Os oito Sabbats são belas cerimônias religiosas derivadas dos antigos festivais anuais que celebravam, originalmente, a mudança das estações do ano.
Os Sabbats, também conhecidos como a “Grande Roda Solar do Ano” e “Mandala da Natureza”, têm sido celebrados sob formas diferentes por quase todas as culturas no mundo. São conhecidos sob vários nomes e aparecem com frequência na mitologia.
Os quatro Sabbats principais (ou grandes) correspondem ao antigo ano gaélico e são chamados de Candlemas, Beltane, Lammas e Samhain. Os quatro menores são Equinócio de Primavera, Solstício de Verão, Equinócio do Outono e Solstício de Inverno.
O Sabbat, infelizmente tem sido confundido também com a “Missa Negra” Satânica ou “Sabbat Negro”, sendo esse outro conceito errado que muitas pessoas têm e que é decorrente de séculos de propaganda antipagã da Igreja, do medo, da ignorância e da imaginação excessiva dos escritores desde a Idade Média.
Uma Missa Negra não é um Sabbat de Bruxos, mas uma prática satânica, acreditem, que parodia o principal ritual do Catolicismo e que inclui supostamente o sacrifício de bebês não batizados, orgias sexuais pervertidas e a recitação de trás para frente do “Pai Nosso”.
Nada disso jamais acontece nos Sabbats dos Bruxos. Não há sacrifícios (humano ou animal), não há o que chamam de magia negra, não há rituais anticatólicos.
Os Sabbats são simplesmente uma ocasião em que é celebrada a Natureza com danças, cantigas e deleite com alimentos pagãos e honra às deidades da Religião Antiga (principalmente a Deusa da Fertilidade e Seu Consorte, o Deus).
Em certas tradições wiccanas, a Deusa é adorada nos Sabbats de Primavera e do Verão, enquanto o Deus é homenageado nos Sabbats do Outono e do Inverno.
A celebração de cada Sabbat é uma experiência espiritual intensa e sublime que permite aos praticantes permanecerem em equilíbrio harmonioso com as forças da Mãe Natureza.
(Texto: Gerina Dunwich)
13 de março de 2010
MOISÉS E A TORAH
Torah é anagrama de Hathor (a vaca sagrada do Egito) e de Tarot e significa a Lei.
Moisés, como príncipe egípcio e iniciado nos mistérios de Osíris, estava de posse de todo o conhecimento esotérico do Egito: tradição Ariana mais a Atlante. Moisés, pois, era iniciado em todos os segredos das 3 raças (3ª, 4ª e 5ª), igual conhecimento está sintetizado no Tarot, que resumo todo o conhecimento esotérico da humanidade.
Moisés, o príncipe Mosis, cujo nome quer dizer “criança” em egípcio (outros nomes egípcios:Tutmosis, Ramosis, etc). Mosheh em hebraico, com a mesma raiz de Meshiah (Messias). Seu nome de nascimento é desconhecido e certamente não é Mosis, daí a ausência de referencia nos textos egípcios, que certamente descendia da casa real egípcia e não de Iocabed (a casa de Io=Isis e Amram, o divino Rama – ver no final lembrete a respeito).
Seu nome iniciático parece ter sido Osarsipe (Osar ou Usir=Osiris e “sipe” é “narrador”), portanto, o príncipe que fala de Osiris ou o príncipe que fala da luz.
Moisés, como um iniciado, não deixaria nada escrito, mas como legislador deixou uma tradição, transmitida oralmente, e que só viria a ser escrita séculos depois, após o exílio da Babilônia (altura do séc. VI a.C.), por Esdras.
Moisés transmitiu a seu povo através de seus sucessores (de início Joshua e os grandes sacerdotes do templo) a Torah. Ele transmitiu um corpo de doutrina externo (exotérica) e uma parte interna, oculta (esotérica), esta é a kabalah. E esta kabalah é de origem imemorial.
A Lei de Moisés ou Torah, como é conhecida, compõe-se dos 5 livros (Rumash) conhecidos entre nós pelo nome grego Pentateuco, cujo primeiro livro, Bereshit (Gênesis) ou o Livro da Criação, é considerado kabalisticamente o mais importante.
A maioria dos estudiosos, como por exemplo Gershon Scholeim, afirma que a origem da kabalah é do século XI ou XII de nossa era.Realmente, na Europa,altura do século XII, uma escola mística com o nome de escola Kabalistica, o que não quer dizer que por ter pela 1ª vez aparecido em público alusões à kabalah que ela tenha aí surgido. Da mesma forma a Alquimia que de origem imemorial teve igualmente aparecimento nesta época como uma escola mística.
