18 de janeiro de 2013

ARQUIVOS DE OUTROS MUNDOS XII

O AZAR ESTÁ TRUCADO EM SEU ARRANQUE

Por conseguinte, é necessário nos acostumarmos a admitir que todo acontecimento que se desenvolve num meio de matéria orgânica é diferente do que se produz num lugar esterilizado.

O ácido não ataca o cobre na selva do mesmo modo que no deserto. O plátano será mais saboroso se a plataneira estiver na proximidade de casa habitada. A tisana é mais benéfica se a tília cresceu em teu jardim e sob vossa tua amistosa. A isso teria de acrescentar que um observador presente pode mudar, melhorar o acontecimento mediante o efeito de seu pensamento consciente.

Disso se pode deduzir que a natureza orgânica vivente sobre o globo deve modificar completamente todos os acontecimentos que se produzem.

A vida, em princípio, está contra a entropia e a degradação da energia, e o comportamento dos indivíduos (pecado ou virtude) repercute em todo o cosmo até o nível do elétron mais rudimentar, o qual, finalmente, teria, também, sua infraconsciência.

De todo ele dimana que o universo é uma vasta consciência capaz de catalisar a evolução, de condicionar, se não de criar, os acontecimentos, quiçá, inclusive, por exemplo, a favor de ambientes particularmente favoráveis, de pré-fabricar criações elaboradas que, noutro contexto, exigiriam milhões de anos pra se manifestar.

Evocamos essas possibilidades a propósito do petrimundo de Fontainebleau, de seus dois elefantes, de seus leões-marinhos, da coruja e de seus monstros de pedra, das serpentes e dos lobos-marinhos de Marcauasse, das personagens, dos objetos, dos castelos na rocha natural de Montpellier-le-Vieux e do Vale da Lua, em La Paz.

Assim se pode pensar que a consciência ou consciências da Natureza não deixará o homem se tornar muito perigoso.
Os influxos emissores misteriosos do Vivente natural devem ter em seu total um impacto fantástico, o qual explicaria de modo racional que a Natureza possa se vingar e destruir as civilizações.

Neste sentido o Vivente supõe e, sem dúvida, exige um privilégio do orgânico e da matéria mais organizada sobre a matéria que o é menos.

A Vida supõe igualmente um plano pré-concebido que obriga, ao azar, a dar preferência ao bebê sobre o ancião, à planta vigorosa sobre a que languesce.

Se é assim, a água que emana dum tubo perfeitamente vertical e que pode se esparramar igualmente tanto num lado quanto noutro sobre uma superfície perfeitamente plana, deveria eleger se estender sobre o lado habitado pela matéria vivente orgânica dos homens, dos prados, dos bosques, mais que sobre o lado constituído por um deserto de areia ou de matéria vivente debilmente organizada e inteligente.

A própria vida supõe esse privilégio, esse desequilíbrio requerido que assegura o movimento, a evolução. Se as oportunidades foram iguais ao equilíbrio e ao desequilíbrio, a vida cessaria pela supressão do movimento. O azar estaria, pois, trucado desde seu arranque.

FAZER FALAR O MISTERIOSO DESCONHECIDO

A um profano não é fácil fabricar um gerador aleatório.
No entanto, segundo o professor Yves Lignon, chefe do laboratório de parapsicologia da universidade de Tuluse, o gerador com o que experimenta custa menos de 100 francos.

Uns empíricos, se antecipando uma vez mais aos sábios, já tentaram comprovar os influxos do azar e do Misterioso Desconhecido que emana de personagens importantes ou de objetos denominados carregados.

Seria interessante, e nos propomos a fazer, chegar mais longe que Rhine e que professor Schmidt, aplicando o experimento efetuado com o gato sobre personalidades diversas ou num ambiente impregnado de sons, de cores, etc.

Por exemplo:
— Sobre um físico, vagabundo, sacerdote, ateu, ignorante, superdotado, doente mental, virgem, prostituta, pessoa de caráter, um branco, negro, amarelo, etc.

— Numa igreja, cripta pagã, Lurdes, Foli-Berger, Poatu calcário, Bretanha granítica, perto duma fonte, sobre o mar, etc.

— Com, dum lado, um ambiente perfumado e, doutro, uma letrina, uma planta venenosa e uma planta medicinal, um ambiente musical ou de ruído, Granados e Vincent Scotto, Chopin e o estrondo duma máquina de trinchar, um poema de Villon e uma página da Bíblia, com uma relíquia e uma representação do Diabo, com Buda e Jesus, etc.

