A PEDRA FALA: OS INICIADOS SABIAM
Antes de 1976 a ciência oficial, engalanada de branco, florida de vermelho e bem paramentada em sua couraça de dogma, de lei e de teorema, pontificava sobre o acontecido e a acontecer e entregava capirote (Gorro cônico terminado em ponta, geralmente de cartão e coberto de tela, utilizado, especialmente, pelos penitentes em procissão de Semana Santa) de orelhas de burro ou diploma de conhecimento. Até que, subitamente, um imponderável engruvinhou a enorme máquina cega: O fenômeno psi, isso é, os poderes do pensamento, da vontade...
Em resumo: Do misterioso ignoto que nos rodeia brincando, às vezes, a nos enganar!
Uns pseudos sábios (os verdadeiros sabiam há muito tempo) tiveram que reconhecer que as plantas têm uma sensibilidade, uma inteligência e que a matéria chamada inerte é sensível ao pensamento humano e que há imensa possibilidade de intercâmbio psíquico e físico entre o humano e o mineral.
O que ensinavam os iniciados havia milênios, encontra, enfim, sua justificativa e suas provas: A montanha sonha, a flor gosta de proporcionar seu aroma, a pedra escuta e retém, o oceano tem certa consciência do maremoto que desencadeia.
Por suposto, o esoterista está, agora, propenso a exagerar sua potência no jogo psi e sua clarividência no misterioso ignoto. É a regra da natureza humana!
Mas poderá, abertamente, sem reserva, admirar a intuição e a revelação dos iniciados da Antiguidade, inclusive se nos chegaram sob o véu da lenda.
Se acreditava, antanho, que as pedras falavam mas, sem dúvida, é necessário ter ouvido pra ouvir, como é necessário ter olho pra ver o que não é perceptível ao profano.
O colosso norte Mêmon, no Egito, estátua sentada do rei Amenófis III, representava, na imaginação popular, o herói etíope Mêmon, caído, antanho, nos campo troiano.
Cada manhã, saudava com seu lamento a sua mãe a Aurora e as multidões vinham desde muito longe pra ouvir os sons muito melodiosos que lançava ao se levantar o Sol.
Em nossos dias, os inimigos do milagre dizem que o fenômeno era físico, e que se devia aos bruscos mudanças de umidade e de calor que acompanham a aparição do dia.
A SIDURITA INFALÍVEL
Num poema atribuído a Orfeu as pedras são de dois tipos: As olitas, ou pedras-serpentes, e as siduritas, ou pedras-estrelas, que têm o dom da palavra, segundo este relato estranho que demonstra uma vez mais, que os cientistas investigadores teriam grande interesse em consultar os Antigos (Citado por Helena Blavatsky em seu A doutrina secreta, pelo filólogo Louis Michel James Delátre, e Nostra, #167. É de advertir que a sidurita é o constituinte principal dos meteoritos e dos bólidos).
Apolo deu a Orfeu uma pedra dotada da palavra, a sidurita infalível.
»Agradou aos outros mortais lhe dar o nome de Orelha Vivente. É uma pedra redonda, bastante rude, compacta, negra, densa. Veias circulares parecidas a rugas se estendem em todo lado na superfície».
Essa sidurita esteve a ponto de ser fatal a Heleno, filho de Príamo e adivinho famoso, a quem a pedra falante que possuía lhe havia predito a ruína de Tróia, sua própria pátria.
Ulisses obrigou o adivinho a revelar o porvir. Assim os gregos souberam que Filocteto se apoderaria de Tróia.
Não obstante, Heleno, bem a par da aventura, se casou com a bela Andrômaca e herdou o trono de Epiro.
A propósito da sidurita, o poema órfico diz:
Eis sabido que Heleno se absteve durante dez dias de ocupar o leito conjugal e dos banhos públicos e que não se maculou com alimento animal. Lavando a pedra doce num manancial, a cuidava como a um menino em fralda muito limpos.
A saciando como a um deus com unção sagrada e azeite, convertia em animada à pedra mediante cânticos poderosos.
Tu também, se queres ouvir uma voz divina, atues do mesmo modo pra obter um canal de milagre em tua alma.
«Porque quando te puseres a fazer oscilar entre tuas mãos, de repente ela te fará ouvir a voz dum recém-nascido..».
Este relato entraria plenamente no expediente dos contos inverossímeis se, em junho de 1975, o físico soviético Resvi Tilssov, da universidade de Moscou, não tivesse declarado, de modo muito formal, que duas pedras, pelo menos, falavam: A ametista e a siderosa.
