24 de julho de 2013

A CRIATURA XVII




Começaremos a análise sobre as fases evolutivas da Mônada, acontecidas no intervalo vivencial em que participa do reino Humano.

O raciocínio a nortear nosso estudo lembra que os seres humanos se distribuem em grupos sociais diferenciados entre si. Devido a essa diferenciação, que no fundo corresponde à aparente qualidade evolutiva dos indivíduos, os grupos ocupam níveis variados.

A figura seguinte ilustra tais posições. Para transmitir a ideia sem nos aprofundar em detalhes mais complexos, estamos considerando um escalonamento de tendências calcado em apenas cinco posições, ou degraus.


Nesses cinco degraus estão representadas as categorias da sociedade humana que mais chamam a atenção. As categorias escolhidas nos parecem suficientes para tornar visíveis os recursos que o Governo Maior de nosso Sistema Planetário se utiliza para impulsionar a Criatura terrestre em sua senda de progresso, bem como para a correção dos transviamentos de rumos.

Essa visualização também revela os ciclos irresistíveis do fluxo de vida, que nesta fase é ascendente. Na figura, portanto, temos as seguintes categorias assim por nós denominadas:

1 - O Silvícola
2 - O Servidor
3 - O Perseguidor de Riquezas
4 - O Ambicioso de Poder
5 - O Cultivador do Saber

Uma questão digna de nota precisa, antes de tudo, ficar bem compreendida. Apesar de neste estudo ainda não termos esmiuçado os assuntos referentes à reencarnação e ao carma, devemos lembrar, que o próprio fato da existência de diferenciações evolutivas entre indivíduos, e grupos de indivíduos, leva à seguinte conclusão: nas reencarnações as tendências e determinações cármicas atingirão diferentemente cada grupo, no que concerne aos seus deveres coletivos.

Isto porque o dever coletivo de cada grupo tem a extensão de sua respectiva competência. Por decorrência, cada indivíduo, em seu respectivo grupo, por sua vez, também estará inserido nessa mesma diferenciação. Essa inserção do indivíduo num grupo específico, corresponde à possível contribuição que ele deverá dar para que, somada à dos demais indivíduos, se complete a tarefa coletiva daquela categoria.

Comparativamente podemos ver isso da seguinte forma: os indivíduos são as células; os grupos de indivíduos são os órgãos, e o conjunto de grupos o corpo. Daí, tal como o corpo reclama a contribuição de cada célula para que o respectivo órgão funcione bem, e que se juntando aos outros órgãos consolidem um corpo saudável e feliz, assim também se faz necessária a participação equilibrada de todos os indivíduos para que a sociedade humana, que é um grande corpo, se torne saudável e feliz. Mas voltemos ao tema analisando o primeiro degrau.


O SILVICOLA

Na base da escala evolutiva humana da Terra temos o silvícola, também chamado de índio, ou aborígine. Ele nada pode oferecer de produtivo dentro dos padrões industriais e mercantilistas do homem da cidade. Faltam-lhe condições intelectuais para isso.

Como vimos, seu psiquismo, e principalmente o corpo Mental, ainda não oferece condições para vivenciar um campo de atividades tão complexas. Está nas primeiras encarnações humanas e, como tal, necessita continuar habitando o ambiente das matas, no qual teve suas últimas experiências quando passou pelos reinos Animal e Elemental.

Esses primeiros contatos da Mônada, usando um corpo humano, com a simplicidade florestal visam ir desligando-a dos automatismos instintivos, levando-a, aos poucos, de encontro a situações que lhe exijam maiores exercícios de raciocínio para tomadas de decisões. Porém, isso sendo feito de maneira gradativa, um pouco em cada encarnação, para não provocar traumas ao seu psiquismo.

Se ele nada pode oferecer à contingência da sociedade dita civilizada, por outro lado dele nada deve ser exigido. Ele precisa apenas do contato com a natureza, tal como ela é, para, na experiência de atividades rudimentares, próprias do ambiente, ir despertando a mente analítica.

Ele compreende bem das plantas e dos animais, e com estes convive pacífica e equilibradamente. Recursos que lhe são suficientes para um viver digno.

Ali está a sua cultura social e nela vive muito bem. Porém, a chamada civilização força-o a vivenciar o poder e sedução da tecnologia que o mesmo só entenderá, sem traumas, quando estiver situado no quarto degrau.

Movido por ambição o homem "civilizado" violenta esse equilíbrio, obrigando ao indígena a transformar-se, social e culturalmente, de uma hora para outra, sem que tenha base para isso.

