3 de julho de 2012

TRATADO DAS CAUSAS SEGUNDAS


Este pequeno livro tem em si efetivamente, sob seu aspecto simples e modesto, grandes mistérios, que o autor teve o maior cuidado de desenvolver sucessivamente em um latim inteiramente hieroglífico e cabalístico, impenetrável aos olhares dos profanos, e cuja tradução em qualquer outra língua moderna não dará senão, uma imagem incompleta e exterior.

É porque, afim de remediar esta imperfeição, e no fito de aplanar parcialmente a dificuldade, nós nos decidimos levantar uma pequena ponta do véu, tanto quanto nós é permitido de o fazer, e a dar, aqui mesmo, qualquer breve, mas precisas indicações, que serão, cremos nós, úteis aos pesquisadores concenciosos, letra morta para os curiosos e os desocupados.

A terminologia oculta, quando trata-se de planetas, parece empregar indiferentemente as denominações de Espírito, de Anjo, ou de Gênio. Nas obras escritas por verdadeiros iniciados, e nós não falaremos dos outros, isto não é dada, e isto é assim feito, afim de confundir as investigações indiscretas e vãs.

Estes três termos Espírito, Anjo e Gênio, ainda que tendo entre eles um parentesco, uma conexão estreita, exprimem contudo coisas bem distintas. Nós vamos tratar de dar uma definição de cada um deles, tanto, todavia, quanto alguém possa definir um princípio:

O Espírito de um planeta é a faculdade superior criadora e consciente do Ser deste Planeta, se limitando num número determinado de indivíduos pertencente a raça dominante, número variável sobre cada Planeta ou plano de vida, assim que esta é explicada na Magia de Arbatel. É falando deles que o cantor de Axel declara: "que seu número depois dos tempos é o mesmo número: mas eles formam um só "ESPÍRITO"; Apollonius de Tyane dizia "que eles habitavam sobre a terra e nem aí habitavam, que eles tem uma cidadela sem muralhas e não possuem nada que este possui todo o mundo". (Podemos meditar sobre isto usando "A Nuvem Sobre O Santuário", de Eckarthausen).

O Anjo de um Planeta, é a entidade coletiva dos pensamentos do Espírito do Planeta. Dotados de uma dupla vida, própria ao mesmo tempo que relativa (o que tem feito dizer que os Anjos são andróginos), os Anjos planetários obediente, sendo passivos, à vontade do Espírito que os cria; ativos, eles atuam uns sobre os outros, se unindo, lutando, e fazendo sentir sua influência aos Espíritos, mesmo aqueles que os engendra. Este não é aqui o lugar de revelar sua criação e sua geração, mistérios que pertencem a Angeologia propriamente dita.

O Gênio de um planeta é a faculdade intuitiva e receptiva pela qual os Espíritos possuem diretamente as Idéias no seio do Absoluto, e se as assimilam para as transformar, em virtude de seus poderes criativos, em Pensamentos ou Anjos.

Nós chamamos especialmente agora, toda a atenção do leitor sobre o seguinte:
Existem, como o sabem todos os ocultistas, sete Planetas se movendo em suas órbitas, seguindo leis determinadas, que podemos facilmente calcular segundo o movimento dos planetas visíveis que são apenas, a limitação, o símbolo, isto é, a representação concreta destes Astros esplêndidos. Esses movimentos no céu produzem os ciclos durante os quais tal ou tal Planeta torna-se dominador. A duração dos ciclos é fixa para uns, variável para os outros, segundo a ordem nas quais se encontram os Planetas. Assim, a alma em seu ciclo descendente, atravessa sucessivamente Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e a Lua; enquanto que percorre a ordem inversa para retornar à sua gloriosa pátria. Na semana, a ordem dos Planetas é outra.

Para o homem individual como para as nações, que são os indivíduos com relação a raça que os engendra e os contem, a existência é mais ou menos longa, segundo as condições exteriores, correspondentes a sua virtude interna, nas quais uns e outros são vindos ao mundo. Sendo conseqüência disto que os períodos astrais que se desenrolam no curso de sua carreira, diferem de comprimento entre uns e entre outros.

