14 de julho de 2009

Grandes Nomes





Pitágoras:
Vindo da ilha Jônica de Samos, Pitágoras estudou no Egito e na Mesopotâmia, até estabelecer-se na colônia grega de Cróton, na Itália. Ali desenvolveu uma escola de filosofia e uma fraternidade religiosa centradas no culto a Apolo e às Musas, e dedicadas ao conhecimento intelectual da natureza e ao desenvolvimento espiritual– ambos considerados como sendo intrinsecamente interligados. A filosofia e a ciência eram entremeadas pela religião de mistérios, especialmente o orfismo, e para ele, o conhecimento científico da ordem do universo natural representava o caminho para a própria iluminação espiritual. Para os pitagóricos, as formas da matemática, as harmonias da música, o movimento dos planetas e os deuses dos mistérios estavam todos essencialmente relacionados, e os significados dessa relação eram atingidos por meio de uma educação filosófica e religiosa que conduzia a alma humana a contemplar a mente criativa do universo.

Empédocles:
Foi um dos filósofos pré-socráticos mais importantes e um poeta de muita influência e habilidade. Ele é bastante conhecido pela sugestão de uma cosmogênese baseada nos quatro elementos (água, ar, fogo e terra). Ele também propôs certos poderes, chamados de Amor e Conflito, que agiriam como as forças responsáveis pela união (mistura) e separação desses elementos.



Sócrates:
Apesar da magnitude de sua influência, pouco se sabe com certeza sobre Sócrates. Ele não escreveu nada, mas está presente nos escritos de Platão, seu aluno mais ilustre. Da obra de Platão e de fragmentos de outros autores contemporâneos (Xenofonte, Aristófanes e o próprio Aristóteles) é possível afirmar que Sócrates possuía uma inteligência incomum e um rigoroso sentido crítico. Ele parece ter tornado a afirmação délfica – “conhece-te a ti mesmo” – numa atitude constante. Sua morte teve profundo impacto entre os filósofos da época – ele foi condenado a morte por envenenamento, acusado de corromper os jovens com suas ideias. Apesar de o exílio ser uma alternativa, ele rejeitou todos os esforços em minimizar sua pena – reafirmou a correção de sua vida e sua missão de despertar os outros, mesmo diante de sua condenação. Ele não temeu a morte e a recebeu de braços abertos, como um portal para a verdade que ele tanto defendia e buscava. O relato de sua morte pode ser encontrado no Fédon de Platão, que retrata os momentos finais de Sócrates com muita beleza e profundidade.





Platão:
O platonismo gira ao redor do conceito central do Mundo das Ideias ou das Formas Arquetípicas. Essas formas são primordiais à existência, sendo os objetos visíveis da realidade convencional, seus derivados imediatos. Essas Ideias não são abstrações conceituais que podem surgir na mente humana; ao contrário, elas possuem uma qualidade de ser e um grau de realidade superior ao do mundo concreto. Esses arquétipos manifestam-se no tempo e são atemporais e constituem a essência intrínseca das coisas. Para Platão, as pessoas não têm a consciência direta do nível arquetípico. Por exemplo, elas consideram a beleza como sendo um atributo da pessoa ou objeto que a contém. Mas para ele, um filósofo acostumado em observar a beleza em muitos contextos e refletir sobre ela profundamente, poderia vislumbrar a beleza absoluta – a própria beleza suprema, pura, eterna e não condicionada a qualquer manifestação. Ele desvenda a realidade autêntica atrás da aparência. Se algo é belo, é porque participa da Forma absoluta da Beleza. Assim, se muitos objetos compartilham de uma propriedade comum, essa propriedade não poderia estar limitada a uma instância material específica. Ela é imaterial, está além do espaço-tempo, transcende suas inúmeras instâncias e é universal. Platão sugere que o filósofo é aquele que vai do particular em direção ao universal, e além da aparência em direção à essência, numa sugestão de que se desconfie dos sentidos perceptivos, uma vez que o conhecimento que provêm deles é mutável, relativo e pessoal.






Aristóteles:
Aristóteles foi aluno de Platão, e da mesma forma que seu mestre, moldou as bases do pensamento ocidental. A distinção mais importante entre os dois dizia respeito à natureza das Ideias e sua relação com o mundo empírico. Aristóteles não aceitava as conclusões de Platão de que a base da realidade existia num mundo inteiramente transcendente e imaterial de entidades ideais. A verdadeira realidade, segundo ele, era o mundo perceptível dos objetos concretos - o erro de Platão estaria em confundir qualidades com substâncias: a qualidade universal pode ser distinguida do indivíduo concreto, mas não é algo que subsiste por si mesmo ou que apresenta uma realidade independente. Assim, ele substituiu as Ideias pelas universalidades – qualidades comuns que a mente pode apreender no mundo empírico, mas que não existem independentemente desse mundo. A maior parte da filosofia de Aristóteles era nitidamente naturalista e empirista. Sua escola em Atenas era mais um centro para a pesquisa científica e reunião de informações que uma escola filosófica semi-religiosa como a de Platão. Se Platão empregava a razão para superar o mundo empírico e descobrir uma ordem transcendente, Aristóteles empregava a razão para descobrir uma ordem imanente no próprio mundo empírico. Entre ambos há uma harmonia elegante e uma tensão entre a análise empírica e a intuição religiosa que ainda exerce influência no pensamento ocidental até os dias atuais.