Então, tal como o homem tem um corpo e um espírito e ligando-os uma alma, a doutrina mosaica ou Torah possui também um corpo: é a Massorah ou seja os textos em uma versão literal, bem como o conjunto de regras utilizadas para bem estudá-los, escrevê-los e lê-los, de forma uniformemente correta, a fim de que a doutrina não sofra alterações.
A Torah possui como espírito a Kabalah, ou seja, a interpretação secreta dos textos, que contém uma parte teórica e uma parte prática.
Unindo-os temos a alma, o Talmud, com sua parte da Mishina (a 2ª Lei de Sheni) ou “corpus juris” e a Gemara ou jurisprudência.
Lembro que Rama ou Ramu era o Rei-sacerdote dos Atlantes ou terra de Um, era o Ra-um. A palavra On em celta primitivo significa o verbo “ser”. Ra = potencia masculina, qualidade real e Um ou Ma = potencia feminina, Terra Mãe e/ou as águas primordiais da qual desenvolveram-se todas as formas de vida. Dessa raiz MA temos, por exemplo: adamah, a Terra Adâmica, ou primitiva. Quer no seu sentido real, como no simbólico. Simbolicamente Adamah é a terra de Adam Kadmon.
Em quase todas as línguas, primitivas ou atuais, UM ou simplesmente a letra M entram no radical da palavra MÃE e/ou TERRA e/ou ÁGUA. Sua forma afeta a figura de um quadrado ou similar.
SOBRE A ALQUIMIA
Segundo a tradição, a alquimia tem origem no Egito Antigo, por Hermes Trimegisto. Algumas histórias narram que ele viveu no séc.XIV a.C., no reinado de Akenaton e que era filho de Thot., o detentor da sabedoria. Para muitos estudiosos místicos, Hermes não se tratava de um ser, mas de um grupo de iniciados das escolas de mistérios da época.
Para alguns, a palavra Alquimia deriva-se do termo kémia (terra preta), como era chamado o Egito Antigo. Para outros deriva-se de “el kymyia” (a química). Também alguns acham que ela tem origem no termo hebreu “chemesch” (o sol) e, finalmente, para outros, a alquimia teve origem na China, com Lao-Tsu. Os primeiros documentos escritos sobre Alquimia datam do séc.III, escritos em grego, uma vez que Alexandria era o centro de encontro dos alquimistas da época, vindos de todo o Oriente.
A filosofia hindu de 1000 a.C. apresentava algumas semelhanças com a alquimia chinesa, como por exemplo o soma cujo conceito assemelhava-se ao do elixir da longa vida. No Egito a alquimia demonstrava uma influência do sistema filosófico-religioso da época helenística misturando conhecimentos médicos com metalúrgicos.
Nesta época, várias mulheres dedicavam-se a alquimia, como por exemplo Maria, a judia, que inventou o um banho térmico com água, muito utilizado nos laboratórios atualmente, o "banho-maria", Kleopatra (possivelmente não seria a Rainha Cleópatra), Copta e Teosébia. Os persas conheciam a medicina, magia e alquimia. A alquimia possuía um pouco da imagem da população de Alexandria, era uma mistura das práticas helenísticas, caldaicas, egípcias e judaicas.
Alexandre "o Grande" , que era iniciado, foi quem teria disseminado a alquimia durante suas conquistas aos povos Bizantinos e posteriormente aos Árabes.
Os árabes, sob a influência dos egípcios e chineses, trouxeram a alquimia para o ocidente ao redor do ano de 950, inicialmente para a Espanha. Construíram-se escolas e bibliotecas que atraiam inúmeros estudiosos.
Conta-se que o primeiro europeu a conhecer a alquimia foi o teólogo e matemático monge Gerbert que mais tarde tornou-se papa, no período de 999/1003, com o nome de Silvestre II. Na Itália Miguel Scott, astrólogo, escreveu uma obra intitulada De Secretis em que a alquimia estava constantemente presente.
No século X, a alquimia chinesa renunciou a preparação de ouro e se concentrou mais na parte espiritual. Ao invés de fazerem operações alquímicas com metais, a maioria dos alquimistas realizavam experimentos diretamente sobre seu corpo e espírito.
Na China, o mais famoso alquimista foi Ko Hung (cujo nome verdadeiro era Pao Pu-tzu, viveu de 249-330 d.C.) que acreditava que com a alquimia poderia superar a mortalidade. Atribui-se a ele a autoria de mais de cem livros sobre o assunto, dos quais o mais famoso é "O Mestre que Preserva sua Simplicidade Primitiva". Teria aprendido a alquimia por volta de 220 d.C com Tso Tzu. O tratado de Ko Hung, além da alquimia fala também da ciência da alma e das ciências naturais. Sua obra trata tanto do elixir da longa vida bem como da transmutação dos metais. Até então a alquimia chinesa era puramente espiritual e foi Ko Hung que introduziu o materialismo, provavelmente devido a influências externas. Ela foi influenciada também pelo I Ching "O livro das Mutações". Posteriormente seguiu a escola dos cinco elementos, que mesmo assim permaneceu quase que completamente mental-espiritual.
