30 de setembro de 2012

A BARCA DE RA VI

No antigo Egito a serpente foi amplamente divinizada e ela presidia sobre assuntos ligados à fertilidade, nascimento, vida, morte e falava do mundo subterrâneo.

Estátuas de deuses celestes, solares, telúricos e ctônicas usam formas de serpentes sobre as suas cabeças ou em suas mãos. Suas representações curativas, renovadoras e transformadoras ou associadas ao mundo subterrâneo.















Por exemplo, Nekhebet a deusa-abutre, tutelar do Alto Egito e padroeira da realeza, deve ser sempre vista em parceria e contraponto com a deusa Uadjit, a deusa-cobra, tutelar do Baixo Egito e também padroeira da realeza. Forças animadoras do Alto e Baixo Egito, Nekhebet e Uadjit formam um par indissociável na emergência da realeza unificada egípcia, em 3.000 a. C. com Narmer.
Meretseguer ou Meretseger (Significa "A que ama o silêncio").

Representada como uma mulher com cabeça de cobra ou como uma cobra com cabeça de mulher. Tinha por vezes um toucado constituído por disco solar e cornos. Em representações mais raras surge como cobra com três cabeças (uma de mulher, outra de cobra e outra de abutre).

Durante a época do Império Novo a deusa tornou-se guardiã dos túmulos das necrópoles de Tebas (Vale dos Reis), acreditando-se que atacava aqueles que tentavam pilhá-los.
A proteção conferida pela serpente como guardiã era tão importante que nenhum templo a dispensava. O bem estar da nação egípcia dependia da força da serpente, como símbolo de fertilidade, e do poder de Ísis como regente do rio Nilo.

A venerada Deusa Neith, Senhora da Vida e do Destino, divindade funerária e deusa inventora aparece em uma das suas manifestações como uma grande cobra dourada.

Neith é conhecida como a mais Antiga Deusa, pré-dinástica, regente da magia, personificando as águas primordiais, o eterno principio da vida autossustentável, misteriosa e abrangente. Ela gerou o deus Ra, teceu com seu tear o céu e o mundo e com a rede recolheu das águas primordiais as criaturas que iriam viver na terra.

Por ser a Mãe Criadora, nenhum mortal podia olhar sua face oculta, sob um véu, por isso na sua estátua estava escrito:

"Eu sou Aquela que é, foi e será e nenhum mortal levantou ainda o meu véu".

Ísis e Nephtis, a polaridade divina da luz e da sombra, foram equiparadas com a serpente dupla da vida e da morte, elas eram as únicas capazes de orientar as almas no mundo subterrâneo habitado por serpentes demônios.

Outra deusa egípcia com forma de serpente era Ua- Zit, a "Serpente Celestial" Doadora da Vida Eterna, símbolo da sabedoria e poder, o ureus. Pode ser vista na cabeça dos faraós do Egito.

Outra serpente importante no capítulo da história da Barca Solar, é Mehen, que, durante a noite, podia ter a aparência de um homem com cabeça de serpente empunhando uma lança, vigilantemente postado na proa da embarcação. Entretanto, mais comumente era representada como uma serpente gigantesca enrolada ao redor da nau.
Uma das lendas conta que uma noite Apep assumiu o controle, causando furiosas tempestades e agitando a terra.

Usando o caos que ele criou, Apep soltou dois maus no mundo, dois demônios chamados Sek e Mot, para derrubar a humanidade colecionando almas para seu mestre escuro, transformando os mortais em conchas sem alma comandadas por Apep.

Para combater os servos do mal de Apep, o deus do sol escolheu seis guerreiros e os presenteou com a imortalidade e os poderes necessários para derrotar seus inimigos.

Como escolhidos de Rá, os guerreiros lutaram com o mal que ameaçava assumir o controle, afastando-os, permanecendo entre os homens e os demônios. O primeiro destes seres era Mehen.
Na literatura pré-dinástica e do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.), a entidade surge, juntamente com Seth, lutando diariamente contra o terrível demônio Apófis, enquanto o Sol viaja pelo mundo das sombras.