A criança que morre na idade de sete anos, o homem que perece na força da idade aos cinqüenta anos de sua existência, e o velho que termina sua carreira depois de ter visto oitenta revoluções terrestres, sofrendo cada um em uma medida de tempo diferente, a influência sucessiva dos sete principais reitores; se bem que o primeiro perece sob o regime do primeiro planeta, um sub-ciclo completo relativo se desenvolve para ele.

Tomando para exemplo, entre as nações secundárias ocidentais nascidas da raça branca, a França cujo desenvolvimento tem seguido até aqui, depois de seis séculos, isto é, depois de 1304, uma marcha mais regularmente ascendente e progressiva que a maior parte dos outros pequenos reinos que pereceram nos terrores de uma agonia prematura, nós podemos constatar a lei acima anunciada.

Quando a primeira França fundada por Mérovée, e ampliada por Clovis, se fez desmoronar pela divisão ao extremo do território entre as mãos dos leudes, o germe de sua ressurreição foi representada por Hugues Capet. O longo período de dissolução, que nomeamos tempos feudais, ao curso dos quais a realeza, como o feto na placenta, se elabora lentamente, só tendo fim em 1304, pelo estabelecimento dos Estados gerais. Enquanto começa o reino de Saturno que teve seu apogeu sob Luiz XI, que foi, por assim dizer, vivente deste planeta. Sempre visto ornado de sombras, esse príncipe, de perfil perfeitamente saturnino, de cabelos lisos e negros, tendo uma santa veneração pelas figurinhas de santos cinzeladas no chumbo, que ele levava sempre com ele.

Júpiter vem em seguida, se manifestando para os últimos anos de seu reinado, em toda sua grandeza na pessoa de Luiz, O Grande, impropriamente nomeado de Rei Sol.
Depois Marte conduzindo os sangrantes horrores de 83. Napoleão encarnou este Espírito com toda sua potência, e, com suas baionetas e seus sabres de aço, ao som de seus canhões, ele cobre a Europa inteira de sangue. Os soldados de infantaria, ainda hoje, são os únicos soldados da Europa cuja calça vermelha revela a natureza ígnea e marciana. Enfim as colossais construções de ferro, ameaçadoras e hediondas, se elevando sobre todos os pontos da França, como um desafio ao mundo. Mas eis que sobre a influência do poderoso Michael, "um homem jovem dos cabelos dourados, ontem desconhecido, amanhã seu nome estará em todas as bocas, sorte de Bretanha francesa, restabelecendo a paz fecunda e benfazeja". Tal é, ao menos, uma velha profecia pouco depois ignorada.

Munido destes dados, o leitor empreenderá mais facilmente o estudo do Tratado das Causas Segundas, que, assim como nós temos dito, está escrita hieroglífica e cabalisticamente, isto é, que a maneira da Vulgata de São Jerônimo e de um pequeno número de outros tratados herméticos, cada palavra - no texto latim, bem entendido - cada linha, cada letra se lê seguindo uma chave que se encontra exposta em outras obras deste mesmo Trittheme: "Sténographie" e "Polygraphie". Mas ainda, falta encontra-la, o que nós deixaremos ao cuidado judicioso do leitor.

Sapientíssimo César, este mundo inferior, criado e organizado por uma Inteligência Primeira, que é Deus, é governado pelas Inteligências segundas, opinião partilhada por este que nos tem transmitido a ciência dos Magos, quando ele disse que sete Espíritos deram origem aos céus e a terra, encarregou aos sete planetas 1. Cada um destes Espíritos rege, por seu turno, o universo durante um período de 354 anos e 4 meses. Muitos doutores sábios estão, inclusive presente dando seu assentimentos a esta asserção, que eu não garanto, mas que eu submeto somente a Vossa Santíssima Majestade.
O primeiro Anjo ou Espírito, o de Saturno, se chama ORIFIEL 2. A origem da criação. Deus lhe confia o governo do mundo. Seu reino começa no décimo quinto dia do mês de Março do primeiro ano do mundo 3, para durar 354 anos e 4 meses.

