25 de maio de 2010

O CLAREAR DA CONSCIÊNCIA


“OS SONHOS, ENQUANTO DURAM, SÃO UMA VERDADE” (ALFRED TENNYSON).

A rigor não existe consciência individual e sim manifestações individuais de uma só consciência.

Quando a pessoa adormece há um desligamento parcial entre o espírito e o corpo. Assim sendo o espírito como que viaja para lugares distantes. Na realidade o que ocorre é uma projeção da Mente para além do lugar onde está o corpo físico, resultando disto é o sonho.

A consciência pode se deslocar, ela pode se expandir. Na realidade nenhum destes termos é adequado para definir o que se pretende expressar porque a consciência propriamente não se expande e nem se desloca de um lugar para outro. Como ela é única e abrange o Infinito Cósmico ela, em vez de se deslocar ou de se projetar, na realidade em determinadas situações à percepção mental a detecta e então ela como que aflora num lugar ou noutro, numa época ou noutra. Por isso é melhor dizer que a pessoa pode senti-la ativada em lugares e tempos diferentes.

Afim de que a afirmativa anterior possa ser mais bem compreendida usemos uma analogia. Admitamos como analogia um oceano, representando a consciência, composto por incalculável número de gotas de água, mas elas não são cientes de que compõem um único oceano.

O mesmo acontece com a consciência, ela se manifesta em unidades que não estão cientes das demais. Por isto é que num momento a consciência pode estar ativa num determinado ponto – aquele em que a pessoa diz está aqui – em outro num lugar distante, depois em outro e assim sucessivamente. É como se o oceano apresentasse pontos de ebulição, como se dele emanassem bolhas em ocasiões e lugares diferentes, e que cada bolha representasse um ponto de consciência aflorante. A pessoa ao se dar conta desses afloramentos em lugares e épocas distantes sente como se houvesse ocorrido um deslocamento quando na realidade não é isso o que acontece.

Tornar-se ciente num ponto afastado é necessário que a pessoa altere sua vibração. Existem algumas formas do como isso pode ser efetivado e ensinado por algumas doutrinas. Muitas vezes uma projeção ocorre espontaneamente.

Carlos Castaneda refere-se muito aos ensinamentos de Dom Juan referente a condições que o “feiticeiro” atinge através de deslocamentos daquilo que ele chamado de Ponto de Aglutinação. É pelo deslocamento daquele ponto que os diversos níveis de consciência se manifestam. Isto é verdade e veremos alguns detalhes que julgamos importantes no desenvolvimento espiritual.

Primeiramente queremos lembrar que em nível orgânico, em nível corporal, existe no cérebro um ponto correspondente a qualquer função. Tudo tem o seu lugar representativo no cérebro. Se, por exemplo, for estimulado o ponto da visão a pessoa terá sensação de luz, de cor e assim por diante.

Também pela acupuntura e reflexologia sabe-se que no nariz, nas orelhas e nas plantas dos pés estão representados todos os pontos do corpo e que se um daqueles pontos for estimulado haverá uma resposta correspondente à função inerente a ele.

No corpo bioplasmático há um ponto energético representativo de cada nível de consciência. Assim sendo, tal como se estimulando o cérebro há uma resposta equivalente ao ponto, assim também se deslocando o ponto energético (ponto de aglutinação citado por Carlos Castañeda) o nível de consciência aforam num outro nível.

A compreensão sobre o ponto de aglutinação citado seguidamente por Carlos Castañeda tem sido difícil para muitos leitores daquele autor. Na realidade o ponto de aglutinação é o ponto de confluência do nível de consciência no corpo energético da pessoa.

“Assim como é em cima é embaixo”, portanto todas as coisas que existem num nível existem em as suas representações nos demais níveis. Assim, existem pontos representativos de todo o universo em todos os planos.

Estimulando-se (o que equivale a fazer mudar de lugar) o ponto energético correspondente aos níveis de consciência é possível se projetar a consciência para N níveis. Na realidade o que variam são os métodos de como agir sobre ponto energético segundo o que se pretende obter.

A consciência naquele aspecto impropriamente chamado de consciência pessoal apresenta-se restrita, setorizada. É como se porções mínimas daquele oceano estivessem isoladas de alguma forma, houvesse um envolvimento de pequenos setores fazendo com que o oceano inteiro não funcionasse como uma única unidade. Embora sendo única ela atue como se fosse setorizada, composta por miríades de unidades independentes.

Podemos ver que na creação do universo houve como primeira conseqüência o estabelecimento da descontinuidade. A descontinuidade é uma condição inerente ao universo, sem que tal existisse não haveria as coisas existentes, nem mesmo o espaço e o tempo cronológico. Para a existência do universo, o contínuo tem que se tornar descontinuo. No contínuo nenhum dos princípios ou leis existem em operacionalidade.

Agora já temos condições de mostrar que a descontinuidade não ocorre somente no que diz respeito às coisas físicas, ao mundo ponderável. Ela existe em tudo e sendo assim a consciência não poderia ficar de fora. Na realidade com a criação dos espíritos a consciência como um contínuo se manifestou como descontinuidades. Ocorreu uma setorização e o incomensurável número de subunidades e o que separa uma subunidade de outra são os elementos que os místicos dão o nome de envolvimento espiritual.