Pois bem, a siderosa, de fórmula FeOCO2, ou ferro espático atraível por ímã é, exatamente, a sidurita dos Antigos.
Resvi Tilssov logrou fazer comunicar entre si siduritas ou ametistas distantes entre si 200m.
As pedras emitem onda, em determinados momentos, mas durante um tempo muito breve, e são esses contatos que o físico chama linguagem, que decifrado poderia causar algumas surpresas nos meios oficiais!
Segundo Gérard Gilles (Nostra Ep167), um tratado de física publicado no século XVIII afirmava já que «a ametista fala a um ímã quando se lhe acerca a ele», o qual sucede também com a turmalina de Ceilão.
Eusébio, bispo de Cesariana, nunca se separava de suas ofitas (As ofitas de Eusébio eram, provavelmente, siduritas) que pronunciava oráculos com voz tênue parecendo um silvo.
Sanchoniatão dizia dos betilos-menires, que eram pedras viventes e parlantes mas o que teria pensado da galena, esse sulfato de chumbo (PbS), que, com inteligência prodigiosa, detectava, em 1927, os sinais elétricos e os convertia em som, palavra e música com a conivência dos carretéis autocapacidade e dum alto-falante?
Bem é verdade que os órgãos basálticos e que as pedras da Orelha de Dionísio, em Siracusa, têm poderes análogos!
A pedra do Destino de Fál ou Coronation stone ou L'a Fail é uma pedra talhada que mede, aproximadamente, 0,90cm de comprimento, 0,30cm de altura e 0,60cm de largura, na qual estão encravados dois anéis de ferro. Seria uma pedra sem importância se, segundo um rito milenar, cada monarca da Inglaterra não devesse, pra ser entronizado, se sentar sobre ela e a ouvir gritar, o que passa por ser a prova da legitimidade do soberano sobre o reino da Irlanda(Le monde souterrain (o mundo subterrâneo), de Jean-Pierre Bayard, Edições Flammarion, Paris, 1961. A Caaba, a pedra negra de Meca, que representava a Anaíta (Vênus) antes que fosse açambarcada pelos muçulmanos, designava, nos primeiros tempos do Islã, mediante oscilações e uma voz, aos imãs sucessores de Russém).
Uma lenda quer que ela seja o betel que sustentava a arca da aliança. Levada por Jeremias após a destruição de Jerusalém, teria sido plantada sobre a colina sagrada de Tara e em nossos dias está conservada na abadia de Westminster.
A pedra de Pta, numa tradição egípcia, servia à entronização dos faraós.
O NÚMERO ÁUREO DOS PITAGÓRICOS
Desse modo se estabelece uma ramificação lógica que, começando com a água aminada, a água-mãe, surgida do calcário, prossegue com o penhasco, a piçarra dos colegiais da pré-história, e no Próximo Oriente, com o betilo, morada dos deuses venusianos e, no Ocidente, com o menir acumulador de energia.
Porque a pedra-menir, betilo ou coluna, é indissociável da vida, da potência viril mas tem, ademais, estreita relação com a transmissão do labirinto e com as representações mais sábias do gênio humano.
Os antigos tinham tal respeito pela divindade e pelo labirinto que divulgavam, quase exclusivamente, sobre a pedra o que tinha valor sacro ou secreto.
Os pitagóricos gravavam seus símbolos e as cifras 1,618 e 3,1416 sobre pedregulhos que levavam como colar.
Um desses símbolos era o número áureo, que é uma relação dos números entre si. Por exemplo, pro retângulo seria a relação entre a soma de dois lados e a longitude.
É o único número, disse o diretor do instituto de tecnologia preventiva, entre todos os números imagináveis, que se multiplica por si mesmo quando lhe acrescentam 1 e o único que se inverte consigo mesmo quando se lhe tira 1:
x+1=x2 x2-x-1=0 x=x-1=x-1 x2-x-1=0 x=
Para Jean-Pierre Bayard, a seção esotérica, ou relação do círculo com o quadrado, dá o número do homem: 2,618, donde procede o número áureo.
Na sucessão aritmética de Fibonnacci: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, etc., o número de ouro é o limite da relação de dois termos sucessivos quando se vai aos termos cada vez maiores. Se encontra em qualquer sucessão baseada nesse princípio. A sucessão de Fibonnacci é tal que cada termo é a soma dos dois precedentes.
O número áureo é estritamente igual a sua expressão numérica, irracional, começa por 1,618. (Facettes, #29, página 9). Em alta iniciação se ensina que o número áureo não é uma aritmética mas está determinado por intuição e relação harmoniosa entre o homem e o cosmo.