Ouro, este nome de ORIFIEL 4 lhe foi dado em razão de seu ofício espiritual e não de sua natureza. Sob seu reino 5, os homens eram grosseiros e cruéis, lembrando por seus costumes, as bestas selvagens dos desertos, o que não precisa de demonstração, pois que isso ressalta claramente, por todos, do texto do Gênese 6.

O segundo reitor do mundo foi ANAEL 7, Espírito de Vênus que, depois de Orifiel, começa a emitir sua influência estelar 8, no ano 354 do mundo, quatro meses mais tarde, isto é, no dia 24 do mês de Junho 9. Ele governa o universo durante 354 anos e quatro meses, até o ano 708 da criação do Mundo, assim como o demonstra o cálculo 10. Sob o reino de ANAEL, os homens começam a tornar-se menos grosseiros; eles edificam as casas e as cidades, inventam as artes manuais, se aplicavam a tecedura e a fiação de lã, as duas artes gêmeas: eles se livraram assim das volúpias da carne e tiveram belas esposas; e, esqueceram Deus, eles se afastaram 11 em favor das coisas da simplicidade natural, inventaram os jogos e os cantos, se viram a tocar a cítara, e imaginaram tudo o que se reporta a Vênus e a seu culto. Esta vida de devassidão não terminou entre os homens que com o dilúvio, castigo de sua depravação.

O terceiro governador, ZACHARIEL 12, anjo de Júpiter, começa a reger o mundo no ano de 708 da criação dos céus e da terra, o oitavo mês, isto é o vigésimo sexto dia do mundo de 1060 inclusive. Sob sua direção, os homens começam a usurpar por seu turno o poder, a se dedicar a caça, a erguer as tendas, a ornar seus corpos de vestimentas variadas; os bons foram separados dos maus, os bons invocavam Deus, como o fez Enoch, que passa a Deus; enquanto que os maus mergulham nos prazeres da carne. Sob o reino de ZACHARIEL, os homens começaram a viver em sociedade, a se submeter as leis impostas pelos mais fortes, e, se afastando de sua barbárie primitiva, eles se civilizaram. É sob seu reino que Adão morreu, o primeiro homem, legando a toda sua posteridade a inevitável morte. Enfim, nesses tempos, se produziram muitas invenções humanas, muitas artes curiosas, assim as relatam ao longo do tempo os historiógrafos 13.

O quarto reitor do mundo foi RAPHAEL 14, Espírito de Mercúrio, cujo reino começa ao dia 24 do mês de Fevereiro de 1603 15 da criação da Terra e dos Céus, para durar 354 anos e 4 meses até o ano do Mundo 1417, quatro meses mais tarde. A esta época remonta a invenção da escrita: as letras foram logo imaginadas segundo a forma das árvores e das plantas, para tomar, em seqüência, uma forma mais cuidada, que os indivíduos modificaram a seu grado 16. Sob o reino de RAPHAEL se propaga o uso dos instrumentos de música; as trocas comerciais foram postas em práticas, assim como a navegação de longo curso, e numerosas outras coisas assim maravilhosas.

O quinto regulador do mundo foi SAMAEL 17, anjo de Marte, começa a reinar a 26 dias do mês de junho do ano do Mundo de 1417 18.

Ele governa durante 354 anos e 4 meses, e imprime fortemente sua influência sobre os homens. E assim que sob o reino de Samael que sobreveio o dilúvio universal 19, no ano do mundo de 1656, assim que ele ressalta claramente do texto do Gênese. É notável que, cada vez que SAMAEL, Gênio de Marte, governa o mundo, uma mudança completa se efetua em qualquer grande monarquia, como nos reportam os Filósofos antigos; as religiões e as castas são derrubadas: os grandes e os Príncipes exilados, as leis mudadas, como podemos ver facilmente na história. Mas isto não é imediatamente ao inicio de seu reino que se produzem estas mudanças, mas somente quando ele entra na Segunda metade. Isto é o mesmo para todos os Gênios planetários, como o prova a história. A influência dos poderes segundos atinge seu apogeu, quando os astros chegam ao ápice de sua revolução 20.