Para mascarar esse despropósito autoridades e grupos econômicos usam do argumento de que o fazem no intuito de civilizar o índio.

Chegam ao absurdo de obrigar ao simplório habitante das matas a crer num deus para o qual ele ainda não tem raciocínio para compreender, impingindo-lhe, interesseiramente, os mais diversos tipos de religião, pois até eles lá vão, se disputando, os ditos "missionários" religiosos. Cada um, de unhas e dentes, fincando sua bandeira e defendendo seu pedaço de fiéis conquistados. Fiéis? São, realmente, missionários religiosos? Ou ainda são os obscuros costumes da idade média, quando os habitantes de uma região eram obrigados a serem pertencentes à religião ali predominante.

Violenta-se, desta forma, o que deveria ser o transcurso natural de sua evolução, causando no silvícola dificuldades de sobrevivência e retardamento de adaptação que lhe facultaria atingir o degrau futuro com uma base mais segura.

Portanto, o DEVER contributivo do indígena para com toda a coletividade humana é dos mais simples, se considerados e comparados aos nossos níveis. Mas, compreenda-se, é exatamente no bojo dessa aparente simplicidade que ele tem os seus instrumentos de evolução, pois as dificuldades e perigos que encontra na caça, na pesca e nas enfermidades, que é a sua luta pela sobrevivência, são as alavancas que o elevam, com naturalidade, ao segundo degrau.

Desta forma, após muitas peregrinações terrestres, reencarnações que se repetem a curtos intervalos de permanência no plano Astral, e já num estágio mais avançado de compreensão quanto ao aproveitamento dos recursos que a vida oferece, ele vai perdendo a pachorrenta indolência. Vai ficando mais ativo e sendo atraído para um meio de maior operosidade, embora que ainda num círculo de atividade humilde.

Agora está apto ao segundo degrau.


O SERVIDOR

Nessa categoria da evolução humana vamos encontrar o indivíduo que denominamos de Servidor. São os nossos companheiros da sociedade terrestre que só conseguem se adaptar aos trabalhos mais simples e modestos. Não que a sociedade os submeta à posição de inferioridade. Eles é que não conseguem desempenhar atividades de maior complexidade operacional.

Seus corpos Astral e Mental, no início dessa fase estão, apenas, pouco mais adiantados se comparados à fase anterior. Em razão disso, e dada à complexidade da vida na sociedade dita "civilizada", pouco à ela eles se adaptam.

Mas aqui cabe uma informação: Queremos lembrar que junto aos DEVERES de um indivíduo para com a sociedade, caminham as Leis da Reencarnação e do Carma. Isso vem de significar que, assim como nas posições mais humildes da sociedade encontramos espíritos evoluidíssimos, sem que isso implique ser o mesmo um não evoluído, também nas mais altas camadas humanas veremos os postos serem ocupados por espíritos os mais corruptos, ou involuídos. Queremos dizer que posições na sociedade humana não significam as mesmas posições no contexto evolutivo cósmico. Portanto, dissemos acima que sobre a qualidade evolutiva dos indivíduos, o que vemos pode ser só aparente, e não a realidade intrínseca.

O fato de evoluídos ocuparem posições humildes, e de involuídos assomarem cargos de destaque, aqui na Terra, ocorre em virtude de que a resolução dos problemas reencarnatórios e cármicos se dá pela aplicação da fórmula de simultaneidade.

Isto é, as soluções visam atingir, simultaneamente, o indivíduo e a coletividade de que faz parte, numa fórmula diretamente proporcional às necessidades desta.

Nossa visão restrita e imperfeita, atrelada a preconceitos, é que enfoca apenas o indivíduo, e sua aparente forma com que se apresenta, deixando passar despercebido o motivo pelo qual ele se insere daquela forma no contexto daquele momento e daquela sociedade.

Para melhor compreensão citaremos dois exemplos:

1º - Jesus - O sublime mestre, espírito de escol, componente do Governo Maior de nosso sistema, encarnou-se em modesta família de carpinteiros, e como tal viveu. Ao longo de sua vida terrestre recusou todos os favores e seduções do poder humano.

Sendo maior se fez menor, pois sua mensagem - que era seu DEVER naquele momento - era para atingir os indivíduos em espírito.

2º - Hitler - Espírito detentor das mais obscuras sombras de caráter. Assomou ao maior poder humano de sua época e, como instrumento de efeitos - o seu DEVER naquele momento da sociedade humana - descarregou sobre a coletividade terrestre o carma que a ela competia.