Do Oriente, difundi-se para o Ocidente por intermédio dos alquimistas gregos, como Zózimo, Oimpiodoro e Sinésio. Depois através dos bizantinos, como Estefânio, Enéias de Gaza, mas foram os alquimistas árabes que mais contribuíram para sua expansão. Os mais conhecidos são: Ibn-Hayyan, Al-Razi e Ibn-Sina (Avicena).
Ibn-Sina ou Avicena (980-1036) redigiu um Cânon que contribuiu para o ensino da medicina durante séculos, além de muitas obras sobre o estudo da alma e de seu destino, além de várias narrativas místicas.
Em meados do séc.XII a Alquimia teve um imenso impulso na Europa graças ao livro anônimo árabe Turba Philosophorum (A Turba dos Filósofos) que relatava um concilio de filósofos gregos para estabelecer o vocabulário alquímico.
Dentre estes filósofos estavam Sócrates, Xenofonte, Empédocles. Este livro foi seguido de uma série de obras traduzidas e atribuídas a Hermes, dentre as quais a Tábua de Esmeralda e o Livro dos 24 Filósofos, no qual Deus é definido como um Círculo, cujo centro está em toda parte e cuja circunferência está em nenhuma parte. A partir daí a Alquimia não parou de crescer.
Contou no Ocidente com adeptos célebres, tais como: Albert Le Grand, Tomas Aquino, Roger Bacon, Arnaud de Villeneuve, Raymond Lulle., Nicolas Flamel, Georges Ripley e Pico della Mirandola.
Também os Templários, nos séc.XII e XIII, tiveram papel importante na expansão da Alquimia. Tanto no plano financeiro quanto cultural e espiritual. Nos combates travados na Terra Santa opuseram-se aos Assacins, que constituíam uma ordem mística que perpetuavam as doutrinas esotéricas do ismaelismo e praticavam a alquimia. Mais tarde , os Templários trocaram relações amigáveis com aquele povo e muitos foram iniciados à Arte Régia.
No séc.XVII a Alquimia atinge o apogeu, com a publicação em 1616 do Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz que tratava de uma iniciação de conotação alquimica. Além disto, Michael Maier (1568-1622), estudante rosacruz, escreveu várias obras citando a Arte Régia, tais como O Segredo dos Segredos e Atalanta Fugibus (Atalanta Fugitiva). Também Robert Fludd (1574-1637) contribuiu para o conhecimento da Alquimia com as obras Chave da Filosofia e da Alquimia e Sommum Bonum.
Foi também o séc.XVII que marcou o declínio da Alquimia, com a crescente oposição da igreja católica aos estudantes rosacruz, que os acusava de quererem substituir o Criador e se entregarem a práticas ocultas com objetivo de enriquecimento próprio. Além disto, a ciência oficial combatia com duras críticas o estudo da alquimia e tentavam desacreditar tudo o que se relacionava com a filosofia e a espiritualidade.
Assim, a Alquimia entrou em dormência, a despeito de personalidades influentes como Robert Boyle, Elias Ashmole, Thomas Vaughan, Wilhelm Leibnitz, Isaac Newton, dentre outros, continuarem a praticá-la.
A imagem acima é o símbolo usado pelos alquimistas rosacruzes do século XVI.
Apesar das perseguições religiosas e políticas, a alquimia continuou a suscitar interesse dos místicos do séc.XVIII, como Cagliostro, Jean François Eteilla e Eckartshausen, autor de Nuvem sobre o Santuário, de conotação profundamente alquímica. No séc.XIX citamos Cambriel, Cyliani e Tiffereau.
No séc.XX, temos Louis Figuier, Jollivet Castelot, Bernard Biebel, Eric Marié, Eugene Canseliet e outros.
A Alquimia corresponde a uma senda mística que sempre terá seus adeptos, pois se traduz num desejo do ser humano de transcender a matéria e se aproximar do Criador.
A Tábua de Esmeralda, texto seminal da alquimia islâmica e ocidental, apareceu primeiramente nos seguintes textos: Kitab Sirr al-Khaliqa wa Sanat al-Tabia (c. 650 d.C.), Kitab Sirr al-Asar (c. 800 d.C.), Kitab Ustuqus al-Uss al-Thani (século XII), e Secretum Secretorum (c. 1140).