Seria, acaso, possível que uma determinada nota musical, um cor, uma palavra, uma impregnação solicitem o privilégio do azar tanto como o faz a matéria orgânica?

Somente experimentos podem responder de forma racional a essa pergunta sobre a qual os esoteristas se pronunciaram já de modo positivo com a carga que impregna o ambiente e os objetos familiares ou mágicos.

Capítulo X
O MISTERIOSO DESCONHECIDO E A DÚVIDA

Paralelamente ao Misterioso Desconhecido, cuja autenticidade está comprovada pelos experimentos, existe outro sobre o qual é prudente manter reserva porque falta elemento de apreciação ou porque os que se têm estão sujeitos a cautela.

E, ademais, é necessário dizer: O supranormal foi manchado, desacreditado por médiuns truquistas, falsos milagreados e pela credulidade, desgraçadamente muito disseminada nos ambientes do espiritualismo.Poderia se acrescentar também: Pela habilidade dos charlatães e a ignorância dos profanos.

Além do mais acontece, com frequência, que ilusionistas profissionais, muito honestos, sejam obrigados, por necessidade profissional, a encobrir o caráter muito natural de seus truques e magias e deixar crer numa atuação do supranormal num espetáculo ao qual sentimos admiração e estima, mas que falseia o problema.

A VIDÊNCIA DOS IRMÃOS ISOLA

No fim do século 19 e início do 20 dois ilusionistas e prestidigitadores franceses, os irmãos Isola, conheceram imensa glória que, durante muito tempo, foi relacionada ao poder psi.

Por suposto, Émile e Vincent Isola (cujo verdadeiro sobrenome era Blida) eram cidadãos muito honestos cuja única preocupação era fazer honra a seu oficio de comediante e nunca tentaram enganar os cientistas sobre pretendidos poderes sobrenaturais.

No entanto, se o tivessem podido fazer, tão genial era sua descoberta que se fundava sobre um fenômeno científico então escassamente conhecido do grande público.

Os irmãos Isola se apresentavam no cenário dum teatro ou, melhor ainda, sobre a pista dum circo. Consequentemente em pleno centro do público.

Um dos dois tinha os olhos vendados por um grosso lenço que impedia a visão e ouvir claramente. Era o médium.

O outro, o apresentador tagarela, tinha como missão o guiar, servir de intermediário ante o público e falar à multidão entre a qual se faziam circular várias listas telefônicas, a Bíblia ou um grosso volume dum autor conhecido: Os miseráveis, de Victor Hugo ou Eugênia Grandet, de Balzaque.

O jogo consistia, ao público, em perguntar o nome, o endereço e o número telefônico do abonado que figurava, por exemplo, na página 574 do guia, coluna 2, linha 51.

— Página 574, coluna 2, linha 51. — Repetia o médium — Vejamos... vejamos... há toda uma lista de Chauvet. Na linha 51 a figura Chauvet L. Sem dúvida, Louis Chauvet. Isso é tudo.
— O endereço e o número do telefone. — Contestava a multidão.
— Não figuram na linha 51, senão na linha 52 e são: 26 bis, rua A Tour-d'Auvergne, distrito 9, telefone Trudaine 8888.
A multidão controlava. Tudo era exato e uma ovação premiava os irmãos Isola.
— Podes ler a partir da linha 2 do versículo 9, do capítulo 54 de Isaías?

— Perfeitamente! Esperai que me concentre. Á!, eis: Tempos de Noé. Como juraste a Noé não espalhar mais sobre a terra a água do dilúvio, do mesmo modo juraste não montar em cólera contra vós, e não lhes fazer mais recriminação.

E o Isola-comparsa comentava:
— Por conseguinte, não temeis, não perecereis afogados. Sobretudo os que estão no anfiteatro e galinheiro!
Às vezes o Isola-médium colocava os pingos sobre os I!
— A linha 14 de tal livro? Começa por: «Podes... etc.», mas o P maiúsculo foi mal impresso e parece um K!
Caminhando aqui e ali na pista, sempre diante do público pra que ouvisse melhor as respostas, os Isola, o mesmo que Uri Geller e J.-P. Girard, ilusionistas como eles (embora aficionados), passavam entre a multidão pra realizar milagres parapsicológicos.
— E ocorre o mesmo em nossos dias! — Asseguram os racionalistas raivosos — Um dia desmascararemos J.-P. Girard e descobriremos seu truque!