O sexto reitor do mundo foi GABRIEL 21, anjo da Lua. Seu reino começa depois de Samael, Gênio de Marte, a 28 dias do mês de outubro do ano 1771 do mundo, para durar 354 anos e 4 meses, até no ano 2126 do mundo 22. Durante este período, os homens se multiplicaram de novo, e fundaram diversas cidades; o fato a notar que, segundo os Hebreus, o dilúvio teve lugar no ano do mundo 1656, sob o reino de Marte, enquanto que Isadore e Béda, interpretes dos Setenta, afirmam que este cataclisma se produziu no ano 2242, sob o governo de GABRIEL, Espírito da Lua, o que me parece mais conforme a verdade, segundo o cálculo; mas este não é o momento de fazer a demonstração 23.

O sétimo reitor do mundo foi MICHAEL 24, anjo do Sol cujo reino começa a 24 de fevereiro do ano 2126 da criação, segundo o computo ordinário, para terminar 354 anos e 4 meses mais tarde, no ano 2480 da fundação do mundo, quatro meses mais tarde. Sob o reino deste Anjo do Sol, segundo as histórias as mais dignas de fé, os Reis começaram a aparecer entre os mortais, e, entre eles, Nemrod que, o primeiro, apodera-se do soberano poder para dominar tiranicamente sobre seus semelhantes devorados pelas paixões. A loucura dos homens institui assim o culto dos deuses, e eles miraram-se a adorar como deuses os Princípios inferiores. Os homens inventaram igualmente nesta época 25 diferentes artes: as Matemáticas, a Astronomia, a Magia; depois o culto de um Deus único foi praticado por diferentes criaturas; mas, pelo seguimento da superstição humana, o conhecimento do verdadeiro Deus tomba pouco a pouco no esquecimento. É ainda nesta época que a agricultura foi posta em prática, e que os homens começaram a ter alguns costumes e as instituições mais policiadas.

Em oitavo lugar 26, retorna ORIFIEL, o anjo de Saturno, que rege o universo durante 354 anos e 4 meses, depois do dia 26 do mês de Junho do ano 2834, oito meses mais tarde. Sob o reino deste anjo, as nações multiplicaram, a terra foi dividida em Regiões e um grande número de Reinos foram fundados; a TORRE DE BABEL 27 foi construída, e a confusão das línguas acontece; os homens foram dispersos por toda a terra, e eles se viram a trabalhar o solo com ardor, e a cultivar os campos, a semear o trigo, a plantar videira, a enxertar as árvores frutíferas, e a se ocupar ativamente de tudo o que se refere a alimentação e aos vestidos. É a partir deste momento que a distinção de nobreza 28 se manifesta entre os homens, quando estes que excederam por suas virtudes e seu gênio recebem de Príncipes as insígnias de glória devido a seus méritos. É assim lá nesses tempos que os homens começaram a alcançar as noções do conjunto sobre o Universo, quando, após a multiplicação das raças, e a fundação de numerosos reinos, a diferenciação das línguas se foi efetuada.

Em seguida, em nono lugar, o Espírito de Vênus, ANAEL, recomeça a reger o mundo, a 29 dias de outubro do Ano 2834 da criação do Céu e da Terra, durante 354 anos e 4 meses, até no Ano do Mundo 3189 29. Durante este período, os homens, esqueceram Deus, e se viram a render um culto aos mortos, a lhes adorar assim como suas estátuas, no lugar de Deus, erro que dura mais de dois mil anos. A moda introduzindo o uso dos ornamentos preciosos para o corpo, e de diferentes sortes de instrumentos de música, a humanidade se abandona de novo com excessos as paixões e as volúpias da carne, lhes erguendo e lhes dedicando estátuas e templos. É nesta época que Zoroastro, primeiro rei de Bactriane e de várias outras nações, vencido nos combates por Ninus, rei da Assíria, descobre o mistério das Encantações e dos malefícios.