Henri Vincenot expõe, muito claramente, como se encontra esse número:
O retângulo de proporção dois-um, têm uma diagonal igual à raiz quadrada de cinco!
»Se se aumentar essa diagonal com uma largura de retângulo e se dividir por dois se obtém 1,618 que é o número áureo».
Henri Vincenot, a quem a iniciação não é, simplesmente, assunto de abrir e cerrar de olhos, de palavras ocas e de fórmulas abstrusas, acrescentou:
= (1 + 1,618) = (1,618 x 1,618) = 2,618
E essa última cifra multiplicada pela relação doze-dez, chamada relação de Osíris, dá Pi = = 3,1416, constante universal, chave do círculo e da esfera.
ABRAXAS, PILHAS, DJEDS E VEIAS DO DRAGÃO
Sentenças e fórmulas mágicas estavam gravadas sobre as pedras gnósticas ou basilidianas ou abraxas (amuletos) no século II de nossa era, quando Basilides ensinava a doutrina dos gnósticos.
Essas pedras eram o sanctasanctórum, o tabernáculo da alta ciência.
Quem soubesse ler suas gravuras era sábio e companheiro de labirinto dos grandes iniciados.
Mais tarde a expressão suprema do saber e da sabedoria devia se cristalizar na lendária pedra filosofal, graal dos alquimistas e dos cavaleiros da quimera.
Os menires da Bretanha, que conservam tão bem seu segredo, tinham um destino muito concreto na geografia e na geologia.
Essa é a opinião do arqueólogo Jean Lody, de Rostrenen (Côtes-du-Nord), a quem os menires eram os marcos duma rede viária primitiva que conduzia aos sedimentos metalíferos que os povos antigos exploravam.
É uma tese interessante que Jean Lody apoia sobre observações sérias e copiosa documentação.
É certo que a pedra alçada tem múltiplos significados que variaram com o transcurso dos anos.
Se pode pensar, com boa razão, que os alinhamentos do Meneque, em Carnac, eram, para à mente de nossos antepassados, ao mesmo tempo estelas funerárias ou de saudade, guerreiros defensores, observatórios astronômicos e pilhas conectadas diretamente sobre a serpente telúrica, a quimera, geradora de fluxo vital revigorante.
Os estudos de professor Alexander Thom sobre Estonerrenge e Carnac demonstrariam que esses monumentos ou sítios eram observatórios astronômicos.
Os alinhamentos do Menée, de Kermario e de Kerlescant teriam sido conectados com o observatório lunar que constituíam o menir gigante de Er-Kroecht (25m de altura) e pedras de mira. O conjunto teria permitido prever eclipses e determinar os solstícios.
Os investigadores do CNRS inclusive escreveram (La Recherche, #34) que os menires eram computadores! Estamos longe de pensar que nossos antepassados eram ignorantes. Ao contrário, lutamos pra fazer reconhecer sua existência e sua qualidade de Antecessores Superiores em determinados terrenos. Mas isso de qualificar de computador um menir, há um degrau que não franqueamos!
O qual era também a função do djed egípcio e das Veias do Dragão dos chineses.
O menir da ilha de Yeu, que nos fez conhecer doutor André Guillard, é, incontestavelmente, símbolo fálico, acumulador de potência e de virilidade.
OS GUERREIROS DE FILITOSA
Na Córsega, em Palaggiu, assim como em Carnac, os menires estão ordenados e dispostos como guerreiros dotados de vida, suscetíveis de adquirir o movimento e a possibilidade de atacar ou de defender em caso da altura estar em perigo.
Não obstante, é em Filitosa, a sul de Ajácio, onde as teses da pilha acumuladora de fluido vital e das efígies antropomorfas protetoras, induzem mais ao convencimento.
Como na ilha de Páscoa com as estátuas gigantes.
Numa paragem magnífica um dos mais formosos da ilha da Beleza, Filitosa é um lugar elevado onde os enamorados da Natureza e dos megalitos podem sonhar com os tempos passados.
Com Stonehenge e Carnac, Filitosa é um dos polos da pré-história aonde o homem curioso e culto deve acudir pra refletir sobre o problema obsedante das pedras alçadas.
Sobre um morro rochoso se ergue a fortaleza flanqueada de estátuas-menires que são, sem a menor dúvida, à vez falos e guerreiros encarregados de assegurar uma proteção mágica.