As duas personagens dos exemplos acima, sobejamente conhecidas de todos nós, ilustram bem o fato de que nem sempre o humilde seja involuído, ou que o poderoso da sociedade sempre é evoluído, espiritualmente, para ambos os casos. Não estamos falando de intelectualidade.

Portanto, dentro desta conceituação, o trinômio Reencarnação, Carma e Dever, não pode ser esquecido.
Voltemos à análise de o Servidor.

Os indivíduos posicionados nessa categoria ocupam-se das atividades que não exigem grandes esforços de raciocínio. São as atividades repetitivas, como nas fábricas de produtos mais simples, nos trabalhos mais rudes das construções de prédios, da lavoura e carregadores em geral, além de outras atividades.

Esse mal remunerado trabalho que faz o indivíduo passar por cansativos esforços físicos, em situações, às vezes, as mais inóspitas, vai lhe despertando o desejo de lutar por alcançar melhores posições na sociedade. Preso dessa insatisfação, seu raciocínio começa a buscar especializações profissionais que possam proporcionar melhores condições de trabalho e remuneração.

Esforçando-se para isso, distancia-se cada vez mais da indolência silvícola e galga promoções, de encarnação em encarnação, que o posiciona na qualidade de operário categorizado. Mas o irresistível fluxo ascendente de vida não o deixa sentir-se contente. Uma vez melhor remunerado acende nele o desejo de riqueza. Possuir mais. Principalmente sob a pressão dos meios de publicidade que exibem decantadas belezas em propostas de falsas facilidades para o adquirir isso, ou aquilo.

Porém, na condição de operário, mesmo categorizado, se vê limitado pelas vontades do patrão, e toda aquela ilusão mercantilista que o seduz continua fora do seu alcance. Insatisfeito, sente lhe despertar uma ideia, que ele qualifica de magnífica: tornar-se seu próprio patrão. Trabalhar por conta própria.

Essa ideia doura-lhe os sonhos e o faz imaginar que assim fazendo ficará mais próximo das facilidades e comodidades que deseja adquirir. Esses pensamentos tomam sua mente por todos os dias, e ele passa a perseguir tal realização.

De encarnação em encarnação vai se sentindo cansado, e cada vez mais dedica esforços para deixar aquele degrau no qual se sente oprimido. O ilusório domina-o completamente. E só um objetivo ele tem em mente: Ser como os que se mostram destacados na sociedade.

Nesse ponto, o indivíduo está pronto a passar ao degrau seguinte. Esse fato que citamos nos leva a observar que deste esse início do transitar pela sociedade humana, a Mônada já demonstra preferência pelo ilusório.

Acima falamos só do atrativo da riqueza, porém, outros estímulos a levam rumo aos desastres maiores. Apegando-se ao ilusório, e não o obtendo, frustrado o indivíduo se deixa arrastar pelos descaminhos do alcoolismo, prostituição e um sem número de delitos marginais.


O PERSEGUIDOR DE RIQUEZAS

Devido aos agravos acumulados quando esteve no segundo degrau, agora, no início desta fase, o indivíduo esbarra com as primeiras dificuldades.

Embora já possa ocupar esse terceiro posto, impulsionado, porém, pelo jugo das ilusões não possui ainda um corpo Mental à altura. Seu intelecto pouco oferece diante dos novos desafios.

Constata que administrar, econômica e independentemente, a própria vida, tal qual desejou, é tarefa das mais difíceis. Todavia, não há como retroagir. Os inexoráveis impulsos ilusórios acumulados em si, o espicaçam na direção de ilusões maiores.

Assim vai, e com um pouco de bom-senso, mas sentindo a incapacidade para adaptar-se ao novo mundo de empresário, começa pelos pequenos negócios.

Com os recursos financeiros que acumulou instala-se num pequeno estabelecimento comercial. Um bar, um bazar, uma mercearia. Estas são as opções ao seu alcance.

Comercializando objetos de pequeno valor vai exercitando o raciocínio sobre o funcionamento do intercâmbio comercial.

Aprende da matemática dos lucros e haveres. Esta, aguça-lhe a ambição, e cada vez mais quer aplicar a fórmula lucrativa do entregar menor porção de mercadoria recebendo maior valor em dinheiro.

Até lhe parece uma mágica de resultados ilimitados. Do raciocínio calculista inicial passa à esperteza. Cria artifícios relacionados à qualidade do que vende para auferir maiores lucros. De consciencioso passa a inescrupuloso. Seus olhos se deliciam na volúpia de conferir o montante arrecadado a cada dia.