Mehen enrola sua cauda ao redor de Apófis, enquanto que Seth o golpeia com uma lança.

Mesmo na hipótese de Apófis sair vencedor dessa luta, as outras duas divindades fariam um buraco no ventre do monstro, através do qual a barca solar escaparia.

Defensora do barco no qual o deus-sol viajava durante a noite, a divindade Mehen podia ter a aparência de um homem com cabeça de serpente empunhando uma lança, vigilantemente postado na proa da embarcação.

Entretanto, mais comumente era representada como uma serpente gigantesca enrolada ao redor da nau. Na literatura pré-dinástica e do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) a entidade surge, juntamente com Seth, lutando diariamente contra o terrível demônio Apófis, enquanto o Sol viaja pelo mundo das sombras.

Mesmo na hipótese de Apófis sair vencedor da luta, a divindade junto com Seth, fariam um buraco no ventre do monstro, através do qual a barca solar escaparia.
No Livro de Him no Inferno que, entre outras coisas, descreve os seres que habitam o além-túmulo, a cobra Mehen normalmente é vista envolvendo e protegendo com as espirais de seu corpo a cabine do barco no qual Rá viaja.

É sob esse aspecto que a vemos, numa cena da câmara sepucral de Ramsés I (c. 1307 a 1306 a.C.). Nela Mehen aparece protegendo Rá, representado como o deus criador Khnum, enquanto a barca solar é arrastada pelo mundo subterrâneo.
Essa serpente é mencionada nos Textos dos Sarcófagos no decorrer do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) e aparece em vinhetas de papiros funerários e nas pinturas murais dos túmulos do Vale dos Reis, especialmente nas tumbas de Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.) e Ramsés VI (c. 1151 a 1136 a.C.).
A palavra Mehen significa o enrolado ou, como verbo, enrolar.

Passagem do Livro das Portas: “Abre tu Duat para Ra, abre tua porta de par em par. Ilumina a completa escuridão e faça brilhar a Câmara Oculta. A (10ª ) porta se fecha depois que este grande deus entrou. As cobras desta porta lamentam ao escutar a porta se fechar”.

No Livro de Amduat, sobre as quatro serpentes protetoras da barca solar): “As quatro deusas serpentes sobre suas cabeças, elas são assim, suas imagens vivem sobre suas cabeças. São elas que iluminam o caminho de Ra na escuridão completa, quando ele sai da porta oriental do guardião Seth, e logo elas passam diante dele.”

No Livro de Amduat, na 9ª hora da viagem, sobre as 12 cobras: “Elas são assim no Duat, estabelecidas sobre sua própria carne. São elas que iluminam a escuridão na câmara que contém Osiris. São as chamas de suas bocas que derrotam os inimigos de Duat. São elas que vigiam todas as serpentes da terra, cujas formas não conhecem as da Duat. Elas vivem do sangue dos que matam a cada dia. Os espíritos e os mortos não passam por elas devido ao mistério de suas formas. Os que conhecem isto verão suas formas se entrarem nas suas chamas. Os nomes das cobras que iluminam Osiris, o que está na cabeça de Duat, com o fogo de suas bocas. Elas tragam seu fogo depois que este grande deus passa por elas”.

Nomes das doze cobras: Sua língua causa dor. A Feroz. A Flamejante. A que protege Duat. A que rechaça a Tormenta. A que dispersa as Estrelas. A da Cara Viva. A que eleva suas costas. Bela de Aparências. Grande de Forma. Senhora de Ardente Calor.

Segundo o Livro de Amduat , as três serpentes que aparecem diante da barca na primeira hora, são: Aquella cuja Boca é pura, Sefi e Nepen.

