25 de fevereiro de 2010
LIBERTADE COM O AUTOCONHECIMENTO
Só aprendemos a nos conhecer quando paramos de implicar conosco nós mesmos e deixamos, de uma vez por todas, de seguir o hábito de nos denegrir. Isto é, na medida em que nos damos conta de que estamos nos fazendo mal, somos capazes de inverter gentilmente esse processo.
Aquele que busca o autoconhecimento sabe que nossa sociedade está cada vez mais nos desafiando a prestar mais atenção fora do que dentro do que de nós, quer dizer, a acreditar que precisamos mais do mundo externo do que dos recursos internos.
O processo de autoconhecimento segue um caminho contínuo e gradual, mas inevitavelmente requer algumas atitudes básicas, como honestidade, coragem, abertura, discernimento e paciência.
Quando confiamos em nossa capacidade de nos resgatar de uma atitude destrutiva, passamos a não ter mais porque temer a nós mesmos. O grande ganho do autoconhecimento: saber reconhecer e mobilizar os recursos internos. Por exemplo: podemos nos sentir despreparados para lidar com uma determinada situação, mas ao reconhecer e aceitar nossos pontos de vulnerabilidade com a intenção de fortalecê-los, ao invés de nos acharmos inadequados, sentiremos a esperança de estar dando um primeiro passo em direção à solução.
O próximo passo consiste em saber receber ajuda. Muitas vezes, temos uma imagem idealizada de nós mesmos: em nosso imaginário, cremos mais ser quem deveríamos ser do que realmente somos! Mas, isto não quer dizer que estamos condenados a vigiar eternamente nossos pontos fracos! Este é o ponto da virada. Saber receber ajuda para conquistar um novo olhar sobre uma mesma situação.
Enquanto negarmos a realidade de que certa atitude interna ou mesmo de que uma situação externa nos faz mal, nos manteremos presos a ela. Apenas quando admitimos nossa dependência em relação a esta atitude ou situação é que começamos a nos mover em direção a uma nova saída.
Por exemplo, quando nos sentimos dependentes do outro é porque estamos sob o comando dele. Perdemos o acesso direto à nossa voz interior. Não conseguimos escutá-la via nós mesmos. Achamos, mesmo que erroneamente, que precisamos do outro para ser quem somos. Se nos sentimos vazios corremos o risco de aceitar sermos preenchidos por qualquer coisa.
Paule Salomon, em A Sagrada Loucura dos Casais (Editora Cultrix) escreve algo bastante esclarecedor a este respeito: "Tornar-se dependente de alguém é também tê-lo sob a sua dependência, para se assegurar de que a relação vai continuar, de que o outro não vai me deixar. Quanto mais entramos nesse papel de dominador ou de dominado, mais precisamos do outro para existir. Ou seja, quanto mais acusamos o outro de nosso mal-estar, mais para perto de nós o trazemos. Pois, a medida em que o responsabilizamos sobre nosso bem-estar, mais dependeremos dele",
Então, por meio do autoconhecimento iremos gradualmente saber quem somos e de quais recursos necessitamos cultivar para acessar nossos desejos mais autênticos, sabendo que somos merecedores de respeito, carinho e gentileza.
O autoconhecimento é dinâmico, portanto, cheio de altos e baixos: ora nos sentimos fortes, ora frágeis. A sinceridade com que aprendemos a lidar com ambas as situações é que nos levará a nos sentirmos vivos internamente. Quando não temos mais porque nos evitar, não temos mais porque nos sentir vazios!
(Texto de Bel Cesar)
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Paz Profunda!