15 de maio de 2013

A CRIATURA XII




No livro O Livro dos Espíritos, questões 607 e 607-a, temos:
607 - Ficou dito que a alma do homem, em suas origens, assemelha-se ao estado de infância da vida corpórea, que sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. (Vide questão 190) Onde cumpre o Espírito essa primeira fase ? - Numa série de existências que precedem o período que chamais de humanidade.

Essa resposta dada a Allan Kardec pelos Espíritos inspiradores suscita duas interpretações: Uma, de que estão se referindo a todos os seres e a todas as fases que antecedem o ciclo do homem. Desde o reino mineral até este.

A outra interpretação dá a entender que, embora sem explicitarem, se referem unicamente ao degrau imediatamente anterior ao homem, que para nós é o reino Elemental.

Esta segunda hipótese interpretativa é a que nos parece mais plausível, e que mais nos agrada.

Para dar apoio à nossa escolha consultemos a questão 607-a, e vejamos o que ela diz:
607a - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação ?

Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade ? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco.

Convenhamos que tanto a formulação da pergunta quanto a respectiva resposta são um tanto vagas. Falam, mas não explicam.

Todavia, comparando os textos acima com a vasta literatura, principalmente Teosófica, citada na bibliografia, temos quase a certeza de que Kardec queria se referir à existência de um degrau evolutivo entre o animal e o homem. Porque não foi mais explícito, apesar de ter sido tão meticuloso, não sabemos.

Talvez, imaginamos, as pressões culturais e religiosas da época desencorajaram-no de ir mais a fundo, neste detalhamento. Não obstante, tal degrau tem toda a característica do que chamamos reino Elemental.

É, portanto, ocupando atividades num reino ainda pouco compreendido pelos estudiosos, preconceituosos, que a Mônada se prepara para vir a ocupar, um dia, um lugar na escala da humanidade.

Desse reino, que chamamos de Elemental, destacamos cinco pontos:

1 - A preparação e adestramento evolutivo dos indivíduos situados nessa fase se dá nos planos espirituais adjacentes ao plano Físico, e neste interferindo;

2 - Psiquicamente estão situados acima dos animais, de qualquer espécie, e abaixo do silvícola humano;

3 - São simples, e afeiçoam-se a qualquer entidade espiritual que os atraia, acontecendo da mesma forma para com os encarnados;

4 - Para impulsionar o desenvolvimento desses indivíduos, eles são utilizados nos serviços da natureza, distribuídos segundo os Arquétipos de cada estágio;

5 - Os reinos nos quais estagiam são: reino da terra, ou mineral; das plantas ou vegetal; dos animais; o seu próprio ou Elemental, e o reino humano.

Os destaques apontados dão, em linhas gerais, o espaço psicológico e físico onde tais indivíduos são situados. Obviamente, como ficou dito, tanto no plano Astral quanto no plano Físico.

Quanto a identificá-los, podemos dizer que eles recebem dos estudiosos nomes variados, segundo cada atividade que os ocupe dentro dos quatro elementos naturais do planeta. Isto é, no elemento terra, são os gnomos; no elemento água, são as ondinas; no elemento ar, os silfos e no elemento fogo, as salamandras.

Neste conjunto dos elementos, e funcionando como uma espécie de supervisores para todos os subgrupos citados acima, temos os duendes e as fadas. Esses são os nomes universalmente conhecidos e aceitos. Existem outros, principalmente oriundos da linguagem popular religiosa brasileira, é apenas uma forma regionalizada de identificação das mesmas criaturas.

Há um dado interessante a se destacar. É a propósito dos ambientes onde os Elementais vivem, por exemplo, os gnomos, que habitam não só a face externa do planeta como também o interior de sua massa rochosa. Algum curioso que ainda não atinou com o fato poderá perguntar: ‘Mas como pode ser isso, habitar o interior de um corpo rochoso ?’

A resposta é simples.

Os Elementais co-habitam conosco o ambiente terrestre utilizando-se unicamente de seus corpos Astrais, e estes, compostos de matéria só do plano Astral, podem, perfeitamente, transitar por qualquer ambiente e substância do plano Físico, sem que esta lhe oponha qualquer resistência.

Acontece com eles igual, e da mesma forma, ao livre trânsito de que desfrutam, no ambiente físico, os demais espíritos desencarnados.