Na quarta hora, por cima da segunda serpente, há um texto mutilado onde se pode ler:
Ela é assim, mestra vigilante do caminho. Ela fala com suas caras a grande importância que há nela”.
Na quinta hora, sobre a serpente: “Ele vive pela voz dos deuses sobre a terra. Ele entra, chega e informa cada dia sobre os assuntos dos vivos a este grande deus, sem ser visto”. E também: “Éle vive do ardente alento de sua boca. O que ele faz é proteger o velho. No vai a nenhum outro lugar do Duat”.
Na sexta ora, o Livro de Amduat nos fala de uma serpente com quatro cabeças humanas saindo de seu corpo e um ank embaixo de sua boca separa os quatro deuses de outros quatro similares sentados sobre tronos invisíveis e com as mãos a frente. Diante deles há nove serpentes que se levantam do solo e cospem fogo. Cada um é acompanhado por uma faca. Na frente deles há um deus.

Na 7ª hora, há a seguinte representação envolvendo serpentes: uma cobra com uma cabeça humana, uma grande serpente formando um arco sobre um deus entronado, com duas penas na cabeça, segurando um cetro e sinal de vida. Outra serpente transpassada por facas.

O texto gravado é: “A majestade do grande Deus repousa na Caverna de Osíris. A majestade deste deus nesta caverna dá ordens aos deuses que estão nele. Este deus tem outras formas nesta caverna . Ele se afasta de Apep através da magia de Ísis e do mais velho Mago. O nome da porta da cidade, quando o deus cruza é o Portal de Osíris. O nome desta cidade é misteriosa caverna. O nome da deusa que orienta este grande deus nesta caverna é a Serpente Repel Hiu e corta a cabeça da serpente Neha-la (face do mal).”

Isso mostra que mesmo o maior dos deuses precisa de assistência mágica de dois mágicos, como Ísis e um assistente. O objetivo desta magia foi rejeitar o inimigo perene do deus sol, a serpente Apophis.

A 11ª hora, mostra o texto acima dos 12 deuses que levam à serpente:

“ Eles carregam a cobra em sua cabeça em direção à cidade. Eles vão atrás de Ra para o horizonte oriental do céu. Este deus chama por seus nomes e envia-lhes seus deveres. Ra disse-lhes: você protege suas imagens, levantai as vossas cabeças, porque seus braços são fortes e firmes e suas pernas amplas a rápidas! Você está feliz com seus presentes no portão leste do Horizonte! O que eles fazem no Duat é permitir ir para o horizonte leste. Em seguida, eles descansam em seus lugares depois da passagem do grande deus através da escuridão”.

Detalhe do terceiro disco da divisão décima primeira, demonstra a ira dos deuses contra os demônios do submundo:
Horus com uma vara em forma de uma serpente, ao lado de uma serpente que cospe fogo e uma deusa com cabeça de leão. Tudo diante de um buraco com três figuras de inimigos.

Texto referente: “ Meu pai bateu depois de estar impotente. Que os vossos corpos sejam punidos com facas, suas almas aniquiladas, suas sombras dissipada, cortar suas cabeças! De cabeça para baixo, sem ser levantada. Você já caiu no abismo do fogo, não vai escapar. O fogo da serpente, as chamas vão contra você. Calor dos seus caldeirões indo contra você. O fogo está acima do seu Pit. O brilho que vem da boca do que preside o bloco de açougueiro vai contra você. A faca presidindo facas vocifera contra você, que vai cortar em pedaços, e mata. Nunca ver a vida na Terra”.

Na 12ª hora, o barco do deus sol, segue com oito tripulantes, com um escaravelho na sua proa, é rebocado por 12 e 13 deusas e deuses. Antes o barco é uma grande serpente. No final um besouro é dirigido para uma cabeça humana, deixando um disco, cujos dois braços são estendidos ao longo da fita em torno de uma hora. Uma cobra, cuspidora de fogo, de pé em sua cauda e um ank, quatro deuses com remos curtos e 10 outros deuses com os braços levantados em adoração. No final, uma múmia deitada na parte semicircular da tira.

Diz o texto gravado acima da figura: “Esta é a cobra de fogo, em seu olho, os inimigos de Rá que cozinham de madrugada, enquanto atravessam os deuses do céu na comitiva do grande deus todos os dias e recebem suas formas nesta caverna a cada dia”.

(Continua)














Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por sua atenção!
Paz Profunda!