2 de junho de 2013

A CRIATURA XIII




Naquele momento da vida de nossa Mônada viajora ela vai cruzar a grande fronteira: está deixando o reino Elemental, que podemos classifica-lo de reino da razão fragmentária, e adentra o reino Humano, ou o reino da razão completa e da responsabilidade.

A figura esquematiza o resumo dessa longa jornada. Ali são vistas, em blocos, as várias etapas do percurso.



Já na figura abaixo representamos essa viagem com mais clareza, desde sua inicial origem, no Todo, até chegar à condição humana.

Comentando essa viagem, André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, em seu livro ‘E a Vida Continua’, editado pela Federação Espírita Brasileira, nas páginas 69 e 70, faz belíssima descrição onde, poeticamente, diz que a origem de todas as criaturas é pelo efeito da Coagulação da Luz Divina.


Ou seja, a quintessência da energia inicial, em sua origem divina, vai se coagulando, num adensamento contínuo, até chegar ao ponto em que dela nos servimos aqui no plano Físico.

A figura mostra "gotas" de energia primordial "caindo" do grande TODO e se coagulando, gradativamente, em cada plano que é utilizada.

Como a reforçar essa afirmativa, o mesmo André Luiz, agora em seu outro livro, ‘Evolução em Dois Mundos’, também pela psicografia do inimitável Francisco Cândido Xavier, editado pela Federação Espírita Brasileira, página 23, ensina que "na essência toda matéria é energia tornada visível".
No livro Roteiro, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, editado pela Federação Espírita Brasileira, à página 27, comentando esse mesmo transformismo assim diz: "Em seus múltiplos estados, a matéria é força coagulada (...)"

Portanto, como ficou demonstrado nas apostilas precedentes, o que hoje somos, e o corpo que usamos, não é fruto de uma única amoldagem direta na forma completa como nos encontramos.

Nossa capacidade psíquica, e a forma humana que utilizamos, é a soma de incontáveis esforços que promoveram a gradual transformação do Ser e de seus veículos de manifestação. Foi desse somar de esforços que atingimos e nos tornamos do gênero Humano.

Esta outra figura, no seu todo, descreve o percurso feito até aqui. Vejamos o que ela nos conta. Do ponto "A" ao ponto "J", temos a respectiva descrição anterior. Temos que inúmeras foram as experiências vividas pela Mônada enquanto no Reino Elemental. Naturalmente tendo esse período consumido alguns milhares de milhares de anos terrestres.


"K" - Complementada essa fase na qual em seu final o indivíduo já possui um bem elaborado corpo Astral, e um corpo Mental de razoável constituição, conforme ficou demonstrado na no texto anterior, retorna a excursionista a nova hibernação, onde aguardará as providência que a encaminharão aos novos planos de ações.

"L" - Vencido esse período de renovação, no qual, como acontecera na mudança do reino Animal ao Elemental em que lhe foram aplicadas complexas operações transformativas, nossa Mônada reativa seu corpo Mental.

"M" - Por reflexo desse fluxo reativador também o corpo Astral como que desperta. Algum tempo se transcorre, tempo em que se tomam providências acessórias para consubstanciar ainda mais estes dois corpos, importantíssimos à fase seguinte.

"N" - Com o corpo Mental apenas razoavelmente definido em seu contorno, porém energeticamente funcionando bem, considerando-se os padrões necessários aquele momento iniciático, providencia-se a preparação final do corpo Astral.

"O" - O corpo Astral adquire a forma humana definitiva. Não é ainda o excelente veículo de um homem que já passou por centenas de vidas humanas, todavia, oferece facilidades acima das encontradas no reino Elemental e, naturalmente, suficientes à primeira "descida" num corpo Humano.

"P" - Inicia sua fase humana. Até que enfim entra na primeira encarnação usando um corpo de homem ou de mulher. Isso depende das tendências predominantes que possui herdada de suas últimas vivências no reino Elemental. Portanto, na figura, estampa-se a grande viagem já percorrida por nós, os humanos desta era atual.

Todavia, essa e algumas outras encarnações a seguir serão estágios preparatórios. Nelas o trabalho principal é fixar o indivíduo em si mesmo, pois doravante passará por incontáveis vivências usando diferentes personalidades, e para que não se perca nesse labirinto, necessário se faz dar-lhe uma âncora para fazê-lo seguro em si mesmo.

Isto é, agora fazendo uso da razão conduzir-se-á sozinho pela vida, que o compromete com a responsabilidade. Por isso, não seria justo permitir-lhe, inicialmente, perder-se no emaranhado dos fatos novos que a vida humana, mais complexa em seu relacionamento entre os indivíduos, exige de cada um.

É que, a partir de agora, assume, na acepção do termo, o caráter de individualidade. Intelectualmente está separado de todos os demais. Isso é um grande risco. Para ele não naufragar nesse início, precisa de cuidados adicionais, além dos já recebidos, pois é ainda uma "criança" se comparado ao espírito que já passou por muitas encarnações humanas. Vejamos esses cuidados.

Inicia-se nele o processo de fixação dessa individualidade. Acompanhe pela figura.


Esse processo tem um lento transcurso, pois durante seu andamento dois sistemas de forças estarão interagindo nele. De um lado as poderosas fixações dos instintos trazidos dos reinos anteriores, pressionando para que as atitudes do presente sejam as mesmas que foram efetuadas no passado.

Vemos, na figura, a seta "Instinto" forçando o indivíduo para sua linha de passado. Isto é, instigando-o às práticas de atendimento apenas aos imperativos da fome, da procriação e da defesa.

De outro lado, confrontando-se com a primeira, atua a irresistível impulsão evolutiva, a seta do "Egoísmo" pressionando-o para a marcha do progresso.

Como seu corpo mental é ainda pouco consistente, não lhe oferece condições de percepções mais profundas sobre os acontecimentos. Por isso, fica só ao sabor dos automatismos contidos no corpo Astral, já razoavelmente desenvolvido.

Para arranca-lo dessa fixação vamos encontrar a principal alavanca: o sentimento de EGOÍSMO.

Na figura, como indicado, o Egoísmo empurra-o na direção do futuro, enquanto que o instinto impele a repetir o passado.

Como essa questão é ampla e intrigante, e para não alongar, continuaremos seu comentário no próximo texto.

Neste, a seguir, faremos apenas uma digressão, visando despertar uma reflexão sobre o tema.

É o seguinte: A vivência individualizada traz a necessária oportunidade de despertar no Ser o interesse pela tomada de decisões. Coisa que nunca o fez até então.

Porém, se a experiência proporciona o doce sabor da liberdade de decisões, traz, também, o amargo paladar da responsabilidade, pois, este mundo novo, para acordar no indivíduo o acerto nas decisões, atua como uma armadilha.

Daí, os desarranjos e dificuldades se instalam sobre os menos cuidadosos, pois estes se deixam deslumbrar pelo amplo mundo novo que se lhes descortina. De fato é um mundo belo, mas perigoso.

Assim, nosso viajor somente muito ao futuro veria que a liberdade é uma decorrência da responsabilidade, concluindo que, quanto mais responsável for, mas livre também o será.

Mas essa é uma questão para ser compreendida ao longo da descrição dos próximos textos.

Nossa citação foi apenas para motivar uma reflexão sobre como começou todo o desarranjo do que chamamos de infelicitações na vida humana.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - continua)



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