7 de fevereiro de 2013

SISTEMA ENOCHIANO II

A HISTÓRIA DA MAGIA ENOCHIANA

(Este capítulo é uma adaptação livre do “Guia de Consulta para Magia Enochiana,Origens: Os Diários de Dee.” - N.A)

O Sistema conhecido como Magia Enochiana, deriva do trabalho do estudioso elisabetano Dr. John Dee e de Sir. Edward Kelly. John Dee tinha uma paixão por descobrir o conhecimento "perdido" e as "verdades espirituais", em particular, ele queria recuperar a "Sabedoria" contida em Escritos Antigos. Entre estes escritos estava o Livro de Enoch, que ele concebeu como sendo uma descrição de um sistema de magia usado por aquele Patriarca.

Tendo chegado à conclusão que seus esforços em descobrir as "verdades" em escritos e livros antigos eram infrutíferas, decidiu contatar as Forças Divinas pessoalmente.

Durante os anos de 1581 a 1585, Dee executou uma longa série de operações de Magia. Antes de se juntar a Edward Kelly, John Dee usou um outro operador, chamado Barnabas Sawl (ou Saul).

A primeira sessão de ambos começou em 21 de dezembro de 1581, e as sessões continuaram até fevereiro de 1582, período em que Barnabas Saul sofreu uma tentativa de processo talvez por bruxaria. A partir do ocorrido, Saul relatou a Dee que “não ouviu nem viu qualquer criatura espiritual”.

Kelly se juntou a Dee em março de 1582, sendo seu assistente exclusivo enquanto durou seu trabalho. Desde as primeiras observações na “Bola de Cristal”, os resultados obtidos por Kelly foram tão impressionantes que John Dee, perdeu todo o interesse em outros profetas.

O método empregado para estes trabalhos era bastante simples para a época. Dee agia como orador e dirigia fervorosas orações para Deus e os Arcanjos, com durações que variavam de 15 minutos a 1hora. Então uma "Bola de Cristal" era colocada em uma mesa preparada, e os Anjos eram chamados à manifestar um aparecimento visível. Kelly via através da "Bola de Cristal" e relatava tudo; Dee sentava-se à outra mesa e registrava tudo o que acontecia.

Dee fez várias cópias destes registros. Uma porção deles, relativos às “ Claves Angelica” e, “De Heptarchia Mystica 
”, Tabelas e o “ Liber Scientia e Auxiliis et Victoria e Terrestris ", foram adquiridos juntamente com a biblioteca de Dee por Robert Cotton.

Parte destes registros foram publicados em “ Casaubon's A True and Faithful Relation ".

As partes mais antigas relativas à "Heptarchy " e "Liber  Loagaeth " vieram à luz por meios mais indiretos. Inicialmente, Dee aparentemente decidiu esconder os seus registros num compartimento de um grande móvel de cedro. Depois da sua morte, este móvel passou por várias mãos. Os documentos escondidos não foram descobertos até por volta de 1662, e encontraram um destino nas mãos de Elias Ashmole em 1672. Mais tarde a coleção de Ashmole passou para a Biblioteca Britânica. De acordo com Ashmole, aproximadamente metade dos registros escondidos estavam destruídos. Apesar disto, os registros das operações realizadas de 1581 até 1585 mantiveram-se quase completamente intactos.

O registro destas operações é muito detalhado; tanto que leva a um estudo cuidadoso no intuito de separar o "joio do trigo". Há longos períodos em que as comunicações parecem não ter nenhum propósito a não ser, manter a atenção dos "Magistas" em continuar as operações.

Durante estes períodos, os Anjos apresentaram visões coloridas,profecias portentosas, e "fofoca angelical", mas muito pouca informação"sólida".

Adicionalmente, o estudioso tem de lidar com incursões em doutrinas apocalípticas, política, problemas pessoais de Dee e Kelly, e várias questões irrelevantes que Dee teimou em inserir no trabalho. Cronologicamente, o trabalho de Dee e Kelly divide-se em três períodos altamente produtivos separados por meses nos quais nada de particular valor foi recebido.

Geralmente o material recebido em cada período é completo em si, e sutilmente relacionado com os outros períodos. Numa interpretação mais rígida, apenas o material do terceiro período poderia ser qualificado como "Enochiano", mas é comum referenciar todo o trabalho como "Enochiano".
 