Por essa razão são eles empregados na ação direta sobre toda a Natureza, já que podem interpenetra-la e aciona-la no mais íntimo de seus organismos. Daí, nesse estágio, e integrados às atividades várias conforme enumeradas, podemos entender sua estrutura psíquica como a figura a seguir descreve.


O corpo Causal define que ali está um indivíduo. Embrionário, não resta dúvida, mas um indivíduo, pois começa seu viver na faixa da razão e da responsabilidade.

Como são seus primeiros tempos na faixa da razão, seu pensamento ainda é fragmentário, inconstante e saltitante, comparativamente ao procedimento de uma criança em relação ao adulto. O adulto objetiva e segue uma linha de raciocínio, já a criança, a todo momento, muda a direção dos interesses, não sentindo por isso nenhum constrangimento ao deixar incompleto alguma coisa que antes fazia.

No Elemental, o que caracteriza essa inconstância é a forma ainda indefinida de seu corpo Mental, já que este é que faculta a existência do pensamento contínuo. Nesse estágio seu corpo Mental é apenas uma quase sombra. Não possui nenhuma consistência.

Todavia, como a figura mostra, seu corpo Astral, neste mesmo tempo, possui contorno definidos, o que permite à Mônada expressar-se com relativa liberdade naquele plano.

É o corpo Astral que dá condições aos Elementais de participarem de atividades várias, principalmente as ligadas aos fenômenos transformativos que operam na Natureza.

Porém, como já se disse antes, não agem por contra própria. São agentes que colaboram com a feitura dos fenômenos, mas estes ficam inteiramente sob o controle local de um dirigente, que por sua vez está sob a orientação de um Deva Regional.

Vejam isso na figura abaixo. Há um Deva local para cada categoria de elemento natural a ser ativado. Um para o elemento terra, etc. Os Elementais sob a tutela de dirigentes locais atuam sobre os elementos terra, água, ar e fogo. Todos eles, os Devas locais e os Elementais, estão sob a regência de um Deva que, naquela região, administra os acontecimentos gerais. É o Deva Regional.


Dois esclarecimentos se fazem necessários.

Na figura representamos um Deva Local para uma figura de um elemental. Isso não quer dizer que o sistema funcione com um Deva Local para um só Elemental. Não. É um Deva Local para um número variado de Elementais em ações semelhantes.

O outro esclarecimento é que embora atuando nas tarefas mais rudimentares da Natureza, são contudo, indispensavelmente úteis ao conjunto da vida. Sobre isso já citamos informações prestadas por Allan Kardec e Helena Petrovna Blavatsky em textos anteriores. Além daquelas referências, relataremos outras a seguir.

Inicialmente comentaremos trechos de autoria de Lancellin, extraídos de seu livro INICIAÇÃO, VIAGEM ASTRAL. Esse livro foi psicografado pelo médium João Nunes Maia e editado pela Editora Espírita Cristã Fonte Viva. Desde já queremos deixar ressaltado o valor literário e informativo desse livro. Realmente, excelente em seu tema.

Nosso comentário abaixo se refere ao diálogo do mentor espiritual Miramez com alguns de seus discípulos. No citado livro, Miramez é a presença principal. Ele é um mentor espiritual que acompanha, dando assistência, a vários estagiários no mundo Astral. Principalmente aqueles que, ainda encarnados, se desdobram durante o sono do corpo físico, e ali se projetam.

Um adendo: o ato de projetar o corpo Astral, não só durante o sono do corpo físico, é um fenômeno sobejamente conhecido, e existem vários núcleos de estudos e treinamentos aqui no Brasil. Podemos citar o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, dirigido pela notável Dr. Waldo Vieira, do qual, de seu livro Projeciologia, fazemos várias citações na série Mediunidade; o Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergia comandado por Wagner Borges.

Voltemos ao tema. Falávamos que Miramez, em excursão com alguns discípulos, os instruía a respeito dos Elementais. Falava da grandiosidade da obra da Criação e que só com o evolver das vidas é que vamos aprendendo e compreendendo o que chamamos de mistérios.