O TEMPO
Quando se diz que o ser tem que se libertar da Mente, na verdade o que se pretende dizer é que ele tem que se libertar das limitações que são a mente.
A consciência contém o todo e a parte. Mesmo que se considere ilusão ainda assim as partes, de certa, forma existem e se existem devem constar no “É”. Seja qual for a coisa, ou condição, que real ou ilusoriamente exista deve fazer parte do “É”, logo é parte integrante da Consciência.
A mente se existe, quer ela seja realidade ou ilusão, está presente no “É” . Como o “É” se trata de um registro pleno poderia como tal deixar de conter todas as ilusões? Tudo o que faz parte do “É” não se extingue porque o “É” é eterno desde que ele está fora do espaço-tempo.
Sejam como realidades ou como ilusões os elementos constitutivos da mente aprisionam o ser, setorizando e limitando a percepção que se tem da Consciência. No conto dos cegos e do elefante a condição do não ver o animal por completo, sem dúvida, o limita. Assim também há condições que limitam a Consciência condicionando e limitando a percepção. É preciso que se tenha uma compreensão exata sobre a natureza dos elementos limitantes que em sua totalidade compreende a mente.
Um dos principais meios que limita a percepção do todo é a falsa idéia de tempo linear. O Tempo, como algo absoluto, é o mais importante elemento presente na Consciência, mas como no processo do “se ver em parte” ocorre o surgimento então esta modifica o tempo absoluto gerando o tempo seqüencial – tempo linear, ou tempo cronológico.
A única realidade está representada como o “É”. Coisa alguma está fora dele, pois se fosse de outra forma não seria infinito. No “É”, em termos de tempo, só existe o Eterno Agora, portanto não há passado e nem futuro, somente presente. Transportando ao sentido gramatical poderemos dizer que no Eterno Agora só há o tempo verbal presente.
É a mente quem gera a idéia de passado e de futuro e isto funciona de forma fazer parecer que existem dois mundos distintos, o Transcendente e o Imanente. Na verdade o Imanente se baseia na condição de manifestação parcial da Consciência. No conto do elefante, para os cegos a parte percebida por cada um representaria o elefante. Na Consciência ocorre o mesmo, a parte percebida por cada ser compõe um mundo distinto – mundo imanente – mas que não é o verdadeiro mundo-Transcendente. A percepção parcial é que motiva a existência aparente de um outro mundo – Imanente.
O não perceber o tempo como algo absoluto e infinito gera a ilusão de tempo linear. Nesta condição ele se apresenta de forma tríplice: passado, presente, e futuro. Mas, a ilusão do tempo é tão marcante que faz com que seja tremendamente difícil a pessoa de dissociar dela. O Imanente é um mundo baseado em passado e futuro e onde não há lugar para o presente, para o agora. Quando é o presente – agora? Jamais ele é encontrado no Mundo Imanente, neste mundo que aceitamos como algo real e concreto. Voltamos a lembrar um exercício mental que já utilizamos em outras palestras. Tome como exemplo uma hora qualquer como, por exemplo, Meia Noite. Quando ocorre a meia noite? Quando é o agora da Meia Noite? Faltam 10 minutos, falta um minuto, um segundo, um nanosegundo, e assim por dia nesse processo cada vez o tempo faltante diminui, mas quando é que ele zera? Em nível de tempo linear jamais se chega a atingir a Meia Noite. Isto tende para infinito, portanto somente no infinito ocorre o agora, contudo quando isto acontece, em se tratando de Infinito, já não é mais Imanência e sim Transcendência. Tempo infinito é Eterno Agora uma condição somente existe como o “É”. Por outro lado, no “É” – Eterno Agora – não pode haver nem passado e nem futuro, pois tudo “ali” é presente, tudo é agora. Mas, ver isto é ver a totalidade. As partes do elefante são as partes do tempo, é como se fosse tempo fracionado, o que equivaleria a dividir o Tempo Absoluto, que equivaleria a dividir o indivisível.
Vemos que ao se falar de Mundo Imanente tem-se que eliminar o presente onde somente os únicos tempos verbais aplicáveis são passado e futuro. Contudo, devemos examinar o passado. Esta é uma condição que só existe no presente. Algo que sentimos, como passado, quando ocorreu ele era presente. Considere uma ação qualquer do passado e veja que ao ocorrer ela era presente. Então como é que fica, se o agora – o presente – não existe! Então o passado só existiria no Transcendente, mas já dissemos que no Transcendente o que existe é o Eterno Agora em que não pode haver passado e nem futuro, pois se assim não fosse aquilo perderia a condição de Eterno Agora. Como então sair desse paradoxo? Entendendo-se que tudo é “agora”, que passado e futuro são artifícios da mente e, desde que não põem existir tanto no Mundo Imanente quanto no Transcendente. Assim há de se convir que aquilo que se acredita ser o passado é uma mera ilusão, um artifício da mente que diz respeito à percepção limitada ao nível de Consciência.
