemente e não pela vontade; que os mais nobres exemplos da arte, literatura e música recebem sua principal inspiração de uma parte do homem que é independente de sua vontade e conhecimento conscientes. Esse fato, sem dúvida, é verdadeiro, e é aqui que o mago é superior ao artista comum. No caso do artista, a inspiração é automática, independente de seus próprios desejos e conhecimento mesmo, e nesse sentido ele é um instrumento passivo, um meio.

O mago, entretanto, se propõe um objetivo mais elevado, desejoso conscientemente de conhecer aquele poder nele que é o criador, o vidente, o conhecedor. Chega a isso por meio de um ato ou uma série gradual de atos da vontade. O objetivo último é a identificação da vontade mágica com o ser todo, de modo que sua aplicação não exige maior esforço consciente do que o movimento dos lábios e o erguer da mão, uma força tão constante e continuamente presente como a gravitação.

A magia cerimonial, que seja entendido, como um meio de adquirir o potencial requerido de força de vontade, é principalmente para uso do principiante. "Sendo as cerimônias, como dissemos, métodos artificiais para criação de um hábito de vontade, se tornam desnecessárias uma vez esteja o hábito consolidado... Mas o procedimento tem que ser simplificado progressivamente antes de ser completamente dispensado**. Caso se adote rigorosamente uma prática programada, depois de um certo tempo o mago porá de lado completamente o cerimonial, confiando no trabalho improvisado no interior dos limites de seu círculo mágico interno, e ainda posteriormente se aplicará àquela prática mágica chamada de missa do Espírito Santo. A aplicação habilidosa desse engenho mágico reverberante deve resultar no desenvolvimento de um centro de alta potência de vontade. Atingido isso, todas as técnicas poderão ser postas de lado por terem já servido ao seu propósito melhorando o bem-estar do indivíduo, não sendo mais os exercícios necessários.

O princípio é comparável a um princípio reconhecido no esporte. Durante uma partida de tênis, por exemplo, um jogador poderia executar alguns lobs e voleios realmente maravilhosos numa ínfima fração de segundo, estando a decisão consciente absolutamente fora de questão. As melhores tacadas no bilhar, como muitos bem o sabem, são aquelas feitas acidentalmente. Para o aspirante no tênis, ou um jogador desejoso de melhorar, somente uma imensa quantidade de prática deliberada produzirá aquela habilidade consumada que irá operar livremente em todas as ocasiões. Assim é com o mago. Nesse caso, o verendo da arte que foi ciosamente oculto do olhar do público é ainda mais guardado nas profundezas de sua consciência espiritual, de sorte que por ninguém no mundo inteiro é sua existência adivinhada. Tão vigorosamente poderoso é esse bastão que por um ligeiro brandir do mesmo os mundos poderiam ser destruídos, e com outro leve brandir novos mundos poderiam ser trazidos ao ser.

Unido de maneira peculiar à vontade e à imaginação nas evocações cerimoniais está um outro poder ou uma outra força cuja presença ou ausência representa o sucesso ou o fracasso da operação. O segredo de toda magia cerimonial é simples, embora nem sempre óbvio. Celebrar cerimônias mágicas encaminhando cada mínimo detalhe com cuidado, executando os banimentos, fumigações e circumpercursos externos, vociferando as conjurações e gemendo os nomes bárbaros de evocação não é critério para que a invocação tenha êxito em sua finalidade ostensiva, ou para que o clima estático da operação "aconteça. A incapacidade de compreender isso encontra-se no fundo de uma boa quantidade de histórias mais ou menos humorísticas sobre magia contadas por pessoas que, tendo se tornado intelectualmente interessadas em sua técnica, e tendo seguido cuidadosamente as instruções expostas nos engrimanços ordinários de fácil obtenção, se decepcionaram com a falta de resultados. Todas as precauções apropriadas foram tomadas. Belos mantos da melhor seda foram providenciados, candelabros de prata e bronze, incensos compostos dispendiosamente e conjurações primorosamente escritas.