De alguma forma prospera. Os pequenos negócios deixam de lhe interessar. Suas metas, agora, são de empreendimentos maiores. Sua nova onda de perseguição.

Com o passar do tempo, e ainda vinculado ao terceiro degrau, vamos encontrar aquele incipiente comerciante, agora, um exímio homem de negócios. Empreendedor, empresário, executivo. Um homem que só enxerga números e só existe em função de lucros, não importando se para obtê-los tenha que surrupiar e corromper.

E tanto isso é verdade que toda a riqueza do mundo está nas mãos dos negociadores, ou melhor, dos especuladores. Estes, mesmo não produzindo nada, controlam a movimentação mercadológica em todo o globo, fazendo o jogo das aplicações em Bolsas de Valores. Uma espécie de cassino, onde as apostas são feitas sobre as Ações, (papeis), que representam o capital das empresas.

Empresas crescem, ou vão à falência, dependendo dos resultados e interesses dos especuladores que, num simples digitar de senhas, fazem valorizações fantasmas para atrair os incautos. Depois, sem nenhum escrúpulo, retiram o dinheiro criando uma desvalorização, levando a empresa à falência.

Para estes, não importa que seus atos façam milhares de famílias perderem seus sustentos. Sem sair de seus escritórios, fazem o dinheiro circular pelo mundo, buscando quem oferece mais por ele.

Se lhes é incontido o desejo de ganância, essa força, entretanto, já que instalado está na sociedade humana, é também aproveitada pelo Governo Oculto. Da seguinte forma: Os que se encontram no ápice do controle econômico terão que arcar com a incumbência e inquietude de conduzir os que para eles trabalham.

A ganância os fez acumular, agora arcam com o peso de, dando emprego, redistribuir o que ganharam. Estão ricos ? Ilusoriamente, sim. Porém, não podem ter um só momento de paz, já que a cada minuto vivem o pânico de que um possível concorrente possa lhes tomar a posição.

Nesse círculo vicioso caem no desespero do ter mais e, ainda assim, se sentir impelido em ter que distribuir mais, mesmo a contragosto.

Ao tentar romper esse círculo vicioso, apelando para um plano de reter mais e distribuir menos, infelicitando aqueles que dele, economicamente, depende, inicia-se seu fracasso, pois descamba para a desqualificação do produto em troca de menor mão de obra.

E mesmo que adote máquinas operatrizes em substituição ao trabalho humano, o desastre não será menor, pois, e esta é a tendência atual no mundo, faltará ao homem da rua, seus ex-operários, recursos para consumir sua produção. Resultado final: Falência do sistema.

Podemos até dizer que o desespero que o trabalho causa é devido à constante dubiedade do estado de consciência do indivíduo involuído. Isto é, as lembranças do passado demonstrando que os esforços de ontem foram bem menores que os de hoje. Claro, tudo era mais simples. A competitividade era menor. A ambição era menor. Então, constata que os esforços de hoje, embora ponham mais lucros em suas mãos, não lhe dão, porém, a paz sonhada.

Mas, como se disse acima, não há como, pacificamente, voltar atrás. O círculo social da ilusão fisgou-o no todo. É subir, no conceito bajulador dos homens, ou ser por eles esquecido. Uma escolha difícil e terrível. Que preço altíssimo vai pagar para continuar ocupando a posição "conquistada".

Assim, o trabalho tornou-se profundamente degradado; do ponto de vista do trabalhador, seu único objetivo é ganhar a vida, enquanto a finalidade exclusiva do empregador é aumentar os lucros".

Quem nos fala assim é o grande analista e pensador da atualidade Fritjof Capra, e o trecho reproduzido consta do livro de sua autoria O Ponto de Mutação, página 223, editado pela Editora Cultrix.

Aqui o citamos porque expressa bem o modo deturpado de pensar no trabalho em que a sociedade enveredou.

O trabalho como forma de adestramento espiritual, na Terra, perdeu todo seu sentido. Por isso, perdida nas teias da ilusão, nossa Mônada se deixa carregar de lauréis humanos.

Um triste e frustrante DEVER construiu para si. Alimentar as bocas, das quais, gananciosamente, arrancou os alimentos. Cumpri-lo, porém, vai ficar para outra fase dessa viagem. Por enquanto, submergida no fausto, o que deseja é mais poder. Nesse impulso assoma ao quarto degrau.


O AMBICIOSO DE PODER

Este degrau, espiritualmente falando, é o degrau dos grandes riscos. Nele, quase sempre o indivíduo resvala para profundo abismo cármico. Melhor seria que do terceiro se transpusesse ao quinto degrau. Porém, devido os comprometimentos contraídos naquele, ser-lhe-á inevitável transitar pelo quarto estágio.