Nada é impossível em certos universos, incluindo que a verdade seja uma mentira mas, de qualquer maneira, se pode penetrar no mundo onde o impossível é possível!

O truque dos irmãos Isola?
Muito exato e não discernível pelo público: A venda dos olhos ocultava uma placa de escuta telefônica desde onde um fio muito fino descia até os sapatos, cujas solas estavam providas duma larga placa de cobre.

Em quatro ou cinco lugares do tapete felpudo da pista (ou do cenário), se dispuseram transmissores eletrônicos sobre os quais o compadre conduzia ao médium de modo que transmissores e placas das solas entrassem em contato.

Os transmissores estavam conectados por cabos com os bastidores onde um terceiro comparsa, segundo as petições do público, telefonava tranquilamente as respostas ao pseudomédium.

O EFEITO QUÍRLIAN
Nem tudo é verdade em parapsicologia e nem tudo é falso em ilusionismo.

De fato, nada é exato, e sabemos, por experiência pessoal (alguns dos quais foram efetuados com professor Tocquet), que um bom ilusionista, pra ter êxito, deve ser também um pouco médium.

Era, por exemplo, o caso de Tugan's, um virtuoso do cumberlandismo (Registro das reações inconscientes do sujeito mediante contato com o pulso. O médium que utiliza esse procedimento deve ter uma sensibilidade supranormal) que, esquentando bem, entrava em cheio no supranormal e até vidência e verdadeira adivinhação.

No que concerne ao efeito Quírlian, os argumentos são diversos e contraditórios.

A favor:
O aparato funciona como um campo intenso de alta frequência e permite comprovar:

1. A intensidade e a dimensão dos halos bioplásticos.
2. O estado físico da pessoa ou do objeto submetido a prova.
3. Os centros do medo, da dor, a localização dos centros nervosos da acupuntura.

Seria um verdadeiro detector da vida reconhecido pela doutora Telma Moss, da universidade dos Anjos (L'autre monde (O outro mundo), 7, rua Decres, 75014, Paris).

O aparato Quírlian produz curiosos penachos luminosos, principalmente em torno das mãos, orelhas, cabeça. Nos converte como num matorral ardente. O efeito se parece às descargas luminosas dos fogos de santelmo, e os espectros e auras obtidos seriam de natureza eletrostática. (Lucien Barnier, Nostra, #162, Faubourg Santo-Honório, Paris..

Para o jornalista Jacques Bergier, o efeito Quírlian, descoberto até 1950 pelo técnico eletrônico russo Sermión Kirlian, «demonstra de modo científico a existência da aura».

Já, no século XIV, Paracelso ensinava que a força vital não está prisioneira do corpo, senão que irradia em torno a ele como uma esfera luminosa que algumas pessoas sensíveis podem distinguir.

Contra:
Os físicos conhecem, há tempos, o efeito Quírlian cuja explicação não oferece mistério, segundo a revista Science et vie (Ciência e vida), números 619 e 678.

Eis aqui como qualquer pessoa o pode obter com pouco gasto:
Dispor de duas placas metálicas e as unir mediante um transformador a bateria de 6 voltes. O transformador dará uma voltagem de 25.000 a 30.000 voltes.

Num quarto escuro, colocar uma película sensível entre placas metálicas.

Colocar a mão sobre o aparato (ou numa folha, uma raiz de árvore ou qualquer matéria orgânica viva). Se produz em torno dos dedos uma radiação débil mas visível a olho nu, registrável pela emulsão sensível e que basta revelar como uma película de máquina fotográfica. As diferenças de intensidade de radiação são produzidas pelos diferentes efeitos de suor, de umidade, de pressão, etc.

Mas, esse etcétera não está muito claro, já que não explica todos os efeitos registrados. Nem muito menos!

Em resumo, o objeto provido com um aparato chamado Quírlian é um eletrodo que receberá um fluxo de elétrons denominado, em física, efeito Coroa.

Esse efeito foi descoberto em 1777 pelo físico alemão Georg Christoph Lichtenberg, fixado sobre daguerreótipo em 1851 e estudado em 1930 pelo grande físico Nicolau Tesla.