Há como que um “manto” no contínuo isolando as coisas quer sejam materiais quer abstratas, gerando o descontínuo.

A consciência é uma das faces manifestas do Poder Creador, pois ela atende perfeitamente àquelas três condições básicas Onipresença, Onisciência, Onipotência.

A consciência esteve presente desde o infinito. Seja qual tenha sido a primeira manifestação, por certo, foi um ato de consciência do Poder Superior. Seja em que futuro for qualquer ato envolverá uma expressão de consciência mesmo que esta se manifeste através de alguma lei creada, pois qualquer lei que exista ela por sua vez também foi creada por um ato de consciência. Pela consciência tudo pode ser destruído ou construído.

Como uma face do PODER ela é um daqueles aspectos que chamamos Faces do Poder Superior. Estas sempre são únicas, assim não existe mais que um querer, tal como não existe mais de um amor, tempo, espaço, luz, verdade, vibração, polaridade etc.

Todos os inúmeros aspectos do Poder Superior são unos embora em muitos momentos eles possam se manifestar como multiplicidades. São unos na essência e diversificados em manifestação exatamente porque é o “envolvimento” que nos faz pensar serem coisas múltiplas aquilo que na realidade é único. É a setorização, é a manifestação de forma descontínua que fazem as “Faces” do Poder Superior” se apresentarem como unidades independentes.

Fala-se muito em pecado original, fala-se que o espírito desobedeceu e por isso houve a “queda”. Na realidade, em um certo nível, isto é verdade, mas o que poucos sabem é que a desobediência citada por muitas doutrinas é resultante do envolvimento da própria consciência pela mente estabelecendo assim a descontinuidade.

O querer único continuo, ao se tornar descontínuo individualizou-se constituindo espíritos. Mas não foi unicamente o querer que se individualizou e sim também a consciência e todos os demais atributos inerentes ao Poder Superior.

Todas as “Faces” do Poder Superior como que se fragmentaram, constituindo individualidades. A individualização, contudo, não foi total, foi apenas parcial, uma separação limitada que na essência continua a existir como unidade.

A individualidade também é única, é Cósmica. Ela se apresenta parcialmente quando se setoriza, mas em cada “setor” continuam presentes todos os aspectos da Natureza Superior porque não houve uma ruptura e sim uma delimitação. Com a manifestação limitada cada aspecto deixou de ser UM para ser N .

A desobediência primária, o Pecado Original citado por algumas doutrinas, foi uma conseqüência da setorização da consciência e do querer. A consciência setorizada deixou de ser totalmente clara e isto levou o querer a tomar um rumo e não outro.

A desobediência que determinou a queda dos espíritos nada mais foi do que uma das conseqüências possíveis decorrentes da transformação da continuidade em descontinuidade (aqui estamos discorrendo em nível de dualidade e não de unicidade, pois neste aspecto coisa alguma aconteceu, pois tudo “é” e o mais apenas resultado da ação da mente dando a ilusão de coisas, de espaço, de tempo linear, e assim por diante).

O envolvimento do Espírito essencialmente é o resultado da setorização das descontinuidades que cada um representa. Assim sendo o envolvimento não é apenas do espírito, na realidade toda a criação é o resultado da descontinuidade que, por sua vez, nada mais é do que a mais ampla setorização.

Como setorização há uma condição que serve de elemento limitante – isolante – entre as partes constitutivas do universo. Esta sim é a causa primeira da qual tudo o mais tem sido simplesmente conseqüências e que até mesmo pode ser chamado de Envolvimento Primordial. O envolvimento transformou o continuo em descontinuo pelo que todas as qualidades do continuo igualmente se tornaram descontinuas, ou seja, se manifestaram como descontinuidades (Envolvimento a que estamos nos referindo nada tem haver com desobediência, com negatividade ou coisas assim).

Penetrar neste GRANDE MISTÉRIO DA CREAÇÃO é dado a poucos espíritos. Somente aqueles que tiveram, ou têm uma vida totalmente dedicada aos ALTOS FINS DA EXISTÊNCIA é que podem sentir o DOCE MISTÉRIO DA VIDA compreendendo o que mobiliza todo o universo.
A creação é um bloqueio tremendo na manifestação plena, infinita do Poder Superior.

Dentro da criação as manifestações Dele sempre se apresentam limitadíssimas em decorrência da descontinuidade. Isto não quer dizer que Ele seja limitado por seja lá o que for. Na realidade é o inverso Ele manifesta-se parcialmente, é QUEM oferece suas qualidades dentro de limites por SI mesmo estabelecidos.

Todas as faces do Poder Superior dentro da creação estão setorizadas, apresentam caráter descontí nuo porque isto é uma característica da própria creação. Assim sendo, não tem sentido algum se falar de vida pessoas, de amor pessoal, de querer pessoal, de verdade pessoal, de consciência pessoal, e assim por diante. O pessoal indica apenas o nível de afloramento dessas qualidades no espaço e no tempo.

Num nível mais elevado cada face é única apenas aflorando em momentos e pontos diferentes, parecendo assim serem múltiplas. A pessoa por ainda não se sentir una é que não percebe a “unitariedade” que existe no Cosmos.
(Texto de José Laercio do Egito-FRC)

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