Em décimo lugar, ZACHARIEL, anjo de Júpiter, retoma a direção do mundo, o último dia do mês de Fevereiro do Ano 3189 da fundação dos Céus e da Terra. Ele reina 354 anos e 4 meses, segundo a regra, até no ano do mundo 3543, mais 4 meses 30. Esta foi a época feliz, com razão denominada de idade de ouro; porque a abundância de todos os bens da terra conduz o desenvolvimento do gênero humano, e que o universo alcança o apogeu de seu esplendor. É no mesmo tempo que Deus deu a Abraham a lei da circuncisão, e lhe promete pela primeira vez a redenção da humanidade pela encarnação de seu Filho Único.

Sob este reino, os Patriarcas, fundadores do espírito de justiça, apareceram, e os justos foram separados dos ímpios por sua vontade e por suas obras 31. Nesses tempos ainda, Júpiter, sob o nome Lisanie, Rei e filho do Céu e de Deus, foi o primeiro que deu as leis aos Arcadiens, foi bem sucedido ao civilizá-los, ensina o culto de Deus, ergue templos, institui um corpo sacerdotal, e acarreta aos homens uma porção de coisas úteis; o que faz com que lhe déssemos o nome de Júpiter, e que depois de sua morte, o viram como um Deus. Ele tirou, portanto sua origem da casta sacerdotal dos filhos de Héber 32, assim o declara a história. Narrando assim que Prometeu, filho de Atlante, sob o reino deste anjo, cria os homens 33, porque de rudes, ele os havia devolvido instruídos, humanos, bons, polidos de maneiras e de modos 34; ele inventa assim a arte de animar as imagens 35. Foi ele que fez uso pela primeira vez do anel, do cetro e do diadema, e que inventa as insígnias reais.

Nesta mesma época, os outros sábios, da raça de Júpiter, uniram os homens e as mulheres pelos laços do matrimônio, e levaram a humanidade uma multidão de coisas úteis; e, a causa de sua grande sabedoria, eles foram, depois de sua morte, postos a categoria de deuses: Tais foram Phoronée, quem, o primeiro, institui entre os Gregos as leis e a justiça, Apolo, Minerva, Ceres, Serapis entre os Egípcios, e vários outros.

No décimo primeiro lugar 36, RAPHAEL, Espírito de Mercúrio, retoma o cetro do mundo, o primeiro dia do mês de Julho do Ano do Mundo 3543, e governa durante 354 anos e 4 meses, até no ano 3897 da criação do céu e da terra, mais 8 meses. Durante este período, assim como o indica claramente as velhas histórias, os homens se dedicaram com ardor ao estudo da sabedoria, e entre eles os mais ilustres foram; Mercúrio, Bacchus, Omogyrus, Isis, Inachus, Argus, Apollon, Cécrops e muitos outros que, por suas descobertas, foram úteis ao mundo e a posteridade. Nesses tempos se introduziram entre os homens diversas superstições tais como o culto dos ídolos, as encantações, a arte de produzir os prodígios diabólicos, e tudo o que se atribui geralmente a sutilidade e ao gênio de Mercúrio tomando então vastas proporções.

Moisés, o chefe sapientíssimo dos Hebreus, expert em muitas ciências e em todas as artes, sacerdote do único e verdadeiro Deus, livra seu povo da escravidão nas quais os Egípcios os mantinham avassalados. Nestes mesmos tempos, Janus, o primeiro, reina sobre a Itália; Saturno lhe sucede, e ensina a adubar os campos, e que passa por um Deus. É na mesma época que Cadmus inventa os caracteres gregos, e Carmentis, a filha de Evandre, os caracteres latinos. É assim sob o reino deste RAPHAEL, anjo de Mercúrio, que o Todo-Poderoso dá a seu povo por intermédio de Moisés, a Lei para as quais a Encarnação do CRISTO rende um brilhante testemunho. Uma prodigiosa diversidade de cultos se manifesta assim no mundo: então floresceu numerosos como das Sibilas, de Profetas, de Augures, de Aruspices, de Magos, de Adivinhos, a Sibila de Eritréia, a de Delphes, e a da Frígia.