Evento algum ocorre no passado, pois quando ele ocorreu era presente, e se presente ocorre no “É”. Presente é uma condição única do Transcendente. Isto mostra que a idéia de passado é um artifício mental, e que tudo ocorre no presente, tudo existe e ocorre somente no “É”.
(Texto: José Laercio do Egito-FRC)
A análise do passado mostra claramente que o mundo imanente é pura ilusão. Trata-se de uma armadilha da mente cujo objetivo é assegurar a individualidade e a manutenção do Ego
O ESPAÇO
O espaço não deixa de ser um dos padrões de ilusão inerente à mente. Isto é o que resumidamente vemos nesse texto.
Evidentemente não é fácil uma pessoa aceitar e, menos ainda, entender se lhe for dito que espaço não existe. Pelo simples fato dele se sentir em um lugar é o suficiente para o seu intelecto lhe dar inteira confiança de que não pode negar a existência de um lugar, tal como a de um momento presente.
Segundo o que preceitua a Teoria da Relatividade de Einstein o espaço não tem um padrão último de medida e não ser o mesmo em todas as circunstâncias. Segundo a Teoria da Relatividade, o que corresponde ao que as doutrinas metafísicas, entre elas o Hermetismo, vêm afirmando há milênios.
A Teoria da Relatividade mostra que o espaço não possui as propriedades mencionadas por Euclides em seus postulados e axiomas que condizem com o que a percepção limitada das pessoas determina. Mas, bem antes de Einstein, já Zenão e Pitágoras na Grécia, assim também diversos sábios da Índia e o Hermetismo desde o Antigo Egito, haviam descoberto e assinalado contradições inerentes à idéia comum de espaço como algo com características de existência real e de inalterável fixidez. Perceberam que, sob certo ponto de vista, o espaço é mensurável, relativo e finito, mas sob outro ele é incomensurável, absoluto e infinito em todas as direções.
Aceitando-se que espaço é apenas a localização das coisas existentes, então poderia ser algo mensurável, algo com dimensão e cujo limite seria marcado pelo esgotamento das coisas que o constituem. Sob o outro ponto de vista ele não pode ter limite desde que não existem limites separativos no Mundo Transcendental, o que quer dizer; não existem coisas distintas, mas apenas uma só. A existência de coisas é decorrência da limitação da percepção. Se não existem coisas também não pode existir algo constituído por elas .
A ignorância sobre a unicidade das coisas leva alguns à idéia da existência de espaço mensurável cujo indicador seriam as coisas existentes. Segundo o primeiro ponto de vista podemos delimitar o espaço mediante às suas partes, ou seja pela extensão dos objetos físicos. Mas, conforme o segundo ponto de vista, tais partes não têm existência em separado do Todo, e sendo assim não é possível determinar limites, pois quando se tenta reunir todas as partes, jamais se consegue chegar a um agregado que seja a totalidade do espaço. Se o limite do espaço não fosse o limite da totalidade das coisas, então haveria sempre mais espaço além do limite do que se julga ser o todo. Hipoteticamente se juntássemos mais elementos ao espaço ele cresceria, mas cresceria a partir do que e de onde?
Quando se falamos de espaço surge a idéia do aqui e do ali, e nos encontramos diante de uma curiosa situação, pois espaço traz a idéia de ser algo em que alguma coisa existe ou aquilo em que a ordem do mundo se diferencia, e se não existem “coisas” espaço deixa de existir.
Diz Paul Brunton: “Pensemos num ponto colocado sobre uma folha de papel em branco. A geometria define ponto como sendo uma posição sem grandeza, portanto não tendo qualquer dimensão. Vale dizer que o ponto não contém nada no seu interior e que não há lugar para ser colocado alguma coisa dentro dele”. “Nessa análise ver-se-á que o ponto não é um absoluto espacial e por isso o espaço, tal como o exposto, ele ao mesmo tempo existe e não existe”.
O que significa aqui? Aquele raciocínio que já fizemos para tempo, também é válido para espaço. O que é o aqui, onde ele se situa? – Quando falta para se atingir o aqui? Poder-se-ia dizer, falta tantos metros, centímetros, milímetros, e assim por diante. Esse escalonamento decrescente só cessa no infinito. O aqui seria um ponto inatingível a não ser no Infinito, e no infinito não comporta o aqui porque nele não existem separações por se tratar de um continuum. Sem separações o ponto representativo do aqui, não existe e consequentemente também não existe lugar. Logo, espaço não tem existência real.
