13 de outubro de 2009
O PODER CÓSMICO DE RA
A força criativa cósmica primitiva no antigo Egito era chamada de Rá. Essa força primordial é masculina e ativa, sendo a responsável pela ativação da potência vibratória que se expandiu por toda a manifestação. Sendo a energia de Rá uma força ativa, ela se complementa a partir da interação com uma outra força cósmica, também participante do ato de manifestação do Universo. Essa outra potência cósmica primitiva, passiva e feminina, é Ma.
A energia de Rá é representada nas tradições esotéricas como uma reta na vertical. Essa reta seria descendente, o que indica a expressão de uma energia superior, fonte da energia de vida, rebaixando-se ao nível da manifestação, que se encontra num plano inferior, o plano manifesto. Daí a crença de que o prefixo Ra tenha originado a palavra “raio” em português.
No antigo Egito, a energia solar era considerada uma das manifestações da energia primordial de Rá. Alguns estudiosos confundem Rá com o sol ou seus raios, mas na filosofia egípcia é reconhecido que Ra está além da manifestação visível, não podendo se resumir a um aspecto dessa manifestação.
Ainda dentro da tradição egípcia, existem 75 formas ou aspectos de Ra. Os neteru (ou deuses no antigo egito) seriam aspectos de Ra e teriam participado do processo da Criação Universal através da potência energética de Ra. Tanto que a palavra Ra é incorporada ao nome desses neteru ou deuses no Egito antigo. São exemplos Amem-Ra, Ra-Atum, Ra-Harakhte, etc.
No mito egípicio de Ra e Ísis está expressa a seguinte passagem: “Tenho múltiplos nomes e múltiplas formas”.
Além disto, Ra é frequentemente representado como um grande escaravelho preto, sentado no barco solar, girando um grande disco solar.O nome egípcio para Escaravelho em egípicio é Khepri, uma palavra que significa “aquele que cria”.
José Laércio faz referências sobre a interação de Ra sobre Ma em relação ao “instante” cósmico de criação:
“No momento em que a ação de RA (= consciência) se fez sentir no seio de MA houve o princípio, o primeiro evento da creação, então a primeira LUZ (= vibração) surgiu, embora nesta etapa ela ainda fosse indetectável. Ocorreu, assim, o primeiro ponto de creação que por isto pode ser representado por um ponto dentro de um círculo.
Naquela etapa já existia algo embora imanifesto. Existia porque a ação de RA sobre MA já se fizera sentir, embora nada pudesse ser ainda detectado, por carência de polaridade (Era a fase um do evento). Graficamente a representação do “um” é um ponto dentro de um círculo. Este símbolo representa o “UM”, quer em nível de Transcendência (Ser com dois atributos Ra e Ma) ou a sua manifestação na Creação como origem potencial de tudo quanto há (Ação de Purucha sobre Prakriti – termos baseados da doutrina védica).”
Para completar nossa compreensão, cabe falar sobre o simbolismo do “Centro”, que é considerado por alguns estudiosos como um dos quatro símbolos fundamentais, juntamente com o círculo, o triângulo e o quadrado. Símbolo clássico da tradição espiritual de todos os tempos, a idéia de centro evoca um significado de muito valor do ponto de vista arquetípico.
O centro é, antes de tudo, o início, a origem, o ponto de partida de todas as coisas. Um ponto sem forma, dimensões, invisível e imóvel. A única imagem da Unidade Primordial. Diz-se que todo o Universo veio de um ponto. Encontramos também na noção moderna do Big Bang da Física, a idéia de um centro concentrado de energia potencial de onde o Universo teria sido originado a partir de uma explosão. A sabedoria Hermética proclama que:
“Deus é uma esfera cujo centro está em toda parte e a circunferência em parte alguma.”
Significa que a divindade encontra-se no centro invisível do ser, além de abranger todas as coisas. Os antigos explicavam que da Unidade Primordial representada como o centro de tudo é de onde nascem todos os “números”, que neste caso possuem um sentido não apenas quantitativo, mas qualitativo, no sentido da expansão da própria natureza divina.
O centro produz a emanação da divindade, criando o conjunto de todos os seres e de todos os estados de existência que constituem a manifestação universal. É a passagem do imanifesto para o manifesto, do infinito para o finito, do invisível para o visível.
O centro não está encerrado apenas no espaço, não se prende a este, mas é uma medida além que evoca a própria condição íntima do ser, para onde tudo converge e tudo se expande.
(Texto:HUGO LAPA)
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