A despeito de todo esse preparo, entretanto, nada absolutamente aconteceu. Nem as mais leve pressão foi produzida na atmosfera astral circundante, e uma mão colocada cautelosamente fora dos limites do círculo não foi paralisada, como ocorreria segundo a lenda, como se por um raio lançado por um espírito irado. Há uma esplêndida história que vem à mente de um aprendiz entusiasta que se empenhou em "praticar magia antes de ter atingido uma compreensão dos princípios elementares em que se apóia a magia cerimonial. Ele desejava, a título de teste, invocar uma ondina, um espírito do elemento água, e a fim de fazê-lo ocorreu-lhe que uma operação realizada nas proximidades da água eliminaria muitas dificuldades. Como sítio de operação Eastbourne foi escolhida e o tal aprendiz, levando consigo o equipamento da arte, embarcou para essa praia "solitária. Uma noite, já razoavelmente tarde, quando a maioria dos cidadãos respeitáveis da praia já dormiam sossegadamente, ele se dirigiu para a beira do mar, a maré muito ao longe. Traçado o seu círculo, depois do altar e as luzes terem sido instalados sobre a areia, ele iniciou suas conjurações à medida que uma névoa se adensava. Suas vociferações eram altas e os sonoros gemidos, selvagens, fazendo com que os nomes bárbaros tornassem horrenda a noite, cuja tranqüilidade foi arruinada; nuvens de incenso espesso se elevavam em espirais do altar, envolvendo todo o cenário de uma névoa repulsiva de fumaça perfumada. A única ondina que esse mago viu foi uma enraivecida criatura vestida de azul: um policial.
Desde que o acima exposto foi escrito, perpetrou-se uma imbecilidade ainda mais grosseira e bem menos desculpável. Alguns membros de uma famosa sociedade de pesquisas se convenceram de que era inadiável expor a magia em todos os seus ramos, demonstrar que não possuía qualquer realidade, e, imbuídos desse nobilíssimo objetivo, tomaram providências para realizar uma cerimônia com base nas instruções deturpadas de um certo engrimanço no alto de uma colina no continente. As conjurações foram devidamente recitadas em conformidade com as ditas instruções por uma virgem de manto branco junto a um bode, o qual segundo promessa do engrimanço seria transformado num jovem da mais arrebatadora beleza. Essa transformação, é claro, não ocorreu, e muita publicidade foi feita em torno dessa cerimônia cujo fito era pôr um fim a todas as cerimônias. Hordas de pessoas curiosas afluíram ao alto da montanha, a qual durante o rito estava inflamada de luzes de arco voltaico de alta potência! Faz-nos lembrar de certo modo do simplório que depois de encher o bule e colocá-lo sobre um dos bicos de gás do fogão se esquece, contudo, de usar um fósforo para ligar o gás; quando, após uma hora, ele constata não haver nenhum sinal de um bule com água fervente, declara com suma indignação e não pouco desprezo que essas geringonças modernas não servem para nada.

Não acredito que essa cerimônia farsesca requeira muito comentário. Mostra o tipo extraordinário de inteligência que não é capaz de distinguir entre um livro tolo de feitiçaria e a genuína magia teléstica; e também incapaz de compreender a verdade da injunção segundo a qual é o pensamento, a vontade e a intenção que atuam de maneira preponderante na operação mágica cerimonial, os símbolos e sigillae externos sendo secundários e tendo menos importância.

O Magus de Barrett, em todo caso, propõe para a consideração desses pesquisadores "científicos que "a razão de exorcismos, sortilégios, encantamentos, etc. às vezes não atingirem o efeito desejado é a mente ou espírito não-excitado do exorcista tornar as palavras fátuas e ineficazes.

Eis então numa curta frase o segredo do sucesso. Os Oráculos caldeus afirmam que se deve "invocar com freqüência! Abramelin, o Mago, aconselha que se deve "inflamar-se com oração. A chave está implícita nessas afirmações concisas. Invocar freqüentemente denota um certo grau de persistência e entusiasmo, e o princípio no qual criam os antigos magos era que se um homem orar ou invocar o tempo suficiente com seus lábios pode acontecer que encontrará a si mesmo um dia proferindo sua invocação de todo coração. Sucesso implica acima de tudo entusiasmo. E o entusiasmo que o mago deve cultivar é uma espécie indescritível de excitação ou arrebatamento, por meio dos quais ele é transportado completamente para fora de si e além de si.