A MULHER QUE ENCOLHE
O periódico A Prensa, de Lima, acrescenta ao expediente do Ignoto o incrível caso da senhora Balbina Villanueva Contreras, nascida no povoado de Huacabamba, distrito de Parcoy, província de Pataz, de 34 anos de idade, que, atendida no hospital Leão Prado, de Huamachuco, está afetada por uma dolência que reduz de modo insólito sua estatura corporal, enquanto o desenvolvimento mental permanece normal.

Em medicina se conhece muito bem a acondroplasia, doença caracterizada pelo alongamento dos ossos (no sentido do gigantismo), mas, ao contrário, até então nunca se registrou um fenômeno inverso.

Como, por exemplo, explicar que o perímetro ósseo do crânio diminua, que uma tíbia ou um fêmur encolha?
No entanto A Prensa, espécie de Le Figaro de Lima, é um periódico sério e os detalhes que proporciona são perturbadores.

A redução física de Balbina seria evidente, principalmente na cabeça e nas mãos, que se parecem agora, diz a informação, às dum menino de sete anos.
Se notou, também, que o timbre de voz da enferma se tornava infantil e dificultoso.
Após solicitar informação a nossos correspondentes peruanos comprovamos que essa incrível história é verdadeira.

OS TÚMULOS DE WIDDEN HILL
O periódico inglês The Sunday, de 4 de maio de 1975 relata uma estranha história que não dá nem permite explicação. O granjeiro Peter Lippiatt, da fazenda Widden Hill, em Horton, perto de Chipping Sodbury (Glocéster), notou, um dia, num grande campo de 100 acres onde havia semeado cevada, uma multidão, várias centenas, de minúsculos túmulos de pedras. Algumas pedras tinham o tamanho duma avelã, outras duma noz.

As pedras cônicas mediam, aproximadamente, 15cm de diâmetro e 5cm de altura, não implicavam prejuízo à semeadura mas Lippiatt, não conseguindo encontrar uma explicação lógica, consultou especialistas.

Richard Maslen, oficial regional de informação de Southwest, disse:

— Pássaros ou outros animais são, quiçá, responsáveis por esse fenômeno mas não vi, até agora, algo semelhante.
A opinião de Trings Herts, do museu de história natural:
— Nenhum pássaro conhecido dispõe assim pedras sem finalidade compreensível.

Os investigadores de Houth Kensington emitiram o mesmo juízo no que concerne aos mamíferos (toupeiras, ratos) e os insetos ou aranhas que constroem túmulos mas não passam, habitualmente, de 4cm a 5cm de diâmetro e 2cm de altura.

A COBRA MILENAR DOS INICIADOS

Em manuscritos deixados pelo químico Jean Hellot (16854766), membro da academia científica de Paris, da sociedade Real de Londres, e conservados pela biblioteca municipal de Caen, se encontram dois estranhos relatos.

Eis aqui o primeiro:
Um engenheiro dedicado a preparar a altura duma nova ponte, não longe de Paris, em 1760, ordenou que se removesse um penhasco proeminente de mais de 30 pés de diâmetro (9,7m) e de forma ovalada. Era mais fácil o quebrar que lhe fazer abandonar o sítio.

Então começou a ser despedaçado. Exatamente no centro do bloco de pedra se descobriu um habitáculo contendo uma cobra muito grande. Tinha o espessura dum punho e estava recolhida nove vezes sobre si mesma, em espiral. Exposta ao ar o animal não suportou e morreu em cinco minutos.

O contorno e o fundo de seu refúgio eram perfeitamente lisos. Sua cor diferia somente do resto da pedra.

Apesar de exame mais meticuloso foi impossível encontrar buraco.

»Não cabe imaginar por onde a cobra penetrou na cavidade nem por onde respirava nem como seu corpo pôde crescer numa cavidade tão reduzida».

Segundo relato:
«Jean Hellot conta também o caso dum cidadão de Ruão, chamado Le Fére, que, no século XVII, respondia dormindo a todas as perguntas que lhe faziam e em todas as línguas, inclusive grego e hindi».

A história da grande cobra parece incrível em nossos dias e, no entanto, quando se sabe que sapos podem viver durante anos, pelo menos, e quiçá decênios, como a cobra de Hellot, na opacidade dum bloco calcário, devemos ter mais reserva no juízo.

