2 de agosto de 2010

DEMÔNIOS

Não seríamos capazes de perceber o mundo sem os contrastes. É prazeroso o aprendizado constante que se obtém enquanto se percorre o caminho da busca pelo conhecimento. Certas respostas abrem portas para novas perguntas, contribuindo para nossa evolução pessoal. E para o crescimento, torna-se necessário, também, conhecer o Bem e Mal.

"...Eis que o homem se tornou como nós, conhecedor do bem e do mal..." (Gen 3:22).

"Nada em si é bom ou mal tudo depende daquilo que pensamos" (Shakespeare).

Assim como temos os 72 anjos na Árvore da Vida, encontramos os 72 demônios na Árvore da Morte.

Como vivemos em um mundo de dualidade, ele se desdobra em um feixe de luz e sombras, gerando 72 anjos e 72 demônios. Na verdade, segundo essa teoria, esses 72 seres seriam um só, divididos em 2, conforme as leis do hermetismo, ponto e contra ponto.

Todos os seres derivam do nome de Deus, que tem 72 letras, o SHEMHAMPHORASH. Esse nome divide-se em duas categorias, LVX (Árvore da Vida), NOX (Árvore da Morte). Como existem 72 seres em uma logo, da forma oposta há o mesmo na outra: a Lei da polaridade.

A cabala tem interligação com praticamente todos os segmentos ocultistas, desde os sistemas goéticos até os sistemas Enochianos, por isso, às vezes, fica difícil explicar certas coisas, sem a mínima noção de cabala, então, simplificando:

Existe a cabala e existe a goecia;

Existe a árvore da vida (LVX) e existe a árvore da morte (NOX);

existem as sephiroth e existem as Qliphoth;

existem os 72 anjos cabalísticos e existem os 72 demônios goéticos;

existem os caminhos da sabedoria e existem os caminhos da degeneração.

No processo de ``cristianização`` ocidental, após o início do reinado de Constantino, a igreja passou a usar uma estratégia agressiva contra os cultos pagãos. Até então a própria natureza divina ou humana de cristo era discutida, uma das diversas matérias do primeiro Concílio de Nicéia.

O lado prático é que existiam diversos cultos dispersos e isso não interessava à elite da época, principalmente essa diversidade de cultos por parte dos gentios. Então, a igreja escolheu a divindade pagã de Cernunnos, ligada ao culto de fertilidade e associou-a ao Diabo.


Lucifer só é citado uma única vez em Isaías 14,13 onde teoricamente Isaías referia-se não a satã, mas a um rei que, devido aos seus excessos, teria caído no reino dos mortos. O Rei, pela expressão hebraica`helel bem sharar`` (o que brilha) ou do termo grego ``eosphorus`` (fósforo??) na tradução latina seriam a estrela da manhã e logo associou-se a imagem do rei tirano e que cometia excessos a lúcifer, aquele que tinha tudo e caiu, perdeu-se. Enfim, seria uma das muitas misturas propositais feita pela igreja, algumas foram erros de traduções.

O primeiro Arcanjo, que emergiu das profundezas do Caos, foi chamado Lux (Lúcifer), o "Filho Luminoso da Manhã" (...) A Igreja o transformou em (...) Satã, porque era mais antigo e de mais elevada categoria que Jehovah ... (p. 128).

Lúcifer representa a estrela da manhã (o planeta Vênus). Lembrar do Pentagrama e da relação com o planeta Vênus. "A palavra “Lúcifer” significa “o que leva a luz” e é relacionada à estrela da manhã, o planeta Vênus (AMOR, a esfera 7 da Kabbalah, Netzach) e à estrela D'Alva como já foi dito.

"O que leva a luz"... lembraram de alguém? Quem sabe alguém lembrou de Prometeu e a alegoria da centelha do fogo celeste (imagem) que ele roubou e reanimou a humanidade, por tal motivo ele foi castigado por Zeus. Prometeu (na mitologia grega) era o mensageiro dos Deuses, ele estabelecia a ligação entre os homens e o divino.


Mensageiro de Deus, leva a centelha do fogo celeste para os homens, portador da luz, aquele que traz iluminação (lembraram de mais alguém?)... Lucifer/Prometeu, o intermediário da luz divina (ou seja, o que trás do plano mental para o plano terreno) está diretamente relacionado com o Corpo astral e à sephirá yesod. Da mesma forma o Buda/Cristo/S.A.G. é relacionado ao corpo mental (ou astral superior, depende do(a) sistema/escola) e à sephirá tipheret.