Tente diminuir uma coisa qualquer, diminua-o seguidamente, cada vez mais, então onde isto vai parar? Por certo no infinito. Veja que aqui também acontece o mesmo que acontece com referência ao tempo. Onde ocorrem o tempo zero e o espaço zero? Somente deveriam acontecer no Infinito. Onde se situa o ponto zero do espaço? Vemos que não pode ser em nível de Imanência. Assim podemos dizer que o ponto zero, o inespacial somente poderia existir no próprio infinito, mas infinito não tem centro nem periferia, não tem o dentro e nem o fora. O infinito tem que necessariamente ser inespacial. No “É” não existe lugar para se situar o aqui ou o ali.
Pelo que foi exposto se conclui que espaço é simplesmente uma condição da mente por não poder existir nem no plano imanente e nem no transcendente.
Se o espaço compreende a localização das coisas o que as separa? A mente exige um limite para tudo, mas qual é esse limite? Já vimos em palestras passadas que sempre existe um elo intermediário entre uma coisa e outra. Tudo isso são condições ilusórias impostas pela mente.
É a mente quem nos obriga a encarar todas as coisas como existentes no espaço e no tempo. O espaço parece ser uma condição necessária do processo da percepção. Não nos é possível separar uma só coisa do tempo e do espaço. Contudo, jamais vemos o tempo e o espaço propriamente ditos! Não recebemos nenhuma impressão sensorial direta do espaço puro e do tempo puro. Pensemos em uma condição em que coisa alguma se faça sentir. Nesse estado que sensação se poderia ter? – Compreensão da inexistência, mas como tal o que se sentiria, que percepção sensorial de poderia ter? Ter-se-ia a compreensão de se tratar de um nada, mas o que se sentiria no nada?
Não nos é possível revestir o simples conceito de espaço com nenhuma imagem mental; só podemos pensar em alguma coisa ocupando um lugar e tendo alguma dimensão, daí conhecermos o espaço apenas como uma propriedade das coisas e o tempo como uma propriedade do movimento.
(Texto:José Laércio do Egito - F.R.C.)
CALENDÁRIO AZTECA
A Pedra do Sol, conhecida universalmente como Calendário Azteca, na realidade nunca foi um calendário, senão um monumento ao sol, muito elaborado, sob suas múltiplas manifestações. Também se dedicou a sacrifícios humanos relacionados com o culto de Tonatiuh, deus do sol.
É um monólito de basalto de olivina, de 3,57 metros de diâmetro e 24,5 toneladas de peso. Foi esculpido sob a dominação do sexto imperador azteca, Axayacatl, no ano 13-acatl correspondente a 1479, e colocado no Templo Maior.
Depois que os espanhóis conquistaram o império Azteca, em 1521, veio a destruição dos ídolos, e a Pedra do Sol caiu atirada na Praça Grande. O arcebispo Frei Alonso de Montúfar ordenou que fosse enterrada “pelos grandes delitos de morte que se haviam cometido sobre ela”. Desse mesmo lugar, ao ser descoberta em 1790, se transferiu para a torre ocidental da Catedral, onde esteve até 1887, ano em que foi enviada ao Museu Nacional de Antropologia e História.
Antes dos aztecas, o calendário havia tido três formas. No primeiro calendário, o ano nahoa constava de 365 dias completos, e começava no solstício de inverno; como era um ano sideral, semelhante ao egípcio, se necessitavam 1461 anos para que seu início voltasse ao solstício de inverno. Ao notar esta diferença com o ano solar, introduziram ao uso do dia “intercalar” cada quatro anos, e passaram o começo do ano ao solstício de verão.
A esta reforma seguiu a tolteca, cujo elemento fundamental foi introduzir o período cíclico de 52 anos, formado da combinação do ano solar com o ritual de 260 dias. Este teve sua origem na observação constante do grupo de estrelas conhecidas como Plêiades, cuja culminação, ou seja sua passagem pelo Zênit, ocorre precisamente a cada 52 anos. Os aztecas, em contato com os toltecas, adotaram o período cíclico de 52 anos, e ainda assim, o princípio do ano no equinócio da primavera.
Os aztecas tinham a crença de que o fim do mundo se daria ao terminar um ciclo de 52 anos. Se preparavam para essa data, destruindo todas as suas posses, seu templos e até seus fogos eram extintos. Os sacerdotes se dirigiam à Colina da Estrela, e ali aguardavam com grande devoção e silêncio a passagem das Plêiades; se estas atravessavam o Zênit depois de meia-noite, sem que houvesse fim do mundo, havia grande regozijo; tudo que foi destruído seria renovado, os fogos seriam acesos, e com grandes festejos, presentes e ritos religiosos, saudariam o princípio da nova era e do novo sol.