A décima Segunda Época 37, SAMAEL, anjo de Marte, pela Segunda vez, torna a governar o mundo, o décimo dia do mês de Outubro do ano do mundo 3897, durante 354 anos e 4 meses, até o ano de 4252. Sob seu reino acontece esta grande e famosíssima destruição de Tróia, na Ásia Menor; as monarquias e numerosos reinos se desmoronam, e várias novas cidades foram fundadas Paris, Mayence, Cártago, Nápoles, e muitas outras cidades. Numerosos novos reinos se ergueram, entre os quais, os de Lacedemone, de Corinthe, de Jerusalem, etc.

Nestes tempos aconteceram no mundo as longas guerras e as grandes lutas entre os Reis e as nações, assim como muitas mudanças nas dinastias. É a época da tomada de Tróia que os Venitiens foram buscar a origem de sua raça e a fundação de sua cidade. E coisa notável, existem muitas outras nações na Europa e na Ásia que pretendem descender dos Troianos; mas as provas que elas fornecem ao apoio da nobreza de sua origem, no desejo de se glorificar, como se não houvesse antes da ruína de Tróia as outras nações na Europa e outros homens ilustres, são inúteis e mentirosas. É sob a dominação deste mesmo planeta que Saul, o primeiro, foi predestinado Rei dos judeus; após ele veio David, depois seu filho Salomão, que em Jerusalém ergue ao verdadeiro Deus um Templo célebre no mundo inteiro.

Em seguida, o Espírito Divino, iluminando seus Profetas da incomparável claridade de sua graça, lhes confia o Dom de predizer não somente a encarnação futura do Senhor, mas ainda muitas outras coisas, assim como o atestam as Santas Escrituras. Entre os profetas, nós citaremos Nathan, filho do Rei David, Gad, Azaph, Achaias, Sémeias, Azarias, Anan, e outros. O poeta grego Homero, cantor da ruína de Tróia, o Frígio Darés, o Cretois Dictis, que foram testemunhas, e a narrando, passam por Ter vivido nesta época.

Para o décimo terceiro período 38, GABRIEL, gênio da Lua, retoma de novo a direção do mundo, no trigésimo dia do mês de janeiro do ano 4252 do princípio do universo; ele reina 354 anos e quatro meses, até no ano do mundo 4606 e 4 meses. É nesta época que, entre os Hebreus, brilharam muitos profetas famosos como foram Elisée, Michée, Abdias e outros. Os Reis se sucederam rapidamente entre os Hebreus. Lycurgue deu um código e as leis aos Lacedémoniens. Capitus Sylius, Libérius Sylius, Procas Sylius, Numitor, reis da Itália, floresceram sob o reino deste Espírito. Sob sua influência, puderam assim nascer numerosos outros reinos, os de Lydiens, os Médes, os Macedonios, os Spartiates, etc.

A monarquia dos Assyriens se extinguiu com Sardanapale, o mesmo que o reino de Médie. As numerosas leis foram impostas ao homens, negligenciaram o culto do verdadeiro Deus, e o culto dos ídolos tomaram uma extensão. No ano 4491, a 239 do reino de GABRIEL, foram lançados os fundamentos de Roma; a dominação dos Syliens pode findar na Itália e cedeu o lugar aos romanos. É assim nesta época que apareceram na Grécia os sete Sábios, que foram: Thales, Solon, Chilon, Periandre, Cléobule, Bias e Pittacus, e por conseqüência os filósofos e os poetas começaram a ser tidos em grande estima. Romulus, o fundador de Roma fratricida e promotor de sedição governa a cidade durante trinta e sete anos; seu sucessor Numa Pompilius, reina 42 anos; ele desenvolve o culto dos deuses, e morreu no tempo de Ezechias, rei dos Judeus. Perto do fim da dominação deste Gênio Lunar, Nabucodonosor, rei da Babilônia, tomou e destruiu Jerusalém, e conduz em cativeiro o Rei Sedecias e todo seu povo. O profeta Jeremias havia predito esta destruição, assim como o fim da escravidão.