Depois dos experimentos realizados e logrados pelo geólogo inglês Buckland, em 1825, se sabe que sapos podem viver ou sobreviver durante anos, em blocos de calcário ou de arenisca silícea hermeticamente cerrados, por conseguinte sem ar, salvo o que poderia segregar a pedra, mas graças à água-mãe produzida, segundo cremos, pela transmutação do calcário ou sob a ação das pústulas acidificantes do batráquio.

A INICIAÇÃO DA COBRA
Esses experimentos, essas observações, parecem estranhos a um geólogo, físico e a um biólogo mas a um esoterista estão impregnados duma riqueza transtornante que leva longe, muito longe, no labirinto da iniciação.

A água-mãe que nutre, dizemos, o sapo e a cobra, buscada há séculos pelos alquimistas, foi posta em evidência pelos químicos russos e ianques com o nome de polywater.

Seria uma água da imortalidade, que ferve até os 600°C e congela a -40°C.

Opinamos que os aminoácidos genitores da matéria orgânica tiveram nascimento na água-mãe da Terra original.

Essa água da vida é, muito particularmente, necessária ao menino no ventre da mãe, como é indispensável ao surgimento e manutenção de toda vida organizada.

Brama neutro, o Senhor que existe por si mesmo na cosmogonia indiana, começou a criação fazendo emanar a água de seu pensamento.

Inclusive na Bíblia judaico-cristã, «o espírito de Deus era levado sobre a água» (Gênese I, 2), como o ovo primordial nas outras mitologias, e em toda parte, também aqui entra em jogo uma história de serpente.

Em todos os tempos os homens buscaram a água da imortalidade. Os da pré-história nas grutas porosas de Saint-Privat (Gard) ou nos refúgios sob rocha das Eyzies, e, mais tarde, na Índia com Alexandre Magno, na América com Cristóvão Colombo e Ponce de Leão.

Jesus começou a viver como Cristo quando João lhe verteu a água do Jordão na cabeça.
O batismo, esotericamente, tem esse significado magistral.
Vida, imortalidade = água, serpente.

Os antigos acreditavam que a serpente nunca morria.
— Porque muda de pele! — Disseram os escritores profanos.
Hoje podemos retificar:
— Os antigos não eram ignorantes até esse ponto. Sabiam que a serpente muda de pele, certamente, mas também sabiam que, como o sapo, podia viver longo tempo desafiando a experiência vital dos homens.

É à luz dessa crença esotérica que se deve julgar o relato do químico Jean Hellot.

A MENINA MÁGICA E O PSI ELÉTRICO PRÓPRIO DO CARÁTER
Não pensamos, nem por um segundo, que J. P. Girard possa fazer armadilha em seus experimentos. Não temos o direito de suspeitar de sua boa-fé nem da inteligência e sagacidade dos que o controlam.

Então: Se o poder psi existe, verdadeiramente, e se é posto em evidência e autenticado em nosso século de materialismo exaltado, então a ciência se inclinará a outros horizontes e a outras esperanças que não sejam as de ver a humanidade destruída por uma explosão atômica.

Com essa expectativa nos é necessário inventariar o Misterioso Ignoto reabilitado, mas evitando cair numa credulidade que seria negativa pra nossos objetivos.

Há de crer que Rita Celadin, a menina mágica de Pávia, de dez anos de idade, quando cruza os braços no salão de sua mãe, faz brilhar, repentinamente, a luz elétrica nas lâmpadas?

Noutras salas olha fixamente o interruptor durante alguns segundos e as lâmpadas se acendem.

Mediante a mesma magia desconhecida faz dançar o piano, brincar o aparador, ocasiona avaria elétrica e corte de água corrente.

É necessário ter em conta os dez anos de Rita e, sem dúvida, o início de sua puberdade, duas condições que desempenham um papel determinante na maior parte dos fenômenos supranormais.

Em Rosenheim, Baviera, uma menina da mesma idade que Rita, perturbava, sem tocar, a rede telefônica de sua casa. Milhares de manifestações, em condições análogas ou idênticas, foram registradas no mundo inteiro.

Os fenômenos de anti-física não se produzem, parece, senão com um catalisador ou, melhor, com uma fonte de energia transcendente que, em geral, é uma moça em crise de puberdade ou um garoto irritadiço, hiper nervoso ou que padece acumulação fantástica do poder psi, ou seja, de energia elétrica com super voltagem geradora de descarga psi-elétrica.

Essa energia consciente, suscetível de ser dirigida, mandada a distância, é o que explicaria a psicocinesia.