PERÍODO UM: A HEPTARCHIA MYSTICA
O primeiro sistema de Magia "dado" a Dee foi o "
Heptarchia Mystica ". Um sistema de complexidade moderada de Magia Planetária,semelhante ao encontrado nos "Grimórios Salomônicos". O registro de sua apresentação pode ser encontrado no "Mysteriorum Libri Quinti ".

A apresentação deste sistema Mágico é de notável sequencia e ordem. São descritos com detalhes os "itens" necessários para consecução do sistema. Relata-se também uma hierarquia angelical de 49 "Anjos Bons", e mais adiante informações relativas aos Reis e Príncipes da hierarquia, e seus ministros.

A maior parte das informações foi determinada durante 1582; significativas correções relativas aodesenho dos "itens" foram determinadas na primavera do ano seguinte,depois de um hiato no trabalho e a apresentação do
Liber Loagaeth .

AS FERRAMENTAS: ANEL, LÂMEN E A MESA SANTA

Os anjos afirmam que o anel que eles projetaram para Dee era o mesmo que Salomão utilizava para controlar os demônios. O Anel possuía uma faixa clara na qual era fixo um retângulo. Nos quatro"cantos" deste retângulo eram escritas as letras PELE. No centro do retângulo havia um círculo cruzado por uma linha horizontal, acima desta linha havia a letra "V" e abaixo a letra "L".

Foram dados dois Lâmens a Dee, um na versão com escrita Angélica e outro com caracteres latinos. O primeiro destes apresentava uma semelhança a vários Sigilos Góticos, sendo composto por várias linhas desenhadas a "mão livre" e letras dispostas sem uma ordem aparente. O "ser" que instruiu o desenho deste lâmen, disse que o mesmo deveria ser usado em todas as ocasiões e locais, com o propósito de proteção.

No ano seguinte, Dee e Kelly foram avisados por outros "Seres"que aqueles lâmens eram falsos e haviam sido dados por um"espírito “ou"ser"ludibriador.

Estes mesmos seres, deram a Dee instruções para consecução de"QuadradosMágicos", compostos por uma matriz (7x12), compostos inteiramente de letras.

Ao contrário dos Lâmens anteriores estes tinham o único propósito de dignificar o Magista, mostrar seus méritos para executar a Magia Heptárchica.

A "Mesa Santa“ ou "Mesada Aliança“ era a peça central do sistema de Magia Heptárchica. Seu propósito era ser um "instrumento de conciliação"; o meio pelo qual os poderes que estavam por ela simbolizados eram trazidos junto ao Magista.

Como o lâmen, a versão inicial da mesa, foi depois dita incorreta, e um novo desenho foi "providenciado".

A mesa possuía um tampo quadrado com o lado medindo 2 cúbitos (algovariandoentre90cme104cm), com a altura de 2cúbitos. As pernas da mesa terminavam com a forma de taças viradas para baixo nas quais eram colocadas pequenas cópias do"Sigillum Dei Aemeth".

A mesa possuía borda de uma polegada, nas quais certas letras eram desenhadas, 21 para cada lado. Próximo à borda era desenhada uma Estrela de Davi, e no centro da Estrela um “Quadrado Mágico“ de 6 polegadas de lado, formado por uma matriz 3x4 contendo mais letras. Em cima da mesa eram colocados 7 "Talismãs Planetários", chamados as "Insígnias da Criação"; cada talismã representava um corpo celeste: o planeta Vênus, o Sol, Marte, Júpiter, Mercúrio, Saturno e a Lua; no centro da mesa era colocado uma versão grande do"Sigillum Dei Aemeth Sigillum DeiAemeth”.

Obsr: Cubito – Provavelmente a mais antiga medida linear que se tem notícia, era a distância entre o cotovelo e dedo médio. Variava entre 45 e 52cm. O menor era chamado de "pequeno cúbito“ e o maior, "cúbito real". Este último, por sua vez, era divido em 7 palmos de 4 dedos. Os egípcios tinham como padrão de peso a unidade "granel (Fonte:http://gold.br.inter.net/luisinfo/medidas.htm)

Quando em uso, A Mesa, O"Sigillum ", e Os Talismãs eram cobertos com um tecido de seda vermelho. A"Bola de Cristal“ era então colocada em cima do tecido, diretamente em cima do"Sigillum". As letras ao redor da extremidade da mesa, e no quadrado central, foram tirados da mesma matriz 7x12 que formava o lâmen.