Somente uma forte dose de renúncia ajudar-lhe-ia transpor o espaço de agora sem que maiores danos lhe acontecesse. Circunstância dificílima de ser vivida.

Para esta classificação de O Ambicioso do Poder, os elementos que nela mais se enquadram são os que ocupam postos militares, chefes de estado, parlamentares e funcionários públicos graduados.

O único desejo que os estimula na vida é o exercício do poder. Oriundos do terceiro degrau, mas cansados de correr atrás da riqueza, trazem, agora, o sonho do mando. A nova posição que perseguirão, não importa a que custo. Alimenta-lhes muito mais a vaidade de galgarem a hierarquia administrativa do que qualquer outra alternativa, mesmo que mais insinuante.

Isso fica evidente na simples comparação de remunerações salariais. Um general tem o valor de seu soldo inferior ao de um proprietário de magazine. Um presidente da república é muito menos remunerado que um industrial.

Entretanto, nem o proprietário de um magazine e nem o industrial enfeixam em suas mãos poder tão grande quanto aos de um general ou de um presidente da nação. Se o ganho financeiro não lhes é tão sedutor, o poder, todavia, cega-lhes os sentidos. Inelutavelmente entregam-se aos braços desse tirano, no onírico desejo de comando. Para comprovar o que estamos citando, observem dois acontecimentos que são nítidas demonstrações da volúpia do poder.

Primeiro, Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos da América, discursando em provocação à União Soviética, hoje extinta, dizia que "Apenas um dos nossos submarinos Poseidon (...) transporta as cidades grandes e médias da União Soviética. Nosso um número de ogivas nucleares suficientes para destruir todas poder de coibição é esmagador."

Esta citação está na página 232 do livro O Ponto de Mutação de autoria de Fritjof Capra, editado pela Editora Cultrix.

Segundo, o último conflito armado no Oriente Médio, mais precisamente no Iraque. Até então, nenhum homem havia possuído em suas mãos tal soma de poder como o que esteve, e tem estado, ( 2005 ) com George W. Bush, também presidente dos Estados Unidos da América. Em sua vontade estava, e está, a autoridade, e dela dependia, e depende, matar, ou não, quantos queira.

Os dois mandatários acima citados, só não perpetraram seus mandos até as últimas consequências porque as "forças da Vida", que podemos chamar de energias equilibrantes, não lhes permitiram consumar a loucura representada pela prepotência humana.

Como vimos nos exemplos citados, o jogo do poder é sedutor, e de seu domínio poucos escapam. Mas como o Ser não está destinado à volúpia, apesar do fausto, das mordomias, das prerrogativas e da bajulação que se vê cercado, chega-lhe o dia do enfado.

Percebe que apesar de toda a roda de "amigos" que o cerca, tudo não passa de hipocrisia, e que para mantê-la, alimentando seu crescente desejo de mando, terá que ir aos extremos da corrupção. É o momento em que alguma coisa, misteriosamente oculta, lhe diz que a vida não é só o que ele toca com as mãos. Há, também, o invisível, e que esse invisível possui forças maiores que o maior de seus poderes terrenos. Além disso, forças mais harmônicas que toda a paz que ele consiga construir.

Decepcionado, olha-se por dentro, e pergunta: "Quem sou eu ?" Vê-se tão grande entre os homens, porém, no íntimo, se sente pequeno e desprotegido. Enojado com a falsidade com que é cercado. Não sabe, ele, que aquele círculo de falsos amigos era outro dos recursos de que se serve a Lei do Progresso para levá-lo de volta à casa Paterna.

Desanimado e desiludido com os homens, vencida sua prepotência de mando, curva-se à evidência de que não é nada daquilo que seu espelho refletia. No imo da alma começa a abandonar o desejo de poder. Seus anseios, antes exclusivamente terrenos, voltam-se para os estímulos do invisível.

Depois de cumprida essa árdua, e decepcionante, etapa de alimentar as bocas às quais fez passar fome, volta-se ao DEVER de reeducar a todos que, ao longo de seus mandos, desvirtuou.

O poder é sedutor, dissemos, todavia, efêmero. O saber é laborioso, mas eterno. Nesse passo, nossa viandante Mônada, alquebrada, e de muletas morais, se prepara no departamento de "fisioterapia" cósmica, para voltar à Terra e ingressar, regenerada, no degrau do Amor.

(Texto: Luiz Antonio Brasil - Continua)



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