E especificamente falando dos Elementais, aquelas criaturas menores, como veremos logo a seguir, explica a um de seus discípulos, que ninguém se encontra em uma escola de vida que seja diferente da qual todos os demais se encontram. Diferentes são apenas as classes, todavia o instituto educacional e o currículo escolar são um só para todos os seres. E no futuro, ensina ele, estas mesmas criaturas hoje ocupando as classes dos primeiros anos ocuparão os bancos escolares em que nos encontramos.

E prossegue o mentor dizendo que o tempo em que os seres ocupam percorrendo o reino Elemental até adentrarem no reino Humano, é um segredo que só o tempo saberá contar. Mas informa da validade dessas criaturas nos serviços que prestam à Natureza. Ou seja, assim como todos os estágios anteriores, reinos Mineral, Vegetal e Animal, também o reino Elemental tem sobeja validade no conjunto da VIDA.

E na conformidade da categoria a que pertença, cada grupo de Elementais tem sua função específica, desempenhando-a sob o controle de um Ser Maior. Sobre essa forma de atuação dirigida nos fenômenos da natureza, já havíamos demonstrado pela figura anterior.

Ali estão os Devas menores cuidando de cada grupo específico de Elementais. Na figura os chamamos de os Devas Locais. Dentro dessa simplicidade é interessante reproduzir o que Miramez cita para caracteriza-las:
"São crianças espirituais que querem para si quase tudo o que vêm."

Essa última nota de Miramez é uma confirmação das referências sobre trechos de André Luiz, a respeito da simplicidade e da amizade que os Elementais votam aqueles com quem simpatizam. Mesmo que estes os utilizem para ações maldosas, as quais não sabem distinguir se são boas ou não. Esse parâmetro, bom/mal lhes é desconhecido.

Miramez dá identificação aos Elementais, que são aqueles mesmos nomes já sobejamente conhecidos de todos. São os gnomos e as fadinhas. E informa algo relevante, repetindo o que expusemos em parágrafos anteriores, que os humanos de hoje já o foram gnomos ou fadinhas.

Os trechos comentados estão nas páginas 210 e 211, e eles, além de outras coisas, confirmam o que já dissemos sobre a linha evolutiva do Elementais.

Dissemos que essa linha não é uma paralela à linha evolutiva dos homens, mas que faz parte da mesma continuidade, ocupando o intervalo entre o animal e o homem. E a clareza das informações de Miramez não deixa margem a dúvidas. É acreditar, ou... preconceituosamente, continuar recusando.

Depreende-se dessa fase evolutiva o mesmo acontecimento a exemplo do que repetidamente acontece no reino Animal. À medida que um dos elementos se destaca dos demais, pelas aptidões desenvolvidas, vai separando-se do grupo. Essas aptidões criam, como vimos, condições para ele entrar e participar da fase evolutiva do próximo reino. Uma espécie de promoção.

Quanto a isso cumpre dar um esclarecimento. Essas promoções ao reino evolutivo sequente ao que se encontra, não se dão a todo instante, atendendo um elemento ou outro que se destaque dos demais, como a informação acima possa fazer supor. Não, ela se dá em ciclos certos de mutações, e quando chegam suas épocas a promoção, ou transferência, atinge não um elemento, mas um lote de elementos daquela espécie em questão.

Se, por ventura, um elemento atingir o máximo evolutivo antes de se completar o ciclo evolutivo da espécie, permanecerá, este, em atividades junto à sua coletividade. Uma desvantagem para ele ? Não. Aprenderá ainda mais. Sedimentará, ainda mais, a base para o ciclo que virá. Isso vemos no gênero humano, onde, criaturas que evoluíram acima do comum dos homens, permanecem junto a estes os ajudando a igualmente se destacarem e, por sua vez, "crescendo um pouco mais".

É sabido que os pertencentes a uma coletividade caminham aos blocos. Só os recalcitrantes, nas eras das mutações cíclicas são, desses blocos, separados e levados para outras coletividades de igual nível inferior. Reprisarão as tarefas em ásperas experiências para abandonarem a teimosia.

De igual forma acontece aos Elementais. Etapa a etapa, dentro de seu Reino, vão dando maior consistência e definição de formas aos seus veículos de manifestação, e ao psiquismo, aproximando-os, a cada experiência que vivem, da futura forma humana que terão.