Lucius Annaeus Seneca:
Sêneca foi um filósofo estóico, que teve um papel fundamental na divulgação das obras dos filósofos gregos. O Estoicismo foi um ramo da Filosofia Helenista, que baseava-se numa forma específica de viver a vida – dizia-se que uma pessoa deveria ser considerada um filósofo, não pelo que ela dizia e sim, por seu comportamento e pelo que ela era. A obra de Sêneca contém os principais temas dessa filosofia, tais como, o universo é governado da melhor forma possível, por uma providência racional; a felicidade é conquistada por uma vida simples e harmônica em relação à natureza. Ele enfatizava alguns passos práticos através dos quais o leitor poderia confrontar os problemas da vida, e em especial, sua própria mortalidade.





Philos de Alexandria:
Philo (ou Filon) de Alexandria, também conhecido como Philo o Judeu, foi um filósofo helenista que nasceu em Alexandria, no Egito. Ele desenvolveu uma síntese grego-judaica em torno do conceito de Logos que identificou como sendo a soma das Ideias do platonismo, que consistiriam em pensamentos eternos de Deus, criados por Ele como criaturas reais que antecediam a criação do mundo. Contemporâneo de Paulo de Tarso (também de formação grega), Filon parece ter influenciado as ideias iniciais do desenvolvimento da religião cristã, da mesma forma que o neoplatonismo. Alguns estudiosos sugerem que as frases de abertura do testamento de João (“No princípio era o Verbo...”) seriam fruto da influência dos pensamentos de Filon, sendo que o conceito de Verbo corresponderia ao do próprio Logos.


Epíteto:
Epíteto foi um filósofo estóico grego que, à maneira de outros filósofos dessa mesma linhagem, acreditava que a filosofia é uma forma de viver e não um conjunto de teorias. Para ele, os eventos externos são determinados pelo destino e estão além do controle pessoal – portanto, eles devem ser aceitos de forma desapaixonada.
O sofrimento é justamente a consequência por tentar controlar o que não pode ser controlado. Por outro lado, cada um é responsável por suas próprias ações que devem ser examinadas e reguladas por uma observação rigorosa e disciplinada de si mesmo. Todos são responsáveis por todos, e aquele que seguir estes preceitos será capaz de encontrar a felicidade.





Plotino:
Plotino é considerado um dos maiores filósofos do mundo grego e é considerado o fundador do Neoplatonismo (juntamente com seu professor Ammonius Saccas). Foi no Neoplatonismo que o espírito superior transcendente passou a ser definido como o “Uno.” Essa Unidade suprema não contém nenhuma divisão, multiplicidade ou distinção. Ela é anterior a toda forma de existência e nenhum atributo lhe pode assinalado, exceto o Bem e a Beleza. O Uno, num transbordamento de absoluta perfeição, produz o cosmos, numa série hierárquica de emanações. A primeira emanação consiste no intelecto divino ou Nous, no qual estariam contidas as Ideias Arquetípicas que se manifestam no mundo. Sua filosofia é essencialmente devocional, e busca a experiência do êxtase da união com essa Unidade, tendo influenciado profundamente o desenvolvimento da espiritualidade em várias tradições ocidentais.


Hermes:
A Tradição Hermética, relacionada a Hermes Trimegistus, situa-se na convergência entre a filosofia grega e a tradição egípcia e existem várias controvérsias sobre sua origem. Parece ter havido vários autores cujos textos são atribuídos a Hermes, entre eles, Ammonius Saccas, o professor egípcio de Plotino que, junto com outros filósofos, produziram alguns dos materias relacionados a esta tradição.