Trata-se de uma qualidade inteiramente incompreensível e, por conseguinte, indefinível. O mago deve inflamar a si mesmo, o que é hislahabus ou auto-intoxicação, o que os cabalistas conceberam como sendo o próprio cálice da graça e o vinho da vida. Cada nervo, cada fibra do indivíduo, físico, astral, mental; cada átomo em seja qual for departamento da constituição humana deve ser estimulado a um clímax febril e todas as faculdades da alma exaltadas ao máximo. Tal como o artista – o poeta, o dançarino, o próprio amante – é arrastado numa loucura de paixão inflamada, um frenesi de criatividade, o mesmo deve suceder com o mago. Deve ser impulsionado em sua cerimônia por um entusiasmo mântico que embora nele presente e uma parte necessária das forças que o compõem, não é de modo algum aquilo que ele normalmente inclui em seu Ruach. Não participa do ego mundano do estado de vigília embora exalte esse ego numa crista de bem-aventurança, de maneira que toda consciência de sua existência é transcendida, sofrendo um novo nascimento com um horizonte maior e mais amplo.

Afirma Jâmblico: "...a energia entusiástica, entretanto, não é o trabalho seja do corpo seja da alma, ou de ambos conjugados. É impossível formular regras teóricas para a indução desse frenesi, para a aquisição desse estímulo, para a produção desse espasmo mântico. De povo para povo os fatores variarão para produzir o estímulo e a excitação. Para um indivíduo, poderá vir através de invocações prolongadas e reiteradas feitas durante um período de várias semanas ou meses.

Um aprendiz pode ficar tão impressionado pelo puro mistério e sugestão, por assim dizer, de dada cerimônia, que é possível que o resultado seja incluído. Um outro pode ser curiosamente comovido e alegrado pelo estilo lírico no qual as invocações estão escritas, por suas imprecações e comemorações, ou mesmo pelos nomes estranhos e bárbaros de evocação, não importando quão ininteligíveis possam ser para seu ego consciente. É possível que a despeito de um excelente conhecimento intelectual da Cabala, tenha lhe escapado uma interpretação adequada ou satisfatória de alguma dessas palavras misteriosas; quando de repente, durante o desenrolar de uma cerimônia, sua significação lampeja arrebatadoramente sobre ele com um fulgor escarlate, um fulgor de júbilo, e assim excitado ele é transportado com sua descoberta na onda crescente de êxtase. Talvez o cheiro de um perfume em particular, a psicologia dos deslumbrantes mantos de seda e coberturas de cabeça, até mesmo o esgotamento físico que é a conseqüência da dança – essas são possíveis causas daquela exaltação que o mago tem que cultivar. No que diz respeito ao mago habilidoso, todos esses fatores estarão contribuindo para a finalidade, produzindo assim um arrebatamento exuberante, vasto como o mais vasto dos mares e tão elevado e abrangente quanto os ventos que sopram dos pólos. E então, como brota a rosa vermelha da terra negra,m crescerá da natureza amorfa do homem da terra, sob a luz daquela exuberância, a flor de muitas pétalas da alma restaurada. Gradativa e lentamente se manifestarão os poderes espirituais e as faculdades latentes como pétalas que procedem do interior. Tal como as flores brancas como neve que florescem na acácia se desenvolvem até que toda a árvore da regeneração seja coberta e dobrada sob o peso de muitas flores, do mesmo modo da raiz do êxtase é desenvolvida a visão e o perfume.

Como na lenda rosacruciana a vida dos filhotes de pelicano é mantida pelo recurso de sacrifício da mãe, as forças exteriores do mago são alimentadas quando o ego sucumbe à intoxicação, tanto a partir do espírito interior quanto a partir de seu senhor feudal, os deuses que são invocados de cima.

Que nunca se esqueça que o segredo da invocação e de todo ato mágico é "Inflame-se com oração e "Invoque com frequência!.

(Israel Regardie - continua)