A intenção seria de que eles "dignificassem“ a mesa -consagrando-a para o trabalho com a Heptarchia- da mesma maneira que o lâmen dignifica o magista. Não há nenhuma indicação no registro, a idéia de que elas eram palavras que transmitiam algum tipo de significado, como Gerald Schuele ralegou.
Muitos magistas assimilaram a ideia de que a Mesa Santa também é necessária às operações que envolvem as Chamadas e Tábuas Angelicais dadas a Dee e Kelley em 1584. É verdade que eles fizeram uso da mesa para as operações em que obtiveram todo este material.

Porém, a mesa é projetada especificamente para o uso com os poderes da Heptarchia; parece improvável que ela seja satisfatória para a natureza quase elementar dos poderes das Tabelas.

Abaixo os 2 lamens:

O SIGILLUM DEI AEMETH

O Sigillum dei Aemeth  ou Sigillum Dei  é um disco grande de cera,no qual são inscritos vários nomes de Deus e de anjos, dentro um desenho formado por heptágonos e heptagramas. Este sigilo deveria ser colocado no centro da Mesa Santa, debaixo da bola de cristal.

Versões menores seriam colocadas debaixo dos pés da mesa (que possuíam forma de taças invertidas), aparentemente para separar a mesa de influências terrestres.

O Sigilo é a única parte do trabalho de Dee que tem uma direta correspondência com sistemas de magia anteriores; versões deste aparecem no Liber Juratis e no Eodipus Aegypticus , entre outros volumes.

Dee foi orientado para copiar inicialmente o sigilo de um livro de sua biblioteca, mas encontrou versões conflitantes e não pôde decidir entre eles. Questionando os anjos, estes lhe deram o projeto para uma versão nova e mais detalhada. O sigilo resultante é substancialmente diferente das versões anteriores, compartilhando com eles só a forma geométrica geral.

Enquanto a maioria dos nomes no Sigilo não são imediatamente reconhecíveis, quase que todos eles são derivados de dois conjuntos de nomes angelicais familiares. O primeiro conjunto é da lista dos anjos de Agrippa como os "sete que estão na presença de Deus". Os nomes divinos fora do hexagrama no Sigilo são formados por transposição das letras destes nomes, seguindo um elaborado mas consistente método. O segundo conjunto são os Arcanjos planetários cujos nomes são mostrados no centro do Sigilo. Estes são usados para formar os quatro grupos de sete nomes angelicais dentro do hexagrama, chamados de"Filhos de Luz", "Filhas de Luz", "Filhos dos Filhos", e "Filhas das Filhas".

É interessante notar que os nomes derivados eram primeiro determinados, e só depois eram mostrados os meios de derivação.

AS INSÍGNIAS DA CRIAÇÃO
Imediatamente seguindo a apresentação do Sigillum dei Aemeth,os anjos proveram sete sigilos complexos intitulados "Insígnias da Criação". Estes seriam gravados em folhas de estanho purificada, e arranjadas sobre a superfície da Mesa Santa formando um anel contínuo ao redor do Sigillum dei Aemeth, ou dispostos diretamente na frente do magista. Como uma alternativa, os anjos permitiram que os sigilos fossem pintados diretamente na mesa.

Durante as correções ocorridas na Primavera de 1583, os anjos especificaram que as letras nas insígnias deveriam ser convertidas para o alfabeto angelical, mas isto aparentemente nunca foi feito.

Como a própria mesa, as bandeiras eram intencionalmente utilizadas como instrumentos de conciliação entre o magista e o poder Heptárchico.

Cada insígnia era associada a um Rei da Heptarchia, comum planeta específico bem como um dia da semana. Duas mais recentes versões das bandeiras circularam em publicações modernas. A primeira destas foi criada pelo pseudônimo "Dr. Rudd", mais ou menos um século após a época de John Dee.

A versão de Rudd apresenta os nomes de vários demônios tradicionais escritos na Insígnia. A ideia de Rudd era que as letras representavam os nomes destes demônios, e o número de vezes que a letra aparecia significava o número de vezes que o demônio seria invocado. Outra versão das Insígnias foi publicada no “Zalewski's Golden Dawn Enochian Magick” 
no qual erroneamente troca todas as letras "b"minúsculas nas Insígnias por números “6”.

Esta versão aparenta ser mais uma recente invenção, aparecendo impressa nos anos 60.

Nenhuma destas versões posteriores tem alguma justificação nos diários de Dee. Há uma lógica por detrás dos símbolos nas Insígnias, que não é explicada em nenhum lugar dos registros.

(Continua)


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