Com seus dólmens, seus monumentos, seu recinto de menires e suas fortificações, o oppidum de Filitosa atesta dum passado que se remonta de 3.500 a 5.000 anos, e que apresenta ainda muitos enigmas (Filitosa está a 50km ao sul de Ajácio. Se tem fácil acesso em automóvel ao lugar onde há um restaurante, um museu e um parque onde é agradável errar entre as estátuas armadas, os menires e os vestígios ciclópicos)
A altura foi descoberta por Charles-Antoine Césari que, com suas próprias mãos, exumou a maior parte das estátuas e dos megalitos que podem agora ser admirados.
Também a ele se deve o museu, cheio de vestígio e pedra lavrada como não existe noutra parte.
Carnac é o menir informal onde ainda habita o deus e onde se armazena a potência, considerada benéfica, da terra-mãe.
Filitosa, mais recente, mais suntuosa, assinala, em nosso ponto de vista, o final do tempo megalítico e uma tomada de consciência onde a magia se enlaça estranhamente com a arte antropomorfa, da qual o menir é representativo.
Na Sibéria, na região dos rios Ienissei e Abacã, estão eretos menires ou ídolos ou mulheres velhas notavelmente esculpidos de rostos, representações animais e personagens providas de três olhos e de largas orelhas! Esses menires têm uma antiguidade de 4.000 anos.
OS PILARES DO CÉU
Tanto faz ser chamado betilo ou pedra alçada, o menir sempre teve reputação mágica, benéfica e, frequentemente, divina.
Se lhe atribuem tantos poderes que já não se sabe qual lhe caracteriza e lhe dá significado principal.
Então, ao tomar consciência da multiplicidade de funções possíveis que se lhe atribuem, se adquire uma convicção que é, com certeza, a expressão da verdade: Segundo as épocas e os lugares os menires tinham significados muito claros.
Há tanta diferença entre o menir de Carnac e o obelisco de Luxor como entre um dólmen e uma catedral, entre uma lagarta e uma mariposa.
Para os esoteristas o menir é a Árvore sagrada, o eixo do mundo, o centro do mundo habitado por Deus, a casa e a palavra de Deus. É também o deus informal, o deus na pedra. É o Pai vertical, doador de vida, o falo sagrado de todos os povos antigos.
Na Índia é o Lingam sagrado, substância vivente, inteligente e genitora.Às vezes é o Antepassado, a pedra-mãe que dá a luz à humanidade.
Como pilar, o djed dos egípcios está carregado de influxo benfeitor porque, por sua base, toca o lombo da quimera, trajeto nas correntes telúricas, e por sua ponta é receptor das influências celestes.
Nesse sentido tem o papel de acumulador de ondas benéficas e de agulhas de acupuntura.
Para os outros, o menir é um computador, elemento de olha astronômica.
Parece que os celtas o chamaram pilar no tempo em que os Dé Danann da Irlanda venceram aos Fomoré em Moytura (a planície dos Pilares, isto é: dos Menires).
E o termo pilar, esclarecido por um conto sumério, sugere uma explicação fantástica que pôde perfeitamente germinar na mente fértil e apaixonada pelo maravilhoso de nossos antepassados celtas.
Nesse conto o deus Kumarbi criou um gigantesco monstro de pedra com o nome de Ullikummi que devia se elevar como um pilar crescendo sem cessar até sacudir o teto do céu pra desalojar dali os maus deuses.
No final da história Ullikummi se converteu num guerreiro de pedra encarregado de vigiar e proteger as cidades terrenas.
Esse último destino, que corresponde exatamente ao das estátuas-menires de Filitosa e também, se diz, aos alinhamentos de menir do Menee, em Carnac, faz crer que se trataria do primeiro: Os pilares dos celtas, elevados, seja pra sacudir, seja pra sustentar o céu de Deus.
Os pilares de Stonehenge não suportam, diz Diodoro da Sicília, o grande templo circular de Apolo?
O menir, ao crescer, na crença céltica ou pré-céltica, deveria, nessa hipótese, se elevar até o céu.
Uma imagem simbólica, muito fascinante, acode, então, à mente: Os menires-pilares que suportam sua chapa de pedra plana representariam o céu ao se converter em dolmens.
Uma visão abreviada do cosmo!
Ficção analógica, dirão de novo os pontífices! Como se nossos remotos antepassados tivessem tido o mau gosto e a estupidez de viver como nós, em tempo chamados real, o escandaloso Pompidolium de Beaubourg, em Paris, cujos pilares de metal suportam um dólmen atulhado da ciência maléfica de nosso século XX...
(Robert Charroux - CONTINUA)
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