26 de maio de 2010
A ILUSÃO DO ESPAÇO
Assim como acontece com o tempo, também acontece com relação ao espaço. Ele não deixa de ser um dos padrões de ilusão inerente à mente. Isto é o que resumidamente vemos nessa palestra.
Evidentemente não é fácil uma pessoa aceitar e, menos ainda, entender se lhe for dito que espaço não existe. Pelo simples fato dele se sentir em um lugar é o suficiente para o seu intelecto lhe dar inteira confiança de que não pode negar a existência de um lugar, tal como a de um momento presente.
Segundo o que preceitua a Teoria da Relatividade de Einstein o espaço não tem um padrão último de medida e não ser o mesmo em todas as circunstâncias. Segundo a Teoria da Relatividade, o que corresponde ao que as doutrinas metafísicas, entre elas o Hermetismo, vêm afirmando há milênios.
A Teoria da Relatividade mostra que o espaço não possui as propriedades mencionadas por Euclides em seus postulados e axiomas que condizem com o que a percepção limitada das pessoas determina. Mas, bem antes de Einstein, já Zenão e Pitágoras na Grécia, assim também diversos sábios da Índia e o Hermetismo desde o Antigo Egito, haviam descoberto e assinalado contradições inerentes à idéia comum de espaço como algo com características de existência real e de inalterável fixidez. Perceberam que, sob certo ponto de vista, o espaço é mensurável, relativo e finito, mas sob outro ele é incomensurável, absoluto e infinito em todas as direções.
Aceitando-se que espaço é apenas a localização das coisas existentes, então poderia ser algo mensurável, algo com dimensão e cujo limite seria marcado pelo esgotamento das coisas que o constituem. Sob o outro ponto de vista ele não pode ter limite desde que não existem limites separativos no Mundo Transcendental, o que quer dizer; não existem coisas distintas, mas apenas uma só.
A existência de coisas é decorrência da limitação da percepção. Se não existem coisas também não pode existir algo constituído por elas .
A ignorância sobre a unicidade das coisas leva alguns à idéia da existência de espaço mensurável cujo indicador seriam as coisas existentes. Segundo o primeiro ponto de vista podemos delimitar o espaço mediante às suas partes, ou seja pela extensão dos objetos físicos.
Mas, conforme o segundo ponto de vista, tais partes não têm existência em separado do Todo, e sendo assim não é possível determinar limites, pois quando se tenta reunir todas as partes, jamais se consegue chegar a um agregado que seja a totalidade do espaço. Se o limite do espaço não fosse o limite da totalidade das coisas, então haveria sempre mais espaço além do limite do que se julga ser o todo. Hipoteticamente se juntássemos mais elementos ao espaço ele cresceria, mas cresceria a partir do que e de onde?
Quando se falamos de espaço surge a idéia do aqui e do ali, e nos encontramos diante de uma curiosa situação, pois espaço traz a idéia de ser algo em que alguma coisa existe ou aquilo em que a ordem do mundo se diferencia, e se não existem “coisas” espaço deixa de existir.
Diz Paul Brunton: “Pensemos num ponto colocado sobre uma folha de papel em branco. A geometria define ponto como sendo uma posição sem grandeza, portanto não tendo qualquer dimensão. Vale dizer que o ponto não contém nada no seu interior e que não há lugar para ser colocado alguma coisa dentro dele. Nessa análise ver-se-á que o ponto não é um absoluto espacial e por isso o espaço, tal como o exposto, ele ao mesmo tempo existe e não existe”.
O que significa aqui? Aquele raciocínio que já fizemos para tempo, também é válido para espaço. O que é o aqui, onde ele se situa? – Quando falta para se atingir o aqui? Poder-se-ia dizer, falta tantos metros, centímetros, milímetros, e assim por diante.
Esse escalonamento decrescente só cessa no infinito. O aqui seria um ponto inatingível a não ser no Infinito, e no infinito não comporta o aqui porque nele não existem separações por se tratar de um continuum. Sem separações o ponto representativo do aqui, não existe e consequentemente também não existe lugar. Logo, espaço não tem existência real.
Tente diminuir uma coisa qualquer, diminua-o seguidamente, cada vez mais, então onde isto vai parar? Por certo no infinito. Veja que aqui também acontece o mesmo que acontece com referência ao tempo. Onde ocorrem o tempo zero e o espaço zero? Somente deveriam acontecer no Infinito. Onde se situa o ponto zero do espaço?
Vemos que não pode ser em nível de Imanência. Assim podemos dizer que o ponto zero, o inespacial somente poderia existir no próprio infinito, mas infinito não tem centro nem periferia, não tem o dentro e nem o fora. O infinito tem que necessariamente ser inespacial. No “É” não existe lugar para se situar o aqui ou o ali.
Pelo que foi exposto se conclui que espaço é simplesmente uma condição da mente por não poder existir nem no plano imanente e nem no transcendente.
Se o espaço compreende a localização das coisas o que as separa? A mente exige um limite para tudo, mas qual é esse limite? Sempre existe um elo intermediário entre uma coisa e outra. Tudo isso são condições ilusórias impostas pela mente.
É a mente quem nos obriga a encarar todas as coisas como existentes no espaço e no tempo. O espaço parece ser uma condição necessária do processo da percepção. Não nos é possível separar uma só coisa do tempo e do espaço. Contudo, jamais vemos o tempo e o espaço propriamente ditos! Não recebemos nenhuma impressão sensorial direta do espaço puro e do tempo puro.
Pensemos em uma condição em que coisa alguma se faça sentir. Nesse estado que sensação se poderia ter? – Compreensão da inexistência, mas como tal o que se sentiria, que percepção sensorial de poderia ter? Ter-se-ia a compreensão de se tratar de um nada, mas o que se sentiria no nada?
Não nos é possível revestir o simples conceito de espaço com nenhuma imagem mental; só podemos pensar em alguma coisa ocupando um lugar e tendo alguma dimensão, daí conhecermos o espaço apenas como uma propriedade das coisas e o tempo como uma propriedade do movimento.
(Texto: José Laércio do Egito-FRC)
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