O PROFETA DA CATÁSTROFE DE TENERIFE
E o que pensar do jovem profeta ianque Le Fried, de dezenove anos de idade, que predisse com seis dias de antecipação a terrível catástrofe de Tenerife?

Le Fried, estudante da universidade de Durham, na Carolina do Norte, redigira, em 21 de março de 1977, em presença de seus professores, o seguinte texto:

Na segunda-feira próxima, na primeira página do News and Observer Times, de Raleigh, se lerá: 583 mortos na colisão de dois 747. A maior catástrofe da história da aviação.

E tudo foi exato: Data, modelo dos aviões e natureza do acidente (colisão, o qual é muito pouco frequente), salvo um pequeno detalhe: Em lugar de 583, houve 579 vítimas, cifra oficializada em abril, mas que, desgraçadamente, foi, sem dúvida, ultrapassada depois.

No domingo, 27 de março de 1977, sobre a pista do aeroporto de Tenerife, dois bóingues 747, um ianque, o outro holandês, colidiram. Houve 579 vítimas. É provável que a cifra dada por Lee Fried esteja mais próxima da verdade, ao se ter podido ter falecimento nos dias seguintes.

A propósito da premonição e do supranormal, André Bretão declarava, há meio século:

— Tudo induz a crer que existe certo ponto do espírito desde o qual a vida e a morte, o real e o imaginário, o passado e o futuro, o comunicável e o incomunicável, o alto e o baixo, cessam de ser percebidos como contraditórios.

E, em seu Letter aux voyantes (Carta às videntes), escrita em 1925, o sumo pontífice do surrealismo escreveu essas linhas incrivelmente proféticas:

— Há quem pretenda que a guerra lhe ensinou algo. Está, de qualquer maneira, menos adiantados que eu, que sei o que nos reserva o ano 1939.

TE LEVANTES E ANDES!
Quando o espírito se equivoca de universo deve suceder que o corpo escapa também, parcialmente, às leis da física clássica com o fenômeno de reembasamento das faculdades normais.

Imaginemos uma casa na beira dum rio sobre o qual foi estendida uma viga de madeira que pode suportar um peso de 50kg.
E não 10g a mais!

Imaginemos que, havendo franqueado essa ponte, uma menina corre perigo de se afogar no outro lado do rio.
A mãe assiste o drama que está a ponto de se desencadear.
Pesando 55 kg nunca tentou passar sobre a viga. Sabe que se romperia sob um peso excedente de 5kg.

Mas impulsionada pelo intenso desejo de salvar sua filhinha, galvanizada, posta em transe pela intensidade de sua angústia mas também de sua fé (É necessário que eu a salve. Estou segura de que a salvarei!), a mãe se equilibra sobre a viga, a atravessa sem que se rompa e salva a menina.

Crês que seja possível esse milagre:

— A viga que suporta 55kg em vez de 50kg, ou:
— A mãe, num determinado estado agravitacional, não pesando mais que 50 kg em vez de 55kg?

Crês que outra mãe — tratamos sobre o Misterioso Ignoto do sentimento maternal — impotente, imobilizada sobre um cadeirão pelo reumatismo, e vendo logo aparecer, a alguns passos de si, o filho bem-amado, desaparecido na última guerra, essa mãe levada ao ápice duma felicidade inefável, insensata, inesperada, possa, de repente, se levantar, abandonar seu cadeirão, olvidar sua invalidez e se precipitar até o aparecido?

Em 1975, numa garagem, pra salvar seu filho preste a ser esmagado por um automóvel, uma mãe levantou o pesado veículo... e caiu, seguidamente, em síncope!

Num acesso de furor os dementes podem arvorar objetos que em situação normal nem poderiam despegar do solo.

As possuídas do Diabo estão igualmente nesse caso e é sabido que as convulsionarias do cemitério Saint-Médard, em 1727, se entregaram, perto da tumba do diácono Paris, a cenas nas quais o milagre ocorria emparelhado com a insensatez.

Mulheres se faziam crucificar sem sofrer, outras pediam que as espancassem a golpes de pau o mais violentamente possível... e, aparte alguns galos (e não sempre!) saíam intatas dessas mortificações!

Fora de transe uma simples bofetada as levaria ao hospital. Mas nem as pauladas nem o martírio podem contra a fé!

Crês que seja necessário crer àqueles que creem intensamente?
Os universos paralelos aportam certa resposta a essa pergunta.

(Robert Charroux - CONTINUA)

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