13 de outubro de 2009
CABALA IV
Vimos a divisão em tríades das sefiroth da Árvore da Vida. Ali se pode perceber que aquelas se correspondem com os três mundos cabalísticos mais elevados, ficando a última numeração (Malkhuth) como receptáculo das emanações sefiróticas, que por esta divisão em tríades incluem em sua forma os três princípios: ativo, passivo e neutro que caracterizam as colunas ou pilares de nosso modelo cabalístico.
Lembraremos que a primeira tríade, conformada pelas “numerações” mais elevadas (1, 2, 3), ou Princípios Universais, está composta por Kether (Coroa), Hokhmah (Sabedoria) e Binah (Inteligência), conformando o mundo de Atsiluth, ou das Emanações, simbolizado também pelos três primeiros números da escala decimal.
Kether é a Unidade e, como tal, a primeira determinação; costuma-se chamar a Hokhmah de “Pai” e a Binah de “Mãe”, como geradores do desenvolvimento cósmico.
Ainda que três em aparência desde o ponto de vista do manifestado, estes Princípios conformam em si mesmos a Unidade do Ser, a ontologia suprema, à qual precisamente eles simbolizam. Como dissemos, Kether é o Conhecimento, ou o Bem, enquanto Hokhmah é o sujeito ativo e Binah o objeto passivo (receptivo) desse Bem ou Conhecimento essencial.
A segunda tríade (4, 5, 6) está composta pelas sefiroth Hesed (Graça, Amor, Misericórdia), Gueburah (Rigor), também chamada Din (Juízo), e Tifereth (Beleza ou Esplendor). Elas conformam o Mundo prototípico de Beriyah, ou da Criação, reflexo direto do mundo arquetípico de Atsiluth, como bem o expressa o triângulo invertido, que simboliza o descenso das energias divinas no seio da manifestação.
Hesed é o princípio construtor, enquanto Gueburah representa o princípio destruidor, ainda que ambos surjam simultaneamente da tríade superior como duas energias necessárias, que se neutralizam e se equilibram em Tifereth.
Se do seio de Hesed surgem todas as criaturas e seres que têm de se manifestar (os que ele assinala com seu Amor e Misericórdia inesgotáveis), de Gueburah emana o Rigor imprescindível que põe limites à energia expansiva de Hesed, discriminando assim tudo o que é supérfluo e desnecessário no processo criativo.
Tifereth, a Beleza divina, aparece então como o Centro onde esses opostos aparentes se conciliam, manifestando a Unidade e o Ser em todas as coisas.
A terceira tríade (7, 8, 9) da Árvore da Vida está composta pelas sefiroth Netsah (Vitória), Hod (Glória) e Yesod (Fundamento). Elas constituem o Mundo de Yetsirah, ou plano das Formações, assim chamado porque é nele onde as idéias informais do plano de Beriyah tomam forma sutil, constituindo propriamente o domínio psíquico da manifestação.
Corresponde-se então com as “Águas Inferiores”, reflexo invertido (e em certo modo ilusório) das “Águas Superiores” de Beriyah. Netsah e Hod emanam diretamente de Tifereth, ainda que, como podemos comprovar, por sua localização nos pilares laterais da Árvore, estão relacionadas com Hesed e Gueburah, respectivamente.
Por isso Netsah é uma energia ativa e expansiva, onde esses mesmos princípios informais (que são todos os seres antes de manifestar-se) se refratam numa multiplicidade indefinida, que adquirem sua forma sutil graças à intervenção da energia passiva e contrativa de Hod (a que, no entanto, também lhes dá a morte, ou a transformação, necessária em seu caminho de retorno à Origem).
Desde o ponto de vista do homem, Netsah é a Arte verdadeira, que nos conduz aos arquétipos e ao Espírito, e Hod é o Rito com o que sacralizamos o tempo e o espaço e vivificamos os seres míticos, identificando-nos com eles.
A permanente e mútua inter-relação entre Netsah e Hod gera a sefirah Yesod, que aparece assim, justamente, como o fundamento necessário, graças ao qual essas formas descem ao plano físico e material, que é propriamente Asiyah.
Neste último plano, ou Mundo da Concreção Material, só se encontra a sefirah Malkhuth (10), chamada o “Reino”. Ela é a Terra ou Mãe inferior, que se considera como o recipiente substancial de todas as energias invisíveis que descem da Árvore, e onde estas adquirem realidade sensorial. Na Cabala, é considerada como a Mãe Terra (em oposição a Kether, que é o “Pai Céu”), manifestando desta maneira a presença da Unidade na corrente sempre passageira das formas perecíveis.
(continua)
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