A lenda conta que quatro sóis foram destruídos (correspondentes a quatro eras cosmogônicas) por diferentes catástrofes. Por isso, Tonatiuh é o sol da quinta era.
O sol, Tonatiuh era invocado pelos aztecas como “o resplandecente”, o menino precioso”, “o águia que ascende”. Daí alguns dos elementos decorativos que aparecem na Pedra do Sol.
O sinal hieróglifo 13-actl cana corresponde ao ano de 1479, data em que se terminou a construção da Pedra do Sol.
Este luxuoso ornamento, que significa luz, força e beleza, tem uma placa de jade chalchiuitl e está arrematado com penas de águia e uma pérola.
As barras eretas significam o fogo morto, e as chamas representam o fogo novo, que nasce a cada 52 anos.
O último círculo da borda mostra uma sucessão de pequenos círculos que representam a via Láctea.
Em ambos os lados dos hieróglifos 13-cana, descem duas enormes serpentes de fogo, Xiuhcoatls, que transportavam o sol através do firmamento. Na parte superior, as caudas pontiagudas das serpentes estão enfeitadas com ervas e flores, e na parte inferior, de suas faces abertas emergem as faces dos dois deuses: Tonatiuh (o sol), e Xiuhtecutli (a noite).
Os dois grupos de quatro faixas agrupadas de amatl (papel vegetal de maguey) simbolizam os quatro tlalpilli (atadura de 13 anos) que formam o ciclo de 52 anos.
Os corpos das serpentes estão formados cada um por 11 segmentos iguais, no que se podem observar as voltas ou chamas representativas do fogo novo.
Esta franja, que rodeia o calendário, tem as figuras de Vênus, deusa noturna, simbolizada por mariposas entre raios de luz.
PEDRA DO SOL
Nos dois primeiros círculos centrais da Pedra do Sol está representado Tonatiuh, inscrito no símbolo movimento “ollin”, e os quatro sóis que o precederam. O terceiro círculo contém os signos dos 20 dias, rodeados de raios solares e jóias preciosas, pois para os aztecas o sol era a coisa mais preciosa do universo e o representavam como uma jóia. Finalmente, as franjas exteriores contém duas serpentes de fogo ou “xiuhcoatl”, que transportavam o sol pelo firmamento, e de suas faces saem os rostos de duas deidades.
CÍRCULO CENTRAL: Tonatiuh, Deus do Sol
No centro da pedra está Tonatiuh, com a máscara de fogo, seu atributo como rei dos planetas. Este astro regia o universo em todas suas manifestações. Se lhe representava com o pêlo dourado por seu aspecto alourado, e as rugas indicam sua idade avançada. O sinal “ome acatl” que tem sobre a frente, se refere ao princípio da conta de anos ou “xiuhmolpilli”, ou seja, o sol do primeiro dia do ciclo de 52 anos depois da noite em que inicia o fogo novo. Além da gargantilha de seis contas se considerava também símbolo do princípio do ciclo sagrado. A língua para fora, como faca de obsidiana, indica a necessidade de que se lhe alimentara com sangue e corações humanos.
SEGUNDO CÍRCULO: movimento Ollin
01 - Os quatro pontos cardeais estão representados na parte superior e inferior deste círculo. O toque do guerreiro simboliza o NORTE.
02 - A adaga de obsidiana, Tecpatl, simboliza o LESTE, ou luz solar.
03 - A casa do deus das chuvas e fogo celeste, Tlalocan, simboliza o OESTE.
04 - O SUL está representado pelo macaco.
05 - A face de Tonatiuh está rodeada por um grande símbolo “Ollin” (movimento ou terremoto) que ocupa a parte central da Pedra do Sol, porque é o símbolo dominante na era do quinto sol. Nos quadrados laterais do próprio símbolo, estão inscritas as datas em que terminaram as quatro épocas cosmogônicas que precederam a atual. Note-se que em cada um há, além do símbolo correspondente, quatro círculos.
06 - O quatro pontos concêntricos que se encontram ao lado do símbolo “ollin” indicam a data em que haverá de terminar o quinto sol por causa de um terremoto. 4 tremor
07 - Em ambos os lados, as figuras rodeadas do símbolo “ollin” contém as mãos de deus armadas de garras de águia, apertando corações humanos, que significam os sacrifícios oferecidos a Tonatiuh com o fim de que o sol se mantivesse em movimento. Em cada pata, um olho e uma sobrancelha indicam que nada pode ocultar-se a esta deidade.
