5 de julho de 2010

OS SONHOS


Em todas as cosmogonias tradicionais, os sonhos sempre foram considerados veículos intermediários entre a realidade concreta e sensível e a realidade espiritual e Metafísica.

Isto se deve à razão de que os sonhos pertençam, precisamente, ao estado sutil intermediário, ou seja, ao plano de Yetsirah ou das formações, participando, portanto da dualidade inerente ao citado plano, o que os faz suscetíveis de oferecer um aspecto escuro e inferior, ligado ao orgânico e, por conseguinte, ao plano de Asiyah, e outro aspecto, pelo contrário, luminoso e superior, relacionado com o plano de Beriyah e o mundo das idéias.

Não seria um erro dizer que é ao primeiro destes dois aspectos ao que presta todo seu atendimento a psicanálise freudiana, que se cinge exclusivamente ao fenomênico, aprofundando nisso, enquanto é o segundo o que verdadeiramente é importante e significativo, pois as imagens que constituem seu conteúdo não são senão idéias revestidas de formas mentais, podendo ser consideradas então, efetivamente, como autênticos símbolos veiculares e reveladores do que está mais além do individual e, por conseguinte, do fenomênico, ou seja, que abrem a determinadas possibilidades de realização interior, com a vantagem de que o ser, no estado de sonho, encontra-se liberado de certas condições implícitas na modalidade corporal e, portanto, espacial, de sua individualidade.

Temos o exemplo do conhecido “sonho” de Jacob, durante o qual este vê anjos (os estados superiores) ascender e descer por uma escada, que é o Eixo do Mundo unindo terra e céu, sem esquecer-se da importância concedida a determinados sonhos em todas as vias iniciáticas, e muito especialmente na xamânica de qualquer parte do mundo, que quase sempre se tratam do recebimento de um desígnio, ou de uma revelação concedida pelos espíritos, númenes ou deuses.

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