Francis Bacon:
F. Bacon foi um filósofo, cientista e jurista da Inglaterra cujas ideias influenciaram a nova ciência que surgiu no século 17. Seu trabalho está relacionado com a emergência do método científico em si – ele sugeriu que o homem é escravo de suas próprias concepções e ideias e que estas devem ser eliminadas para que seja possível perseguir e atingir, de forma efetiva, o conhecimento científico e filosófico. Assim, seu método é baseado na indução, ou raciocínio indutivo, cujas bases devem ser a experiência e a observação. As premissas de um argumento indutivo indicam certo grau de suporte (probabilidade indutiva) para a conclusão, mas não implicam nela, ou seja, elas não garantem sua verdade, e sim indicam a probabilidade dela ser verdadeira ou não. A indução é usada para atribuir propriedades ou relações baseadas em observações ou experiências, e também para formular leis baseadas na observação de padrões recorrentes de fenômenos. Apesar de estabelecer as bases do pensamento científico, a indução foi - e ainda tem sido - alvo de críticas, principalmente por parte de David Hume, Karl Popper e David Miller.


Renè Descartes:
Descartes nasceu na França. Ele é considerado o Pai da Filosofia Moderna e uma das figuras centrais na Revolução Científica. Também teve papel importante na matemática com o sistema de coordenadas cartesianas. Ele foi a figura mais proeminente do racionalismo do século 17, que pode ser definido como um método baseado na premissa de que a verdade não é encontrada através do sensório, mas do intelecto e da dedução, ou seja, que a razão tem precedência sobre as outras formas de adquirir conhecimento.




Arthur Schopenhauer:
Considera-se que Schopenhauer seja um dos filósofos alemães que compôs a prosa mais magnífica desse idioma. Sua filosofia, no então, contrapõe o otimismo de Hegel, seu contemporâneo, apresentando uma visão pessimista que retrata o mundo como sendo um local de sofrimento, desolação e morte. Ele sugeriu que a motivação básica do homem e ao mesmo tempo, a forma como o mundo pode ser conhecido e experimentado é a “vontade”. Essa vontade seria uma força impessoal que controla todas as coisas, inclusive o ser humano. Porém, como ela nunca pode ser totalmente saciada, nasce disso seu pessimismo e sua sugestão por uma vida de ascetismo e abnegação.



Friedrich Wilhelm Nietzsche:
Nietzsche foi um filósofo alemão que influenciou o existencialismo e o pós-modernismo. Sob a influência cultural da época, onde a Europa havia perdido a fé na ordem divina, ele sugeriu que a resposta adequada não consistia em voltar-se ao niilismo, mas sim ascender ao desafio de forjar novos valores para uma nova época. Sua visão de um Übermensch (super homem) sugere a necessidade pelo surgimento de uma nova humanidade, que transformaria os valores estabelecidos. Em seu Assim Falava Zaratustra, ele apresenta esse super homem com os seguintes termos; “O homem é superável. Que fizestes para o superar? Até agora todos os seres têm apresentado alguma coisa superior a si mesmos; e vós, quereis o refluxo desse grande fluxo, preferis tornar ao animal, em vez de superar o homem? Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser o homem para Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha.”



Martin Heidegger:
Heidegger foi um filósofo alemão que influenciou o movimento existencialista e também, o desconstrutivismo de Derrida. Sua preocupação era com o ser – ele enfatizava o que é ser no mundo, e não o empenho da filosofia em conhece-lo. Ele retomou o “Penso, logo existo” de Descartes para produzir sua própria versão, utilizando-se do termo Dasein – uma afirmação que invoca a presença desse ser em um local (literalmente significa ‘ser aí’). Esse termo envolve uma existência encarnada e material situada no tempo e num cenário sócio-histórico que envolve outras pessoas. O ser de Dasein é um projeto em aberto, um ‘vir a ser’: cada um cria a si próprio ao longo de sua vida, através de suas escolhas e ações.



Abu Yusuf Ya'qub ibn Ishaq al-Kindī:
A escola de filosofia islâmica mais bem conhecida é chamada de mashsha’i ou Peripatética e foi fundada no século 9 em Bagdá por Al Kindi. Essa escola é uma síntese dos princípios da revelação islâmica, da filosofia de Aristóteles e do Neoplatonismo das escolas de Atenas e Alexandria. Al Kindi é chamado de “filósofo dos árabes” e compôs mais de 200 tratados, nos quais ele discute tanto filosofia quanto ciência, dando início a uma linhagem de sábios muçulmanos que são filósofos-cientistas e não apenas filósofos. Seu objetivo maior era o de descobrir a verdade, onde quer que ela esteja: “Para aquele que busca a verdade não há nada de maior valor que a verdade em si mesma.” Essa verdade seria atingida através do desenvolvimento do intelecto, uma capacidade humana que pode atuar como um "repositório para a revelação macrocósmica."