É por causa dessa variação de indivíduos, e de suas aptidões, desde os mais simplórios, considerando aqueles que a pouco saíram do reino animal, e aqueles outros que estão no limiar do reino Humano, que temos as diferentes formas "físicas" detectadas pelos clarividentes. Afinal, neste reino está ocorrendo a metamorfose do animal para o homem.

Todos já tiveram oportunidade de ver a mudança fisiológica da lagarta passando a borboleta. Tal transformação transcorre célula a célula. Até que da inicial e repugnante larva obtém-se o delicado e atraente inseto alado. Paixão até de colecionadores.

Assim também acontece com os elementais. Nos primeiros tempos são grosseiros e assustadiços em suas formas, tomando por princípio os padrões de estética a que o ser humano está habituado. Depois, vão se tornando graciosos e todos deles querem ter contato.

A figura a seguir, numa forma simplista, mostra parte dessa metamorfose. Na coluna indicada por 1ª Fase temos o arcabouço inicial do Elemental.

Nesse período, como já falamos, o corpo Mental é apenas um esfumaçado ovoide e o Astral pouco consistente.


Na coluna da 2ª Fase, que se avizinha do limiar humano, o corpo Mental já delimita uma forma mais "palpável" e o Astral já apresenta contorno próximo ao dos humanos. Quanto a suas formas corpóreas Miramez tem interessantes informações.

Agora vamos encontrar esse mentor no livro por título Francisco de Assis, de sua autoria, também psicografado por João Nunes Maia, e editado pela Editora Espírita Cristã Fonte Viva. Na página 318 ele conta que Francisco e seus discípulos seguiam por uma estrada. Cansados da caminhada, resolveram parar e refazer as forças sob frondosa árvore.

Com sua visão clarividente Francisco estava vendo os Elementais subindo e descendo pelo tronco da árvore. Eram diminutos e na forma parecida à humana, como ele descreve. Pareciam se divertir, mas na verdade trabalhavam para a natureza.

Dado as puras vibrações áuricas de Francisco, logo os Elementais o notaram e dele se aproximaram, tomando a graciosa intimidade de subirem por seu corpo. Imagino que como as crianças fazem nas brincadeiras com os pais.

Mas, a bem de se complementar nossa informação, deve-se dizer que nem todos os Elementais possuem forma graciosa. Alguns podem ser assustadiços. Vamos ver isso numa outra citação de Miramez, agora á página 357 do mesmo livro.

Numa outra passagem do trânsito da vida de Francisco, lá estava ele numa outra caminhada em companhia de seus discípulos quando dele se aproximou um lobo, animal normalmente feroz. Na presença de Francisco, porém, portou-se dócil. Recebeu os afagos do nobre homem e, novamente em sua visão clarividente, Francisco notou que alguns Elementais ali também estavam. Alguns, como Miramez narra, na forma de animais. Mas, igualmente ao lobo, não estavam agressivos.

Neste trecho acima, como advertimos, Miramez conta sobre as outras formas astrais dos espíritos do reino Elemental, a que, na narrativa. Apesar da forma, contudo, são tão bondosos quanto aos citados no comentário anterior.

E para completar essa descrição que tanto nos esclareceu quanto nos enterneceu, quando a ela tivemos nosso primeiro contato, comentaremos trecho da página 359 do citado livro, no qual ele conta que, estando Francisco à beira de um rio, falando do evangelho aos peixes, viu caminhando sobre as águas o que ele chamou de espíritos das águas. E num dado momento, apresentou-se a Francisco um desses espíritos tendo, entretanto, o porte de rainha.

Recomendamos ao leitor atento a leitura dos livros indicados nos nossos comentários desta apostila. Sem dúvida, excelentes e inspiradores.

Não podemos, também, deixar de expressar que as narrativas de Miramez muito nos comoveram, todavia é forçoso voltar ao objetivo de nosso estudo e, para isso, lembramos que todos os trechos comentados confirmam o acerto de nossa opinião já demonstrada. Além disso eles nos ensinam a ter reverência pelo que da natureza ainda nos foge à sensibilidade. Conclusão: respeitar mesmo não os vendo.

E concordem os homens ou não, nossos amiguinhos do reino Elemental vão, gradualmente, aproximando-se da complexa e grandiosa experiência humana. Porém, muitas coisas sobre eles ainda temos que aprender. Por exemplo, e só para especular: eles formam famílias, se reproduzem ? O tempo nos responderá.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - Continua)







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