Aproveito para mencionar um assunto incompreendido por muitos, a definição de demonologia e demolatria:

Demonologia é a ciência que estuda, de forma cética, as origens dos seres e conceitos ligados aos demônios no decorrer do tempo, visando a busca do conhecimento perdido da humanidade, entendendo o processo evolutivo através das suas transformações e ramificações, formadas com o passar dos tempos.

Demolatria é o segmento que “adora”, especí¬fica e unicamente, os demônios ou algum em especial, praticando rituais e acreditando em crenças voltadas para os mesmos.
Por exemplo, os satanistas, que seguem o satanismo, os Luciferianos, que acreditam em preceitos voltados à Lúcifer. Normalmente a demolatria é mais voltada para a adoração ao diabo, a versões de demônios malignos ( Existem demônios malignos, mas também existem demônios que não têm esse intuito).

Assim, chegamos à conclusão que existe uma grande diferença entre demônios e diabos, e entre demonologia e demolatria e, pelo assunto ser meio complexo e conter uma variedade de informações, esses termos são confundidos e levados à interpretações errôneas.

Aproveitando as definições, Goétia (Goecia) é um conjunto de técnicas e procedimentos cerimoniais que visam evocar demônios para que ele obedeça ao magista. Por meio dessas técnicas o magista se utiliza do demônio sem que exerça influencia sobre o magista. Para isso, são utilizados uma série de selos e chaves de proteção, todas explicadas ensinadas e detalhada na Goétia. Mais para frente falaremos a respeito.


Para complementar, veremos o significado de demônio para algumas religiões. Um demônio ou demónio é, segundo as religiões, um ser intermediário entre o homem e um deus, com conotação de “ser maligno”, embora, originalmente, para os gregos pudesse também ser um ser benigno.

Platão, ao escrever sobre Sócrates, diz que este se comunicava com um espírito invisível chamado daimon (ou daymon).

A palavra demônio vem do grego daimoníon, que foi reduzida a daimon. Ao passar para o latim, Daimon se tornou Daemon, que deu origem ao português demônio.

Outra definição para "demônio" é "repleto de conhecimento", por se atribuir à sua descendência sobrenatural a capacidade de reter vastos conhecimentos por toda uma existência.

Nas culturas orientais, demônios seriam todas as criaturas místicas ou espirituais. Mas não necessariamente de natureza, como nos casos das fadas, anjos, gnomos, por serem sobrenaturais ou por possuírem vasto conhecimento e poder mágico. O único equivalente oriental para o demônio maligno, como o visto pelo Ocidente, seria o Oni, um tipo de ser espectral, cuja natureza é atormentar outros seres.

Os mais antigos relatos sobre demônios podem ser encontrados nas antigas culturas da Mesopotâmia, Pérsia, Egito e Israel.

Na conotação espírita, Demônios são considerados "espíritos ignorantes", que ainda não conheceram o Amor. Assim como todos os espíritos, eles também estão em estado de "evolução", logo, assim que conhecerem o Amor, o mau se afastará, e ele evoluirá deixando de ser "demônio".

A demonologia possui várias ramificações, que variam conforme o segmento. Por exemplo, no Cristianismo, o estudo de parte da mitologia cristã é chamado de "demonologia cristã".

A "demonologia cristã" se utiliza de catálogos que tentam nomear e definir uma hierarquia de demônios e espíritos considerados malignos.

As mais extensas exposições sobre demonologia cristã são o Malleus Maleficarum, de Heinrich Kramer; Demonolatria, de Nicholas Remy e Compendium Maleficarum, de Francesco Maria Guazzo, todos assumindo a bruxaria e a existência de demônios como reais.

Muitos símbolos são usados para representar os demônios, mas o mais popular é o tridente. O mais antigo que se tem registro é o Trishula, a arma principal de Shiva. Na tradição hindu, Shiva é o destruidor e ao lado de Brahma e Vishnu formam a "sagrada trindade".


Porém, Shiva não é o deus do mal, ele é o destruidor do Ego, dos defeitos pessoais que devem ser eliminados para a elevação pessoal.

As três pontas do tridente representam as três qualidades da matéria: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio). Eles também representam os três Nadis (Ida, Pingala e Sushumna) que correm ao lado da coluna e que são importantes no processo de circular a energia através dos chakras e pela Kundalini.

O tridente é também o cetro mitológico de Netuno, o senhor dos mares de acordo com a mitologia romana (equivalente ao deus Poseidon, na mitologia grega). Coincidência ou não o tridente, símbolo também do deus Netuno/Posseidon (o senhor das profundezas dos mares), aparenta um homem de braços suspensos, como que buscasse a elevação, seja da terra para o céu ou das profundezas dos mares para a terra. Diferente do Ank e da cruz que aparentam um homem de braços abertos como que em comunhão com o cosmus. Talvez o tridente fosse o símbolo do homem que busca elevar-se e a cruz o símbolo do homem elevado.