Após Gabriel 39, MICHAEL, Espírito do Sol, retoma o cetro do mundo, o primeiro dia do mês de maio do ano do mundo 4606. Ele rege o universo 354 anos e 4 meses, ate o ano 4960 da fundação do mundo, mais 8 meses. É durante este período, que Evil Merodach, rei da Babilônia, restitui ao povo Hebreu sua liberdade e seu rei, sob a influência de MICHAEL que assim como o escreveu Daniel, protegendo os Judeus, que Deus lhe havia confiado. Nesse mesmo tempo, pode nascer a Monarquia dos Persas cujo primeiro rei Darius e seu sucessor Cyryus destruíram esta colossal monarquia Babilônica, sob o reino de Balthasar, assim como o havia predito Daniel e os profetas.

A Sybille de Cumes foi então famosa, pela oferta que ela fez ao Rei Tarquin, o Ancião, de lhe vender de uma vez e ao mesmo preço os nove livros contendo a série das predições tocante a República Romana. Quando o Rei recusou dar o preço pedido, a Sybille queima sob seus olhos os três primeiros livros, ele pede em seguida a mesma soma pelos seis outros. Sob sua nova recusa, ela lança ainda três outros no fogo, e ela teria feito o mesmo nos três últimos, se o Rei, convencido por seus conselhos, não houvesse salvado os livros da destruição, neles pagando o preço pedido de ínicio por todos. Esses mesmos Romanos, após a expulsão dos reis, designaram dois Cônsules anuais. O tirano Phalaris reina nesta época na Sicilia.

A Magia foi igualmente tida então em grande honra entre os Reis da Pérsia. Pythagore vários outros filósofos floresceram então na Grécia. A cidade de Jerusalém e seu templo foram reconstruídos. O profeta Esdras restitui de memória os livros de Moisés, para substituir o texto original queimado pelos Caldeus.Chamamos este novo texto: texto babilônio. Xerxés, Rei da Pérsia, conduzindo uma armada contra os Gregos, mas sem grande resultado. Roma foi tomada, incendiada e destruída pelos Gaulois, a exceção do Capitole, salvo por um ganso, que desperta (por seus gritos) os guerreiros adormecidos. É assim a esta época que os Atenienses suportaram suas famosas guerras, ao tempo onde se celebrizaram os filósofos Sócrates e Platão.

Após a anulação do Consulado, os Romanos instituíram os Tribunos e os Edis, enquanto desabavam sobre eles uma multidão de calamidades. Imediatamente após o fim da dominação de MICHAEL, Alexandre, o Grande, reina em Macedônia; ele aniquila a Monarquia dos Persas sob Darius, e submete a seu cetro a Ásia inteira e uma parte da Europa. Ele morreu aos 33 anos, após um reino de 12 anos e 5 meses. Numerosas guerras e de males seguiram a sua morte, e seu império foi desmembrado em quatro partes. Entre os Hebreus, pela primeira vez, surgiram competições pelo Soberano Pontífice. O reino da Síria tinha nascimento.

Após Michael, para o décimo quinto período 40, ORIFIEL, Espírito de Saturno, retoma pela terceira vez o governo do Universo, o último dia do mês de setembro do ano 4960 da fundação do mundo; ele reina 354 anos e 4 meses, até o ano de 5315. É sob sua dominação que começaram as guerras Punicas entre os Romanos e os Cartagienses. A cidade de Roma foi quase inteiramente destruída pelo fogo e pela água. O colosso, imagem de bronze de 126 pés de altura, foi derrubada por um tremor de terra. Após a guerra Punica, Roma que, depois de 440 anos, não havia cessado de estar em guerra, teve um ano de paz. Jerusalém e seu templo foram incendiados e destruídos por Anthiochus e Épiphane. Os Macchabées se celebrizaram no glorioso combate.

