5 de outubro de 2009

TEMPLÁRIOS VII

As rígidas regras de hospitalidade muçulmana ditavam que, quem partilhasse da água, do pão ou do sal na mesma Tenda deveria ser poupado e alimentado. Repreendido, teve a taça tomada e Saladino ofereceu a ele a possibilidade de entregar-se ao Islã a fim de ser poupado. Châtillon, sempre arrogante, retrucou que era Saladino quem deveria entregar-se ao cristianismo a fim de evitar o fogo do inferno. A arrogância e intolerância de Châtillon foram superiores à cortesia do grande cavalheiro que era Saladino e este lhe decepou a cabeça com um só golpe de cimitarra.

Há décadas a Inglaterra estabelecera uma “cabeça-de-ponte”, um domínio localizado sobre uma vasta e rica região da França fazendo com que o monarca mobilizasse vastos recursos para dar combate ao invasor. Após muitas derrotas humilhantes e um severo endividamento, Filipe de Valois viu-se obrigado a selar uma frágil trégua a peso de ouro.

Todos os expedientes lícitos e ilícitos por parte do Monarca foram utilizados para angariar fundos e recompor os cofres da corte francesa. Em primeiro lugar os mercadores lombardos residentes em Paris foram expropriados de seus bens através de multas, impostos, confiscos e, finalmente, foram expulsos da França! A seguir, foi a vez dos judeus. Seus bens foram confiscados e também eles foram expulsos da França.

Outra medida violentamente impopular foi a desvalorização da moeda francesa em 200%! Em 1306 os franceses em geral e parisienses em particular se viram tão monstruosamente empobrecidos que se levantaram em rebelião contra Filipe de Valois e sua corte que, para resguardar suas vidas, refugiaram-se na maior fortificação Templária da cidade.

No Templo, Filipe de Valois, o Belo, vislumbrou pela vez primeira todas as riquezas daqueles outrora “Pobres Cavaleiros de Cristo” e presume-se que tenha sido desta data a sua pretensão de apoderar-se do Tesouro dos Cavaleiros Templários.O Templo, que serviu de refúgio a um monarca antipático a seu próprio povo veio a transformar-se mais tarde em presídio para os mesmos templários que o protegeram da turba enfurecida...

O monarca francês e seu papa marionete fizeram chegar ao conhecimento dos Grãos-Mestres do Templo e do Hospital que planejavam uma nova Cruzada contra os muçulmanos utilizando-se das forças conjuntas das duas Ordens Bélico-religiosas ainda em ação, devendo elas fundir-se numa nova Ordem sob o comando dos Hospitalários.

Convidados a Poitiers, nas imediações de Paris, Jacques de Molay, Grão-Mestre do Templo e Foulques de Villaret, Grão-Mestre dos Hospitalários, deveriam apresentar-se a 1º de novembro de 1306, Dia de Todos os Santos. Jacques de Molay, de posse de um plano detalhado para uma nova cruzada e um arrazoado detalhado acerca da inconveniência da fusão entre as duas Ordens religiosas e militares, chegou ao encontro com vasta antecedência. Foulques de Villaret, atrasou-se à reunião, dela se retirando na primeira oportunidade. Jacques de Molay ficou sozinho: uma ovelha em meio a lobos, hienas e chacais...

Por volta do dia 20 de setembro de 1307, Filipe de Valois, o Belo, enviou cartas lacradas a todos os senescais do reino com ordens expressas de que somente fossem abertas na noite de quinta-feira 12 de outubro. O falecimento de Charles de Valois. irmão de Filipe, determinou uma viagem do Grão-Mestre Jacques de Molay que, sem nada desconfiar, ocupou lugar de destaque nas exéquias sendo mesmo um dos que carregaram o esquife (caixão) do príncipe falecido no próprio dia 12 de outubro, véspera de sua captura...

Quando as cartas foram simultaneamente abertas, a ordem expressa do rei resumia-se em: “os Templários são acusados de graves heresias e crimes devendo ser todos aprisionados e postos a ferros na madrugada de sexta-feira 13 de outubro de 1307”. Data daí a crença de que toda a sexta-feira 13 é um dia de azar.

Os Templários foram fortemente entrincheirados na Europa e Grã-Bretanha, com suas grandes casas, suas ricas propriedades, seus tesouros de ouro; seus líderes eram respeitados por príncipes e temidos pelo povo, porém não havia nenhuma ajuda popular para eles em seus planos de guerra. Foi a riqueza, o poder da Ordem, que despertou os desejos de inimigos poderosos e, finalmente, ocasionou sua queda. Estarrecidos, os Templários pouco ou nada ofereceram em termos de resistência entregando-se aos soldados do Rei sem entender as acusações, mas acreditando firmemente poder comprovar sua inocência.

Relata-se que, por mais que todo o procedimento tenha sido mantido em rigoroso sigilo, 3 carroças carregadas com o que provavelmente seria o tesouro dos Templários saíram do Templo em Paris em direção a local incerto e jamais se soube o paradeiro daquele tesouro.

Sabe-se que, em função de suas atividades de proteção a peregrinos em direção à Terra Santa, os Templários dispunham de uma grande frota de navios que, misteriosamente desapareceram das costas da França. Muito se especulou: teriam ido para a Escócia, aonde a influência de Filipe de Valois e Bertrand de Got não chegava?

O que é ainda motivo de pesquisa é o paradeiro do Tesouro dos Templários e de seus navios misteriosamente desaparecidos.
(Continua)

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