11 de novembro de 2010

A ALQUIMIA MÍSTICA


'Sabei que os filósofos, por previdência' - escrevia o misterioso Basílio Valentim - ' escreveram várias coisas como o fim de que os ignorantes, que apenas queriam ouro ou prata, não abusassem...'

Ora, existe uma concepção puramente mística da alquimia, segundo a qual as frases sucessivas da preparação da Pedra Filosofal, as operações 'químicas', descrevem na realidade as sucessivas purificações do ser humano na sua procurado conhecimento esclarecido.

'Nem todos os alquimistas' - escreve um dos maiores escritores da Maçonaria moderna, O. Wirth - 'se deixavam enganar pelos seus símbolos. Chumbo significava para eles vulgaridade, pesadez, falta de inteligência e Ouro precisamente o contrário. Iniciados, desinteressavam-se dos bens perecíveis, dos metais ordinários que fascinam os profanos. Referiam tudo ao homem, que é perceptível, e em quem o chumbo é realmente transmutável em ouro'.


O simbolismo alquímico não se aplica pois, à matéria, mas às operações espirituais. As imagens representam a evolução do ser interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar, é o próprio homem:

'Tu és a própria matéria da Grande Obra' (Grillot de Givry) e a Pedra Filosofal designa o fim da iniciação: o homem transformado. A alquimia não é senão a purificação do ser, que tornará o homem capaz de alcançar o supremo conhecimento: o homem que, renunciando a toda a sensualidade e obedecendo cegamente à vontade de Deus, chegou a participar da ação que as inteligências celestes exercem, já possui por isso a Pedra Filosofal; jamais lhe faltará nada, todas as criaturas da Terra e todas as forças do Céu lhe estão submetidas'.

O 'Mercúrio Filosófico' é ao mesmo tempo o princípio da vida universal da Natureza e o da redenção pela ascece. A própria teoria do homunculus tem um sentido oculto: é um símbolo do nosso novo nascimento, da ressurreição espiritual do homem pela iniciação; da mesma forma que muitos organismos vivos parecem nascer de matéria em putrefação, da mesma forma o homem é capaz de se elevar da sua corrupção habitual.
(Extraído do livro: 'A Alquimia' de Serge Hutin)

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