Nesta época, no ano 606 da fundação de Roma. Cartago foi destruída e queima durante 17 dias consecutivos. Em Sicília teve lugar a revolta dos 70.000 escravos contra seus amos. Os grandes prodígios apareceram então na Europa : os animais domésticos fugiram nos bosques, algum sangue corre, e um globo de fogo brilhante cai do céu com grande barulho. Mithridate, Rei de Pont e da Armênia , sustenta durante 40 anos a guerra contra os Romanos. O reino dos Hebreus foi restabelecido, após uma interrupção de 575 anos, depois Zedéchias até Aristobule. Os Germânicos os Teotonicos invadiram a Itália, e após numerosos combates, eles foram vencidos, perderam 160.000 homens, sem contar o número considerável deles que se fizeram perecer eles mesmos com suas famílias, sob Caius e Manlius, mas após serem mortos por traição numerosos Romanos.

Finalmente quarenta anos de guerras civis desolaram a Itália. Três sois apareceram para Roma e, ao fim de pouco tempo, se fundiram em um só. Alguns anos depois, Julius Caius César usurpa o poder supremo e, após ele, Augusto, e estende seu domínio sobre a Ásia e a África, os reúne sob um mesmo cetro. Ele reina 36 anos, durante os quais Deus da paz ao mundo. No ano do mundo 5199, a 751 ano da fundação de Roma, e a 42 de Otávio César Augusto, no ano 245 do reino de ORIFIEL, Espírito de Saturno, o 8 mês, o 25 dia do mês de dezembro, Jesus Cristo, filho de Deus, nasce da Virgem Maria, em Belém, na Judéia. Note que, por admirável ordenança da divina Providência, o Universo foi criado sob o primeiro governo de ORIFIEL, e que fele foi salvo, restaurado e renovado por sua misericórdia sob sua terceira administração, harmoniosa concordância que prova suficientemente a influência dos sete planetas sobre o governo do universo.

Com efeito, sob o primeiro regime de ORIFIEL, o mundo inteiro não forma mais que uma só e vasta monarquia que, sob seu segundo reino, se subdivide em uma multidão de pequenos reinos - assim como nós a temos precedentemente exposto - que eles, sob seu terceiro governo, foram reconduzidos a unidade; todavia é evidente para os olhos clarividentes, que o segundo período de ORIFIEL vê assim uma monarquia única, neste tempo da edificação da Torre de Babel 41. Sob o terceiro regime de ORIFIEL, o reino dos Judeus foi disperso, o sacrifício perpétuo das vítimas foi interrompido, e a liberdade não será restituída aos judeus que sob o terceiro período do Gênio MICHAEL, o oitavo mês do ano 1880 42 da era cristã, que corresponde ao ano do mundo 7170.

O grande Pontífice da Igreja Universal dos Cristãos foi transportado por Pedro, da Judéia a Roma 43, no ano 299 do terceiro governo do anjo ORIFIEL; numerosos Judeus e de Gentios abraçaram a religião cristã, pelas prédicas dos mais simples e dos mais rústicos, iluminados, não pela ciência humana, mas pelo Espírito de Deus. O mundo retorna então, a inocência e a simplicidade da primeira idade. Tanto uma como a outra época presidida por ORIFIEL, Espírito de Saturno; os céus se uniram a terra, e dois cetros foram dados aos homens para governar o mundo: um superior, para as coisas espirituais, confiadas ao Papa: outro, para as temporais, a César 44.

Numerosos Cristãos, perseguidos pelos Príncipes deste mundo, pereceram pela fé que eles professavam. Para o fim do reino de ORIFIEL, Jerusalém foi destruída pelos Romanos, e os Judeus foram dispersados por toda a terra; e foram aniquilados cento e dez mil; oitenta mil foram vendidos; o resto fugiu; e é assim que os Romanos destruíram completamente a Judéia.
CONTINUA-
(Texto: Jean Trittheme)

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