08 - 4 tigre. A primeira e mais remota das quatro épocas cosmogônicas, se representa por Ocelotonatiuh, deus do jaguar. Durante ela, viveram os gigantes que haviam sido criados pelos deuses, os quais finalmente foram atacados e devorados pelos jacarés.
09 - 4 vento. A segunda época é representada pela cabeça de crocodilo, Ehecatl, o deus do ar. Durante essa época a raça humana foi destruída por fortes ventos e furacões, e os homens se transformaram em macacos.
10 - 4 chuva. A terceira época é representada pela cabeça de Tlaloc, deus do fogo celeste e das chuvas. Nesta época, tudo se destruiu pela chuva de lava e fogo e os homens se converteram em aves para sobreviver a catástrofe.
11 - 4 água. Na quarta época, representada pela cabeça de Chalchiuhtlicue, deusa da água, esposa de Tlaloc, a destruição se deu por fortes e tormentosas chuvas e nela os homens se converteram em peixes para não sucumbirem afogados.
TERCEIRO CÍRCULO: os vinte dias
Neste círculo tem vinte casas com os signos dos dias, os quais se lêem começando pela casa superior da esquerda.
Dia Deuses Signo
1º Cipactli Crocodilo
2º Ehecatl Vento
3º Calli Casa
4º Cuetzpallin Lagartixa
5º Coatl Serpente
6º Miquiztli Morte
7º Mazatl Veado
8º Tochtli Coelho
9º Atl Água
10º Itzcuintli Cachorro
11º Ozomatli Macaco
12º Malinalli Erva
13º Acatl Cana
14º Ocelotl Tigre
15º Cuauhtli Águia
16º Cozcacuauhtli Falcão
17º Ollin Movimento
18º Técpatl Pedra
19º Quiahuitl Chuva
20º Xóchitl Flor
O calendário civil constava de 18 meses de 20 dias cada um, agregando-se ao final cinco dias “nemontemi”, fatídicos e inúteis. Estes vinte dias se combinavam de cinco em cinco, dedicando o quinto ao mercado tianquiztli. Como os cinco nemontemi eram inúteis, resultavam no ano 72 dias de mercado, que eram de descanso ou festa, e 288 de trabalho. O calendário ritual constava de 260 dias, divididos em 20 trezenas, e a combinação dos dois calendários dava o ciclo de 52 anos.
As jóias de jade e turquesa adornam ao deus porque os aztecas chamavam ao sol Xiuhpiltontli, “o menino turquesa”. A orla de placas com cinco incrustações ou chalchiuitl, simbolizam a combinação de cinco em cinco dias.
As figuras concêntricas representam as penas da águia estilizadas, adorno do deus do sol.
As pontas de flecha que apontam em todas as direções, representam os raios solares espalhando-se e difundindo-se no universo.
As figuras ovaladas e terminadas em ponta, são as gotas de sangue humano oferecidas ao deus sol.
CÍRCULO EXTERIOR
Xiuhcoatls
O círculo exterior está formado pelo corpo de duas serpentes de fogo que circundam a Pedra do Sol. Na parte inferior emergem duas cabeças de suas faces: Quetzalcóat, personificado como Tonatiuh (o sol), do lado direito, e Xiuhtecutli (deus da noite), do lado esquerdo. Esta alegoria representa a luta cotidiana dos deuses pela supremacia na terra e nos céus. As duas faces têm as línguas para fora, pegadas uma com a outra, e significam a continuidade do tempo, ou seja o sol nascendo e o sol se pondo, sempre em contato.
No alto da cabeça das serpentes contém em seu interior pequenos círculos que significam o céu estelar.
Ao redor se podem contar sete olhos entrecerrados, que são as sete estrelas principais das Plêiades; e como cintilantes que são, se assemelham ao olho humano que se abre e se fecha.
Cabeça de serpente com as faces abertas.
Os povos do México pré-hispânico desenvolveram conhecimentos astronômicos muito avançados, que lhes permitiu ter um calendário solar de tal perfeição que não havia outro semelhante em sua época. Aliás do cômputo dos dias, tinham conhecimento da precisão dos equinócios, as fases da Lua e Vênus, os anos de Mercúrio e Marte; diversos fenômenos celestes, como os eclipses do Sol, da Lua, e a periodicidade dos cometas cuja aparição podiam predizer com exatidão. Assim mesmo, desenvolveram uma completa cosmogonia em que entrelaçavam os conhecimentos científicos com os conceitos mágico-religiosos, que os aztecas deixaram plasmados na Pedra do Sol, através de símbolos colocados em forma harmoniosa e lógica, fazendo desta uma grande obra de arte.
(Texto:Dea Lins)
Assinar:
Postagens (Atom)