Na visão mitológica, o símbolo é também uma das letras do alfabeto grego, correspondente à palavra “psicologia” e ao numero 17. A letra y é o principal símbolo representativo de deus Possêidon (ou Netuno em latim).


Após a vitória dos Deuses sobre os Titãs, o universo, foi dividido em três reinos, um para cada irmão: Possêidon obteve o mar, Zeus, a maior autoridade do Olímpo, ganhou domínio sobre o céu e a terra e Hades poder sobre os infernos e o mundo subterrâneo e vulcânico.

Alguns estudiosos dizem que o Tridente representava o poder dos Reis da Atlântida sobre suas dez ilhas. Sete ilhas menores e três de grandes dimensões que, um dia, abrigaram a civilização atlante.

Platão foi o primeiro a falar da civilização perdida, em sua obra Crítias. Considerando a obra um pouco alegórica: as três ilhas maiores referem-se aos Três Poderes da Divindade Superior como a trindade santa dos cristãos, a Trimurti hindu. As sete ilhas menores são os sete regentes que se submetem aquele que ocupa o Trono.


Não podemos esquecer que vários outros deuses, de várias outras religiões, também possuíram o tridente. Mas seu significado não deve sair muito do que foi dito acima.

O tridente de Baphomet é representado pelo conjunto dos chifres em sua cabeça. A representação de Baphomet já foi mencionada neste blog.

Lúcifer é um nome de origem latina (povos da península itálica). Esse nome tem origem anterior à ascensão do império romano. Lucifero já era adorado pelos etruscos como um deus pagão, pai de Arardia. Na Roma pré-cristã (ou seja, antes de virar o anjo caído) ele era associado ao planeta Vênus (não à deusa, ao planeta físico) e aos deuses Eósforo e Héspero, ambos representação do planeta Vênus.

Abaixo, o selo de Lúcifer.



A imagem seguinte é o triângulo de evocação da goécia. Na verdade é tudo uma variação do circulo mágicko e do triângulo.


O círculo magicko é usado em operações mágickas e protege o magista. O triângulo serve para evocações.

A imagem abaixo é uma das variantes dos símbolos de invocação e proteção:


Segundo técnica criada na época do Compendium Malleficarum e do Malleus Malleficarum, com base nos estudos do Lemegeton, pode-se quebrar um circulo e soltar o ser nele preso. Uma pequena abertura no traçado do circulo, comum acontecer quando se raspa o pé no traçado, se o circulo for de giz, sal, areia, ou pó de tijolo.

A Revolução Luciferiana de Adriano Camargo Monteiro é um ótimo livro pra quem quiser se aprofundar mais sobre o luciferianismo e Lúcifer.

Segundo Adriano Camargo Monteiro, no livro ateriormente citado:

"Há várias interpretações, conceitos e idéis sobre Lúcifer e seu significado. Alguns dizem que Lúcifer é um extraterrestre não físico da constelação de Órion ou Satânica, que realizou experiências genéticas entre criaturas reptilianas intelectuais de Órion e seres humanos. Outros afirmam que Lúcifer era um dos seres rebeldes de um sistema cuja estrela se chama Capela e que foi exilado no planeta Terra junto com muitos desse sistema. Outros ainda acreditam que ele é um extraterrestre fisicamente visível, que veio para a Terra e manipulou o DNA de primitivos antropóides, transformando-os na espécie humana tal como a conhecemos. Alguns acreditam que ele é o filho de Deus e verdadeiro criador das estrelas e planetas, e que foi amaldiçoado por Deus pois era muito belo e ofuscava o próprio Deus. Às vezes é também chamado de Luzbel, chefe dos demônios. Entretanto as pessoas preferem identificá-lo como Satã e crêem que ele é um príncipe do inferno, do mal, senhor do caos e combatente eterno de Deus"

Mas a questão é a seguinte, Lúcifer como dito, o portador da luz, leva esse nome pois ele é a estrela vespertina e a estrela matutina, que são a mesma estrela na verdade. É a estrela de Vênus, a mais brilhante do céu. Partindo desse princípio, Lúcifer é o aspecto masculino de Venus. Portanto quando ler Lúcifer leia Netzach, a sephira venusiana.

Uma ótima analogia que podemos fazer é que netzach é plano mental superior, de onde vem todas as inspirações intelectuais, a sabedoria, a luz!

"A Vontade é uma ferramenta movida pela fé."

(Continua)

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