Ibn Masara:
A filosofia islâmica expandiu suas fronteiras em direção à Espanha, especialmente na Andaluzia, e teve como principal pensador Ibn Masarra, o fundador da escola da Almeria. Apenas dois de seus trabalhos são conhecidos, mas sua influência é considerada fundamental, especialmente nos estudos de cosmologia. Sua doutrina enfatiza a absoluta simplicidade e inefabilidade do Ser absoluto, a emanação dos níveis de existência, a hierarquização das almas e sua emanação da Alma Universal. Ela é baseada na obra de Empédocles (a quem Ibn Masarra confere o status quase de um profeta) e influenciou Ib Arabi e Mulla Sadra, entre outros.



Ibn Hazm al Andaluzi :
Ibn Hazm é uma das maiores figuras do islamismo espanhol e um intelectual notável. Viveu em Córdoba e foi um historiador, teólogo e filósofo muito influente. Ele escreveu um trabalho (The book of critical detailed examination of religions, sects and philosophical schools) que é considerado o primeiro volume da história sobre religião comparada. Seu livro The Ring of the Dove trata do amor da alma pela beleza e é considerado o tratado islâmico mais famoso sobre o amor platônico e que também retoma a beleza poética do Fédon de Platão.



Ibn Sina ou Avicena:
Avicena nasceu em Bukhara na Pérsia e foi, além de filósofo, um dos médicos mais importantes. Ele publicou mais de 200 tratados sobre medicina e filosofia, incluindo o Book of Healing (Kitab al-Shifa) que é uma enciclopédia monumental sobre ciências e filosofia. Ele coroou a filosofia Peripatética, criando a síntese final entre o islamismo e as filosofias aristotélica e neoplatônica, que se tornou uma dimensão intelectual permanente no mundo islâmico, e que sobrevive como uma escola viva de filosofia até os dias de hoje. No entanto, no final de sua vida, ele teceu algumas críticas à filosofia Peripatética e deu início à Filosofia Oriental (al-hikmat al-mashriqiyyah) – oriental porque se relaciona com o mundo da luz e não em um sentido geográfico. Ela é baseada na iluminação da alma e vê o mundo como uma jornada que o verdadeiro filósofo deve percorrer com a ajuda de um guia, que é ninguém menos que o Intelecto Divino – filosofia esta posteriormente, retomada e desenvolvida por Suhrawardi. Para distinguir o Puro Ser da existência do mundo, Avicena fez uma distinção fundamental entre necessidade e contingência. O Ser Necessário consiste num nível de realidade que deve ser e não pode não-ser, ou seja, consiste numa realidade cuja não-existência implicaria em uma contradição. Existe apenas uma realidade como esta, que corresponde ao próprio Deus revelado das religiões monoteístas. Todos os seres além do Ser Necessário são contingentes, considerados como seres que podem ou não existir. Essa distinção criada por Avicena é uma das mais fundamentais na história da filosofia.



Nasir-i Khusraw:
Khusraw nasceu próxima de Khurasan (Irã) e é um dos filósofos ismaelitas de destaque. Foi influenciado em especial pelo Neoplatonismo e por Plotino. Ele afirma que compreender com clareza a questão da unidade é a única forma de atingir a perfeição espiritual. Como outros filósofos ismaelitas, seu sistema cosmológico é dividido em dois reinos, um oculto (batin) e outro manifesto (zahir), de tal forma que tudo o que existe no mundo sensório apresenta uma contrapartida no mundo espiritual, que é visto como sua fonte e sua forma verdadeira. Assim, a estrutura cosmológica em si revela uma íntima associação entre o mundo espiritual e o físico, sendo que tudo o que foi criado e que possui uma existência no nível físico, apresenta seu olhar voltado para o espiritual, e anseia por compreende-lo e voltar a estar unido a ele.



Ikhwan al Safa – Irmãos da Pureza:
Os Irmãos da Pureza (Ikhwan-al Safa) eram uma fraternidade de filósofos que viveram provavelmente em Basra (Iraque). Suas origens são alvo de muita polêmica, mas especula-se que eles tenham tido origem na tradição ismaelita. Eles escreveram uma enciclopédia de mais de 50 volumes (Rasa'il Ikhwan al-safa') que abrangia temas diversos, baseada numa síntese da filosofia de Pitágoras, Platão, Aristóteles, dos Neoplatônicos e do próprio Corão. O propósito do Ikhwan, de acordo com sua própria definição parece ser educacional - todas as ciências que eles apresentam têm como objetivo tornar o leitor ciente da grande harmonia e beleza do universo, e despertar a necessidade de ir além da existência material. Eles definem o homem ideal como: “persa oriental na origem, árabe na fé, de educação babilônica, um hebreu em astúcia, um discípulo de Cristo em conduta, piedoso como um monge sírio, um grego nas ciências individuais, um indiano na interpretação dos mistérios, mas finalmente e especialmente, um sufi na totalidade de sua vida espiritual.”































































































Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por sua atenção!
Paz Profunda!